Por que é que não vê

Esses raios de luz

Entre as árvores mortas?

Através da vidraça – Victor e Léo

— Como assim? – Ele se levanta do sofá, assustando todos no recinto – Nem para isso você presta? Eu quero e preciso de um herdeiro, garota!

— Itachi, meça suas palavras! – O progenitor da família sempre tão quieto que quase sempre ninguém repara em sua presença. Mas todos sabem de seu poder, de sua autoridade perante a família, perante seus funcionários. E quando ele fala todos escutam.

— Mas pai....

— Quieto! – Diz enquanto arruma sua postura na poltrona, para poder olhar nos olhos de seu primogênito – Alguém mandou você colocar seu pinto na vagina dela? Alguém mandou você não usar preservativo? Alguém mandou, Itachi?! Olha para mim quando estou falando com você!

— Sim, pai – ele olha bem nos ônix de seu pai, a seriedade que se encontra o faz tremer.

— E então? Alguém te obrigou a fazer alguma dessas opções?

— Não, pai.

Konan, coloca a mão na boca. Pela primeira vez viu sua paixão de anos abaixar o tom de voz para alguém e o choque foi tanto que a fez esquecer todas as coisas horríveis que ele tinha dito antes sobre ela e sua filha. O respeito que ela tinha por seu sogro, só aumentou.

— E então, ainda não entendi porque sempre que o assunto é Konan ou a criança você fica estressado – Ele desvia o olhar do filho, cruzando os braços sobre o colo – não o coloquei na direção da empresa para você ficar assim. Coloquei um homem que assumi suas responsabilidades e não um garotinho mimado!

— Desculpe, pai – ele não consegue olhar para os lados, não consegue encarar nem sua mãe. Como pode um diretor de uma multimarca está levando bronca como um bebê?

— Você não tem que pedir desculpas para mim – ele olha para a futura nora – você tem que pedir desculpas para sua esposa.

Itachi abre a boca, fecha. Abre de novo e volta a fechar. Sem nem uma vez se quer desviar os olhos de “sua esposa”, como seu pai mesmo disse.

— Itachi, estamos esperando.

Ele volta a olhar o carpete como se fosse a coisa mais interessante que ele já viu, para conseguir sussurrar.

— Desculpa, Konan – Ele corre em direção as escadas, deixando seu orgulho ali.

***

— Sakura, não!

A enfermeira grita com o que acaba de presenciar, correndo em direção a garota que acaba de cortar seu pulso indo em direção ao outro.

— O que pensa que está fazendo? – Ela agarra o braço de sua paciente arrancando o objeto cortante de suas mãos, para logo em seguida segurar a rosada que acaba de desmaiar – alguém me ajuda!

— O que aconteceu, Shizune? – A mais velha entra assustada, para logo em seguida colocar sua mão na boca sem conseguir acreditar que estava vendo todo aquele sangue saindo de uma só pessoa – Quem a deixou sem supervisão?

— Me desculpe, Chiyo.

Ela balança a cabeça, olha para a garota e depois para o sangue que escorre de seu pulso.

— Não interessa, vá preparar a sala de cirurgia – a mais velha diz enquanto troca de lugar com a enfermeira – precisamos de bolsas de sangue, ela já perdeu muito – vendo que sua subordinada estava estática, olhando o sangue jorrando pelo corte, grita – Shizune, agora!

***

— Tenten, estava pesquisando no meu tempo livre sobre alternativas para nós – ela para de prestar atenção no programa de TV para escutar seu marido – o que acha de adotarmos um bebê?

Ela se solta de seu abraço para olhar nos olhos dele.

— Como assim, amor? – Ela parecia ao mesmo tempo que surpresa e assustada.

— Tem tantas crianças que já nascem condenadas a um abrigo, acho que podemos tentar adotar uma criança – ele para tentando achar aprovação nos olhos de chocolate de sua amada – afinal o amor que vamos dar a ela será o mesmo.

— Mas e se não conseguirmos?

— Por isso disse tentar, é apenas uma tentativa, meu amor – ele a puxa para seus braços beijando sua testa – irei falar com um amigo meu que é diretor num hospital maternidade, quem sabe ele não nos ajudar?

Sua amada o abraça mais forte como um misto de nervosismo e ansiedade.

***

— E então? Como ela está doutor?

— Ela é alguma parente sua Chiyo?

— Oras, doutor lógico que não! – Ele pode sentir o nervosismo em sua voz, tentando em vão contrariar seus sentimentos – mas, então?

O cirurgião riu, não, não. Gargalhou vendo a ansiedade de sua colega.

— Ela está bem, mas acredito que tenha que tomar cuidado com a criança. Ela perdeu muito sangue. Acredito que tenha que fazer uns exames e ver como ele está. Mas essa parte já não é comigo.

— Entendi - ela suspira – fico aliviada que os dois estejam bem. Irei imediatamente falar com obstetra para que prepare os exames necessários – ela se curva, dizendo – Com licença.

***

— Sasuke!!! – Se tiver uma única vez que ele falar sem gritar, por favor me avisem – lembra que te falei que meu cunhado mudaria de distrito? – Ele nem espera o moreno responder. Mesmo que ele não faça questão de o loiro dar espaço para falar – Então, ele vai vir para este e então poderemos ser uma equipe! Não é legal?!

— Sim, Naruto – ele arruma seus papeis e já se levantando, sem nem olhar para seu parceiro, diz – muito legal.

— Aonde você vai, Sasuke?

— Não te interessa.

Antes dele pensar em responder. E bem, coloque alguns minutos a mais do que imagina, já que o loiro não pensa muito rápido. O telefone toca – Alô? Amor! Estava pensando em você agora – ele coça a cabeça, enquanto ri – sim, to lembrando sim, passarei no mercado assim que meu plantão acabar. Ok, também te amo.

— Vou te falar você consegue ser mais meloso que eu e a Tenten.

— Neji! – Ele grita, já abrindo os braços para um abraço de urso – não sabia que veria você aqui hoje – ele gargalhou, apertando ainda mais o abraço.

— N-naruto...será que você pode me s-soltar? – Ele sussurrou quase sem ar – Por f-favor...

— Desculpa, cunhado – soltando o moreno, que logo tratou de respirar – me empolguei.

***

— Vejo que acordou, Sakura.

A rosada com os olhos semicerrados, olha para os lados tentando se situar.

— Você está na UTI – a enfermeira, adivinhando o que ela pensa no momento, continua – mesmo que tenha tentado se matar, não funcionou. Você e o bebê estão bem.

Ela olha para sua barriga. Vendo que está maior do que se lembrava, ele jamais iria perdoar o que ela fez. Iria? Não, ela não merece ser o casulo dele. Mas, quem disse que ele tem que merecer? Ela não pediu para ser mãe dele. Ela jamais seria mãe dele. Mesmo que quisesse.

Ao menos era isso que ela pensava naquele momento.

Como não pode ouvir

Essa voz que te chama

Por detrás dessa porta?

Através da vidraça – Victor e Léo