As Crônicas da Tempestade escrita por Cavanhaque maroto


Capítulo 27
Capitulo 24 - Guerra Civil Parte 2




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Capitulo 24 – Guerra Civil Parte 2

Capital, Nação do Fogo

— O bloqueio sudoeste foi rompido, os rebeldes invadiram o castelo! — disse o soldado da chamada de emergência pelo rádio, e após essas palavras restou apenas estática.

A capitã rangeu os dentes furiosa, a situação estava indo de mal a pior rápido demais, os ataques coordenados dos rebeldes tão impressionantes quanto imprevisíveis. A princípio a força rebelde se mostrou fraca e inconstante mas se revelara apenas um artifício para esconder seus verdadeiros planos, assim a maioria dos agentes mais experientes se misturaram à multidão e aguardaram o momento certo para atacar onde menos esperavam e o batalhão de Lian Fu fora pego pela retaguarda e rechaçado. Se encontravam agora encurralados e vulneráveis, a única linha de defesa que estará fora os soldados de elite no palácio, e se conseguissem chegar à Senhora logo o país estaria aos pés de Atakano, melhor dizendo, da Lótus Branca.

— Recuar! De volta ao palácio! — Lian Fu gritou para seus homens restantes por cima das trocas de golpes com os rebeldes — Precisamos dar apoio ao general! — e então liderou o caminho.

Outros três soldados reais caíram antes que conseguissem encontrar um lugar seguro para cobrir a retirada. O grupo de oito soldados cruzou o campo de batalha se esforçando ao máximo para evitar as bolas de fogo que explodiam tudo ao seu redor e levantavam poeira. Satomóveis foram incendiados e usados como verdadeiras bombas contra blindados da guarda real, dirigíveis tomados pelos rebeldes voavam pelo céu noturno bombardeando pontos estratégicos da cidade e massacrando as forças reais completando a carnificina.

— Capitã! Estamos sendo seguidos! — Felder gritou ofegante.

Lian Fu se virou e praguejou com a visão de três motocicletas vindo voadas em direção ao grupo, nelas rebeldes com máscaras do Espírito Azul empunhavam facões enferrujados respingando sangue. A capitã evitou o primeiro ataque com um rolamento, mas um de seus subordinados não teve a mesma sorte e caiu com a lâmina enterrada no crânio. As motocicletas deram uma rabiada na esquina e voltaram a investir, no entanto Lian Fu gritou ordens e o batalhão assumiu posição de fuzilamento e abriu fogo contra os rebeldes.

A primeira motocicleta perdeu o controle após ser atingida nos pneus e se chocou contra um caminhão virado e explodiu. Lian Fu pulou e mandou uma rajada lateral de fogo acertando os outros dois pilotos derrubando-os na rua onde foram fuzilados num instante.

Lian Fu se debruçou sobre o corpo do soldado caído, fechou delicadamente seus olhos e pegou sua dog tag e apertou contra a palma da mão.

— Andem seus desgraçados, temos trabalho a ser feito — ela falou e a marcha recomeçou.

 

O primeiro movimento veio de Kaijin.

O jovem príncipe se conectou com a água do lago do jardim e jogou um tubo giratório contra o general. Mas o veterano apenas dispersou a força da água com um arco flamejante, sendo atingido apenas por um jato d’água inofensivo.  Irritado, o jovem ergueu uma quantidade considerável de água e as moldou em centenas de pequenos espinhos congelados e os atirou contra seu inimigo.

Mas Raidou teve tempo mais do que o suficiente para se preparar e correr em zigue-zague e rolar até a cobertura de uma árvore onde os espinhos estilhaçaram a madeira e não a carne. O general respirou fundo e reuniu energia da natureza e a permitiu percorrer todo seu corpo expandindo seu poder e concentrado tudo nas pontas dos dedos. Depois saltou para fora e atirou seu raio em seu atacante.

Mas ele foi interceptado.

Yuzushi Atakano pegou o relâmpago e o deixou percorrer o caminho pelos braços no gestual similar à dominação de água. Um sorriso cruel se formou em seu rosto quando o devolveu para cima do antigo mestre errando seu alvo por pouco. Mas ela não parou por aí. Numa velocidade invejável suas mãos apanharam da cintura duas facas de arremesso e as lançou.

Raidou se esquivou com um trabalho de pés girando para o lado e contra atacando com uma poderosa sequência de socos cianos brilhantes. No entanto, suas chamas explodiram contra um muro de rochas erguido num piscar de olhos pelo Avatar. Raindou insistiu e se impulsionou para frente e desferiu um chute baixo mirando a perna do jovem dominador de água, mas o golpe acertou apenas o ar.

Raidou se lançou para trás num instante para evitar a lâmina de gelo do rapaz que beliscou seu pescoço. O general voltou acertando uma cabeçada e se virou bem a tempo de bloquear um soco explosivo de Atakano que o arremessou quicando no lago raso.

— Desista meu velho, não há como vencer essa — Yuzushi disse sombriamente.

Raidou se ergueu e estalou o pescoço como se nada tivesse acontecido.

— Lembro de tê-la ensinado a bater mais forte. Acho que não aprendeu tão bem quanto acha, Fagulha. — Ele então liberou calor na água desaparecendo numa cortina de vapor. Lana lançou uma rajada de ar e a dispersou, no entanto Raidou já não estava mais lá.

Num piscar de olhos o punho do general atingiu em cheio o avatar no estomago a levantando do chão, em seguida descreveu um direto de direita flamejante no rosto a jogando violentamente nas cerejeiras.

— Lana! — Kaijin gritou e moldou uma nova chuva de espinhos.

O General Demônio inspirou profundamente e liberou um rugido de fogo que os derreteu facilmente. Foi então que Atakano surgiu com uma cotovelada em seu rosto fazendo-o fraquejar por um momento, depois acertou um one-two e terminou a sequência agarrando a cabeça do general e enfiando uma joelhada avassaladora no estômago.

Atakano deixou com que ele escorregasse para o chão de joelhos arfando em busca de ar. Ela agarrou-o pelo cabelo e o forçou a olhar para ela e se deleitou com sua expressão. O poderoso General Demônio aos meus pés. Ele não é um deus, é apenas uma relíquia do passado. Ela preparou o golpe final...

E um raio a atingiu no ombro. O golpe havia trespassado para o outro lado deixando um buraco cauterizado na altura do músculo. O rosto de Atakano se fechou numa máscara de ódio e se virou para ver de onde havia vindo aquela afronta. Parada alguns metros à frente estava a capitã Lian Fu junto de outros seis soldados da guarda real.

— Yuzushi Atakano, pelos seus crimes contra a Nação do Fogo você está presa. — Lian Fu declarou e cerrou o olhar — Sua sentença é a execução imediata. — E fez um gesto com as mãos para o batalhão iniciar a formação e avançar num semicírculo para impedir qualquer tentativa de fuga.

Atakano soltou uma gargalhada e apontou para a jovem oficial.

— De todas as pessoas que esperava enfrentar hoje, você era de longe a última. O destino é mesmo engraçado, não acha? Dos milhares de militares da Nação me aparece justamente quem eu estava me esforçando para não ter que matar. Logo a noiva do Jee!

A capitã hesitou por um momento.

— Como conhece o Jee? Ele está desaparecido a mais de um mês, você o capturou? — ela indagou.

— Não consegue ver a semelhança, menina? Se bem que ele puxou bem mais ao pai dele... Ele nunca te falou de mim? Sinto-me até ofendida dele não te contar da família.

— Não vou cair nesses joguinhos, rebelde, responda à pergunta! — ela esbravejou.

Atakano olhou de esguelha para os homens que a cercavam e franziu o cenho.

— Eu tive que colocá-lo de castigo, para lembrá-lo da verdadeira causa — ela gesticulou de leve com a cabeça.

Nesse momento Lana se conectou com a água do chão e a ordenou que se atrelasse aos corpos dos soldados e se congelasse prendendo-os impotentes. Em seguida Kaijin atirou uma lança de gelo contra a capitã. Lian Fu girou nos calcanhares, pegou a lança durante o giro e a atirou de volta em direção ao coração Atakano.

Atakano a destroçou com um chute flamejante de cima para baixo. A luta estava apenas começando.

 

Dalai comprimiu o ar na sola do pé e o liberou num poderoso chute giratório deslocando a mandíbula do rebelde com que lutava. Mais um se juntava ao monte de inimigos caídos aos seus pés, o número já passava dos 30, porém não importava quantos derrotava, outros tomavam seu lugar e continuava o inferno.

O rapaz ofegava, seu corpo recheado de queimaduras e cortes superficiais por todos os lados, mas seu espírito e sede de sangue o mantinham concentrado no combate, sempre em busca de mais. Ao contrário do dominador de ar, o telhado em que lutavam estava completamente destruído por seus golpes e o prédio em si ameaçava tombar de uma vez.

Um helicóptero da imprensa sobrevoava o local iluminando o telhado com a luz dos holofotes transmitindo a revolta para todas as partes do mundo. Nesse exato momento toda família, de cada uma das quatro nações acompanhava de perto o desenrolar dessa ousada tentativa de depor a Senhora do Fogo.

Outros dois rebeldes investiram com facas, mas Dalai se esquivou de ambos e os derrubou rapidamente. Ele sentiu os pelos da nuca se arrepiarem pressentindo algo vindo em sua direção e se esquivou instantes antes de ser atingido por um projétil disparado por um não dominador. A raiva lhe subiu à cabeça e o rapaz arrancou um vergalhão da estrutura com um chute e o disparou pelo ar com uma rajada fazendo com que alojasse no ombro de seu atacante trespassando-o e fixando-o numa parede de concreto.

Outro veio em sua direção, mas Dalai enfiou o pé por debaixo de uma barra de ferro e a levantou bem a tempo de girar e usá-la como um bastão e acertar seu inimigo na têmpora. O jovem partiu para cima dos demais mascarados e os varreu com outra rajada de ar atirando-os para fora do telhado, mas outras figuras surgiram e continuaram a disparar bolas de fogo.

O dominador de ar girou seu bastão dispersando a chuva de golpes enquanto avançava e os golpeava um após o outro num massacre impiedoso. Raios era atirados em sua direção mas Dalai se desviava facilmente com acrobacias e rolamentos, nada parecia conseguir acerta-lo. No entanto a verdade era bem mais cruel, apesar de se esforçar para passar a imagem de invencível, nem sempre saia ileso de todas as bolas de fogo e golpes.

— Quero ver até onde vai seu idealismo — ele rugiu para os que restaram.

Foi ai que seu rádio tocou.

— Dalai... precisamos de você no palácio... agora... Atakano e o Avatar estão aqui! — Lian Fu gritou por cima do barulho de explosões e em seguida apenas estática.

Dalai aparou um golpe de pé de cabra. Ele não era burro, sabia muito bem que aqueles rebeldes não estavam ali para passar por ele e sim para mantê-lo ocupado enquanto o real ataque acontecia em outro lugar, tudo fazia parte do plano e por isso vinham um após o outro apenas para serem destroçados de forma patética. Mas isso não iria acontecer mais.

— Bom, meninos, bem que gostaria de continuar com nossa brincadeira, mas tenho mais o que fazer — ele disse aos rebeldes. — Chega de perder tempo.

Dalai comprimiu o ar no punho e socou o telhado. A estrutura toda estremeceu com o impacto e começou a tombar para o lado. O rapaz então correu para a beirada ignorando o monte de inimigos por que passava e se atirou para o vazio aterrissando depois na rua com um rolamento e seguindo seu caminho enquanto o prédio despencava sobre seu vizinho e este cedia e tombava por cima do que estava ao seu lado despencando todos os rebeldes na rua.

O rapaz observou orgulho seu trabalho por cima do ombro e sorriu. Cara, como eu adoro uma rebelião, posso destruir o que eu quiser e não tem ninguém para me prender por isso, ele pensou consigo. Ainda com um sorriso de satisfação deu impulso no chão e voou para o prédio seguinte e atravessou a janela já se preparando para saltar. O rapaz enfiou o bastão improvisado nas costas e agarrou-se num poste rodando até a rua de onde já podia ver o palácio.

Abriu passagem varrendo todos que estivessem em seu caminho com rajadas de vento, fossem civis ou não ele não tinha tempo para perder se preocupando com isso. Do lado de fora já podia ouvir a luta que era travada lá dentro, o som de pessoas morrendo e o odor de sangue na brisa. Com um salto rápido meteu a mão no muro e pulou para o outro lado pousando bem no olho do furacão.

Aparou um golpe de uma espada pouco antes de ser decapitado e contra-atacou com um chute na perna e uma cabeçada no nariz do inimigo já se virando para evitar ser atingido por uma bola de fogo que explodiu bem ao seu lado. O rapaz abriu caminho a força e escalou uma ameia de onde avaliou friamente a situação.

Ao que parecia, os soldados de elite estavam segurando bem os rebeldes por enquanto sendo quase impossível prever por quanto tempo a batalha permaneceria equilibrada daquela forma. Embora os soldados da Senhora fossem mais habilidosos eram subjugados pelos números do inimigo e mesmo que num ritmo mínimo era visível que os rebeldes continuavam avançando. Um clarão mais para o fundo lhe chamou a atenção e ele reconheceu as chamas azuis que eram disparadas.

Comprimindo o ar nos pés ele se projetou para frente como um projétil direto para os jardins. Ele acertou o solo com tudo levantando uma nuvem de poeira.

— Cheguei — ele anunciou para os indivíduos momentaneamente desnorteados. — Quem vai ser o primeiro a levar umas porradas?


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