Rotten to the Core? escrita por Filha de Atena


Capítulo 4
Capítulo 4- O Herdeiro Bastardo de Carmesim


Notas iniciais do capítulo

Certo... Eu não sei bem o que achei desse cap. Em parte porque eu gostei e em parte pq eu achei que ficou faltando alguma coisa... Mas vamos lá né?
~Sirena



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Pov Iro
Evie me olhou de maneira estranha. Dei-lhe então meu melhor sorriso de cara maluco. Ela se encolheu e eu me sentei a sua frente.
– O que foi que aconteceu, Evil Princess?- indaguei, Evie mordeu o lábio e Jack passou a sua frente.
– Aquele nerd quatro olhos que ela namora, tava beijando uma nojentinha de cabelo loiro.
– Clove? A prima da Lonnie?- Mal indagou hesitante
– Deve ser.
– Eu disse. Você não deixou o cara ter onde pegar, foi atrás de outra com mais corpo.- falei, Jack me olhou como se eu tivesse dito a coisa errada e Mal me olhou como se fosse me matar.
– O... O que?- Evie soou desesperada, apenas sorri. Sabia exatamente o que estava se passando por sua cabeça. Sua mãe, a Rainha Má, dizendo que ela nunca seria a mais bela de todas...
– Qual é, Evie? Olha pra você! Chorando por um cara idiota que te trocou por uma qualquer? Se isso fosse na ilha você apenas riria e já estaria com outro antes do fim do dia. Caramba! Esqueceram do que vocês ensinaram na ilha?- indaguei
– Como assim?- ela perguntou confusa, Mal também me olhou como se o que eu estivesse falando não fizesse sentido.
– Gostar de lhe acharem malvada. Ser um pesadelo. "Osso duro de roer". Quebrar corações. Ruim por dentro, mal até o caroço. Podres até a alma.- expliquei me irritando. Elas estavam com amnésia por acaso? Aquele lema de ser podre até alma pegou na ilha. Virou até o hino de Dragon Hall.
Não me importava se elas eram boas ou más, desde que fossem fortes o bastante para não se deixar abalar por... Por tudo que a vida por no caminho. Só depois de superar a dor, o medo, a tristeza... Que se encontra o verdadeiro caminho para felicidade. Não importa o quanto superaram no passado. O futuro ainda reserva obstáculos.
– Acontece que além do fato da Evie realmente estar apaixonada pelo Doug, ela também não é mais malvada.- Mal evidenciou como se eu fosse um idiota e ainda não tivesse percebido isso.
– E só por isso vai virar uma chorona que depositar toda sua alegria num garoto como a Branca de Morta?- perguntei erguendo a sobrancelha. Mal só balançou a cabeça em negação.
– Claro que não.- ela murmurou.
– Evie...- me voltei para a filha da Rainha Má- Levanta.- falei puxando-a e virando-a para que se olhasse no espelho.- Você é uma garota maravilhosa. Extremamente bonita. Eu sei que você passou dez anos exilada no castelo por não ter mandado um convite de aniversário...- lancei um olhar acusador para Mal que virou a cara corando.- E que não te conheço muito bem... Mas, você também é inteligente e... Maravilhosa e se o seu namorado quatro olhos estupido não enxerga isso... Bem, mande ele para o inferno, Evil Princess. O importante é você continuar com seu sorriso maravilhoso. Você merece mais, Evie. E esta acima desse estereótipo de princesa enjoada, nojenta, que chora por tudo. O.k? Então... Que tal você e Jack irem limpar essa maquiagem borrada? Porque ela esta ocultando o seu belo rosto, querida.- sorri para ela que deu um sorrisinho tímido antes de assentir e Jack a guiou até o banheiro.
– Então... Pensei que você estivesse sendo insensível, mas me esqueci de que as vezes você tem um jeito estranho de fazer os outros se sentirem melhor.- Mal admitiu se aproximando de mim hesitante. Dei-lhe um sorriso.
– Ah, já ia me esquecendo.- lembrei e tirei um pequeno brinquedo do bolso interno da jaqueta.- Minha mãe e eu agora alugamos o Castelo da Barganha, acabei ficando com o seu quarto e achei isso. Não resisti a trazer para te zoar.- falei entregando.
Era um chocalho, a haste em forma de garra de dragão, a ponta inferior se abria num pequeno círculo para apoiar os dedos, lembrava o cetro de Malévola, seu Olho de Dragão. Entre as garras havia uma esfera roxa. Mal pegou hesitante e balançou perto do ouvido. O barulho do chocalho ecoou pelo quarto cor de rosa, com grafites em tons de roxo, púrpura, verde, azul e preto.
– Isso... É impossível. Eu trouxe esse brinquedo para Auradon, guardei junto ao que Evie trouxe...
– Bem, talvez você tivesse dois iguais. - sussurrei
– Você sabe bem, que a Ilha dos Perdidos, não é o tipo de lugar em que se pode ter mais de um brinquedo.- ela murmurou colocando o chocalho sobre a cômoda e voltando a se virar para mim
Um sorrisinho vencedor apareceu em seu rosto.
– Sabe, se a Espiã de Auradon não tivesse escrito sobre vocês, eu nunca teria pensando nisso.
– O que?- perguntei nervoso.
– Nossos pais, nunca deixariam nenhum Filho da Ilha vir a Auradon, sem um plano maligno para serem libertos. O que vocês vieram buscar?- ela perguntou ficando a menos de 30 centímetros de mim, eu conseguia sentir seu cheiro doce de morango com chocolate, confundindo meus pensamentos, como uma neblina que os impedia de fazer algum sentido. Ela inclinou a cabeça e deu um sorrisinho.
– Não sou idiota, Iro d'Copas.
– Eu nunca disse que você era.- falei estendendo a mão hesitante e tocando seu rosto. Mal sorriu, os olhos desfocados.- Prometa, que não vai contar para nenhum dos Filhos de Auradon, não importa quem seja. Jure pela magia da sua vida... Que não vai contar.- sussurrei
– Bem... Eu já estive no seu lugar, então... Juro pela magia da minha vida, que não vou contar para nenhum dos Filhos de Auradon sobre o que realmente veio fazer aqui, Iro. Pode falar.- dei um sorriso, se ela quebrasse o juramento perderia seus poderes para sempre.
– Minha mãe me mandou pegar... Quatro objetos do País das Maravilhas. A coroa do rei e a rainha de Copas, o Cetro das Maravilhas e o colar encantado da princesa.
– O colar... Só se pode dá-lo a mulher que você quer que reine ao seu lado, certo? Uma vez que o dê para alguém, não poderá mudar sua decisão. É o que diz a lenda, certo?
– Isso.- sussurrei- Só o legítimo herdeiro do trono de carmesim pode pega-los, qualquer outro que tente, morrerá da forma que minha mãe mais ama.
– Decapitado.- ela sussurrou.- Bem para o seu azar...- ela pos as mãos nos meus ombros e deu um sorriso do tipo "você é um idiota"- A toca do coelho desmoronou. Ninguém mais pode entrar no País das Maravilhas.
– Mas existe outra maneira, um espelho mágico que tenha recebido uma quantidade tanto de maldade latente quanto de bondade latente.
– E que espelho é esse?- ela indagou cruzando os braços e projetando o queixo de forma teimosa. Olhei para a bolsa da Evie e seu sorriso desapareceu.- Não daria nem para atravessar a mão por ele, Iro.- ela murmurou por fim, como quem já sabia que havia outra maneira.
Isso sempre foi uma coisa que gostei em Mal, ela era inteligente de mais, apesar de ser sempre muito negligente com os detalhes e nunca gostar da segunda melhor opção do que se fazer.
– É para isso que existem poções de aumento.- falei desanimado. Como se eu tivesse alguma escolha além de encontrar uma saída.
– Você não precisa fazer isso, Iro.
– Mal... Não é tão simples. Você passou a sua vida inteira querendo ser tão má quanto Malévola. Eu passei a vida inteira querendo ser pior do que Malévola. Sabe que eu nunca acostumaria meus instintos maléficos a uma vida com... Com pão macio, frutas frescas, comida dentro da validade, roupas novas, cama macia, coberta quente, travesseiros confortáveis e... Sei lá o que mais... banho quente...- falei segurando seu queixo entre o polegar e o indicador.- Em um tempo minúsculo, você sabe que irei ser expulso de Auradon Prep. E em um tempo levemente maior do reformatório e aí volto para a ilha pra morrer pelas mãos da minha mãe. Ela disse que se eu não conseguisse...- levei a mão ao pescoço por reflexo e uma expressão compreensiva perpassou o rosto de Mal.- Ela disse que ela mesma vai cuidar de arrancar minha cabeça. Então escute, o.k? Quando eu for expulso do reformatório, vou vir aqui, roubar o espelho e ir para o País das Maravilhas e então, quando eu tocar na coroa de Rei de Copas, ou sentar no trono de carmesim, vou morrer decapitado.
– Espera... O que?- me perguntou unindo as sobrancelhas confusa.
– Eu não sou filho do Rei de Copas, Mal. Sou um bastardo, não sou o herdeiro legítimo da coroa. Para ser eu teria de ter nascido antes do rei morrer, então eu teria de ter, o que? Uns dezenove anos? Eu sou bastardo. Quando tocar nos objetos... A magia vai perceber que não sou legítimo herdeiro. E eu vou...- não terminei a frase.
– Então suas opções são morrer na Ilha ou no País das Maravilhas?- perguntou ela, os olhos marejando, dei um sorriso fraco.
– Exatamente.- falei.- E sinceramente, prefiro morrer tentando ser melhor que Malévola e tentando libertar os vilões... Prefiro morrer como um jovem vilão, do que como um fracassado e pelas mãos da minha própria mãe.- contei por fim.
– Não sabia que você tinha instintos suicidas.- ela murmurou deixando as lágrimas escorrerem. Um soluço escapou de seus lábios- Ah... Iro...- ela me abraçou por fim chorando.
Retribui o abraço, sentindo seu rosto contra meu peito fazendo meu coração bater mais forte, encostei o queixo sobre sua cabeça enquanto acariciava suas costas.
– Tudo bem, Mal, tudo bem. Shhh.- murmurei. A verdade é que eu já tinha me acostumado com a idéia, mas ainda sentia medo. Por isso, deixei uma única lágrima escorrer por meu rosto.
Ela soluçava e me abraçava com mais força. A puxei para mais perto ainda, tentando gravar seu cheiro na memória, essa provavelmente era a única chance que eu teria.
Duas portas se abriram ao mesmo tempo. A do banheiro. Revelando Evie com uma maquiagem básica renovada e uma expressão pálida e Jack fazendo uma careta de desagrado. E a do quarto, revelando aquele reizinho idiota e metido nos encarando num misto de espanto e raiva.
Mal se afastou limpando as lágrimas, dei um meio sorriso e me aproximei sussurrando em seu ouvido.
– Não temos nada haver com o problema da barreira. Seja quem for que está por trás disso, está na Ilha ou em Auradon, mas não somos nós.
Me afastei e ela assentiu.
– Descanse, Mal. Você está começando a parecer meio verde, que nem sua mãe.- falei e sai do quarto normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Logo que a porta bateu ouvi a discussão lá dentro começar. Dei um sorriso fraco e psicopático.
Fui até o meu quarto. Que eu dividia com Ursel, ele estava jogando videogame como se não existisse mais nada no mundo.
– Oi.- falei me jogando na cama. Macia demais.
– Eu fiz as poções que você disse. Mas um dos professores chegou quando eu tava saindo e confiscou.- ele disse, os cabelos castanho-claro na altura dos ombros desgrenhados como sempre.
– Eu soube.
– Vou fazer de novo logo que o professor largar do meu pé.
– O.k.
– Acha mesmo que temos alguma chance?
Não. Nem de longe. Mas decidi que era melhor mentir. A esperança era uma coisa perigosa. E Ursel precisava acreditar que podia fazer mais na vida do que limpar peixe para sua mãe na loja de peixe com fritas da Úrsula. Então eu decidi que era melhor confirmar... Sem confirmar realmente.
– Você não acredita?- perguntei erguendo a sobrancelha.
***
Uma semana depois, eu estava no campo de torneio, sentado na arquibancada da frente, observando Jay e Jack conversando com o treinador. Jackeline estava... Linda. Como sempre.
Os longos cabelos lisos estavam presos num coque, usava o uniforme do time de torneio, luvas de couro sem dedos vermelha com detalhes em metal, e os olhos esfumados em dourado, gelo e marrom-claro e os lábios num tom de rosa.
– Jay... Eu não sei. Tem um time de torneio feminino. Jackeline poderia se inscrever.
– Quer dizer aquelas princesas sem talento que só se inscreveram para ganhar pontos de participação e nem vão para os nacionais?- ouvi Jackeline indagar e dei um risinho, era a cara dela.
Dei um sorriso. Ela até que ficava bonita naquele uniforme. Apesar de parecer mais ameaçadora do que o normal... Especialmente com aquele taco na mão.
– Certo. E as líderes de torcida?
– Ficar pulando de um lado pro outro, como se estivesse com o traseiro em brasa? Agradeço mas... Não.- ela disse naquele tom que te deixava na dúvida entre só ficar vermelho ou deixar ela te matar. Porque em momentos como esse, ela sempre está com uma expressão assassina no rosto.
O treinador acabou por deixa-la fazer o teste. Basicamente... Ela foi incrivelmente apavorante!
Com exceção a Jay, ela conseguiu derrubar todos aqueles príncipes (alguns tiveram de ir para enfermaria, pois estavam com o joelho, costela, pescoço ou/e tornozelo deslocado), roubava a bola com facilidade, apesar de claramente não ser tão rápida quanto Jay ou Carlos. Desviava dos disquetes que eram lançados na zona da morte rápido o bastante para não ser atingida, mas não tão rápido a ponto de não perder a bola por alguns instantes...
Ela estava incrível... Bem, na verdade ela era incrível por natureza. É claro.
O treinador chamou ela e Jay e não pude evitar me aproximar um pouco. Em parte por curiosidade e em parte por medo que ele tivesse preconceito com os Filhos da Ilha.
– É... Me parece, garota... Que esse talento em campo é de família! Ah, se o projeto do Ben continuar e todos na Ilha forem tão bons quanto você e seu irmão... Esse time vai virar imbatível! Me encontre aqui em duas horas, para eu lhe explicar as regras do jogo, o.k? Você tá dentro.
Jack deu um gritinho e abraçou Jay com força como se estivesse com medo de só estar sonhando. Dei um meio sorriso.
Alguns dos garotos protestaram mas o treinador ignorou se virando para Jack novamente.
– Você só tem que treinar um pouco a corrida. Precisa ser apenas um pouco mais rápida.- Jackeline assentiu diversas vezes com um sorriso.
– Iro pode me ajudar com isso. Certo, Iro?- ela se voltou pra mim
– Hã... Claro, por que não...- falei sem conseguir não dar uma olhada temerosa para o Jay. Ele sempre fora muito ciumento com sua gêmea.
Sim, gêmea. Jack era apenas oito minutos mais velha do que Jay. Apesar de muitas vezes agir como se fosse... Alguns anos mais nova.
Felizmente Jay parecia muito entretido numa conversa com Carlos e Ursel que também fizera o teste e apesar de não ter sido tão agressivo quanto Jack, fora muito bem e só saíra com o tornozelo deslocado.
Alguns instantes depois só havia eu e Jack na quadra.
– Então... Vamos começar?- ela perguntou com um sorriso tímido.
– Hã... Claro.- respondi.
A verdade?
... Mal e Jack foram as únicas garotas que conseguiram realmente me fazer sentir alguma coisa. Por mais que eu nunca tivesse realmente me apaixonado por Mal.
Mas acontece que com a filha da Malévola tudo era mais simples. Ao lado dela o mundo era reduzido ao certo e ao errado, bem ou mal. Não havia sentimentos como querer orgulhar minha mãe, ou desejar um videogame novo.
Com Jack não. Havia mais do que preto no branco. Com ela havia milhares de tons e cores existentes e não existentes. Havia todo um mundo para descobrir, uma enorme variedade de sentimentos que eu desconhecia.
Sim, eu sem a menor sombra de dúvida estava apaixonado por Jackeline. Ela era maravilhosa... E por isso mesmo eu não envolvera ela no plano da minha mãe. Nem ela e nem Nayara, sabia que Naya contaria a Jack na primeira chance sobre o que tínhamos... O que eu tinha de pegar no País das Maravilhas. E eu nunca admitiria em voz alta o que sentia por Jack, não só porque Jay e os outros dois irmãos dela me davam medo mais também porque se eu admitisse tornaria isso real de mais e... No fim sei que acabaria quebrando o coração dela, querendo ou não. Estava no meu sangue. Mais uma herança de família que eu não queria... E Jack é perfeita de mais para ter seu coração partido. Por isso eu era egoísta o bastante para, por isso, escolher a Mal.
– Hey...- eu e Jack nos viramos em uníssono quando um loiro com cara de idiota chamou.- Não vá se animando garota, meninas não servem para jogar torneio, esse jogo é coisa de homem.
– Nossa... Mas que pensamento machista, Charming.- Jack rosnou cruzando os braços e endireitando os ombros.
– Escuta com atenção. Cai fora do time. Diz pro treinador que mudou de idéia.
– Não tenho que fazer nada do que você manda, Charming. Não sou sua súdita.
Entrei na frente de Jack segurando o punho do loiro idiota quando ele o ergueu ameaçando bater nela.
– Nossa, que falta de educação com a moça. Tenho quase certeza que ensinam bons modos em Auradon, então por que não se mostra um pouco mais... Qual é mesmo a palavra que usam por aqui? Ah, sim... Por que não se mostra um pouco mais cortez?- indaguei com escárnio.
– Eu sou o que? A donzela na torre de vidro, por acaso? Não preciso que me defenda, Copas.- rosnou Jack no meu ouvido.
– Cala a boca.- sussurrei por sobre o ombro. Garota irritante!
– Não estou falando com você, seu...
– Vixi, aposto que o povo de Auradon não sabe nem xingar....
– Seu idiota.- sério, o cara sorriu como se tivesse proferido o maior insulto de todo o mundo!
– Não disse? Mas fala sério, eu ainda esperava mais. Tá na cara que esse príncipe deve ser uma das pessoas mais ineptas, insípidas, burras, acéfalo, energúmeno.... De toda a Auradon.- falei.
Jack riu atrás de mim, uma risada doce ao vento. Dei um meio sorriso.
– Ei, o que está acontecendo aqui?- o treinador apareceu de repente. O tal príncipe fez que ia falar mas Jack foi mais rápida.
– Chad estava me mandando pedir para sair do time. Disse que torneio não é coisa para menininhas.- Jack choramingou.
– Chad... Isso é verdade?- o treinador se virou para o loiro que ficou vermelho.
– Ora, treinador Thompson, seja razoável. Digo... O time está completo e... Lugar de mulher não é em campo. Além do mais, nosso time está melhor sem gente da laia dela.
– O que quer dizer com isso, seu ignóbil?- Jack falou passando a minha frente, um brilho assassinado nos olhos negros.
– Eu quero dizer... Lixo.- segurei Jackeline o mais rápido que pude, passando os braços por sua cintura e a erguendo alguns centímetros do chão antes que ela pulasse em Chad e cometesse um assassinato. Por mais que isso seria legal de se ver, acabaria com as chances dela de entrar para o time.
– ME LARGA, IRO! EU VOU TIRAR ESSE SORRISINHO DA CARA DESSE ENERGÚMENO! ME LARGA AGORA OU EU JURO POR TUDO NESTE MUNDO QUE EU VOU...
– Se quer mesmo entrar no time de Auradon é bom se acalmar, Jack.- rosnei em seu ouvido. Imediatamente ela parou, como se tivesse congelado.
– Viu só! Eles são é uns monstros, toda a Auradon estava melhor antes do decreto do Ben.
– Ah, Chad... Que pensamentos mais preconceituosos. Mas... Em uma coisa você está certo.- Jack arfou nervosa diante as palavras do treinador, suas pernas fraquejaram e eu a segurei pelos braços, mantendo-a de pé.
– Se acalme.- sussurrei para ela.
– O time já está completo. Então... Sinto muito. Chad, você tá fora.
– Pera... O que?
– Ta fora do time. Vaza.
– O senhor não pode fazer isso.
– Ah não posso é? Ta fora do time, Chad, a tempos você nem se dedica mais nos jogos, então sinto muito. Jack você entra no lugar do Chad. Agora algum de vocês viu meu celular?
Apontamos para o banco perto das arquibancadas e o treinador foi buscar o celular seguido por Chad que estava reclamando do quão o treinador estava sendo injusto.
Jack tinha no rosto um sorriso que poderia derreter um iceberg. Ah, droga! Porque ela tinha de ser tão bonita? Fica difícil resistir assim!
– Então... Vamos começar dessa vez?- ela perguntou com uma voz doce e eufórica.
– Claro!- respondi , ficamos pelo menos uma hora ali. Correndo ao redor do campo. Começamos devagar e fomos aumentando o ritmo da corrida gradualmente.
Ela conseguiu manter o ritmo por um tempo, mas logo começou a ficar para trás, arfando. E eu tive de ensina-la a manter a respiração constante durante a corrida.
Até que ela parou de repente. Parei ao lado dela confuso. Segui seu olhar mas só vi um cara e uma loira se beijando.
– Hey, Jack, o que foi?- perguntei.
Ela não respondeu. Só saiu correndo em direção a floresta. Fiquei estático por alguns instantes antes de ir correndo atrás dela.
A encontrei sentada encostada numa árvore. O rosto virado, eu não via sua expressão.
– Hey, Jackeline, o que foi?- perguntei tentando ver seu rosto
– Eu... Você lembra que no primeiro ano... Eu era grudada na Mal e na Jennifer?- ela perguntou, sua voz soava estranha... Num tom que eu não conseguia identificar.
– Claro que lembro. Vocês metiam medo em todo mundo. Até em mim, admito.- ri.
– Bem... Desde o primeiro ano eu gosto do mesmo cara. Mas... Ele não dá a mínima para mim... E prefere a Mal. E quando eu cheguei aqui... Estava decidida a esquece-lo. E... O garoto... Atrás das arquibancadas... O nome dele é Aziz, é filho do Aladdin e... Eu estava começando a gostar dele.
– Só estamos aqui a uma semana.- falei esperando realmente não estar soando tão... Sei lá... Acho que a palavra que usam por aqui é enciumado.
– Eu sei. Mas... Ele me faz bem. E agora... Eu não devia estar surpresa. É sempre a mesma coisa.
– Como assim?
– Sempre que eu começo a gostar de alguém... Eles se mostram uns verdadeiros babacas e me abandonam. Não importa se é uma amiga, um paquera, ou meu irmão. No fim eu sempre... Sempre estou sozinha. Não sei porque pensei que dessa vez seria diferente... Talvez por essa ser a terra dos finais felizes. Como se eu fosse importante o bastante para ter um. Rá. Mas... Eu realmente achei que ele gostava de mim.- ela desabafou
– Bem...- eu JURO nunca fiquei tão sem jeito em toda a minha vida.- Ele é claramente um grande babaca, como você mesma disse. E você não devia se importar com isso. Amor não é para nós, Jackeline. Somos vilões. A única coisa que amamos é um plano maligno.
– Então talvez eu não queira ser uma vilã. Eu... Eu só quero ser feliz, Iro.- vi algo descer por seu rosto reluzindo a luz dos fracos raios de sol que atravessavam pelas copas das árvores.
A surpresa foi tamanha, acompanhada com uma raiva sem tamanho por aquele príncipe. Um bolo se formou em minha garganta e antes que desse por mim, agarrei seu rosto, obrigando-a a olhar para mim. Fechei a cara ao ver seus olhos cheios d'água, lágrimas quentes escorriam por seu rosto e seu corpo todo tremia a cada soluço que escapava por seus lábios. A soltei.
– Eu já volto.- falei me levantando.
Caminhei até onde o príncipe estava com a loira. Olhei-a bem, tinha os olhos puxados, nariz arrebitado e um ar de patricinha do tipo que se acha muito.
– O que você pensa que está fazendo, Clove?- o garoto perguntou parecendo realmente irritado. Parei um instante para observa-los.
– Eu... Eu só pensei que talvez você quisesse voltar comigo...- ela fez bico parecendo contrariada.
– Pois não quero. Minha vida está melhor sem você, sua vadia.
– Com quem você pensa que está falando, Aziz?- ela fez cara de ultraje
– Com uma garota que já beijou mais da metade da escola. Uma chantagista, manipuladora, prepotente, egoísta, egocêntrica, invejosa... Bem, enfim, uma vadia.
Um príncipe que conhece palavras com mais de três sílabas? Certo. Isso sim é surpreendedor.
– Não pense que vou deixar me trocar por aquela nojenta da Ilha dos Perdidos, Aziz! Realmente não pense isso!- ele revirou os olhos
– Clove... Entenda... Eu não dou a mínima para sua opinião. E se eu quiser namorar ela... Não é você que vai me impedir. Entendeu ou você não tem neurônios o bastante para isso?
– Nossa. Eu vim ameaçar um príncipe e me deparo com algo completamente diferente.- ri me aproximando.
– O que você quer?- o príncipe se virou soando irritado. Pus a mão no bolso e tirei um canivete vermelho e preto (é claro), escolhi uma faca e apontei para a garota.
– Eu normalmente não ligo para o que vocês aqui de Auradon deixam ou não de fazer. Principalmente quando envolve príncipes. Mas uma amiga que eu prezo muito parece se importar com esse príncipe específico. Então... Faça um favor a si mesma se preza por sua vida. Fique longe desse cara.
– Você... Você não vai... Não ousaria...- ela gaguejou e eu encostei a ponta da faca em sua garganta, um fio de sangue escorreu pela sua pele e eu sorri ajeitando seu cabelo e pressionando a faca mais um pouco em seu pescoço.
– Erro seu pensar assim. A minha mãe tinha um prazer especial em decepar cabeças. Se engana se pensa que sou diferente.- falei pressionando a faca mais um pouco antes de afasta-la.
A garota saiu correndo e eu limpei o sangue da faca com um pano que tinha no bolso da jaqueta.
– Por que...
– Jackeline viu vocês dois se beijando.- interrompi o príncipe.
– Eu não a beijei... Ela literalmente pulou em mim. A empurrei no instante seguinte.- ele bufou
– Bem... Jackeline só viu vocês dois com a boca grudada.- falei
– Ah, droga.- ele bateu com a mão na testa.
– Ela está lá na floresta, chorando e rogando algumas pragas.
–Contra mim?- ele me interrompeu com esperança.
– Contra ela mesma.- falei
– Ah! Droga! Ela realmente tem o dom de me fazer sentir culpado
– Ela faz isso com todo mundo. Até com minha mãe. E isso não é lá muito fácil... Vem.- falei guardando o canivete. - Acho que você deve a ela uma explicação e um pedido de desculpas. Acredite, se não fizer isso, ela conseguirá te fazer sentir ainda pior no dia seguinte.- garanti por experiência própria.
Ele me seguiu hesitante até a floresta e nos deparamos com Jack andando de um lado pro outro.
– Seu vagabundo! Achei que ia cometer um assassinato! O que fez com seu celular?- ela perguntou irritada. Pelo menos parara de chorar. O que admito era um alívio.
– Bem... Admito, eu estava disposto a cometer um assassinato e quanto ao meu celular... Seu irmão afanou ele mais cedo.- falei e ela bufou. Seus olhos em seguida pousaram no príncipe.
– O que...
– Jack, me deixa explicar.- ele disse se aproximando. Eu sinceramente não estava afim de ver isso. Então comecei a caminhar em direção a escola.
E quando olhei para trás... Percebi o quão o povo de Auradon era apressado.
Pois só recebi a visão deles dois se beijando. Corri para o quarto. Eu realmente precisava tirar essa visão da minha cabeça.
Você é um idiota, Copas. Um idiota total.- pensei por fim.
***
Ursel estalou os dedos. Ouvi somente o baixo rachar das câmeras de segurança. Ele estava realmente ficando bom nesse negócio de magia.
Nayara nos entregou as mochilas cheias de tinta spray de grafite. Era meia-noite em ponto. Ela só estava ali porque era melhor em artes do que nós. E continua sem saber sobre o que eu iria fazer quando fosse (se fosse) ao País das Maravilhas em breve. O único que sabe é o Ursel e bem... Agora a Mal, também... Mas Ursel é o único que esta me ajudando. Na verdade eu não falo com Mal desde a semana passada...
O toque de recolher fora a três horas. E agora... Bem, é um colégio bem grande.
Ursel pegou as cópias dos objetos dos vilões. E durante horas ficamos grafitando Auradon Prep, tivemos que bater num zelador até ele desmaiar para poder prende-lo no armário de vassouras. Qual é? Ursel ainda não aprendeu a fazer a poção do sono.
Invadimos todos os quartos... Exceto dois. Bagunçamos as gavetas e roubamos um objeto ou outro. Não que pretendêssemos ficar com eles. Não. Tínhamos uma pegadinha ainda maior em mente!
Foi particularmente divertido grafitar e bagunçar o quarto da filha da Bela Adormecida. Me diverti fazendo um grafite de meia face da Malévola com a inscrição"Ela está de olho!" E Naya deixou uma mensagem escrita com batom vermelho no espelho da garota.
"Sua mãe dormiu por cem anos. Por que você não dorme para sempre no sono da morte, querida? Cuidado com as maldições que lhe rogo.
–M"
E disse que aprendeu isso com uma série de tv que começara a assistir chamada "Pretty Little Liars." Ela soltou o batom no guarda-roupa da garota e sorriu afirmando que aquele era o mesmo tom e marca de batom que a Evie e a Mal sempre usavam em festas. Como ela descobriu isso eu não faço ideia.
Bagunçamos também nossos próprios quartos.
Admito que ao entrar no quarto de Naya e Jack (que estava dormindo, eu realmente não queria mete-la no meio daquilo) fiquei tentado a rasgar um bilhete que Aziz escrevera para Jack. Mas não havia nada de mais ali. Ele apenas estava avisando que os dias do treino de torneio mudaram de quinta, sexta e segunda, para segunda, quarta, quinta e sexta. Eles tinham um jogo em breve. O horário continuava o mesmo.
Em vez de roubar qualquer coisa no quarto de Jack, na verdade, coloquei apenas uma rosa ao seu lado na cama. Uma rosa branca... Com pequenos respingos de tinta vermelha.
Os grafites de "Long Live Evil" que fizemos foram apenas da Cruela, Rainha Má, Jafar e Malévola. Pichamos também os armários e colocamos alguns pedaços de "Rotten to the Core" nas paredes. Colamos uns pôsteres da Fada Madrinha, só que pichado. Originalmente dizia "Sejam Bons! Por Favor" Agora dizia Sejam Maus" e "O Mal Reina." Além de ela ter ficado caolha e com os dentes pretos. Colamos também um do Rei Fera que dizia "SEJAM BONS! POIS É BOM PARA VOCÊ!" Só que com um esboço da cabeça da Malévola e a mensagem riscada. Agora estava escrito "É melhor nunca ter amado do que ser amado". E um outro escrito "O Rei Fera ruge de satisfação" pichamos dando a impressão de um vulto em meio ao fogo e escrevemos "A Fera está a solta". Sobre um cartaz de torneio fizemos um desenho de Malévola Versão Dragão com os dizeres "O Dragão está voltando!"
Foi muito divertido. Invadimos o quarto de Jay e Carlos e escondemos os objetos roubados, num lugar que lhes passaria despercebido ao acordarem porém que qualquer um que procurasse direito encontraria facilmente. Onde? Na gaveta da cômoda, debaixo da cama e três ou quatro celulares em suas mochilas. No quarto de Mal e Evie colocamos as tintas spray sobre a mesa onde estava a máquina de costura de Evie.
Fomos até onde estava o zelador e alteramos sua memória. Ele nunca nos vira pichando os corredores. Vira Mal, Evie e Carlos e a ultima coisa da qual se lembrava era do punho de Jay indo em direção ao seu rosto.
Qual é? Nós não somos amadores. Roubamos o caderno de desenhos de Mal e colocamos sobre um dos armários. Deixamos as cópias dos objetos dos vilões em algumas das salas que também não escaparam dos grafites. Basicamente... Grafitamos, pichamos e colocamos cartazes na escola inteira.
Quando deixamos as latas de tinta no quarto de Mal e Evie, lá pelas cinco da manhã, duas horas antes do resto da escola acordar para ir pro café da manhã, notei que a filha de Malévola não estava na cama. Em vez de ir pro quarto, seguindo o exemplo de Ursel e Nayara para tirar um cochilo... Fui em busca da menina de cabelos roxos.
A encontrei numa das quadras que não eram mais usadas. Me aproximei hesitante. Ela estava dormindo. Murmurando coisas como "Por favor, por favor, não, não a mate." Lágrimas escorriam por seu rosto, um livro de capa vermelha com letras douradas sob seu colo. Ela usava um pijama de frio roxo e verde com um traço de rosa e azul.
– Hey, Mal...- tentei acorda-la conforme ela parecia se desesperar mais ainda. Se debatia, arranhava o rosto, chorava e seu corpo se contorcia em espasmos. Fosse o que fosse com que ela estava sonhando não era nada bom.- Mal, acorda!- eu realmente precisava faze-la acordar, pensei quando um grito de dor escapou por seus lábios.- MAL!- de repente ela abriu os olhos. Eles brilhavam num forte tom de verde. Um verde de Malévola, como dois faróis na penumbra da escuridão. Como luzes de néon.
O brilho sumiu logo que ela piscou.
– Onde... Onde estou?- ela indagou olhando ao redor assustada. Respirei aliviado.
– Na velha quadra. O que está fazendo aqui? E esse livro? É bom?- perguntei enfim conseguindo ler o título "A Realeza das Fadas" ela olhou o livro confusa.
– Eu... Nunca vi esse livro em toda a minha vida!- ela olhou assustada o título.- O que estou fazendo aqui afinal? Lembro de que quando fui dormir, Evie ainda estava costurando...
– Certo... Se você não veio dormir aqui e nunca viu esse livro... Você deve ser sonâmbula.- adivinhei por fim
– O que você está fazendo aqui?- perguntou bocejando. Limpei a marca de uma lágrima em seu rosto.
– Vim esticar as pernas. Não estava conseguindo dormir.- menti.
– Ah! Eu também tinha dificuldade para dormir no começo. Você se acostuma... Um dia.- garantiu se espreguiçando.
– Com que estava sonhando?- perguntei.
– Não tenho certeza... Tinha uma mulher... Uma fada, chamada Outono, que se parecia muito com a minha mãe só que... Boa. E tinha uma bebê, eu não lembro o nome do bebê mas lembro que vinha um homem e... E...- ela fechou os olhos com força e eu assenti. Não havia necessidade de continuar. Eu a havia ouvido enquanto dormia.- Acho que vou pro meu quarto. Tentar dormir.- Ela disse se levantando e me empurrando o livro antes de sair.
De repente um vento forte soprou fazendo o livro abrir sozinho, páginas e mais páginas passaram rapidamente antes de parar no capítulo 9.
Pedaços de parágrafos brilharam em dourado, como se alguém ou algo o estivesse marcando. Li atônito.
"Outono era a princesa das fadas. Filha do príncipe Theodore das fadas e de uma fada malvada que tinha sangue de dragão cujo nome ninguém mais se lembra (...)
Ninguém sabe ao certo o que houve. Só se sabe que ela sofreu a perda de sua primeira filha, da qual também ninguém sabe o nome. Pois na época ainda não fora apresentada ao reino (...)
E pela primeira vez, Outono se transformou num temível dragão. Ela abdicou o reino das fadas e fundou a Fortaleza Proibida, quando os humanos tiraram-lhe a única coisa que ainda lhe restava (suas asas) (...)
Não houve mais volta para Outono. Ela adotou para si o nome que até hoje da medo a todos em Auradon. E assim, Outono, a Princesa das Fadas, se tornou Malévola, a Senhora das Trevas e Rainha do Mal."
– Mas o que...?- Juro que não encontrava palavras para descrever minha reação ao que li. Era uma mistura de surpresa com indignação com... Com... Não sei mais o que... Foi uma mistura louca de sentimentos variantes da surpresa que nunca senti antes.
Me levantei deixando o livro jogado no chão da quadra e sai dali. Me deparei ao sair com Mal. As mãos sobre a boca, olhando pasma para o grafite de Malévola de costas com os braços erguidos e escrito em verde duende"Long Live Evil" dei um meio sorriso.
– Bom trabalho o de vocês ontem a noite, Mal.- falei me aproximando dela.
– Mas... Mas não fomos nós.
– Há é?- falei passando os braços ao redor de sua cintura e sussurrando em seu ouvido.- Então prove. Porque esse me parece ser o seu tipo de arte, Malévola.- sussurrei. Ela arfou e eu sorri me afastando e indo pro meu quarto. Deixei-a ali, parada e pasma.
Não havia nada que pudesse provar que eu, Ursel e Naya fizemos aquea bagunça. Deixamos nossos celulares e nossas poucas moedas no quarto de Jay e Carlos. Nosso quarto estava tão bagunçado quanto o de qualquer outro estudante, os objetos estavam jogados pela escola. As latas de tinta no quarto de Evie e Mal. As câmeras quebradas nada puderam registrar e o zelador... Bem, editamos a memória dele. Nenhum dos grafites de Long Live Evil são da Rainha de Copas, da Úrsula ou do Gancho. Os únicos quartos que não estão bagunçados são o de Jay e Carlos e o de Evie e Mal.
Como eu disse... Não somos amadores.
Entrei no quarto e notei um livro de capa vermelha com letras douradas sobre a cama. Me aproximei hesitante. Olhei com cautela para Ursel que dormia profundamente e suspirei.
O livro se abriu da mesma forma de antes. Com uma rajada forte de vento e parou no capítulo 9. Uma frase apareceu na lateral da folha como uma anotação "Mas a culpa de Outono ter se tornado Malévola era unicamente do Rei Estevão. Por isso ela vingou a perda de sua filha na princesa Aurora. E não por causa de um convite. Outono amava o Rei Estevão e ele a destruiu."
Uni as sobrancelhas confuso. Me sentando ao lado do livro, a anotação então sumiu, como se tivesse sido sugada para o interior da pesada página envelhecida.
Em seu lugar surgiu um pequeno exemplar de "A Bela Adormecida", peguei hesitante. Mas antes que pudesse abri-lo, senti uma dor sem tamanho que se estendia por todo o meu abraço. Ofeguei surpreso dor era tal como se ferro em brasa emergisse de dentro da pele. Arfei segurando um grito de dor.
Quando a dor passou, tirei o casaco e olhei irritado para meu braço. Uma frase surgira ali. Como que escrita com a mesma tinta que o livro absorvera. Li hesitante.
"Iro d'Copas: Destruição, insensibilidade e rodeado por puras e doces trevas. E ainda assim, escondido lá no fundo bate um coração bondoso.
Ass: Malévola"
Ri com escárnio. A letra bonita e caprichada sem dúvidas não era de Malévola.
– Seja lá quem você for... Saiba que Malévola não gosta de impostores. Mas quanto a mim... É. Você até que acertou.
Uma risada doce e dourada de criança ecoou pelo quarto, como uma miragem.
Olhei meu braço novamente e a frase já estava desaparecendo. Como se nunca tivesse estado ali. Dei um sorriso me jogando na cama. Ainda tinha um tempo para dormir antes de o caos se instalar na escola de Auradon quando todos acordassem. E então... Bem, diga-se de passagem... Mal, Evie, Jay e Carlos estariam encrencados.


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Notas finais do capítulo

Certo, quem quiser ter uma ideia de como ficaram os grafites e os cartazes deles deem uma olhada naquele joguinho"Decoração Vilã" me baseei neles :)
Então como vai a opinião de vocês sobre o Iro? A minha continua... Dividida... Cara, ele vai morrer e... E ele gosta da Jack (me inspirei na musica Little do You Now para fazer a parte dos dois, quem quiser reler ouvindo...)
Com que será a que a Mal sonhou? E pq ela ficou daquele jeito ao acordar? E aquele livro? Quem será que está falando com o Iro através dele? Será mesmo que é a Malévola? E a encrenca em que Jay, Carlos, Evie e Mal se meteram com a pegadinha de seus hã... Velhos amigos? O quão encrencados vcs acham que eles estão?
Comentem. Quanto mais vcs comentam mais de vontade de postar logo.
Bjs, Sirena



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