Pov Ben

— Olha, isso já foi há muito tempo, Ben. E eles terminaram. E ela vai casar com você dentro de um ano e meio. Você não devia...

— Muita coisa muda em um ano.- interrompi Evie e ela me olhou unindo as sobrancelhas e em seguida bufando.

— Acorda. Príncipe encantado... Bem... Rei encantado. Donzela em apuros, bem... Feiticeira. Um malandro querendo rouba-la do rei encantado e vários amigos ao redor... Pera, se olhar direito isso quase se parece com a história dos seus pais... Que horror! Sem ofensas, mas... Viver a sombra dos pais, não é legal... Digo...- ela piscou algumas vezes antes de sorrir para mim.- Ah! Vai acabar tudo bem e vocês vão viver, como é que dizem por aqui em Auradon mesmo? Ah, lembrei! VOCÊS VÃO VIVER FELIZES PARA SEMPRE SEU IDIOTA! ENTÃO PARA DE SE PREOCUPAR COM O IRO! - ela disse enquanto puxava minha orelha com uma força que eu nunca imaginara que ela tinha.

— Certo. Certo. Ok, não precisa me deixar surdo.- resmunguei irritado.

— Nem sonharia. Como você ouviria todos os planos que já fiz para o casamento?

— Vai começar.- balancei a cabeça rindo.

— Certo! Primeiro eu pensei em fazer a beira do lago encantado. Já que foi lá que a história de vocês começou.

— Não teria sido quando eu comi aquele biscoito?- perguntei.

— Hã... Não. Porque lá na ilha a Mal sonhava com um cara de cabelos castanho mel, sorriso de covinhas, olhos bonitos, a beira de um lindo lago encantado, num templo, fazendo um piquenique. A história de vocês começou lá. Mas continuando... Eu pensei em fazer a beira do lago encantando, e tipo, usar magia para deixar o templo como era antigamente, sabe? Quando estava inteiro? E decoramos com flores azuis e roxas. Podemos colocar alguns bancos de mármore e hera, bem, com alguns raminhos apenas, para não incomodar os convidados, e...- parei de ouvir no instante em que ela começou a falar do bolo de 200 camadas e 150 andares.

— Olha, Evie... São ideias ótimas, mas... Eu esperava planejar isso com a Mal. Afinal é o nosso casamento. Meu e dela. Você é incrível, mas, eu realmente, queria fazer isso com ela.- expliquei. Evie piscou atônita um momento e pediu para eu esperar um instante, abriu sua bolsa e tirou uma folha, onde uma longa lista estava escrita.

— O que é isso?- perguntei

— Mal disse que eu tenho o direito de planejar tudo que está incluso nesta lista e ser a madrinha, em troca eu não faço mais dela minha boneca barbie. Então nada mais de maquia-la, planejar penteados, fazer roupas... É, bem, vou ter de me acostumar. Mais será o casamento do século!

— Ela te deu direito sobre... Tudo?- indaguei tentando ocultar o estranho toque de mágoa que me atingira de repente, de mágoa e de raiva.

— Tudo não. Vocês ainda tem direito de escolher o padrinho, o veto, fazer a lista de convidados, o padre, os votos, as músicas, e... A Lua de Mel.- ela murmurou o final constrangida. Eu suspirei erguendo o olhar.- Mas ela disse que se você achasse que eu estava exagerando sobre quaisquer coisa, eu ia ter de mudar até ficar do seu grado. Com exceção do vestido e do buquê claro, isso quem diz se eu to exagerando é a Mal...

— Certo. Você esta exagerando quanto ao bolo. E quanto aos bancos. Mas o resto... Não poderia me soar mais perfeito.- garanti. Evie deu um enorme sorriso e bateu palmas.

— Então estou aprovada?

— Sim.- confirmei rindo de sua animação exagerada.- Ah, e o Jay será o padrinho.- informei, seu sorriso sumiu e ela fez careta.

— Desde que ele não roube nada, tudo bem. Ah! Vai ser perfeito! Eu juro, Ben! Eu juro, vai ser o casamento mais perfeito que toda Auradon já viu! Tudo estará... Além da perfeição! Juro por tudo que há de mais sagrado neste mundo!- ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha antes de sair saltitando.- Tenho muitas coisas para planejar, te vejo amanhã! E CORTE O CABELO!

Gargalhei. Evie nunca mudaria.

Saí andando pela escola, pensando em convidar Jay para ser padrinho de uma vez, e buscar um telefone para marcar de cortar o cabelo. Eu já experimentei a força da Evie, e não quero ter que experimentar de novo...

Logo depois de ligar para marcar na barbearia do reino, saí caminhando, tentando imaginar onde Jay estaria, mas tudo que encontrei foi uma Evie preocupada.

— O que houve, Evie? – perguntei.

— A Mal... ela sumiu! – ela disse, caindo de joelhos no chão.

Ahn... Evie devia estar exagerando... Ela é boa em exageros... A rainha do drama!

— Calma, Evie. Quando foi a última vez que você a viu? – perguntei, me abaixando para ficar da mesma altura que ela.

— De manhã... Na aula de bondade... – ela disse. Foi quando percebi que algumas lágrimas escorriam de seus olhos.

Olhei meu relógio. 19:30. O dia passou tão rápido...

— Evie, quando acaba a sua aula de bondade? – perguntei.

— Começa 7:00 e termina às 8:00. – ela disse.

— Você deve ter se esquecido de olhar em algum lugar, não há motivos para a Mal sumir! – falei, já começando a ficar preocupado.

— Ben, você está subestimando a minha inteligência... Eu chequei com todos os professores, ela não foi a nenhuma das outras aulas que tinha hoje, perguntei a todos os nossos amigos, tanto da Ilha quanto de Auradon, e ninguém vê a Mal desde aquela aula! – ela disse, e começou a chorar descontroladamente.

Dessa vez não era nenhum drama da Evie. Mal realmente havia sumido o dia inteiro. As coisas que eu preciso fazer agora são apenas duas: achar a Mal e fazer a Evie parar de chorar.

— Ei, Evie, calma! Nós vamos achar a Mal. – falei.

— Calma? Minha melhor amiga está desaparecida e você me pede calma? – ela disse, sem diminuir em nada o choro.

Tentativa falha. Vou tentar distraí-la.

— A propósito, já marquei de ir cortar o cabelo. – falei.

— Ben, isso não é hora para falar de cabelo! – ela disse.

Outra tentativa falha.

— Vem, vamos procurar a Mal. – falei.

— Tudo bem. – ela disse, enquanto se apoiava em mim para levantar.

Nos levantamos e fomos procurando pela escola. Eu seguia segurando Evie pela cintura, porque, sinceramente, ela não tinha uma cara nada boa, parecia que ia despencar a qualquer momento.

Eu estava pensando algum lugar em que a Mal poderia estar, quando, de repente, Evie soltou uma exclamação, me virei para ela e vi seu rosto iluminado.

— Iro! – ela exclamou – Tchau Ben!

Então ela saiu correndo. Saí correndo atrás dela, eu queria saber o que o Iro tinha haver com a Mal estar desaparecida, e ainda tinha receio que Evie despencasse caindo por aí.

Ok. Hoje é o dia de descobrir coisas sobre a Evie. Já descobri que ela é forte – da pior maneira possível – e que corre muito. Estou pensando seriamente em convidá-la para fazer um teste para entrar no time de torneio.

De repente, Evie parou bruscamente e começou a berrar.

— IRO! IRO! IRO!

— O que foi, Evie? – disse Iro, chegando do lado dela.

— E-Evie... Me... E-explica? – falei, enquanto arfava.

— Evie, você está péssima, o que aconteceu? – disse Iro, enquanto escorava Evie pela cintura.

— A Mal! Você viu ela? Diz que sim... – ela disse, novamente com os olhos marejados.

— Não, a última vez que a vi foi na aula de bondade. – ele respondeu.

Evie então envolveu os braços no pescoço dele e colocou a cabeça em seu ombro, começando a chorar, chorava tanto que até soluçava. Iro continuava segurando ela pela cintura.

— P-por que ela não d-disse a ninguém a-aonde estava indo? E-ela não disse n-nem para m-mim... – ela continuou chorando no ombro de Iro.

— Ei, Evie, calma! Mal sabe se virar, você, mais do que ninguém sabe de tudo pelo que ela já passou. Tenho certeza de que nada aconteceu com ela! – Iro disse.

Ele continuou murmurando essas palavras e acariciando o cabelo de Evie até ela se acalmar e parar de chorar. Agora eu entendia o que Mal queria dizer quando falou que Iro cuidava dos Filhos da Ilha...

— Pronto? – ele disse quando Evie parou de chorar – Então agora vá procurar a Mal com o reizinho.

— Tudo bem... – ela disse.

Depois disso, Evie veio até mim.

— Vamos? – perguntou.

— Vamos. – falei.

Saímos procurando pela escola. Procuramos em todos os lugares, salas de aula, laboratórios, dormitórios, diretoria, jardins, quadras... Evie já perdia as esperanças, e eu também.

— Ben? – disse Evie.

— O que? – falei.

— E aquelas quadras, que não são mais usadas? – ela disse.

— É uma opção... Vamos lá. – falei.

Fui guiando Evie, a puxando pela mão até a quadra. Quando chegamos lá, vimos um, vulto no meio da quadra... É a Mal.

— EU VOU MATAR VOCÊ MAL BERTHA! – Evie gritou do meu lado, atraindo a atenção de Mal.

Logo depois Evie saiu correndo até a Mal.

— Hey, Evie! – disse Mal, enquanto era esmagada por Evie em um abraço.

— Por que você sumiu? Por que não me avisou? – disse Evie, enquanto ficava vermelha de raiva.

— Não queria assistir as aulas hoje, e, para não ser encontrada, fiquei aqui. – ela disse.

— Custava me avisar? – disse Evie, enquanto dava um tapa no braço de Mal.

— Ai, Evie! – disse Mal.

Esse “Ai” só serviu para encorajar Evie, que começou a estapear Mal. Eu não sei como ela é tão forte e ninguém sabia...

Depois de muitos tapas, Evie parou.

— Se fizer isso de novo, vai ser pior. – ela disse – Você vai ficar aí parado, Ben?

Só aí percebi que tinha ficado parado, na entrada da quadra.

— Não, estava esperando o momento “afeto” entre vocês duas acabar. – falei.

— Oi, Ben! – disse Mal.

Caminhei até ela e lhe dei um selinho, que virou um beijo, que durava bastante tempo já.

— Gente, eu ainda estou aqui, sabiam? – Evie disse.

— Desculpe. – falei me separando de Mal.

— Agora que já encontramos a Mal, Ben, me passa o horário do seu cabelereiro, eu e Mal vamos com você. Não quero que você faça besteira e acabe com um cabelo igual o do Justin Bieber. – Evie disse.

— E eu sou obrigada a concordar com a Evie. – disse Mal.

— Tudo bem, tudo bem! Amanhã, às 18:30. – falei.

— Ótimo! Agora, vamos Mal, você não vai ficar com o Ben. Nós temos que conversar.

— Tudo bem, mamãe! – disse Mal. – Mas... Evie, por que você só lembrou de me procurar agora?

— Promete que não vai me matar? – perguntou Evie.

— Prometo. – disse Mal.

— Tudo bem... Eu passei o dia com a Jack. – Evie disse.

— Nós realmente temos que conversar! – disse Mal – Parece que eu tenho que te lembrar quem é a sue melhor amiga!

Esse foi um lado da Mal que eu nunca vi... O lado ciumento dela... Interessante!

— Mal! Para com isso! Você sabe que eu e Jack sempre fomos muito amigas! – disse Evie.

— Não fala nada, Evie. Nós vamos conversar. – disse Mal – Tchau Ben.

— Tchau Ben! – disse Evie.

Mal me deu um selinho, e elas saíram, ainda discutindo sobre Evie e Jack terem passado o dia juntas...

Fui caminhando em direção a escola, tentando lembrar o que eu ia fazer antes de Evie aparecer. Quando cheguei na porta da escola, me lembrei. Convidar o Jay para ser padrinho.

Fui andando em direção ao quarto de Jay e Carlos, quando, de repente, fui parado.

— Já encontraram a Mal? – disse Iro.

— Já. – falei.

Alguns minutos de tensão se seguiram, Iro me encarava, até que ele saiu andando.

Suspirei, enquanto retomava o meu caminho. Cheguei ao quarto dos meninos, e bati na porta. Quem abriu foi Jack.

— Oi! – ela disse.

— Oi! – falei.

— Entra! – ela disse.

— Tudo bem. – falei.

— Oi Ben. – disse Carlos.

— E aí? – disse Jay.

— Bem, eu já estou indo! – disse Jack.

— Tchau. – disseram Jay e Carlos juntos.

— Tchau e... Se você encontrar a Mal por aí, te aconselho a não falar com ela, e muito menos com a Evie! – falei.

— Ok, mas... Por quê? – ela perguntou.

— Longa história. – falei.

— Tudo bem... Tchau! – ela disse e saiu.

— Então, Ben, o que te traz aqui? – disse Jay, tentando fazer uma voz solene.

— Queria convidar você para ser padrinho do meu casamento! – falei.

— Eu aceito! E quem vai ser a madrinha? – ele perguntou.

— Quem você acha? Óbvio que é a Evie! – falei.

— Ah não... – disse Jay.

— O que foi? – perguntei.

— Audrey. – ele respondeu.

— O que tem a Audrey? – perguntei.

— Ela diz que eu passo tempo de mais com a Evie... Enfim, aceito ser seu padrinho! – ele disse.

— E eu? – diz Carlos.

— Você pode ser uma dama de honra! – brincou Jay.

Depois dessa começamos a rir. Esses são os meus amigos! E eu os adoro!