Anjo Mau escrita por annakarenina


Capítulo 44
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é narrado por Emily Foster



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 — O quê? — Perguntei, perplexa. — Isso é impossível! Ele não pode fazer isso! Ele não pode simplesmente acabar com bilhões de inocentes! — Gritei, até perceber que a minha voz ecoou mais que o normal dentro da gruta.

 Sam e Philip me olharam — e eu senti que a minha teoria estava completamente errada.

 — Amor…

 — Deus sabe o que é o melhor para todos, Emily. E você, como a guardiã, deve seguir a missão, e se necessário, ficar com Lúcifer para sempre. 

 As palavras de Sam saíram ríspidas, num sermão.

 — Não, acharemos outro jeito — disse Philip, enrijecido. — Emily não ficará jamais com Lúcifer. 

 Sam olhou pra ele. 

 — Você também não sabe de nada. Não sabe o que está acontecendo nos céus. Lúcifer já tomou inúmeras dimensões em busca da guardiã, ele está formando um exército de demônios, todos disfarçados e alguns até mesmo que estão mudando de lado. 

 — Temos que detê-lo. Temos que prendê-lo no inferno, ou matá-lo. Mas não temos que deixar uma de nós morrer.

 Eu olhei para Philip, atônita — o seu uma de nós referindo-se à mim soou estranho, eu ainda não estava acostumada com a informação de que havia sido um anjo.

 — Philip, só estou aqui às ordens. Meu dever como Serafim é zelar pelo bem do céu. Se vocês querem viver, sugiro que cooperem.

 — E o que devemos fazer? — Perguntei.

 — Você precisa dominar todos os elementos. Já vai fazer deu décimo oitavo aniversário e tudo o que tem são algumas explosões repentinas que liberam parte do seu poder. 

 — Parte?

 Ele soltou uma risada abafada, sem humor. O sarcasmo evidenciou em seu rosto.

 — O que você mostrou há menos de uma hora atrás significou absolutamente nada visto do que precisará para impedir Lúcifer. Aquilo nem chegou perto dos seus verdadeiros poderes, Emily. 

 — Era isso que estávamos tentando fazer até você chegar. Buscávamos uma iniciante, Susan. 

 — Iam se juntar à uma bruxa? — Sam pareceu abismado. 

 — Ela é nossa amiga — respondeu Philip, frio.

 — Uma bruxa. Bruxas odeiam anjos.

 — Ela não é bruxa, é descendente de uma.

 Sam revirou os olhos.

 — E há diferença nisso? O sangue dela…

 — Não importa! — Interrompeu Philip. — Precisamos dela para continuar em Summerland e treinar Emily.

 Sam aquietou-se, e num silêncio, deu-se por vencido. 

 E eu sabia que Philip insistia tanto porque além de eu realmente precisar de Susan, ela corria perigo. Philip não confiava mais em seus amigos da queda — e temia com o que poderia ter acontecido com Susan durante o tempo em que esteve tão perto deles.

 Será que Susan estava bem?

 Sammuel deu de costas, como numa permissão para terminarmos o que havíamos começado. O anjo parecia realmente estar empenhado quanto à sua missão — embora não estivesse nada feliz em concordar com as decisões de Philip. 

 Minutos depois de voltarmos para a etapa de onde havíamos parado, nossas energias estavam conectadas novamente, e por duas tentativas falhas, na terceira finalmente conseguimos encontrar uma simultaneidade — embora eu estivesse constantemente me desconcentrando com as asas gigantescas de Sam. 

 Segundos depois, visualizei Susan num borrão. Minha mente estava aberta, mas meus olhos fechados. Era incrível — eu via com a mente, eu enxergava com a mente. Eu a enxergava embaçado, mas enxergava. Susan fazia alguma coisa que eu não conseguia ver pelo meu campo de "visão" limitado. Lia um livro? Escrevia? Passava as páginas? Não, era diferente, ela movia os braços em gestos contínuos, repetitivos.

 Susan? Chamei, mentalmente, embora eu quase tivesse a certeza de que ela não me ouvira.

 Susan, você está aí? 

 E de repente, ela sobressaltou como num susto, e olhou ao redor. E então, consegui ver Gabrielle perto da soleira de uma porta, recostada, observando-a com surpresa.

 Oh céus, há alguém se contatando comigo. Essa energia... Eu a sinto...

 Gabrielle a olhou em dúvida para a médium, que parecia tentar se equilibrar perto de uma mármore. Ela fechou os olhos, parecia tonta.

 É a  guardiã, e Philip...

 E então, tudo tornou-se enegrecido. Minha mente já não enxergava mais — e nem meus olhos. Porém em pequenos três segundos, uma luz muito forte atingiu meu campo de visão. O que antes era um breu total, agora era uma luz que parecia querer me cegar. 

 Philip apertou minha mão — e eu senti um conforto momentâneo. 

 Meu coração acelerou assustadoramente, e num momento, abri os olhos, junto com Philip.

 Susan estava no chão, exatamente à nossa esquerda. Ela parecia inconsciente.

 — Susan! — Gritei, aproximando-me dela. 

 Philip despertou pouco depois do transe, e fez o mesmo. 

 — Ela está acabada — disse ele.

 Ajoelhei-me perto dela. Ela realmente parecia acabada.

 Eu a sacudi levemente, e nenhuma resposta foi-me dada.

 — Philip o que aconteceu? Há algo errado... Ela não está acordando...

 — Ela deve ter gasto muita energia... — Disse Philip, ajoelhando-se ao meu lado e examinando-a.

 Philip tocou sua testa com dois dedos, e uma pequena luz verde saiu de seus deles. Ela era fraca e pequena, quase inexistente.

 Em seguida, Philip soltou um palavrão, frustrado. Mas minha atenção foi rapidamente desviada quando Sam, com olhar cuidadoso, aproximou-se dela, ajoelhando-se também. E num gesto rápido, ele utilizou igualmente à Philip dois dedos, tocando-a em sua testa. E então uma luz extremamente verde — e forte, muito forte — saiu de seus dedos, quase tomando todo o rosto de Susan. E em poucos segundos, a médium se mexeu.

 Sam olhou para Philip.

 — Summerland não permite que anjos caídos utilizem poderes. Eles são fracos, e quase nunca funcionam. 

 Philip assentiu, e Susan abriu os olhos.

 — Susan! — Eu disse, abraçando-a. — Está tudo bem? 

 Ela me abraçou também, e parecia com dificuldade em responder.

 — Sim, só um pouco — ela grunhiu, colocando a mão no peito —, cansativa a viagem. 

 Ela colocou-se em pé, e imediatamente abraçou Philip e eu, juntos. 

 — Oh Deus! Pensei que estivessem mortos… Phil, você está ótimo para uma breve possessão! — Ela estranhou, franzindo o cenho e olhando-o com as duas mãos em seus ombros. 

 E então ela se virou para Sam, surpresa.

 — Obrigada — ela sorriu levemente.

 E então, a médium ficou séria, abaixando a cabeça como se fosse falar algo ruim.

 — A Terra está um caos — disse ela, alternando o olhar.

 — Como assim? 

 — Há trevas por todo o lugar.

 — Trevas? — Perguntou Philip.

 Sam se aproximou.

 — Sim. Lúcifer mandou guardiões.

 — Guardiões? O que isso significa? — Perguntei aflita. 

 — São como você, mas protegem os poderes do inferno.

 — Do que está falando...? Lúcifer também tem guardiões? Espera... É mais de um?

 Susan assentiu. 

 — Não é como você... Que possui tantos poderes... — respondeu ela. — Mas são muito fortes e em grandes quantidades. 

 É sério mesmo que no inferno também existiam guardiões — e que agora estão na terra? 

 — O céu também está um caos — incrementou Sam. — Há demônios por todo o lado, agentes duplos…

 — Eu sei — disse Susan rapidamente. — Anjos do nada começaram a me contatar… pedindo ajuda. Eles sabem da minha amizade com a guardiã, e estão suplicando ajuda.

 — Eu quero ajudar, eu quero me entregar à Lúcifer.

 Sam pareceu satisfeito com a minha afirmação.

 — Não! Emily fica. Ela não pode ir com Lúcifer! — Disse Philip. 

 — Philip está certo. Se Lúcifer ter você, além de ser fatal, o futuro da terra entrará em jogo.

 Isso era verdade.

 — Ele não tocará em mim — rebati. — Eu não deixarei.

 Susan revirou os olhos — e eu vi uma criança de 7 anos resolvendo contradições.

 — Os poderes da guardiã estarão seguros — disse Sam. 

 — Isso não faz sentido! Ela não se sacrificará! — Philip berrou. 

 Eu fui até Sam.

 — Seguros como? Há alguma possibilidade de Lúcifer ter acesso a esses poderes? Acesso a tudo o que há em mim?

 Sam me fitou por longos segundos — que de repente duraram frações.

 — Não. Eles estão selados. Seria necessária a assinatura de Deus.

 Philip de repente jogou-se para frente, como se fosse atacar Sam, mas Susan foi mais rápida — e num gesto imediato reprimiu-o da ação.

 Sam não se moveu nem um milímetro. 

 — Escute, Sammuel, você está pouco se importando para a Emily, mas eu não sou como você. Eu não ligo para a terra, ou para o céu, ou para o inferno. Eu não vou deixar Emily nas mãos daquele monstro do Lúcifer. E eu juro por Deus, e por todos os seus seguidores, toda a natureza, e tudo o que há nesse mundo, sobrenaturais ou não, que se algo acontecer com ela, eu vou matar tudo e todos que entrarem no meu caminho! É uma promessa!

 Eu olhei para Philip, assustada. Suas palavras demonstravam desespero — e raiva, muita raiva. — sua mandíbula se contraía numa careta brusca, e eu sentia a vontade, e o desejo de matar em seus olhos. E eu soube com absoluta certeza que Philip seria capaz de tudo para proteger quem ele ama.

 E Sam também pareceu perceber isso, no momento em que seu olhar abaixou, e as palavras tornaram-se difíceis de serem escolhidas. Durou dez segundos até que ele falasse algo, cortado por uma longa e interminável troca de olhares odiosos entre eles.

 — Aqui vai uma promessa também, Philip. A guardiã e os poderes ficarão a salvos.

 — E como eu posso ter certeza disso? — Questionou ele, rispidamente.

 — Porque eu serei a Emily, por um breve período de tempo.


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Notas finais do capítulo

E então girlsss? Comentem sobre o que estão achando!!!! Espero que gostem!! Beijinhos



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