Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 27
Pouco tempo para a liberdade




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Eles nos encaravam em choque, puro choque enquanto Nataniel terminava de relatar nossa aventura antes de eles serem chamados. Eu ria da cara de todos eles enquanto comia minha pizza de calabresa, mordi o lábio e peguei minha garrafa de coca ganhando um olhar repreensivo de Elena. É assim agora?

– Você... hã? - Alaric me olhava surpreso assim como Elijah.

– Ei. Eu tive professores ótimos. - levantei a cabeça sorrindo para os dois.

– E arrancou corações de vampiros. - Nataniel riu passando um braço pelos meus ombros.

– Nem me diga. - comentei empolgada.

– E ainda arremessou o coração dele para o peito do outro que saiu com a força. -olhei para Nataniel vendo o brilho de admiração em seus olhos - Se eu não visse com meus olhos não acreditaria.

– Como isso aconteceu? - Stefan perguntou.

– Simples vontade de viver. E eu fiquei levemente empolgada. - comentei rindo.

Eu estava me divertindo muito vendo todos eles atordoados. Eu ria como uma boba, era muito bom ver a expressão de choque em seus rostos.

– Eu sabia que a vadia ia conseguir se safar dessa. - Katerina estava do meu lado esquerdo com uma mão apoiada em minha coxa.

– Kat- Kat. Vadia na forma ofensiva se destina a você. Vadia.

– Somos nós mesmas. - ela me parou.

Nataniel deslizou para mais perto de mim em uma tentativa de provocar Klaus e então sem que eu esperasse ele aproximou seus lábios dos meus e o rosto de Katerina surgiu do nada no formando um selinho triplo. Me levantei em um salto esfregando a boca e me afastando deles enquanto todos estavam em choque.

– Eca. - choraminguei.

Eu quase vomitei. Juro. Limpei a boca de novo ainda sentindo o peso dos lábios da vadia e de Natie. Como assim gente?

Fiz som de repulsa e peguei o veneno borrifando em cima deles.

Sentei na mesinha de centro e todos me encaravam. Eu não estava com raiva de ninguém, afinal Niklaus fizera um bom trabalho depois que chegamos em casa. Sorri satisfeita para todo mundo e dei uma risada baixa quando eles se olharam e me olharam de novo.

– Queríamos pedir desculpas. - Stefan começou – Na realidade a Caroline, que eu não fui contra você em momento algum. – soltou o foda-se e foi para a cozinha enquanto ela o olhava chocada.

– Por ter duvidado de você. – a loira complementou a frase anterior dele - Não deveria ter colocado nossa amizade antiga que tinha por Tyler acima da sua. Mas acredite que.... Eu realmente sinto muito.

Interrompi Caroline, eu sabia exatamente o que ela diria. E pasmem, éramos amigas rivais era mais do que comum ela brigar comigo principalmente quando envolvia Tyler. Ela sabe que eu nunca gostei dele, na realidade já tivemos brigas piores por ele. Caroline sempre forra extremamente sentimental e impulsiva e isso piorou quando ela se tornou vampira.

– Eu sei. Ele não se fez presente na cidade pois usava os vampiros. Acho que se fosse o mesmo comigo eu não teria acreditado. - dei de ombros.

Caroline havia namorado ele por muito tempo, e o conhecia a bem mais tempo que eu. Acho que funcionava como eu e Nik, se me contassem que ele fazia isso eu nunca acreditaria... quer dizer... sim né. Mas se estivéssemos em um mundo paralelo com um Nik normal eu não acreditaria.

– Estou perdoada? – olhei para a porta da sala lembrando dos maravilhosos cupcakes.

– Sim. - falei com descaso e eles riram.

Tenho coisas mais importantes para me preocupar do que ficar com raiva deles, por favor né? Subi as escadas e tomei um banho rápido, escovei os dentes, coloquei um pijama e deitei.

Eu sei que deve estar pensando. Está namorando com Klaus? E não, não estou. Eu disse que não forçaria nada entre nós, mesmo que ele dissesse o que sentia. Mesmo após isso eu não o prenderia. Cada um seguiria sua vida do jeito que bem entendesse. Se ele quisesse se aproximar eu o receberia de braços abertos. Eu sabia que meu sequestro o tinha feito pensar muito antes de me dizer aquelas palavras.

~º~

– Ai não Nataniel que coisa mais horrorosa – resmunguei olhando o vestido rosa – De que século é essa merda? Não, espera. De que milênio?

Olhei o vestido cheio de frufus e outras peças jogadas pelo local, eu não queria usar essa merda. Todo mundo iria rir da minha cara, eu iria rir da minha cara e isso é infinitamente pior. Torci os lábios e fiz uma careta para o vestido novamente, me aproximei de Katerina e me joguei em cima dela a esmagando com meu peso.

– Sage não custa nada fazer um favor para um amigo.

– Eu não vou usar essa coisa bizarra.

– Não tem nada de bizarro em um vestido renascentista.- me puxou pelo braço em direção ao banheiro e jogou o vestido para mim – Katerina vai te ajudar a colocar.

– Coisa bizarra. – reclamei fazendo cara feia.

Vesti o maldito do vestido e Katerina quase me matou enquanto apertava o corselete de um rosa escuro, percebi que ela sentia um prazer oculto fazendo isso. Ajeitei o vestido me olhando no espelho, ele era de um rosa clarinho e bem comprido com um decote que mostrava quase todo os meus seios, fora o corselete que fazia eles praticamente saltarem para fora. Gemi alto e desgostosa quando vi Kol aparecer completamente arrumado usando... uma roupa muito troço de uma época antiga, ele se aproximava arrumando as magnas. Ai minha nossa.

– Vem aqui maninha. – girou arrumando a roupa – Me diga... eu estou magnífico ou fabuloso?

– Uma merda. – resmunguei.

Eu achava bonitinho né, mas era meio óbvio que eu não diria isso.

– Vai vender isso por quanto hein Nataniel? – agarrei o braço de Kol andando com dificuldade enquanto íamos para um bosque atrás.

– Eu espero que muito Sage.

– Um vampiro que trabalha pra ganhar a vida, isso sim é novidade. – resmunguei baixo e cocei minha cabeça quase desfazendo o penteado.

– Sage menos, bem menos. São só fotos rápidas, preferia que fosse Elijah?

Katerina deu uma risada escandalosa e eu revirei os olhos.

– Eu não, seria bem mais constrangedor do que isso aqui será.

Ajeitei o cabelo e peguei um guarda-chuva meio velho. Acho que é sombria, bonitinha até. Nataniel me posicionou encostada na ponte de madeira, fez Kol ficar se agachar e ficar sobre um joelho e pegou minha perna apoiando no joelho do moreno que riu malicioso ao colocar sua mão em minha coxa. Fiz cara feia, ele que tente. Vai perder um braço.

– Então Kol... – Nataniel começou a tirar fotos – Seu irmão malvado se irrita fácil?

– Niklaus é fácil de se irritar, só que isso não quer dizer eu ele destrua tudo quando fica irritado. Ele pode demorar um pouco.

– Me conte sobre esse pouco. – sorriu malicioso.

– É só mexer com a Sage cara. – Nataniel ergueu o vestido quase até a minha virilha – É o que pode fazer estando em Mystic. – Kol conversava animado e distraído, agradeci mentalmente por isso.

– Quer dizer que o Klaus agora é louco pela Sage?- Katerina colocou uma flor em meu cabelo e se afastou – Eu acho que posso me aproveitar disso. – sorriu maliciosa pegando o celular e tirando uma foto – Ele vai ficar louco. – saiu em direção a casa enquanto ria.

– Vamos Sage. Foco. – eu tenho que ter foco?

Eu estou na mesma posição olhando para o lado que ele mandou a tempos. Nunca me dediquei tanto.

– Vai na exposição durante a semana? – Nataniel questionou.

– O que vai ter lá? – perguntou curioso.

– Sage pelada. – olhei Nataniel e ele me olhou de volta, sua resposta ainda não havia sido processada em meu cérebro.

Ele disse toalha? Qual o motivo para ter uma toalha na exposição?

– Eu vou. – Kol riu – Não perco por nada.

Vampiros não usam toalha?

~º~

– Tá Niklaus eu já entendi. Foco. – apontei para a vasilha.

– Sage eu não vou comer, é desnecessário que eu faça isso. – resmungou.

– Niklaus você não quer que eu bata essa merda. Usa seu poder híbrido. – olhei a massa – Anda logo.

Ele resmungou e começou a bater a massa enquanto eu voltava a olhar para o livro de receitas. Fiz uma careta com o que estava lá, era em italiano eu acho. Mas eu sabia o que era aquilo, é claro que sim. Eu sei de tudo.

– Um cadáver. – anotei no papel os ingrediente que já havia usado, Klaus parou de bater a massa.

– É o que Sage? – perguntou baixo.

– Um cadáver. Tá pedindo aqui Nik, claramente. – ele me olhou atentamente.

– Ninguém coloca um cadáver em uma torta. É uma torta de camarão.

Camarão é? Eca.

– Já viu camarão vivo fora da água? – coloquei a caneta na boca e me inclinei sobre o balcão.

– Não. – ele estava muito sério, provavelmente acreditando que eu mandaria matar alguém para eu comer.

Não precisa de tanto né?

– Então é um cadáver. – rolou os olhos.

– Você comprou camarão Sage? – OPS.

– Não. – jogou a vasilha no balcão e se apoiou em seus cotovelos me olhando intensamente.

– E de que vai ser a torta de camarão sem camarão? – ele estava muito puto, ninguém mandou vir atrás de mim com intenção de me infernizar.

Virou assistente de cozinheiro.

– De coelhos? – questionei – Tem um bocado no quintal de casa. – apontei.

– Sage se você não comer... eu não vou caçar coelho nenhum. – o olhei de cara feia.

– Vai sim, na merda da receita pede a porra de um cadáver e eu vou ter um. – bati nele – Some daqui antes que seja você a parar no meu forno.

Niklaus saiu batendo a porta e voltei para o livro de receitas lendo tudo de novo e puta merda ele vai me matar, era catupiry. Não tinha nada de cadáver ali. Ai meu pai, socorro. Como eu confundi catupiry com cadáver? Corei como um inferno, eu vou ser estripada. Tive certeza disso quando Klaus passou pela porta completamente sujo de terra segurando um coelho marrom que tentava fugir a todo custo. Sua roupa estava completamente suja e amarrotada e a calça tinha um rasgo no joelho, fora os seus braços e mãos que estavam completamente sujos, se eu não estivesse tão tensa eu teria rido dele, mas era impossível rir com a cara de ódio dele.

– Eu vou quebrar o pescoço dessa coisa. – senti culpa olhando aquele bichinho tão bonitinho, não dava para comer aquilo.

Pulei em cima de Klaus e soltei o bicho que começou a correr pela.

– Nik... – olhei em seus olhos morrendo de vergonha – Não era cadáver.

– Ah não? – debochou e eu fechei a cara enquanto suas duas mãos vinham para meu pescoço, mas ele não apertou.

– Desculpe Nik. Mesmo. – beijei seu queixo e ele me olhou de cara feia.

– Isso não vai resolver Sage. – tentou me afastar.

– Meus instintos de caçadoras de encrenca disseram que vai. – sorri maliciosa.

– Seus instintos se enganaram muito amor. – tentou se afastar e eu agarrei a gola de sua camisa, percebi que seus olhos mudaram de coloração ficando mais escuros e suas pupilas dobraram de tamanho e diminuíram de novo.

– Ou você quer e faz ou você só faz. – usei mais força que normal e o lancei na parede.

Klaus rosnou e grudei meu corpo ao dele o beijando com urgência enquanto sentia suas mãos entrarem por de baixo da camiseta que eu usava e então ele pegou e a retirou a jogando no chão da cozinha. Olhei seus olhos que estavam de um tom de verde profundo e esmaguei seus lábios com os meus retirando a sua blusa e então a campainha tocou e ele olhou em direção a sala e sorriu.

– Onde essa vadia tá? – ouvi a voz de Nataniel.

Klaus sorriu malicioso me jogou em cima do balcão e deitou sobre mim encostando seus lábios em meu pescoço e o mordendo suavemente, pressionou seu corpo em um ponto muito sensível e eu gemi alto vendo estrelas.

– Eu volto depois que acabarem. Você ainda não me tirou ela! – gritou provocando – Cortei o clima. – gritou de novo.

Não Natie. Você não cortou nada, só deixou um loiro mais agressivo ainda e eu amei.

~ª~

Quando acordei Katerina mexia em meu closet. Vadia folgada estava se achando minha amiga, dei de ombros sem me importar.

– O que faz aqui perua?

– A exposição do Natie e de Klaus é hoje. - avisou - Vai ser na prefeitura.

– E...

– Como e? E? E? - me bateu com o travesseiro - Levanta. Tem que se arrumar e eu vou pegar um vestido emprestado. Dizem que os caras mais poderosos de Mystic irão estar lá e nós temos que ver a nossa arte. – sorriu maliciosa – E deixar uma Forbes morrendo de ódio – pegou meu batom rosa e fez uma careta o jogando na lixeira de baixo da penteadeira onde eu jogava fora meu planos escritos.

– Porque Caroline teria ódio logo de você? – olhou o colar que Klaus me deu com cobiça, retirei das mãos dela.

–Eu não disse que é ódio de mim, eu disse ódio da nossa fama e da minha intitulação de Best Friend.

– Você não é minha Best Friend nem aqui e nem em Moscou. – debochei.

– É o que você diz contra o eu penso. – mexeu nos cachos – Eu estou cada vez mais gostosa, até que não é tão ruim envelhecer. Vou pegar seu vestido e me mandar.

– Faça o que quiser vadia. - fui para o banheiro.

Vinte minutos depois eu sai e Katerina havia ido para casa, desci para o andar de baixo de toalha molhando tudo. Vi um cupcake e peguei sabendo que era obra de Caroline, dei de ombros. Eu não estava ressentida.

Cantarolei enquanto comia e abri a geladeira vendo dezenas de bolsas de sangue. Sangue frio deve ser horrível. Calafrio. Suspirei e peguei uma bolsa com certa curiosidade, cortei a pontinha com a faca e suguei, virei para a porta enquanto Caroline estava parada com Klaus e Stefan. Senti o gosto tocar minha língua e cuspi tudo sujando o chão da cozinha. Nossa mil vezes horrível, qual a graça de beber isso? Sangue? Sério? Vampirismo não podia ser tipo... sugando energias boas ou... bebendo vinho até a morte.

Gemi engasgando e tossindo. Mil calafrios. Joguei a bolsa na pia e peguei um achocolatado sentindo o olhos lacrimejar, virei de novo e eles ainda estavam ali parados.

– É isso que faz no tempo livre amor?

– Ela sempre está livre. - Caroline suspirou.

– Curiosidade gente. Já sentiram? - perguntei passando por eles.

– Sim. Mas há limites.

– Tefinho chato. - belisquei sua bochecha.

Torci meu cabelo molhado ali na sala mesmo e olhei para os três, dei um passo para o lado e escorreguei caindo no chão.

– O que querem?- me levantei.

– Eu vim ver Elena. - Caroline sumiu.

– Damon - Stefan também sumiu.

Quer dizer que o safado decidiu mesmo morar aqui? Que grande surpresa.

– E você? - virei para Klaus.

– Vim passar um tempo com minha companheira. - pisquei os olhos.

– Não sou sua companheira. - me queixei.

– Sim. É sim.

– Não ouvi um pedido. - Klaus riu.

– Eu decretei.

– Não concordei.

Revirou os olhos.

– Concordou assim que foi marcada. Azar o seu. - colocou a mão no bolso .

– Não ouvi pedidos. Então não sou... - subi e ele me seguiu.

Assim que passei pela porta ele a trancou e me agarrou pela cintura nos lançando na cama.

– Irritante - resmungou e suspirou - Seja minha companheira, minha protegida? - me olhou firme.

E protetora.

– Agora sim. - sorri maliciosa tirando sua blusa.

~º~

No fim não rolou pedido de namoro. Eu era a "companheira" dele. E isso segundo ele valia como namoro, noivado, casamento ou seja o que for. Não era comum vampiros se casarem e por favor ne? Já é estranho demais ouvir que um vampiro namora. Vampiro que namora. Agora mais estranho ainda é um híbrido de 1.200 anos que namora uma humana de 18. Isso sim era assustador, era melhor ser companheira. Era mais assustador ainda ver Niklaus em um compromisso sério.

Ajeitei meu cabelo me olhando no espelho. Eu estava gostosa. Meu olhos estavam em um azul forte novamente, o cabelo tinha grossos cachos nas pontas que já se desfaziam. Alisei o vestido e suspirei. Era um vestido preto fosco, mangas longas com um decote em v que ia até a ponta da minha tatuagem ele era colado até metade das minhas coxas e era levemente solto formando uma calda não muito longa, mas que já arrastava no chão. E ainda havia uma fenda na perna direita. Usava um salto prateado.

Parecia a Senhora Adams.

– Vamos? Nik já está esperando. - Bekah entrou no quarto.

– Bem. Estou indo. - segui a loira.

– É... Nik gosta mesmo de você. Está muito generoso.

Olhou a joia em meu pescoço. Ele havia me dado um colar de diamantes extremamente chamativo e eu não gostei muito para ser sincera, ele era imenso e pesava toneladas.

– Niklaus não sabe o significado da palavra limites. - entrei no carro de Kol que estava no volante - Oi rato.

– Oi. – nossa que mal humor.

– Então vocês estão juntos? - Bekah perguntou se sentando do meu lado.

– Sim. Companheira dele. – dei de ombros.

– Não é namorada?- Kol se meteu.

– Quem é que vai conseguir olhar pra cara de Niklaus Mikaelson sem rir quando ele disser que tem uma namorada? - gargalhamos.

– Bem pensado.

– Então é minha irmãzinha? - Kol ria - Adoraria passar um tempo de valor com minha nova irmã, tenho alguns jogos da família Mikaelson para te mostrar.

Não me interessei, deveria ser jogos de terror psicológico ou uma surra. Era o que dava para se esperar dessa família.

– Vai se ferrar Kol. - bati em sua cabeça.

– Calma.

– E você e Matt? - questionei a loira.

– O de sempre. No vermelho. Ele odeia vampiros e finalmente entendi isso, deixa ele para lá. Eu vou ir naquele seu amiguinho. - sorriu maliciosa.

– Vai com força gata. Mas se prepare para brigar com Katerina por ele. – avisei.

– Eu quebro e pescoço dela e as chances dela acabam. Não sei como ainda são capazes de manter aquela coisa viva, Stefan tem mesmo uma bondade enjoativa.

Revirei os olhos. Rebekah é tão mala quanto ela.

Quando chegamos Klaus nos esperava do lado de fora, assim que sai do carro ele agarrou meu braço e me levou para dentro com um sorriso imenso em seu rosto. Ele parecia mais feliz que o habitual.

– Oi. Está linda. - corei.

– Obrigada.

– Achei eu não viria. – sussurrou.

– Você disse algo como forçar cultura para dentro de mim. Como perder isso?

– Eu disse que te mostraria um pouco de cultura, não que forçaria alguma coisa. – beijou meu lábios discretamente e se afastou.

– Para de mentir Nik. – ele riu.

– Me chame de Klaus Sage, pare de me desmoralizar com esse apelido de homem bonzinho. – engoli a risada.

Suspirei. Neguei com a cabeça e grudei em seu braço enquanto ele me guiava pelo meio das pessoas, ele comentava sobre vários quadros em exposição explicando algumas obras e eu apenas acenava com a cabeça sem entender nada, eu só reparava em como todos eram tão bonitos e coloridos, alguns terrivelmente sombrios. O contraste era notável.

Assim que passamos por uma parede toda espelhada me surpreendi ao ver a decoração sofisticada, inúmeros quadros estavam espalhados pelos local, garçons andavam de um lado para o outro servindo pessoas elegantemente vestidas.

– Quais são os seus? - Klaus me guiou até os primeiros quadros onde estavam um aglomerado de pessoas.

E tenho que admitir que ele pinta muito bem. Li o letreiro em cima e concordei que estava de acordo com a obra. Metamorfose. Fiquei muito surpresa com a facilidade com que Klaus passava emoções pela sua obra.

No primeiro quadro estava focado o rosto de uma mulher de olhos azuis intensos, eles eram frios e amargos, opacos. Mesmo sendo bem colorido, o olhar da mulher era bem melancólico. Chegava a me deixar triste olhar tão profundamente para aqueles olhos, a mulher em si era bonita, mas o olhar era tão pesado que tirava completamente sua beleza.

O outro focava o rosto da mulher até o busto, aparentemente ela estava deitada na cama e segurava o lençol contra o corpo, nessa foto ela tinha um sorriso provocante e os olhos eram brilhantes, felizes e cheios de luxuria. Percebi que os dois quadros representavam uma única mulher. E que a mulher do segundo quadro estava verdadeiramente amando, parecia tudo sincero demais e eu demorei muito para associar que eram duas em uma só.

– E então amor? O que achou? – sussurrou encostando os lábios em minha orelha. - Você me inspirou.

Arregalei os olhos quando finalmente percebi que a mulher no quadro era eu, era realmente eu com cada defeitinho, cor, tudo. Cada pequeno detalhe. Respirei fundo e abri um sorriso sincero para ele, eu estava verdadeiramente feliz com isso. Era uma homenagem e tanto.

– Eu adorei. Estão a venda? - ele fechou os olhos como se tivesse ficado com raiva.

– Claro que não. Esses são meus. - deu de ombros e um homem se aproximou.

– Vejo quem foi a inspiração dos quadros. - o homem me olhou rapidamente - Sou Phill Ton. Você deve ser Niklaus Mikaelson

– Exatamente. – sorriu cordial.

– Sou Sage Verona. - me apresentei tentando ser educada.

– Um prazer. São amigos? - ele nos avaliou.

– Sage é minha companheira.

Klaus ele não é um vampiro. Não funciona com eles.

– Oh. Acompanhante? - o homem me comeu com os olhos e Klaus deu um sorriso duro.

– Minha companheira. Namorada.

E como previsto eu ri. Mas virei o rosto para os quadros não deixando que Klaus visse. Um híbrido de 1200 anos... Klaus Mikaelson... meus olhos lacrimejaram. Me recompus com extrema dificuldade.

– Oh sim. Um homem de sorte. Uma boa noite para o casal. - me envaideci e ele se foi.

– Qual a graça? – arqueou a sobrancelha.

– Namorada. - imitei ele fazendo uma vez engraçada.

Ele bufou de descontentamento e continuou me guiando verificando os outros quadros e comentando sobre o que achava das pinturas.

– É a moça da fotografia. - um cara apontou para mim e se aproximou - Achei os quadros belíssimos. Você deve ser Sage.

– Sim. Sou. - falei confusa.

– Fez um ótimo trabalho. Bem... só achei um pouco caro pelo preço que o fotografo fez, eu teria em minha casa. Sem dúvidas. - ele acenou e sumiu.

Fotógrafo?

Olhei para Klaus confusa, ele estava visivelmente intrigado com a novidade. E então minha mente deu um estalo. Droga Nataniel o que você fez?

– Vamos para casa? - pedi nervosa.

– Qual o motivo para estar nervosa? - Klaus me olhou desconfiado - Esqueceu que eu sinto o que você sente?

– Não vai gostar.

– Vamos dar uma volta. – agarrou meu braço.

Ele me arrastou pela galeria até chegarmos na área de fotografia, me encolhi ao ver que lá estava bem cheio e frio. Meus amigos encaravam os quadros em puro choque e incredulidade, tombei para o lado e fingi torcer o pé, mas Klaus me olhou desconfiado e continuou avançando percebendo a farsa. O segui. Eu juro que eu achava que seriam quadros pequenos, nada me preparou para dois quadros de dois metros de altura.

– Sage... - senti meu braço esquerdo formigar e senti o ciúme de Klaus misturado com irritação e choque – Querida que merda é essa?

Ele pigarreou e avançou mais ainda.

Ali estava um quadro em que eu estava sentada na beirada da cama, segurando o lençol que cobria apenas partes importantes e deixava metade da tatuagem exposta. Eu sorria olhando para o lado, ou seja, para onde Katerina estava.

Na outra foto eu estava de costas e ajoelhada, com o cabelo para o lado, as costas nua e arrepiada, um lençol cobria meu bumbum deixando apenas o inicio dele exposto e as mãos de Katerina com suas unhas imensas pintadas de preto o apertavam. Essa foto estava em preto e branco.

Comecei a suar frio. Katerina tinha um sorriso malicioso olhando para as fotos, Caroline engasgou com um champanhe que tomava, Elijah se revezava entre olhares divertidos e sérios, Rebekah e Kol riam de Niklaus e então veio a pior parte... a que eu juro que não sabia que existia. Eles entraram carregando um quadro imenso com uma mulher nua virada levemente com as pernas em direção a janela e o tronco em direção ao fotógrafo tapando os seios com os braços, o ventre levemente exposto coberto pela tatuagem. As letras médias reluziam em dourado embaixo. Fotógrafa KATHERINE PIERCE e modelo Sage Verona. Digo desde agora que eu não concordei com isso.. Dei alguns passinhos para trás até esbarrar em um corpo, me virei e vi Nataniel. Puxei sua orelha.

– Logo essas?- bufei irritada, Klaus vai me matar.

– Sim. E estão me saindo bem valiosas. Ofereceram 30.000 por cada. E Katerina vai ganhar 70.000 com aquela de você nuazinha.- se afastou massageando a orelha.

A cabeça de Klaus se virou em um estalo. Nataniel sorriu malicioso e colocou a mão no meu quadril, Nik se aproximou e quase correu em nossa direção, ele parou próximo a Nataniel sem nem se preocupar com os olhos amarelos.

– Tire de venda.

– Eu não. -.deu de ombros.

– Ele vai quebrar seus quadros. - avisei.

– Eu tenho mais fotos. – deu de ombros.

– Eu vou arrancar seu coração. - avisou.

Nataniel bufou e deu de ombros.

– Pegue assim que a exposição acabar. Vou cancelar as vendas. O importante é que... eu vi o que eu queria. - sumiu rindo, é claro que ele não deixaria de provocar.

Klaus agarrou meu queixo.

– Não pense que vai ficar desse jeito.

Eu apenas sorri vendo o jeito raivoso que ele me olhava. Coloquei a mãos em sua nuca e o empurrei em minha direção enquanto beijava seus lábios, discretamente coloquei minha mão dentro de seu terno e passei a mão por entre os botões tocando sua barriga, o arranhei de leve descendo minha mão.

Senti Klaus desarmar e uma onda de excitação nos percorreu, ele abriu um sorriso malicioso e logo ficou sério ao olhar novamente os quadros. E então sorriu maldoso me puxando em direção ao jardim da prefeitura.

– Então gosta de exposição. – comentou animado.

– Tinha um lençol me cobrindo. – entrou na mata me puxando em direção a uma trilha.

– Você estará coberta com meu corpo e se alguém vir e eu ver ele perto... eu o mato. – tremi e senti um arrepio de excitação.

– E se você não os ver?

– Alguém vai aproveitar o show. – paramos na praça e eu ri desacreditada.

– Isso é loucura.

– É desejo. – me beijou calmamente aumentando a intensidade enquanto baixava a alça do meu vestido.

Ele é louco? O pior é que eu estou me divertindo.

– Niklaus eu não quero ser presa. – olhei para os lados me divertindo com a ideia enquanto ele continuava me beijando.

– Eu também não amor. – me sentou no mármore frio.

– Então para, você não tem uma exposição? Eu não preciso parar na internet devido a olhos curiosos. – ele bufou irritado quando viu a viatura de Liz parar próximo a nós.

– Isso não vai ficar assim Sage. – ri da sua indignação.

Eu realmente não gostaria de ser presa, ainda mais se a policial fosse mãe de uma de minhas melhores amigas. Elizabeth me mataria mil vezes.

– E então estão aqui? - Damon apareceu sorrindo com Stefan ao lado.

– É. - subi no mármore da fonte e passei caminhar pelo local, eu não tinha ideia do que fazer.

Não queria voltar para a exposição.

– Caroline está te procurando. - Stefan se aproximou me retirando da fonte pela cintura.

– Do que ela precisa?- riu enquanto me puxava de volta para a exposição.

– Desde quando eu sei Sage? - ri baixinho.

– Ah. - eu entendia ele.

– Não acredito que estavam tramando um show em público. – ri e olhei para trás vendo Klaus e Damon prontos para saírem no soco.

– Damie não seja ciumento. – gritei e ele me olhou irritado enquanto Stefan me puxava – Tem Sage para todo mundo. – os três me olharam de cara feia.

Ele me jogou nos braços da loira que me passou uma taça de champanhe, Elena ficou do meu lado direito e Katerina do lado esquerdo querendo saber dos planos da loura, Stefan ficou ao lado de Caroline e Klaus foi atrás de bebidas "diferentes".

– O que foi Care? - ela olhou ansiosamente para Nataniel.

– Eu queria tirar fotos também, acha que Nataniel faria? Você é mais íntima dele, ele é confiável?- Stefan tossiu.

Elena sorriu discretamente bebendo o seu champanhe, eu engasguei e quase cospi o líquido de volta no copo e Katerina simplesmente cuspiu em todo mundo enquanto ria.

– Ai meu senhor. - reprimi uma risada.

– Acha que sim? - ri quando Stefan me olhou de cara feia me pedindo discretamente para dizer não.

– Pergunte a ele. Topa tudo e é extremamente confiável. - ri e fui para o lado de Elijah.

– Ei. - cumprimentei.

– Oi Sage. - ele olhava uma fotografia extremamente concentrado – Como você está? A tempos não ficamos a sós. – me olhou rapidamente.

– Para você ver como anda a vida. Foi você quem sumiu Elijah.

– Uma amiga precisou de minha ajuda, precisei viajar. – ele estava mais sério que o normal.

– Bem, espero que ela esteja melhor. E como você está? – ele me olhou por um breve tempo.

– Eu estou bem, obrigado por perguntar. Espero te ver por mais tempo, temos que retomar os seus treinos. Acredito que tenha evoluído desde o ataque.

– Não tanto, uma semana não foi muito. Não tive coragem de treinar com Klaus e Kol não é uma opção.

– O que Klaus faz?

– Ele testa todo o meu limite, não digo que seja ruim, mas no dia seguinte é quase como se eu estivesse a beira da morte. Ainda não estou preparada para isso, não estou te chamando de fraco, mas para lutar com Klaus você tem que estar a altura dele, preparado psicologicamente fisicamente.

– Eu compreendo. É bom saber que por enquanto sou a melhor opção. – ele sorriu - Vai sair com Klaus amanhã? Para pegar o livro?

O olhei confusa.

– Eu vou?

– Klaus não avisou? - fechei a cara - Pelo visto não.

– Vou procurar ele. - Elijah apenas acenou com a cabeça.

Encherguei o cabelo loiro brilhante dele e fui até o local, ele conversava com uma mulher bonitinha e eu dei ombros. Sentia que ele estava desinteressado, porém animado ao exibir suas pinturas. Principalmente uma bem sombria que era do alto de uma cidade. Me aproximei dele e acenei para a mulher com a cabeça que se afastou.

– Nós vamos sair amanhã? - ele me olhou confuso e então abriu um sorriso discreto.

– Sim amor. Achei o nosso livro.

– E depois do livro? O que faremos? – encostei em seu braço.

– Acharemos o corpo de Anellise.


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