Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 26
Em chamas




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Klaus rodeou minha cintura com o braço e me virou para ele, o olhei de cara feia e ele apenas me olhou intrigado sabendo que eu já tinha feito merda.

– Eu não te senti. Achei que estava morta, não é comum na marcação. - fingi surpresa e não enganei ele.

– Estranho. - franzi o cenho.

– Muito. - ele me olhava intensamente.

Klaus levou a mão até a jaqueta e puxou meu zíper até o final. Fiquei imóvel, ele enfiou a mão dentro jaqueta na altura da minha barriga agarrando a lateral e me puxou para ele, seus olhos me analisaram.

– Sage porque está nua? - corei mil tons.

– Nik! - o empurrei, porém ele não se moveu.

– Verona... - ele me repreendeu.

– Katerina. - ele entendeu, era meio óbvio que ela havia feito alguma merda.

A vadia apenas conseguiu rasgar toda a minha roupa no meio da festa, e eu tive que assaltar um jogador de futebol americano. Não foi fácil, mas também não foi difícil. Na realidade foi meio over, Nataniel acabou mordendo ele e matando, mas não foi tão terrível quanto parece.

– Hum. - resmungou enfiando o rosto em meu pescoço.

– Klaus vai para casa. - pedi ao sentir seus lábios dando pequenos beijos em meu pescoço.

– Não. - subiu a mão.

– Nik. – insisti ao sentir seus dedos quentes me apertando.

– Shiu... quieta amor. Seus amigos saíram. - avisou.

– Hum. - resmunguei.

Senti a energia que nos rodeava aumentar, o ambiente ficou mais claustrofóbico e quente. Klaus me olhava com uma intensidade nunca vista antes. Oh não. Me levantei rapidamente e corri para o banheiro do corredor, me enfiei de baixo do chuveiro e tomei um banho demorado. Ok... só faltou a toalha. Burra. Encarei meu reflexo no espelho, isso não se parecia em nada com aquelas cenas super românticas de uma primeira vez, sim eu quero mesmo e ai? E quem eu quero enganar, romance não é o forte de Klaus e muito menos o meu. Droga. E se ele ficar me encarando? Com que cara eu olho para ele depois?Sim, eu queria ser de Klaus e queria que ele fosse meu, mesmo que não fosse para sempre. Fiquei mortificada de vergonha e fui preenchida pela insegurança. Vou fugir.

Fui até o quarto de Elena e peguei um camisa de Damon e então desci as escadas correndo e fui em direção a porta, mas de jeito nenhum que eu ficaria nessa casa com o Nik atacado desse jeito, era capaz de eu ficar sem conseguir sentar para o resto da vida. Segundo Caroline. Não que isso pareça algo ruim, sorri maliciosa e senti sua mão em meu quadril me virando e me encostando na porta me impedindo de me mover.

– Porque foge? - arrastou o nariz pelo meu pescoço – Por que não quer estar comigo?

Me arrepiei.

– Não... não estou Nik. - menti na cara dura tentando me livrar dele – Eu quero.

– Então porque foge?

E queria mesmo, mas a vergonha falava mais alto do que tudo. Corei horrores sob seu olhar penetrante e o sorriso malicioso. A sensação de desejo era sufocante demais, era sobrenatural. E então me dei conta que o meu relacionamento com Niklaus é sobrenatural.

– Esse eu não for o suficiente? E se isso nos afastar?

– A nossa conexão jamais se quebrará, você é perfeita para mim.

Quando vi eu já estava sendo jogada na cama e Klaus vinha em minha direção retirando sua jaqueta e a camisa, as jogou no chão e então subiu na cama ficando sobre mim, seus olhos na altura dos meus.

– Não tem para onde fugir Sage. - roçou os lábios nos meus - Eu serei o único em sua vida agora. Para sempre. – me olhou intensamente.

Resisti em fazer uma provocação, vai que eu falo merda e ele desiste. Mas não tem jeito mesmo, eu só faço merda.

– Obrigada pela cama. - soltei sem querer - Ela ajusta bem na minha coluna.

Ele riu e encostou sua testa na minha.

– Eu só quero ouvir. Não precisa se comprometer com nada. Eu só quero ter a certeza de que pelo menos fiz algo que preste, eu não que morrer sem ouvir isso... – pedi.

– Você não vai morrer Sage. Não hoje e nem daqui a 100 anos, você vai ouvir. Mas quando eu tiver certeza absoluta. Assim como você é justa comigo e com todos, eu serei com você.

Suspirei assentindo com a cabeça. Klaus sorriu e tornou a me beijar enquanto abria completamente a camisa de botões que eu usava, ele moveu as mãos por dentro dela. Passei minha mão em seu abdômen por dentro de sua blusa finalmente cedendo a uma de suas investidas.

– Seja completamente minha. - pediu.

Eu apenas o beijei enquanto retirava sua camisa me entregando de corpo e alma naquele momento.

AQUELE MOMENTO FODA CARALHO.

~º~

Abri os olhos plenamente consciente das coisas que havíamos feito na noite anterior, sorri e me levantei saindo do aperto de Klaus que dormia em um sono profundo. Me levantei completamente nua e fui em direção ao banheiro, tomei um banho mais rápido que o de costume. Eu estava com pressa para falar com Nataniel e descobrir o que ele já sabia, mordi os lábios pensando em como me comunicar com ele.

Coloquei meu vestido preto e ajeitei o cabelo, calcei meu tênis branco e fui para fora do quarto. Achei o celular de Damon em uma mesinha no corredor e o peguei, disquei o número que decorei e esperei pacientemente me encostando na parede e atenta aos sons que vinham do andar de baixo, ouvi a voz de Elena e percebi que ela falava com outra pessoa.

– Oi. – a voz saiu agitada.

– Ei. É Sage. - Nataniel suspirou.

– Já sei quem é... pode me encontrar na cidade vizinha. Ele está rondando muito por aqui, estou temendo um ataque quando estivermos desprevenidos. Ele não está sozinho. – avisou –Seja rápida Sage, você nunca está sozinha.

– Claro. Bem, já vou indo.

Suspirei e peguei olhando Klaus pela fresta da porta, me abanei e fechei a porta com cuidado. Ele ficaria muito puto quando visse que eu fugi de seus braços para ir atrás do meu possível assassino. Desci as escadas e vi Caroline e Elena cochichando, revirei os olhos. Eu não podia impedir Elena de ver a amiga, mesmo que ela morasse em minha casa. Dei de ombros e as olhei com indiferença que era exatamente o que eu sentia no momento, para ser sincera... eu tive uma foda tão boa que eu não estava me importando com nada.

– Já vai sair? - Elena se levantou.

– Tenho algo importante para resolver no hospital. Uma consulta. - menti.

– Bem. Então boa sorte.

– Não devo voltar muito cedo. Ele tem que fazer alguns exames, e vou comprar um celular novo na cidade vizinha. Não sei quanto tempo irei demorar. - dei de ombros.

– Tudo bem. Volte logo. – foi evasiva e soube que ela queria falar sobre mim.

Sai rápido de casa. A cidade para qual eu ia era apenas uma hora e meia de distância, provavelmente pela pequena mentira que eu contei eu teria cerca de 5 a 6 horas de tempo livre. Acelerei meu carro e sacudi a cabeça me lembrando da noite anterior, eu precisava me concentrar na estrada. Era certeza que havia muita gente atrás de mim e o fato de eu não saber quantos e estar completamente sozinha só complicava as coisas, eu deveria ter chamado Niklaus. Resmunguei ao notar que eu precisava mesmo de um celular.

Eu dirigia bem rápido ignorando o mal tempo que se aproximava, dei um suspiro e cheguei na cidade depois de duas horas. Estacionei na lanchonete ao ver o carro nada discreto do vampiro e entrei vendo apenas Nataniel e uma garçonete lá dentro. Ele estava com um notebook e parecia ver alguns vídeos.

– Ei vampiro. – cumprimentei.

– Oi humana. Onde está a outra? – procurou Katerina.

– Deve estar fazendo alguma merda. Plantando terror psicológico. - me sentei e ele empurrou o chocolate quente em minha direção e os croissants.

– Bem. Achamos o seu... híbrido. - ergui a cabeça e ele sorria - Você é perspicaz. Sua amiga loirinha é que é meio burrinha. Ou boba.

PORRA EU ESTAVA CERTA.

– Peguei as filmagens da festa, e do bar. - continuou e me olhou cauteloso - E mais de alguns lugares. Instalei uma câmera na casa de seu vizinho e está aqui...

Ele fez o que?

Ele me mostrou as filmagens. No bar podia ver claramente o rosto do homem. Percebi com espanto que ele havia pego filmagens de locais diferentes de Mystic, antes mesmo de eu se quer conhecer Nataniel. E eu reparei que o homem já me seguia a muito tempo, mas eu sempre estava acompanhado. A ultima filmagem não deixava dúvidas, ali estava Tyler encarando a câmera de segurança, eu estava ao fundo dançando e então ele sumiu e apareceu ao fundo me atacando.

EU ESTAVA CERTA.

– Mas não é só isso. Se lembra que eu falei que quando cheguei a cidade estava infestada de vampiros? - ele adquiriu uma expressão séria - Não me referia aos seus amigos, quando esse seu cara voltou ele trouce um combo de amigos.

– Só não entendo muito o sentido disso. Parece...

– Vamos atrás de respostas.

Nataniel pagou a conta e eu fui para meu carro enquanto ele ia para o dele, minha cabeça pesava com informações. Eles agiriam logo. Suspirei e entrei no carro o acelerando, o de Nataniel vinha logo atrás.

Iriamos ao shopping comprar o maldito celular, quando chegamos no local eu desci do carro correndo e fui para loja, Nataniel parou do meu lado olhando para os lados e avaliando os celulares.

–E i moça, assim você quebra minhas pernas. – reclamei – Isso tá muito caro, dá um desconto. – implorei.

– Senhora isso um celular a prova de água. – olhei o aparelho.

– Ok moça. – dei o cartão – Faz o tipo de vampiro honesto? – o olhei de lado, se fosse Klaus já teria hipnotizado e levado o aparelho.

– Sim Sage, eu faço o tipo honesto. – me olhou de cara feia.

– O que foi? Vai me mandar prender por roubar frutas? – arqueou a sobrancelha.

– Não. Vou te usar como isca. Tem um grupo de vampiros aqui por perto.- olhou para um trio que estava mais afastado nos observando.

– Vai é? – ele me pegou pelo braço e me puxou em direção ao banheiro feminino, expulsou as mulheres e entrou em uma das cabines enquanto eu ficava de frente para o espelho.

Respirei fundo e me encostei na pia enquanto eles entravam no banheiro me analisando, fiz uma careta e vi Nataniel pular a cabine e trancar a porta assim que eles se afastaram dela o bastante para ele se aproximar sem problemas.

– Olá. – cumprimentou – Estamos com algum problema?

– O que querem aqui? – perguntei irritada – O que querem comigo?

– Tyler quer algo com você, nos queremos com Klaus.

– E porque estão me seguindo, o que eu tenho a ver com Klaus?

– Vocês estão juntos, esse é o nosso método para achar Niklaus. Se a tivermos, ele virá até nós.

– O que te faz achar que Niklaus iria se importar comigo? Eu posso valer tanto para você como você tem para ele. Nenhum. – eles se olharam.

– Você vale alguma coisa, Niklaus não ficaria tanto tempo com uma mulher se não tivesse interesse nela, ainda mais se tratando de uma humana. – a mulher respondeu.

– E por que se juntaram a Tyler?

– Quem não quer o Mikaelson morto? – a olhei de cara feia.

– Vocês estão arrumando uma briga com um híbrido milenar que não morre? Acho que são vocês que estão querendo morrer, Niklaus mata vocês fácil. – resmunguei.

– Temos um exército.

– De quantos? – Nataniel enfiou o braço nas costas de dois deixando apenas a mulher livre, e então puxou os corações jogando na lixeira.

– Acha que vou dizer? Pode me matar, mas meu irmão está lá entre eles. Eu nunca direi. – ela nos olhou assustada – Você concorda com isso?

– Você concordou quando disseram que iam me sequestrar e me torturar para trazer Niklaus? Sim, eu concordo com isso e com muito mais. – acenei para os corpos no chão.

– Onde ele se esconde?

– Não direi. – ela o olhou determinada e Nataniel a matou ao ver que não conseguiria informações, estávamos em um banheiro publico, não teríamos tempo e nem espaço para torturar alguém.

– Sai daqui Sage e me espere no carro, não vá a lugar algum sem mim. Acredito que não mentiram quando falaram que eles tem um exército, 20 é o suficiente para me manter tempo demais distraído e para te pegarem. – concordei com a cabeça.

E o meu treinamento de duplicata serve para o que?

Sai discretamente do banheiro enquanto Nataniel se encarrega de dar um jeito de retirar os corpos e sumir com as gravações dos corredores, dei a partida em meu carro quando vi o vampiro entrar em seu carro que estava estacionado atrás do meu. Peguei meu celular novo e ativei o chip, agora era só esperar 4 horas, que legal. Segui em direção a estrada.

Olhei para os lados e vi novamente as árvores se mexerem na direção contraria ao vento, os faróis de Nataniel piscaram e eu entendi isso como uma ordem para acelerar. Acelerei mais ainda o carro ultrapassando todos os limites de velocidade, eu estava chegando quase ao máximo.

Eu ouvi o zunindo se aproximar e fechei os olhos já prevendo o que viria, a roda do lado esquerdo literalmente explodiu fazendo o carro cambalear e por fim capotar diversas vezes. Eu me senti empolgada, não era medo. Na realidade achei a situação divertida. Me achava na cena de um filme, deveria ser muito legal para quem olhava de fora

O carro capotou dezenas de vezes antes de parar no meio da estrada, desprendi o cinto e agradeci pelo carro blindado quando percebi que sai praticamente sem machucados. Ele não havia tido muitos danos, a porta do motorista foi arrancada e Nataniel me puxou para fora. Um temporal se aproximava e ventava bastante, eu estava quase sendo carregada pelo vento. Nataniel me puxou pela cintura com força em direção ao seu carro, mas paramos quando um homem correu em direção ao carro e bateu nele com força o fazendo capotar e entrar na floresta, o homem nos olhou e eu percebi que vários deles começavam a simplesmente saltar das árvores para a estrada.

Deus. Ninguém que tenha um carro pode ficar perto de mim.

– Para floresta.

Ele me pegou no colo e passou a correr em uma velocidade surpreendente, ele me apertou quando um vulto parrou por perto de nós, eu não enxergava nada, mas pelos zunidos que passavam pelos meus ouvidos e os desvios que ele fazia eu sabia que estávamos sob ataque.

– Precisamos parar. Fique quieta. – bufei – Não faça nada Sage.

Não ficaria. Pelo visto ele não me conhece mesmo, se tem uma coisa que eu não sei fazer é ficar quieta.

Ele me colocou no chão e esperou eles chegarem, quebrei um galho e fiquei ao seu lado. Ventava demais e eu não conseguia ouvir nada, meus pés estavam sob as folhas secas que insistiam em me atrapalhar deixando minha movimentação mais lenta. Afinal eu não sabia que havia algo para prender o meu pé por perto.

O primeiro ataque veio em minha direção, usando meus instintos ao máximo eu agarrei a pedra que quase arrancou minha mão e a lancei de volto com o dobro de força que usaram. A pedra bateu no rosto do vampiro que caiu da árvore com a cabeça para trás.

Um outro veio em minha direção com rapidez, eu desviava de seus ataques com um pouco de dificuldade. Lancei minha mão em sua direção e a afundei em seu peito arrancando o coração. Peguei o mesmo e com uma força sobre humana eu o lancei no peito de outro vampiro, observei com prazer um buraco se formar no peito dele enquanto os dois corações caiam as suas cotas.

Escancarei a boca, eu realmente fiz isso? Eu dei conta de fazer isso? – olhei meus dedos quebrados se regenerando, eu preciso contar para Klaus.

– Onde aprendeu isso? - Nataniel matava os vampiros sem dificuldade.

– Eu tive ótimos professores. – agarrei outro pela nuca e joguei para ele.

– Eu não sabia que duplicatas podiam chegar a esse nível. - dei de ombros.

Nem eu sabia. Eu estava apenas empolgada, me divertindo muito. Mais do que deveria e isso não era um sinal bom, logo algo terrível aconteceria. Eu estava sentindo.

Meu braço foi agarrado com força e quando pisquei eu já não estava mais ao lado de Nataniel. Meu corpo estava sendo fortemente agarrado por um homem alto e irritado, graças a velocidade fechei meus olhos percebendo que de nada adiantaria mantê-los abertos. E então ele parou e me colocou de pé no chão e eu olhei ao redor. Eu estava em um mausoléu horroroso e frio enquanto uma chuva forte caia.

– Mas... que horror Tyler. Não tinha lugar melhor não? - me soltei dele e sentei na cadeira de baixo de uma lâmpada.

Olhei Tyler atentamente que tinha um sorriso satisfeito no rosto que logo se tornou uma imensa carranca pelo meu descaso. Niklaus dá pra vir me procurar logo? Eu estou com fome e entediada.

– Sem histerismo? - cruzei as pernas.

– Sem. E ai...? Tudo bem com você? - me olhou chocado.

Ué? Pode falar não? Ele não me amordaçou.

– Sage você entende o que está acontecendo aqui?

– Sequestro. - dei de ombros - Acontece muito nos dias de hoje e o tempo inteiro, qual o motivo para esse ser tratado como especial? – ri da cara irritada dele.

– O que você é? - seus olhos ficaram amarelos.

– Humana?

– Não acredito que seja. - ele se abaixou colocando o rosto perto do meu - Foi difícil te achar sabe? Você nunca parava quieta no mesmo lugar, até que senti uma energia estranha. Fiquei curioso e te achei naquela casa. Mas mesmo assim era difícil te acompanhar.

– Ok. - dei de ombros olhando a porta aberta e a chuva torrencial.

– Não quer saber o motivo? - arrumei o cabelo.

– Não.

– O motivo principal foi Klaus. Ele me tirou Caroline, me afastou dela para tentar se aproximar. - deixei ele falando sozinho, era um talento eu não me importar - E agora eu vou tirar algo precioso dele. Que ele ama. Me tirou Hayley.

Dei uma risadinha e olhei ao redor. Como assim Hayley?

– Que bom Tyler. - ele viu que eu estava longe de ficar assustada.

Bufou e ficou ereto. Colocou sua mochila no chão e assoviou, um loiro entrou e ele apontou para mim e depois saiu pelo mato me deixando a mercê da cara feia do serviçal escroto dele.

– Ei menino. - chamei - Tem comida ai?

O garoto revezava olhares entre mim e a porta aberta.

– Fala comigo. Você não acha mesmo que vou fugir em uma chuva dessas não é? Para cara.

– Fica quieta vadia.

Bufei irritada. Levantei e peguei a mochila de Tyler e bati em seu rosto, abri ela e achei uma carteira. Peguei aa notas e coloquei de volta na mochila e me sentei. Olhei o menino que ajeitava o nariz.

– Pede pizza. Estou com fome. - estendi o dinheiro.

– Não entregam comida no cemitério.

Guardei o dinheiro no bolso. É assim mesmo ué. Você é sequestrado e faz o que? Rouba o sequestrador. Nada mais justo.

Ficamos ali por um tempo até Tyler surgir com uma chave na mão. Bufei e o acompanhei contrariada, eu ficaria quieta observando tudo, não o irritaria para ele me apagar. Se eu prestasse atenção em tudo poderia tentar uma fuga depois, ou pelo menos saber onde estava.

Me sentei no banco traseiro e fiquei olhando os três vampiros e o híbrido com cara de paisagem. Era óbvio que eu não tentaria fugir, eu não fazia ideia de quantos cercavam o lugar e não queria complicar para o meu lado.

O vampiro começou a dirigir para dentro de uma cidade que eu nem fazia ideia que existia, me estiquei entre os bancos e liguei o rádio. Voltei para o banco e tremi de frio, olhei Tyler do meu lado e bufei. Imprestável, nem pra me dar a jaqueta. Que espécie de sequestro é esse?

– Tyler estou com frio.- resmunguei

– Problema seu. - olhou para fora

– Babaca. Imbecil.

– Seu namoradinho matou minha mãe sabia? - perguntou e eu revirei os olhos.

– Problema seu. Não me importo com sua vida. - ele estava ficando visivelmente irritado.

Eu tinha vontade de rir. Queria forçar medo para o Klaus me achar logo, mas não conseguia. Eu tinha uma vontade tremenda de rir da situação patética de Tyler.

– Como está Caroline? - questionou.

Me encolhi no banco tentando me aquecer entre ele e o cara do meu lado.

– Não sei daquela lá. - murmurei.

– Não eram amigas? - debochou.

– Éramos até ela defender você. Na realidade sinta-se feliz por isso. Você foi defendido por um bando de babacas incrédulos. - resmunguei.

O carro vai capotar, estou sentindo.

– Peguei você pois é o novo brinquedinho de Klaus. - falou alto.

– Diminuiu a voz seu merda. Me pegou porque é pessoal, Stefan tá lá com ela e você não foi atrás daquele bundão! - gritei sentindo irritação.

E então eu estava muito irritada do nada e eu soube que era Klaus. Eu estava sentindo Klaus.

– Cala a boca imbecil. - Tyler gritou comigo.

– Vai se fuder seu imbecil! - me agarrei no motorista e pulei para frente agarrando o volante.

Virei o carro e ele capotou. Viu. Eu disse. Na primeira vez que ele capotou meu corpo caiu sobre o para-brisa que estourou e eu fiquei lá no chão enquanto carro continuava a capotar, levantei do chão com a adrenalina correndo pelo corpo me impedindo de sentir dor, fui até a mata e peguei a maior quantidade possível de gravetos que eu encontrava.

Corri pelo mato aproveitando o temporal que caia e o vento forte, e então a chuva sumiu do nada. Tive um péssimo pressentimento que arrepiou meu corpo inteiro e encontrei uma casinha de madeira no meio de uma clareira, forcei a porta e entrei. Comecei a sentir muita preocupação e vi que ela vinha de Klaus, como eu sabia? Meu braço esquerdo formigava. E eu não me sentia verdadeiramente preocupada, eu estava apenas ansiosa para acabar com isso logo.

Se eu morrer Klaus nunca vai saber que eu não estou apaixonada e sim amando. Ele nunca vai saber que eu adoro que ele seja tão velho e malvado, nunca vai saber que eu amo aquele cabelo loiro bagunçado, que eu amo quando ele sorri, que eu amo quando faz uma maldade ou me beija. Que eu não me importo com o que ele fez, afinal sou eu quem conhece o verdadeiro Niklaus. Foi para mim que ele se mostrou, para mim que ele se abriu. Eu tenho que voltar para casa, os braços do meu Nik.

Olhei a porta e vi Tyler parado, ele não conseguia entrar. E imaginei que a casa tinha um dono e que provavelmente ele não morava ali. Na realidade era um barracão de um único cômodo e um banheiro. Fechei a porta e ele sorriu vendo que eu estava presa, eu iria morrer. Era fato.

Vi pela janela com certa surpresa ele erguer um galão de gasolina, ele rodeou toda a casa jogando a gasolina no barracão de madeira. Então acendeu um fósforo e jogou.

– Quer saber? Não me intimidou! - falei e dei o dedo do meio enquanto sentava no chão e cruzava as pernas.

Por favor Nik. Chega logo. Pedi mentalmente enquanto via que a casa começava a pegar fogo, eu não poderia morrer sabendo que não tive coragem de dizer que o amor, que pela primeira vez na vida ele era amado sem restrições. Klaus precisava saber que ele vale a pena e que existiu alguém que faria tudo por ele, peguei meu celular e vi que havia se passado apenas duas horas após o ataque. Ele chegaria a tempo?

Tyler me olhava de cara feia enquanto a casa queimava, acreditei que tinha certa dificuldade devido ao vento muito forte. Eu nem sentia calor, provavelmente o fogo só deixaria a casa mais frágil e ela cairia em cima de mim. Tyler viu que eu não sairia de forma alguma.

Ele e seu grupo de três vampiros começaram a quebrar as paredes com força, o temporal se tornou forte demais e uma das paredes foi arrancada sozinha quase me acertando, ela bateu contra as outras levando-as. E então eu estava desprotegia, peguei as lascas de madeira do chão.

O vampiro motorista veio pra cima com o braço esquerdo erguido, o segurei e enfiei a madeira em seu peito e tirei. Ela era minha única arma, soltei o vampiro e desviei de outro enfiando a estaca em seu estômago. Parei quando Tyler me puxou pelo cabelo e fincou a estaca em minha perna, ele me deu um soco que me lançou longe, senti suas mãos se fecharem em meu pescoço enquanto ele segurava meu pescoço com força. Ele simplesmente havia disparado em minha direção sem nem me deixar tocar o chão direito e finalmente eu percebi que não deveria ter brincado com Tyler, ele não estava ligando se Caroline iria sofrer com a morte. Esse homem que me torturava havia transbordado no quesito ódio e vingança.

– Achou que ia fugir de mim? - Tyler perguntou.

– Quem disse que eu queria fugir? - ele ficou confuso - Eu estava te atrasando.

E então eu o senti antes mesmo de o ver. Tyler arregalou os olhos no mesmo momento em que eu ouvia a mão de Nik rasgando suas costas enquanto ele tentava alcançar o coração dele, vi Nik girar o braço dentro do peito de Tyler enquanto abria um sorriso sádico. Tyler me soltou e eu quase cai no chão, retirei a estaca da minha perna sob o olhar atento de Klaus.

– Tyler quando você vai aprender a não brincar comigo? - Klaus girava a mão enquanto Tyler gritava.

– Klaus... – riu – Eu vou matar a sua garotinha. Foi a primeira vez dela ontem não foi? É eu vi, eu gostaria de ter tido a oportunidade. Eu a mataria. – riu e Niklaus rosnou.

– Você não tem mais que se preocupar com isso.

ELE ME VIU PELADA? Como assim eu não tenho paz nem nesses momentos? Quando Nataniel disse que eu não estava sozinha, ele não estava brincando mesmo.

Olhei ao redor e vi Nataniel estraçalhando alguns vampiros junto de Damon e Stefan. Elena estava em outro canto com Caroline e Rebekah que dominavam outros vampiros. Temi por Nataniel, ele deveria ser um vampiro jovem, eu não o conhecia. Despertei ao ouvir outro grito de Tyler.

Klaus mordia seu pescoço e arrancou um grande pedaço dele, fiz uma careta e então ele me olhou de cima abaixo e sorriu.

– Pena que você nunca vai saber como é ter alguém de verdade. Não deveria brincar com minha companheira Tyler. Eu não aceito dividir. - e então ele girou o próprio pulso e vagarosamente arrancou o coração de Tyler.

Escorei em uma arvore sentindo náusea, Klaus era tão cruel assim? Eu adorei, mas... Minha cabeça rodou e ele se aproximou de mim, me afastei alguns passos. Não por medo, mais sim por nojo. Eu estava enojada com a cena. Muito.

Klaus me olhava preocupado. Afinal eu já o vira decepar pessoas e eu mesma havia arrancado um coração. Mas o sangue que caia de sua boca descontroladamente, espesso e escuro me deixou enojada. Parecia gosma. Eca. Gosma. Ou talvez eu só estivesse mal pela adrenalina ter baixado depois de tanto esforço.

– Querida. - o sotaque veio forte - Por favor. Não se afaste. - ergui o indicador.

– Pressão baixou. Vou vomitar. - avisei me afastado para longe.

Escorei em outra árvore e devo ter ficado uns quinze minutos tentando controlar meu corpo, e então quando eu estava melhor voltei para a clareira e vi alguns olhares em minha direção. Fora só uma ânsia. Suspirei e fui para o lado de Nataniel que apoiou um braço em meus pescoço.

– Surpresa?

– Faz o que aqui? - questionei - Achei que estava morto.

Ele riu.

– Quantos anos acha que eu tenho para não dar conta de 12 vampiros? 50? - ele ria.

O olhei estranhando. Era muito estranho ver alguém rir porque outra pessoa achava que ele tinha 50 anos.

– Bebê, eu tenho 680 anos. - arregalei os olhos.

Niklaus estava quietinho olhando os corpos ao redor, com certeza cismado por eu ter corrido para longe. Ele me deu um olhar rápido e desviou os olhos, vi que ele se segurava para não começar com mil perguntas.

– Como chegaram aqui tão rápido?

– Assim que você foi levada eu liguei para o número do qual você havia me ligado de manhã cedo. - era o de Damon - Te procurei por um tempo e achei um rastro, mas haviam alguns vampiros no meio do caminho. E me atrasei um pouco por causa disso. Mas logo seus amigos chegaram e achamos o carro capotado. Não foi difícil imaginar que você estava por perto, fora que seu híbrido te sentiu. - explicou rindo.

– Quer me achar. Siga o rastro de destruição. - dei de ombros e o abracei e olhando o campo.

– Não sabia que eram tantos. - comentei.

– Percebemos. Afinal você começou uma luta com eles sem nem olhar ao redor. - Damon explicou - Eram 32 no total contando com os que Nataniel derrubou.

Então eu estava mais do que certa.

– Como ele conseguiu essa quantidade de vampiros? - questionei.

– Por causa de Klaus. Quem não quer esse híbrido morto? - apontou para ele que me encarava.

Fomos andando em direção a estrada, eu ia mais atrás sob o olhar atento de Klaus que vigiava cada passo eu eu dava. Parei e me virei para ele. Eu amava esse babaca. Senti os olhos umedecerem e me aproximei dele sentindo minhas bochechas corarem e o coração acelerar. Mesmo ele matando pessoas na minha frente, arrancando corações, pescoços, mesmo ele não me amando eu o amava. Senti minha garganta fechar e reprimi o choro.

Dói amar Niklaus. Porque é intenso demais, perigoso demais, forte demais.

Toquei sua mão sentindo meu corpo formigar. O vento forte ainda passava por nós enquanto eu me aproximava mais ainda, eu estava lutando contra um grupo de vampiros só para o ver de novo. Eu logo enfrentaria um vampiro original por ele, bruxas e lobisomens. Daria meu sangue por ele. Faria tudo isso e muito mais por ele sem nem hesitar.

Talvez eu estivesse pensando nisso em um momento errado demais, talvez seja a primeira vez que penso nisso dessa forma. Talvez porque agora eu finalmente fora conectada a ele, por que eu confiava demais nele e sabia que ele viria me salvar.

Ele percorreu 2 horas de viagem em o que? 40 minutos? Isso com toda certeza significa que ele sente algo, significa que eu devo continuar tentando. Estávamos conectados e marcados pela eternidade. Eu era dele e ele era meu. Ele querendo ou não.

– E eu tenho certeza... Que eu amo você em todas as suas formas. Do jeito mais intenso que alguém pode amar. Eu não me importo com quem você é.

E eu o beijei. Klaus estava chocado absorvendo as palavras. Quando seus lábios tocaram os meus ele transmitiu seus sentimentos que eram de medo, angustia, preocupação e pesar. E que logo se tornaram em admiração, orgulho, desejo e amor. Sim. Niklaus me amava e agora eu enxergava isso. Mesmo que ele não dissesse.

Seus sentimentos foram mostrados mais intensos a medida que ele retribuía o beijo e o aprofundava. Senti meu coração queimar como se eu tivesse colocado em uma brasa, ele levou minha mão sobre seu peito e eu senti como seu coração batia com força e rapidez. Até mais que o meu, era um sentimento de finalmente ter um amor correspondido.

Meu corpo queimou e se arrepiou, me afastei abrindo os olhos deixando as lágrimas escaparem.

– Eu te amo Sage. - sua voz saiu baixa e rouca – Do jeito que você merece ser amada.

E eu entendi que ele não me amava apenas como uma amiga.


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Notas finais do capítulo

Ai meu core, meu core.
Queimando aqui em Goiás e na fanfic.



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