Zugzwang escrita por MB


Capítulo 28
Capitulo 28




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Spencer estava na sala de espera do hospital. Tudo o que lembrava era do sorriso de Charlie quando ele disse que a amava, dias atrás, e como ela pediu que ele a abraçasse, como se soubesse que seria a última que sentiria. JJ estava ao seu lado, segurando sua mão. Morgan e Garcia estavam em silêncio na frente dos dois, respirando nervosamente. Charlie era importante para eles, mais do que acharam que seria. Foi a única pessoa a conseguir fazer Spencer sorrir de verdade depois de Maeve, e a única pessoa que ele amou com tanta força. Qualquer um que fizesse tão bem a Reid já ganhava um espaço na família deles. 

Derek agora estava com o braço ao redor de Garcia, que deixava as lágrimas escorrer pelo seu rosto. Não se importava contanto que não fizesse nenhum som. 

Spencer sentia um vazio que há muito tempo não sentia. Uma das pessoas mais importantes de sua vida estava a um fio de nunca mais abrir os olhos. É possível imaginar a dor e agonia por trás disso, o fato de não poder fazer nada, lhe matando por dentro. 

A mãe de Reid ficou feliz ao saber sobre Charlie, mas ele não contara sobre os últimos acontecimentos. Pensou que sua ela estaria preocupada, sua última carta havia sido curta demais se comparada com as outras.

Mas a mente dele se voltava para aquele quarto de hospital, que ainda estava vazio, porém ele esperava que logo Charlie estivesse lá. Era como um déjà vu pior. Onde não havia sido apenas uma bala na perna e eles não dormiram juntos na cama do hospital, abraçados. Reid conseguiu sorrir um pouco ao pensar naquilo. Quando aceitaria dormir na mesma cama que alguém que só conhecia há menos de uma semana? Nunca, se não fosse ela. Se não fosse a pessoa que o ajudara a superar a ex-namorada, que agora estava em uma situação parecida, quase igual.

Everett talvez tivesse razão, Spencer pensou, sempre morrem por minha culpa.

Eles ouviram Spencer soluçar e ele se levantou indo em direção a Penelope, abraçando-a. Apoiou o rosto no ombro dela e ficou um tempo repassando tudo na sua mente e era como se as lágrimas fossem uma passagem para a tristeza, como se desse uma falsa ideia de que ela estava acabando.

— A gente tá aqui, Reid. – Penelope limpou as próprias lágrimas e passou os dedos pelo suéter dele. Olhou para JJ preocupada, nunca haviam visto ele tão sentimental. Chorara com Maeve, mas nunca chegou a fazer na frente de todos algum tempo depois. 

— Você acha que ela vai morrer? – Garcia ficou em silêncio quando ouviu a pergunta de Spencer.

— Não, Reid. – respondeu por fim. – Ela vai acordar e vocês vão ser o casal mais fofo do mundo.

— Mas e se ela não acordar...? Ou se acordar tão debilitada que não vai querer contato humano. Nós não sabemos metade do que aconteceu lá.

— Spence, não pode pensar como os casos que já tivemos. – JJ se levantou e sentiu seu coração quebrar quando viu o rosto de Spencer.

Uma enfermeira se aproximou deles.

— Spencer Reid? – ela chamou. Spencer se virou limpando o rosto. – Seu nome está como contato de emergência de Charlotte Beaumont.

— Isso. – ele sentia seu coração parar de bater por um momento.

— Ela está estabilizada agora. – ela sorriu para os quatro. - Não quebrou nenhum osso, só uma pequena fratura em um dos pés. Teve duas paradas cardiorrespiratórias e devido ao esforço que fizera para aguentar a dor, estava ficando desidratada. O estômago dela está debilitado, por conta de alguns ácidos que ele produz e foram liberados pela violência física e pelo fato de não ter comido, além dos diversos remédios que ela tomou nesse período. A bala no pescoço deu trabalho, mas ela está se recuperando. Ela já tinha sido baleada?

— No ombro e na perna. - ele se respondeu, se lembrando do caso de Kutner. - Por que?

— Os médicos acharam duas fraturas praticamente no mesmo lugar, só queriam confirmar. Ela foi dopada, e torturada por horas, por isso está muito debilitada. Estava sob o efeito de drogas quando a acharam, isso ajudou a ela parecer extremamente fraca.

— Quando ela vai acordar? – ele não sabia se essas informações o faziam se sentir melhor.

— Ela acordou no meio da cirurgia e tivemos que dar medicamentos mais fortes e com mais frequência, então daqui dois dias. Algum parente próximo que eu possa ligar?

— Não, a mãe faleceu, assim como a irmã. - ele disse, se lembrando de que ela nunca falara o nome da tia, ou do primo autista. 

— Nos papéis diz que o pai dela ainda está vivo...

— Está preso. - Spencer a interrompeu, percebendo que a culpa de Frances estar morta e Charlie quase, era dele.

— Oh. Então vou pedir para ela assinar os papéis quando acordar... - a enfermeira disse para ela mesma, anotando algo em uma pasta. - Avisamos quando ela estiver no quarto. Apesar de termos conseguido estabilizar os batimentos cardíacos, e... – a enfermeira engoliu. – Não podemos garantir que ela esteja 100% bem, mas, obviamente, muito melhor de quanto chegou. Iremos mantê-lo informado.

— Obrigado. - ele disse e a enfermeira saiu. Virou-se para e equipe. - Vocês podem ir.

— Reid, não vamos deixar você sozinho. – Morgan disse. – E também nos importamos com Charlie.

Ele só conseguiu balançar a cabeça positivamente.

— Ei! – JJ sorriu e tentou animá-lo ao ver a expressão ainda deprimida. - Ela está bem. Você ouviu, está estabilizada.

— Sabe em quantas pessoas erros acontecem depois de “estabilizadas”? Aproximadamente...

— Reid. – Garcia sorriu apesar das lágrimas. – Está tudo bem agora. Esquece as estatísticas e porcentagens, ok?

Ele engoliu em seco, ainda pensando que a enfermaria havia dito que ela não estava 100% bem. Isso era óbvio, mas pelo jeito como ela agiu, por sua linguagem corporal e como engoliu em seco repetidas vezes antes de falar, todos sabiam que Charlie estava longe de ficar bem.


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