Zugzwang escrita por MB


Capítulo 27
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Obrigada para quem está acompanhando ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/662472/chapter/27

— Já estou de pijama, Spence. - Charlie respondeu quando ele perguntou se ela não queria passar no apartamento dele. - Vem pra cá. Está no metrô, não está?

— Estou. 

— Vou deixar a porta aberta. - ele sorriu e desligaram.

Spencer entrou no apartamento, trancou a porta atrás de si, e viu todas as luzes apagadas, só via uma vinda do quarto, que mudava constantemente. Ele encontrou Charlie deitada de lado na cama, olhando para o computador à frente dela, onde ele reconheceu The Office.

— Oi. - Spencer sussurrou, se deitando atrás dela, passando o braço pela sua cintura. Charlie abaixou a tela e se virou para ele.

— Nunca faça isso se não me avisar com antecedência. - ele riu e puxou para perto, fazendo-a ficar com o rosto extremamente perto. A feição dela ficou séria de repente, mas ainda desenhava pequenos círculos com o dedo na nuca de Spencer. Ele a segurava pela cintura, com uma feição que se passou para culpa e receio quando percebeu que descia as mãos para as pernas dela. - Nada ruim vai acontecer. - Charlie sussurrou, sabendo o que se passava na cabeça dele. - As cortinas estão todas fechadas.

Charlie lhe beijou perto do maxilar, enquanto as mãos dele faziam o mesmo caminho, de sua cintura até as coxas, então juntou seus lábios. O que pareceu uma eternidade para ela, Spencer começou a retribuir o beijo, de maneira mais intensa do que Charlie imaginara. Afastou-se do nada, querendo ver a expressão dele, que maneou a cabeça ainda de olhos fechados, como se só a ideia de ela se ficar longe fosse horrível, e segurou seu rosto, olhando fundo nos olhos dela, antes de sorrir e a puxar para cima dele.

— Spence. - a voz de JJ o fez voltar à realidade.

— O que...? - ele perguntou.

— Dylan Blauman. - ela repetiu. - Reconhece esse nome de uma das cartas?

— Sim... O pai dela ficou com ele na mesma cela por algumas horas, até Blauman ser transferido... - ele olhou para baixo. - Não achei que fosse importante.

— Por isso não estava nos registros. - Garcia revirou os olhos.

— Por que esse cara? - Spencer perguntou.

— É um dos prisioneiros com boa economia e uma ficha criminal que condiz com esquizofrenia. - JJ explicou. - Matou quatro pessoas. As primeiras duas vítimas morreram de hemorragia interna. Uma no cérebro, outra no intestino. A terceira foi esfaqueada no coração repetidas vezes e a última foi afogada. Ele sempre dizia que eles a atacaram primeiro ou que estavam o perseguindo por horas. A síndrome que Charlie disse...

— Erotomania. - Spencer falou.

— Isso, é relacionada com a esquizofrenia, por isso analisamos qualquer possibilidade. - Rossi contou. - O nome dele está nos registros do hospital, marcou uma consulta a cada duas semanas durante os meses de Agosto até Novembro. Seu nome também está no hospital que Charlie está trabalhando aqui.

— Não fez tratamento psicológico porque a família era rica e queria negar alguns surtos psicóticos. - Garcia contou.

— E temos um endereço? - Spencer tentou não soar tão esperançoso. 

— Uma casa abandonada e um prédio. - ela disse.

— O prédio faz mais sentido. - Reid pensou. - Quantos andares?

— Sete. - Penelope disse depois de digitar rapidamente. - Quatro apartamentos em cada andar, cada um com três quartos e dois banheiros, além da sala e cozinha.

— Reid está certo. - Morgan se levantou. - Ela poderia gritar o quanto quisesse, mas é muito espaço para o som atravessar.

— Garcia... - Hotch começou, mas ela o interrompeu, todos os agentes já em pé.

— O endereço já está em seus celulares. 

— Quanto tempo até lá? - Reid perguntou.

— Quase cinquenta minutos.

— Chegamos em trinta. - Morgan disse, os agentes já andando até o elevador.

~*~

Reid mexia as pernas nervosamente no banco da frente, enquanto Morgan dirigia o mais rápido que conseguia. JJ não sabia o que fazer no banco de trás, mas passava os dedos carinhosamente pelo ombro de Spencer, que parecia não notar. Garcia dizia para o carro de Hotch a situação atual do que acontecia no vídeo, para que eles soubessem o melhor momento para entrar no prédio.

 - Reid. - Morgan o chamou quando estavam quase lá. - Espere pelo sinal de Hotch para entrar. Pode ser perigoso, para você e Charlie.

 - Uhum. - foi a única coisa que respondeu. Quando chegaram, viram um lugar que Spencer teve certeza que Charlie adoraria, com uma arquitetura inspirada na grega, e por ser antigo, a tinta descascava em alguns lugares. Ele sabia que ela teria vontade de tirar fotos do edifício, caso não fosse a situação em que se encontravam.

Eles saíram do carro com as armas preparadas. Reid olhou para Hotch, que balançou a cabeça positivamente, mostrando que ele poderia se aproximar do prédio, mas não entrar. Morgan e Rossi foram os primeiros a entrar, percebendo que o primeiro andar estava absolutamente vazio. 

Não havia elevador, apenas uma escada relativamente grande no meio do andar, onde era possível ver que um sofá estivera ali há não muito tempo, pela marca que o pó deixava. 

Eles ouviram o disparo de uma arma, e quase ao mesmo tempo, o barulho de algo pesado caindo. Spencer subiu as escadas correndo, apesar dos protestos dos outros agentes. O segundo andar estava vazio, e revistou o prédio até o quinto, onde ele conseguiu ouvir uma respiração pesada. Quando chutou a porta de onde havia ouvido, a primeira coisa que viu foi Charlie caída no chão, com os olhos ameaçando a se fechar, usando todas as forças para apertar ao máximo o pescoço, onde foi possível ver uma linha de sangue escorrendo, agora sua mão encharcada de vermelho. Havia uma mesa de madeira caída ao seu lado. O pé do móvel quase em seu rosto.

Spencer acertou uma bala na cabeça de Blauman, que estava a ponto de apertar o gatilho novamente, e correu até Charlie. Tirou seu casaco e envolveu no corpo dela. Ele empurrou a mesa, se ajoelhou ao seu lado e passou as mãos pelos cabelos de Charlie, colocando sua mão em cima na dela, segurado com mais força. Estava seminua, cheia de hematomas e cortes, alguns ainda não cicatrizados. Os olhos castanhos quase azuis tiverem dificuldade para identificar Spencer. Parecia drogada, ou em estado extremo de dor. Não a dor de uma bala, uma tão excruciante que não a deixava reclamar.

— Eu te amo. - ele disse quando percebeu que iria perdê-la. Charlie ouvia tudo, mas não raciocinava. - Me desculpe por te fazer passar por isso, eu te amo... - ele não conseguia evitar as lágrimas. 

— Spence...? - ela disse com a voz fraca.

— Sou eu, amor. Não vou sair daqui.

— Me abraça. - pediu de forma quase inaudível. Ele sabia que não deveria fazer isso, havia aprendido em todos esses anos, mas se apoiou na parede atrás deles e fez ela se apoiar em seu peito. Abraçou-a, tentando esquentá-la. Charlie estava tremendo e o casaco não estava adiantando nada. 

— Você é tudo pra mim. - ele sentiu seu coração parar de bater por um segundo e sua garganta praticamente se fechar. Ela continuou a tremer enquanto ele a abraçava cada vez mais forte e passava uma das mãos em seu braço, em uma tentativa inútil de tentar esquentá-la. Charlie suava frio e Spencer mal conseguia ouvir seu nome ser chamado diversas vezes, os agentes o procurado. Escutaram um tiro depois que ele saiu correndo em uma velocidade que não achou que tinha, e nada mais depois. Só conseguiam imaginar uma coisa.

Spencer ainda tentava controlar as lágrimas, mas já não conseguia ver nada, tudo embaçado. 

— Eu estou com fome. - ela choramingou, fazendo o coração de Spencer pesar como se estivesse coberto de ferro.

— Você vai comer daqui a pouco, Charlie. Tente não falar, está salva agora.

— Onde ele está? - ela não conseguiu mais manter a mão no ferimento, tentando estancar o sangue. Sua mão passou por de baixo da de Spencer e caiu em cima de sua calça, deixando uma marca que ele não conseguia olhar.

— Morto. Nada mais vai acontecer. - ele beijou sua cabeça, praticamente tremendo, tentando controlar o choro. Não queria que ela percebesse seu desespero, mas não conseguiu segurar mais. - Eu te amo tanto, Charlie...

Ela não conseguiu responder, só se aninhou mais nele.

— Mantenha os olhos abertos. - ele pediu, percebendo que os dela se fechavam, como quem está pegando no sono. - Mantenha-os abertos. - praticamente suplicou.

Morgan foi o primeiro a entrar naquele apartamento e ficou um choque por um momento quando viu a cena. Spencer chorando desesperadamente, segurando o corpo desacordado de Charlie. A arma dele estava próxima ao pé de Derek, que só naquele momento viu Blauman caído, com os olhos abertos e a cabeça repousada em uma poça de sangue.

— Mande os paramédicos serem mais rápidos. - ele falou baixo para Blake, que fechou os olhos quando viu a cena, tendo um déjà vu. Morgan se aproximou lentamente - Reid. 

 - Ela está morta. - falou sem olhar para ele, ainda passando a mão pelo braço dela, sem se importar de não conseguir ver nada por conta de seu cabelo, que estava em seus olhos. - Eu te amo... - sussurrava para ela, sem perceber que todos estavam ali.

Derek olhou preocupado para os outros e sentiu seus olhos marejarem um pouco. Aproximou os dedos cuidadosamente dos pulsos de Charlie e concluiu que não estava morta, mas sim, não conseguia sentir quase nada.

— Os médicos estão aqui, Reid. - ele falou, mas Spencer não ouviu. Só percebeu isso quando sentiu Charlie sendo levada se seus braços.

Spencer não sabia o que pensar quando viu o corpo dela deitado em uma maca, sendo encaminhada até as escadas. Ele desceu atrás, sem atender ao chamado dos outros, e começou a andar até o carro, mas um dos paramédicos o parou.

— Não podemos deixar ninguém ir. - ele falou e não deu tempo para Spencer discutir. - Quando chegar ao hospital vai ser encaminhada para a sala de cirurgia no mesmo momento.

Ele viu as portas se fechando e não conseguia fazer nada além de chorar, se culpar e pensar no quanto a amava. Seus lábios tremiam e sua visão perdeu um pouco o foco, só conseguindo ver um borrão branco com luzes vermelhas e azuis em cima. Sentia sua garganta se apertando enquanto em bolo, um nó, se formava. As lágrimas se acumulando no fundo dos olhos, que logo caíram pelo seu rosto. Só conseguia ouvir o próprio choro e pensamento, que praticamente gritava o nome dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão gostando..?