Underground escrita por Isa


Capítulo 8
Ainda dia 6 de abril


Notas iniciais do capítulo

Não há dia ou data no início do texto desta vez, porque é como a continuação do capítulo anterior. A Kate não teria parado de escrever, eu que não pus o resto porque senão ia ficar um capítulo enooorme. x)
Boa leitura!



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         Todos pegaram suas armas, e lá estava eu completamente indefesa, ou pelo menos era o que pensava. Sofia tirou uma pistola que carregava no coldre que usava e a entregou para mim, ela iria usar o fuzil. Claro que eu não sabia usar aquilo, então ela já me deu a arma pronta para atirar. “Só aperte o gatilho.”, disse ela, e eu assenti.

 

            - Devemos subir. – falou Henry.

 

            - Por quê? Ouço passos do túnel e de lá de cima. – falou Johnny.

 

            - Porque deve haver menos vindo de cima, caso contrário teríamos logo percebido eles se juntando. – ele respondeu, enquanto já ia na direção da escada larga de saída, que ficava há uns dez metros de onde estávamos. Uma pilastra tampava nossa visão da escada, mas quando conseguimos chegar perto o suficiente para vê-la, vimos outras coisas que não nos eram tão agradáveis.

 

            Uns trinta Infectos desciam em nossa direção, todos sujos de sangue, vômito e poeira. Juro que vi até uma mulher grávida entre eles.

 

            - Por que têm que estar sempre vomitados? – falei mais para mim mesma, mas aquele moreno com expressão ameaçadora ouviu.

 

            - É um dos sintomas de contaminação. Não costumam parar mesmo depois deles se transformarem, afinal, o que é modificado pra valer é o cérebro. O corpo humano não é preparado para agüentar tanta comida crua.

 

            - Hum, bom saber. – eca, foi o que consegui pensar antes de parar de pensar, porque todos começaram a atirar neles. Claro que pensei em atirar, tínhamos que avançar porque continuávamos ouvindo os passos ecoando do túnel do metrô, logo chegariam a nós. Mas tinha uma mulher grávida ali, quem sabe seu filho não estivesse contaminado e de alguma forma tivesse uma chance. Henry parecia já ter encontrado pessoas como eu antes, ele disse:

 

            - Não é hora pra misericórdia, Kate! – ele berrou, tentando ser ouvido apesar dos tiros – Eles não sentirão nada por você, a não ser, talvez, água na boca.

 

            Certo, aquilo me acordou. Zumbis assassinos e mau caráter, Resident Evil, Noite dos Mortos Vivos, Celular de Stephen King. Ok, Kate, tem que atirar. E comecei a disparar na direção deles. Não sabia quais eu estava acertando, mas era impossível eu errar todas. Ninguém falava ou, aposto, pensava, mas víamos que não adiantava. Eles eram muitos contra quatro armas cuja munição uma hora acabaria. “Estamos mortos... Nossa já é a segunda vez que penso isso em uma semana.”

 

            Foi quando ouvimos tiros vindos do lado de fora, do alto da escada e, para nossa felicidade, que visavam atingir os Infectos. Apesar do reforço continuamos avançando e atirando. Um dos zumbis saiu correndo de repente vindo em minha direção de braços abertos e eu consegui acertar um tiro na sua cabeça – fiz uma anotação mental de que ver uma cabeça explodindo ao vivo não é tão ‘sinistro’ quanto no cinema. É só nojento mesmo, muito nojento.

 

            De trinta Infectos, o número diminuiu para quinze – isso porque, como consegui perceber, a arma que atirava do lado de fora era uma metralhadora.

 

            - Resistência? – gritou Henry.

 

            - Somos nós, eu acho. – ouvi uma voz, que não me era estranha, responder. Na verdade parecia Josh, mas como ele saberia que os zumbis tinham nos cercado?

 

            Uns dois minutos depois já podíamos subir a escada, que estava livre a não ser por dois Infectos que tiveram as cabeças explodidas quando passamos. Quando chegamos definitivamente do lado de fora, vimos o pessoal de Henry – todo ele - mais Josh, Blake e Ethan. Eles vieram no restante dos carros – um deles dessa vez era uma caminhonete, que carregava a metralhadora. Todos os três, até Josh, tinham uma pistola à mão, prontos para atirar, enquanto o pessoal mais ‘experiente’ levava armas mais pesadas.

 

            - Têm mais vindo, continuem atirando! – ordenou Henry, fazendo sinal para que nos juntássemos aos outros, atirando para dentro do metrô. Claro, os que vinham do túnel.

 

            Se tivéssemos demorado um minutinho a mais para acabar com a ‘primeira leva’, teríamos nos ferrado. Logo que nos viramos vimos uns cinqüenta Infectos vindo na nossa direção, e parecia haver mais atrás.

 

            - Quantos habitantes têm nessa cidade, porra? – ninguém repreendeu Josh pela boca suja, eu pelo menos estava com palavrões demais em mente para conseguir dizê-los todos sem embolar a língua. Sofia, ao meu lado, parecia não ter dificuldade, já que falava sucessivamente várias palavras em espanhol que não pareciam muito amigáveis.

 

            Eu atirava com a maior vontade do mundo, mas eram tantos Infectos que as balas pareciam sair menos rápidas que o necessário. A metralhadora que estava na caminhonete atirava sem parar, e, quando foi necessário pôr mais munição nela, um século pareceu se passar para que ela voltasse a atirar. Toda ajuda fazia diferença naquela hora.

 

            Parecia que tínhamos matado uns vinte, mas havia outros trinta. Definitivamente passei a não gostar muito desse número.

 

            - Para os carros! – era Henry de novo, e todos obedeceram prontamente. Pulei num jipe que não era o que havíamos usado para vir, mas era o carro mais próximo de mim. Quando entrei vi Josh no banco do carona, Blake no do motorista e eu fiquei no banco detrás. Quando viu que não havia ninguém sem carro para entrar, Blake pisou fundo no acelerador e o jipe saiu em disparada.

 

            - Como sabiam que precisávamos de ajuda? – perguntei, olhando para trás do carro. Os Infectos se distanciavam, mas já estavam correndo, e pelo visto tinham mais resistência que pessoas normais, sem falar que havia os outros espalhados pela cidade. Parecia que eles haviam preparado uma grande armadilha para nós.

 

            - Eu estava assistindo TV, – começou Josh – eram shows de rock, e pelo visto Blake e Ethan não estavam muito afim de ouvir o Axl Rose cantando Welcome to the Jungle, mas que show eu assistiria? Justin Bieber? Já não gostava dele ano passado, agora que ele acabou com minhas esperanças e continua cantan...

 

            - Eu e Ethan estávamos na janela conversando e, quando olhamos mais atentamente pra fora, percebemos um movimento estranho dos Infectos. – explicou Blake - Eles estavam se juntando, só podia ser aquilo que o Henry mencionou, chamamos o pessoal dele e viemos resgatar vocês. Fim, Axl Rose não tem nada a ver com a história, Josh. – ela seguia o carro preto a nossa frente, não ia em direção ao prédio, mas já que era a mesma direção que os outros iam parecia a correta.

 

            - Pelo contrário. Se eu estivesse ouvindo algo que vocês gostam, como, sei lá, Justin Timberlake, vocês não estariam na janela conver... – ele parou de falar quando se sobressaltou com uma virada abrupta que o carro deu, para desviar-se de um Infecto que aparecera no nosso caminho.

 

            - Por que não atropelou?  - perguntei.

 

            - Não me pareceu seguro, vai que perco a direção, o carro capota... Na nossa situação as piores hipóteses são as mais prováveis.

 

            - Estamos indo pras barcas. – afirmou Josh, e, de fato, quando prestamos atenção, eu e Blake percebemos que ele estava certo. Pelo visto os Infectos da cidade realmente haviam feito o que Henry temera, e não havia como vencê-los.

 

            Vimos um Uno vermelho que, ao contrário de nós, passou por cima de um Infecto que ficara no meio do caminho, e quando sua velocidade diminuiu enquanto passava sobre o corpo, foi atacado por outros dez Infectos.

 

            Eles pulavam no pára-brisa, jogavam-se sobre as rodas, quebravam vidros do carro, até que o motorista acabou parando. E... o que posso dizer? Foi um massacre, eles arrastaram quem estava lá dentro – não vi nenhum conhecido nosso – para o lado de fora, passando-os sobre os cacos dos vidros quebrados. Ouvia-se logo os gritos de dor.

 

           Um deles, uma mulher ruiva, conseguiu erguer a arma e atirar num dos Infectos, mas enquanto ela atirava outro Infecto pulou sobre ela e a mordeu. E não digo morder como um cãozinho de brincadeira, digo morder como um pitbull malcriado completamente raivoso. Vi a carne de seu ombros ser arrancada a dentadas e em seguida outros Infectos começaram a atacá-la. A partir daí desviei meu olhar. E aquele não era o único carro que sofrera ataques.

 

            Pensei que podíamos morrer a qualquer momento, que podíamos não chegar às barcas, e que nunca saberiam por que, diabos, parei de escrever.

 

            - Estamos chegando? – perguntei.

 

            - Acho que sim, não costumo vir por esses lados, sempre ouvi dizer que o cheiro de peixe era muito forte. – comentou Blake. E de fato, poucos minutos depois, começamos a sentir o cheiro de peixe.

 

            - A partir de hoje adoro peixe, até sushi! – disse Josh. Então, quando o litoral já estava à vista, os carros a nossa frente – que estavam em número menor do que antes - viraram na direção de um prédio que estava menos destruído do que o que habitávamos anteriormente. Graças a Deus os Infectos pareciam ter dado um descanso depois de tanto estrago. Entramos na garagem e estacionamos os carros de qualquer jeito.

 

            Quando saímos do metrô eram seis carros contando com o nosso, agora só restavam três. E, dentre os conhecidos, não encontrei Henry, o moreno alto ou Ray, que se livrara de nos acompanhar até o metrô. Johnny e Ethan pareciam bem, vi Sofia e outras sete pessoas. Éramos treze no total.

 

 

            Lamento, mas o cansaço me impede que escreva mais, se continuar agora só sairão fatos mal narrados. Amanhã, se estiver viva, continuarei.   


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Notas finais do capítulo

Reviews aos zumbis carentes! /zoapiadatosca
Reviews pra me fazer feliz mesmo, acho que mereço - todo mundo acha que merece /fato x)