Zugzwang escrita por MB


Capítulo 25
Capitulo 25


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários!
Ai vai:



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— Ele quer mostrar o quão inteligente é, deixando ela nos ajudar. – Hotch disse sério e os outros concordaram.

— Spence. – JJ o chamou cuidadosamente. – Esse livro... Pode ajudar.

Ele balançou a cabeça e limpou o rosto.

— Ela falou sobre isso ontem, informações sobre transtornos mentais, como eles podem interferir nos tratamentos de certas doenças.

— Acho melhor pegar. – Hotch disse e Spencer assentiu. – Podemos ir sozinhos, se você não se sentir bem.

— Só vamos. – Reid negou com a cabeça e andou até a porta da sala. Garcia ficou com Rossi e Blake.

O caminho até a casa dela foi silencioso. Hotch foi dirigindo enquanto Morgan estava no banco do passageiro. JJ olhava preocupada para Spencer, que encarava o lado de fora da janela, querendo parar de chorar, mas tudo o que pensava era no que poderia estar acontecendo com Charlie naquele momento, e que era sua culpa.

— Se ele diz que a ama, por que está fazendo isso? – perguntou para ninguém especificamente.

— Ele tem ciúmes, Reid. – Morgan olhou para ele pelo retrovisor. – Sabe que o único jeito de te machucar é machucando ela.

Spencer não respondeu. Quando chegaram ao prédio, ele foi o primeiro a sair do carro. Guiou os outros pelas escadas, parando no segundo andar. A porta estava destrancada, e havia marcas de unhas na parte de fora, como se alguém tentasse entrar.

— Não são dela. – Spencer disse para os outros. – As unhas de Charlie são compridas, quebrariam se tentasse usar essa força.

Quando entraram no apartamento, o olhar de Spencer parou sobre o sofá bege claro, a frente da estante de livros, onde há apenas alguns dias, ele a ajudava a arrumar. Os agentes se sentiram mal por entrar lá naquele momento. Spencer foi até a prateleira e pegou o livro que ela havia falado. Abriu na página 236 e bateu o olho no terceiro parágrafo.

— Síndrome de Clérambault, ou Erotomania. – ele falou para os outros. – Quem sofre disso acredita que um individuo está secretamente apaixonado por ele. Acha que a pessoa se comunica por gestos que não existem e cria relações fictícias, por isso é relacionada a esquizofrenia.

— Isso vai ajudar. – Hotch disse colocando as luvas azuis.

— Sobre os registros dos hospitais, que ela falou. – Morgan lembrou-se. – Vamos cruzar os nomes que acharmos suspeitos, de acordo com o perfil, com pessoas que fazem algum tratamento psicológico.

Ele assentiu e olhou em volta. No balcão da cozinha, uma caneca azul marinha estava ao lado de uma laranja com bolinhas brancas e pelo olhar de Reid, os agentes perceberam que Charlie não teve tempo de arrumar a louça que eles haviam usado.

— Reid, temos que olhar em volta, podemos achar algo. – Hotch falou cauteloso e Spencer balançou a cabeça positivamente.

— Eu vou ver o quarto. – falou com um ar deprimido, mas com o rosto ainda sem muita expressão.

Caminhou até o único quarto do pequeno apartamento. Fitou a cama bagunçada, que ela nunca arrumava antes de sair para o trabalho. Sentou-se na beirada e olhou em volta, sem saber o que procurar. Seu maior pesadelo estava se tornando realidade. Tentava não pensar isso, mas sabia que talvez Charlie tivesse o mesmo destino que Maeve. Ele agora tinha menos que 48 horas, mas sua mente só se voltava para os piores casos que havia visto. E foi quando ele percebeu que as lágrimas não haviam secado. Apoiou os cotovelos nos joelhos e ficou curvado, chorando silenciosamente, com o rosto enterrado nas mãos.

— Reid, Charlie não guardava as cartas do pai...? – Morgan perguntou enquanto andava até o quarto. Spencer se levantou rapidamente e tentou disfarçar, em vão, as lágrimas. Ele fez que sim e abriu o armário dela. Tirou do fundo da ultima porta uma caixa branca com bolinhas coloridas, e se sentiu horrível por estar fazendo isso. Charlie havia dito o que guardava ali, mas pelo jeito que escolhia as palavras e pela sua linguagem corporal, Spencer sabia que não queria que ninguém mexesse ali. – Estamos tentando todas as possibilidades, talvez o suspeito...

— Eu leio, para ser mais rápido. – ele o interrompeu e tirou vários envelopes fechados, achando uma foto de Charlie, por volta dos quinze, e Frances, com nove. A mais nova estava com os cabelos armados, como os da Hermione, fazendo jus a roupa. Charlie usava óculos redondos e tinha o desenho de um raio na testa. Spencer se lembrou de quando ela contou sobre esse dia. A mãe delas havia achado a saia preta de Charlie curta demais, enquanto a de Frances estava abaixo do joelho. A mais velha foi obrigada a se vestir de Harry Potter, mas não admitiu até o dia seguinte que havia gostado. As duas sorriam para a câmera.

Morgan não aguentou ver o olhar perdido de Spencer e andou até ele, o abraçando.

— Vamos achar sua nerd, Reid. – ele assegurou-o. Spencer sorriu e pegou as cartas, indo para a sala em seguida.

— Vou para a UAC. – disse para JJ e Hotch.

— Só não veja o vídeo, Spence. – a loira se levantou, tirando as luvas.

— Pode ter alguma informação de onde ela está e é o único jeito de termos o perfil do suspeito. – falou sem olhar para nenhum dos dois e saiu do apartamento, segurando o livro e as cartas.

~*~

— Qual sua melhor lembrança com ele? – foi a primeira coisa que Spencer ouviu quando saiu do elevador. Ele reconheceu a voz do homem.

— Por que quer saber...? – agora era Charlie. Reid parou atrás de Garcia, que digitava códigos freneticamente em dois computadores. – Não importa.

— Só fale. – ela estava sentada no canto da cama de casal, com apenas uma camiseta branca que ficava gigante nela. O homem estava atrás dela, passando os dedos pelo seu pescoço. Charlie respirou fundo e fez uma careta ao sentir uma dor aguda nas costelas.

— Quando ele saiu lá de casa, depois do... – ela começou a falar e Spencer sorriu triste, apertando o livro ao ponto de a ponta de seus dedos ficarem brancos.

— Sim, depois do caso de Kutner. – o homem a interrompeu irritado.

— Spence me ligou no dia seguinte, perguntando se eu estava bem. Foi a primeira coisa que ele falou quando eu atendi: “Oi, como você está?”. – ela ameaçou a fechar os olhos novamente. Garcia não havia percebido que Spencer estava ali. Estava focada demais nos milhares de códigos.

— Não feche os olhos. – o homem sussurrou ameaçadoramente para Charlie.

— Eu não consigo. – agora seu corpo parecia estar pesado demais para ela conseguir manter reto. – Dói.

Spencer não conseguiu evitar mais lágrimas quando a ouviu frágil daquele jeito.

— Você é a médica. – ele se ajoelhou na frente dela, fazendo-a abaixar o olhar para poder enxergá-lo. – O que eu preciso fazer para você ficar bem?

— Parar de fazer tudo isso. – disse por fim. – Me deixar comer, tomar mais de que um copo de água e dormir.

Ele olhou para os lados, como se realmente estivesse preocupado com ela.

— Então vamos dormir, amor. – falou em tom carinhoso e a fez se deitar, colocando as pernas dela em cima da cama, deixando-as curvadas. Spencer ficou mais preocupado. Ela não conseguia mexer as pernas...?

Quando ele passou por ela, dando a volta na cama, Charlie começou a tremer, devia estar congelando. Já estava nevando e ela só usava uma camiseta, enquanto o homem usava um moletom. Ela olhava para um canto qualquer e fechou os olhos quando ouviu as molas da cama, avisando que ele estava atrás dela.

— Abra os olhos. – ele pediu com a voz suave, e Charlie o fez, lágrimas escorrendo pelo seu rosto sem expressão. – Gosto como, com a luz, eles ficam mais claros e é possível ver o azul. – Charlie se encolheu mais e foi quando Spencer viu que sua perna deixava o lençol branco vermelho por conta do sangue. O homem colocou a mão por de baixo da camiseta dela. – Não fez isso com o doutor, não é? – ela conseguiu negar com a cabeça, mentindo. As imagens voltaram para a mente de Spencer, que conseguiu sorrir, de forma imperceptível. – Por que? – a mão dele agora estava nos braços dela. Charlie encolheu os ombros, sem saber o que responder. – Diga como combinamos. – ele sussurrou, começando a beijar seu pescoço. Spencer conseguia perceber o desespero dela nos mínimos detalhes.

— Porque ele é estranho. – a voz de Charlie saiu fina.

— Para a câmera. – ele passou a outra mão pela perna esquerda dela. – Diga o que mais odeia nele.

— Seu cabelo. – ela disse. Se não estivesse tão fraca, conseguiria sorrir ao pensar no cabelo de Spencer. – Eu odeio seu cabelo.

O homem sorriu, mas quase no mesmo segundo, arregalou os olhos, como se ela houvesse falado ou feito algo que ele não gostava. Ele puxou seu ombro, fazendo-a ficar de barriga para cima, encarando o rosto dele, que agora tinha os joelhos em cada lado de seu corpo. O corte na perna de Charlie, que deixava as marcas de sangue, era mais profundo do que Spencer achou. O homem não disse nada ao ver o olhar desesperado dela, assustada com o movimento repentino, apenas a socou no estômago repetidas vezes, até ela perder a consciência, mas ele mesmo assim desabotoou o cinto.

— Reid, saia daqui. – os olhos de Spencer estavam encharcados de terror quando Rossi o virou pelos ombros. Só então Garcia percebeu ele ali.

— Ele é esquizofrênico. – Spencer disse rápido, não queria sair de lá. Sentia que se ao menos estivesse próximo a imagem dela, estaria fazendo algo útil. – Ele tem uma doença e... Rossi, eu não posso sair daqui. Eu vou ler as cartas do pai dela, se vocês descobrirem alguma coisa, me avisem, por favor, eu vou ler, e eu aviso vocês, eu...

— Reid. – Rossi disse de novo, fazendo-o parar de falar tão rápido. – Estamos fazendo o máximo, ok?


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Notas finais do capítulo

Gente, eu queria por alguns gifs, mas às vezes acho que fica estranho.. Qual a opinião de vcs?
P.s: vão ter alguns flashbacks de algumas cenas de Spence e Charlie antes de tudo isso acontecer eheh



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