Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 19
2ª Temporada - Eu sou a primavera


Notas iniciais do capítulo

Começou!



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2ª Temporada - Eu sou a primavera

Niklaus se prepara para impedir que uma possível guerra entre seres sobrenaturais ocorra, ele se vê forçado a criar mais híbridos e trazer Anellise Salvatore para conseguir respostas. Sage só não imaginava as verdadeiras intenções do híbrido por trás disso e que a tentativa de trazer Anellise resultaria em graves consequências criando um grande obstáculo entre ela e seus amigos.

Novas amizades surgem provocando preocupação entre todos e causando uma mudança mortal em Sage que se vê encurralada tentando resolver os problemas que resulta em uma aproximação de sua inimiga e de um novo homem nada normal disposto a ajudar em todas as suas confusões.

Terror natalino

O que se fazer quando um turbilhão de emoções te invade quando você achava não ser capaz de sentir nada? O que fazer quando coisas que você jamais sentiu se apoderam de seu corpo e de sua mente? Como reagir a isso? Como identificar o que são essas coisas? E o mais importante, o que você deve mostrar e o que deve esconder?

Olhei para Oliver que me encarava um pouco receoso, me soltei do braço de Stefan e juntei minhas mãos na frente do corpo o olhando de lado. Dei um sorrisinho e depois o dedo do meio para uma senhorinha fofoqueira que me encarava me olhando de cima a baixo, Stefan pegou minha mão e a enlaçou na sua escondendo meu dedo.

– Então é isso. - abracei Oliver e ele retribuiu.

– Sim.

– Quem sabe um dia você não me visita. Pode ir sempre. Sem o loiro. - acenou indo em direção ao portão de embarque.

Virei indo para a saída sentindo um alivio enorme no peito ao perceber que ele estaria bem mais seguro agora. Stefan passou o braço pelos meus ombros e me guiou até o carro, entrei e encostei a cabeça no vidro observando todo o aeroporto decorado com luzes de natal.

– Não acredito que já é natal. - falei baixinho.

– O tempo passa rápido.

– Sim. Logo eu terei 80 aninhos.

Stefan me olhou atravessado, a minha mortalidade era uma questão que incomodava meus amigos vampiros. Eu não queria ser uma vampira, eu esperava envelhecer. Stefan se tornou um defensor da minha imortalidade, mas só depois de eu ter praticamente sumido por três dias em uma curta viagem com Oliver. Me senti feliz pelos meu melhor amigo sentir tanto minha falta a ponta de querer que fosse imortal.

Já havia se passado duas semanas após a formatura. Eu expulsei Klaus de minha casa e nesse exato momento Elena já deveria estar morando lá. Sim. O motivo era simples, sua casa havia pegado fogo e então eu a chamei para morar comigo, evitando que ela tivesse contato com Katerina. Jeremy preferiu morar com Bonnie, não me incomodei. Ele ficava desconfortável de ter que ficar cercado de vampiros, já que minha casa sempre estava cheia deles.

– Não vamos pensar nisso agora. - declarou.

– Ok.

– Vai vir na festa de natal? - é o que louco?

Fiz uma careta. Caroline insistira com essa maldita comemoração na mansão dos Salvatores e eu me questionava o que tinha na cabeça dela para fazer isso, mas Caroline era Caroline e ninguém sabia o que se passava com ela.

– Não. - ele bufou.

– Até os Mikaelson irão. - é sério?

– Vou pensar. - eu não iria.

Ele sorriu e acelerou o carro de Kol que relutantemente nos emprestou, mas como queríamos encurtar a viagem e a "festa" de natal seria no dia seguinte o moreno concordou. Isso depois de Caroline o infernizar até não poder mais, esse carro havia economizado pelo menos 6 horas de viagem.

– Klaus já começou a pegar seu sangue? - me olhou.

– Ainda não.

– O que ele está esperando? - perguntou.

– Ele disse que agora tem outras prioridades. - eu sabia muito bem quais eram.

– O que é mais importante que a humana que tira o juízo dele? - zombou.

– Até você? - bufei.

– Klaus está doidinho por você. - revirei os olhos.

– Ele está doidinho pela sua namorada. - fechou a cara.

Ponto pra mim.

– Vocês são dois cegos.

– Olha só quem fala Stefan. - abri a garrafa de refrigerante - Demorou esse tempo todo para ir atrás da Caroline e vem falar de mim e daquela criatura sem juízo.

– Tá bom. Desisto. - ergueu as mãos e acelerou o carro mais ainda.

Fiquei conversando com ele tranquilamente, mesmo com ele correndo a mais de 200km eu confiava cegamente em seus reflexos sobrenaturais. Dessa forma chegaríamos bem mais cedo do que eu imaginava. Talvez até durante a madrugada.

Stefan ligou o rádio e começou a cantarolar e eu apenas me encostei no banco e fechei os olhos.

~°~

Eu já havia chegado em casa a algumas horas, Elena não estava. Havia saído cedo para a mansão dos Salvatore provavelmente para ajudar Caroline.

Bebi o vinho entediada olhando a lareira acesa. Eu estava ali a um par de horas sentada no sofá com os joelhos erguidos e pernas abertas, um gorro vermelho na cabeça. Meu espírito natalino era bem visível se olhasse para meu lado, eu tinha uma miniatura de cacto com um mini gorro e dois guizos dourados, o vaso estava enrolado em um pisca pisca que brilhava me deixando tonta. Já eram oito horas da noite.

– Feliz natal. - ergui a garrafa de vinho e fui tomar um banho.

Quando voltei eu estava com um short jeans claro e bem folgado, uma blusa azul marinho, e um casaco enorme xadrez branco e cinza. Coloquei o tênis e voltei a posição anterior com o maldito gorro na cabeça. Tocaram a campainha e eu já sabia que era a igreja com suas músicas natalinas.

– Vai embora. - dei um grito estridente e voltei a beber o vinho - O que eu estou fazendo da vida? O que está acontecendo? - choraminguei e peguei o telefone.

Disquei o número e esperei.

Oi?

– Oi vó. - murmurei e funguei, estava gripando.

Olá querida. Como está?

– Bem. E você? Oliver chegou? Ele disse que ia avisar.

– Chegou. Estou bem. Sabe como é... uma correria aqui em casa. Ele nem teve tempo. chegou discutindo com os irmãos e dando um soco na cabeça do Blake, acredita nisso?

Dei de ombros.

– Bom, acredito sim. Eles merecem, acredite em mim.

Vai passar o natal com os amigos? – perguntou divertida.

– Sim. - menti, eu ainda não havia decidido.

Ótimo. Está com saudades dele né?– senti meus olhos arderem.

– Sim. Não achei que faria tanta falta. - minha voz tremeu - Quase não nos víamos. É muito estranho estar em uma casa sem a bagunça dele. - lembrei da última semana que aproveitei grudada em meu irmão - Não precisávamos viver juntos, mas o fato de ele estar perto fazia eu me sentir segura. Forte. - olhei o relógio.

22 horas. Caroline já deveria estar histérica me ligando. Desisti de ir.

Eu sei disso. - a voz de Oliver soou e eu funguei de novo - Sage?– perguntou surpreso.

Como eu poderia ter tantos amigos e me sentir tão sozinha? As emoções pareciam surgir em mim do nada, florescendo, crescendo e intensificando. Quase sufocante. Me lembrei das palavras de Dianna sobre o elo, uma hora algo assim iria acontecer. Eu só não esperava que fosse tão rápido, ou eu estava ferrada. Esse seria o momento? O momento em que eu iria desabar?

Toquei meu rosto surpresa quando as lágrimas transbordaram molhando meu rosto. Funguei e respirei fundo. Por quanto tempo se pode reprimir as emoções?

– Desculpe. - pedi com a voz trêmula.

Tudo bem.– suspirou - Não deveria estar com Caroline?

– Prefiro ficar em casa. Não sei se quero estar perto de tanta gente. - limpei meus olhos e os senti inchados.

Ouvi as pessoas cantando as músicas natalinas na minha porta de novo, me levantei em um rompante tremendo de fúria e abri a porta com força. Sai para fora da casa quebrando a porta e caindo na escada.

– Parem com essa porra. - gritei voltando pra casa e batendo a porta - E os ingratos?

Perguntei dos mais novos.

Fúteis. Não sinto como se fossem da minha família. Acho que nem os conheço mais, vovó não é superficial. Não entendo como eles são assim.

– Nem eu. Preciso desligar. - falei sentindo o peso de estar sozinha na casa.

Tudo bem. Tchau.

– Tchau.

Olhei para a lareira e fiquei em silêncio ouvindo o quão quieta a casa estava sem os roncos do meu mais velho, sem o barulho da tv, dos jogos de celular, dele cozinhando e até mesmo andando. Tudo bem que eu não era extremamente grudada nele, mas era estranho ter tudo tão diferente. Não parecia meu lar. Não tinha nada que mostrasse que um dia ele esteve aqui, nem mesmo que ele existisse.

Eu tinha que parar de agir como se meu irmão estivesse morto. E parar de agir como se eu estivesse sozinha já que nas semanas antes de Oliver partir eu me afastara de todos, nas duas semanas eu havia trocado apenas dez palavras com Elena e tido um pequeno diálogo com Stefan na volta para casa. Que nem parecia ter acontecido a apenas 8 horas atrás.

Fui desperta de meus pensamentos ao ouvir um barulho na fechadura. Nem me levantei, apenas olhei na direção da porta e vi Elena e Damon entrarem usando o maldito gorro. Elena me olhou por breves segundos e sorriu triste, Damon apenas me encarou e me olhou preocupado ajeitando o gorro na cabeça.

– Parece tão errado. Você não sente falta de Jeremy? -perguntei e ela se sentou na mesa de centro na minha frente.

– Sinto. Muito, Jeremy foi importante em cada fase da minha vida. Mas ele está bem. É o que importa. - concordei contrariada.

– É muito estranho não ver ele aqui. Eu estava acostumada com a casa bagunçada. - olhei o piso impecável.

– Não gosta da casa limpa? - Elena riu e mordi os lábios abrindo um sorriso - Ou vamos ter que jogar boliche com as garrafas de vinho novamente para te deixar confortável?

– Nada mal garota. - joguei a garrafa de vinho contra a lareira.

Pulei para trás rindo quando o fogo quase nos atingiu, Elena gritou e se afastou enquanto Damon lutava para apagar o fogo no tapete. Dei de ombros e fechei a expressão novamente me divertindo um pouco com a situação. O moreno se virou para mim depois de olhar para o tapete queimado.

– Caroline pediu para virmos te buscar. - Damon se pronunciou.

Mantive minha expressão e desci as pernas lentamente.

– Quanto espírito natalino. - Elena olhou para meu cacto - Deprimente.

A olhei com a mesma cara. Então pisquei meus olhos sentindo eles arderem devido ao inchaço e me levantei sem dizer nada, entrei no carro de Damon e encostei a cabeça na janela.

Eu me sentia florescer, algo dentro de mim mudou depois que voltei do aeroporto. Eu me sentia uma outra pessoa. Eu me sentia triste. Sim. A quanto tempo eu se quer podia ser capaz de sentir isso? Mesmo sendo agredida e humilhada eu não sentia nada disso. Talvez eu estivesse amolecendo depois de criar um elo com todas essas pessoas, talvez eu estivesse me sentindo mais humana. Talvez eu tenha me tornado mais humana. Era como Alaric me dizia, eu agia como um vampiro sem humanidade. Um vampiro com humanidade sente, até mais intensamente com um humano. Talvez isso tivesse influenciado. Ou talvez fosse porque eu me sentia amada, amada por todas essas pessoas.

O carro parou e eu desci junto com Elena e Damon, ao invés de disparar pela porta como eu sempre fazia eu decidi esperar pelos dois, eu não queria entrar sozinha. Assim que passamos pela porta um silencio se fez, senti o coração apertar e segurei o pulso de Damon me mantendo atrás dele, mas ele se afastou me dando um vislumbre de todos da sala que estavam impecavelmente vestidos elegantes., todos usavam o maldito gorro. Meus olhos pararam em Caroline que logo me abraçava sorrindo animadamente, arqueei a sobrancelha mostrando que eu não estava bem humorada, ela apenas aumentou o sorriso.

Nossos amigos nos encaravam e era mais do que nítido a diferença entre mim e ela, eu era completamente o oposto de Caroline. Notava-se pelo vestido vermelho que ela usava e o belo coque que eu aposto meus 10 reais que ela levou horas para fazer. Eu no entanto havia ficado pronta em apenas 10 minutos. Fora que ela abria um sorriso enorme e eu fazia careta como se tivesse dor de barriga.

– Eu não quero estar aqui. - falei direto passando por ela quase nos derrubando.

– Sage você nunca quer nada, deixa de ser mal humorada. - tocou meu cabelo com um enorme sorriso e eu a encarei séria.

– Não. - dei as costas e Rebekah me puxou para um abraço que eu rejeitei a fazendo revirar os olhos.

– Você está nojenta hoje Sage.

– Você está todos os dias Bekah. - ela abriu um sorriso malicioso.

– Tenho que concordar com você. Nós estamos todos os dias minha linda. - estreitei os olhos para ela e dei o dedo do meio.

– Ai mais que saco Caroline para que tanta luz? - reclamei olhando a arvore e esbarrando em um vaso o quebrando, Stefan revirou os olhos.

– Eu já não tenho mais nenhum pra repor. Desisto. - reclamou baixo e eu o ignorei por completo.

– Já aviso que não trouce presentes por que eu acho isso uma bobagem. - disse rouca - Considere minha presença como um presente. - todos riram.

– O melhor da noite. - Care me puxou até Stefan.

A loira deu um selinho nele e logo me jogou em um dos sofás desaparecendo em seguida. Estreitei os olhos para Stefan me mostrando insatisfeita com seu relacionamento com Caroline, ele estava me deixando de lado e eu não estava gostando disso.

Meus olhos varreram a sala e logo encontraram ele. Klaus vestia um terno cinza e conversava animado com Elijah, o loiro usava um gorro e dava o seu famoso sorriso perverso, senti meu estômago formigar e o coração acelerar. Eu achava seu sorriso lindo. Eu havia me afastado até mesmo dele, digamos que estava sem paciência para lidar com aquele híbrido enjoado. Ele me deixava um pilha de nervos só em abrir a boca.

Me virei dando de cara com Katerina que parecia estar na mesma situação que eu. Ela estava visivelmente mal humorada e usava péssimas roupas. Nos olhamos e ela deu um sorriso decepcionado, e então se sentou ao meu lado e me entregou uma taça de vinho. Puxamos os joelhos até o peito e abrimos as pernas enquanto nos ocupávamos de olhar a lareira que queimava vagarosamente a lenha. Tive vontade de jogar alguém lá.

– Hoje não parece um bom dia.

– E não é. - concordei.

– Eu gostava dele. Do seu irmão. Lindo. - bebeu seu vinho - Um gracinha.

– Conheceu ele? - perguntei chocada.

– Sim. Ele trabalhava no Grill. O achei fofo. Sempre conversávamos, eu ia lá todo dia só para ver aquele rostinho. - provocou.

Resmunguei. Ele havia me falado de uma mulher, mas não mencionou o nome. Não acredito que é essa biscate.

– Ainda acho que vamos nos ajudar um dia. E talvez seremos amigas ou cunhadas. - fiz um som de repulsa e ela riu chamando a atenção para nós.

– Passo essa honra. - ironizei bebendo o vinho.

As vozes em nossas costas estavam animadas, mas nós apenas estávamos em nosso canto sem sermos incomodadas. Até Enzo se manteve longe e eu agradeci, a companhia da minha inimiga era até reconfortante. Logo Caroline nos chamou para a ceia, nos sentamos e todos começaram a comer, eu estava sem apetite e bebia apenas vinho me mantendo concentrada em olhar em um ponto fixo na mesa.

Como eles comem? Sinceramente isso é muito estranho, muito estranho mesmo. Os humanos quase não comiam nada, mas os vampiros se empanturravam de comida como se fosse a melhor coisa do mundo, eles sentiam gosto? Tinham fome? Me lembraria de perguntar isso a Caroline depois.

– Você está um horror. - Katerina comentou enquanto comia.

A música e as vozes animadas abafavam as nossas vozes deixando todo mundo alheio as nossa interações.

– Você não está muito melhor. - na realidade estava.

– Parece doente. Olheiras enormes e está branca como um cadaver. - dei de ombros.

– Katerina para de forçar amizade você está me irritando muito. - reclamei ajeitando meu gorro reprimindo uma risada ao ver que até Elijah usava um.

Na ponta esquerda da mesa estava Klaus que olhava cinicamente para a outra ponta onde estava Caroline. Claramente se podia ver os olhares de desafio que eles lançavam um para o outro, o que resultou em um Caroline distraída e uma Katerina fazendo merda.

– Katerina. - briguei vendo ela lançar dezenas de uva passa no vinho alheio ninguém nem reparava.

No fundo eu me divertia com isso, mesmo que meu rosto mostrasse que não era bem isso que eu sentia.

– Espero que engasguem.- retrucou.

Rebekah riu ao meu lado esquerdo e só agora percebi que ela estava ouvindo nossa conversa.

– Precisam de um susto para isso.

E então a loira pegou uma uva passa e a jogou com tanta força na taça de Enzo que ela estourou. Ouvi alguém engasgar com o vinho e reprimi uma risada bebendo um gole do meu próprio vinho enquanto disfarçava. Caroline ficou de vários tons tentando encontrar uma explicação para o que havia acontecido, ela encarou Enzo mortalmente e a situação fora tão engraçada que eu engasguei.

Rebekah comia como se nada tivesse acontecido, Katerina já se engasgava com a comida. Lambi os lábios e vi de relance que Klaus nos encarava, especialmente a mim que ele não via a bastante tempo. Enchi minha taça com mais vinho ganhando um olhar repreensivo. Ignorei Elijah e voltei minha atenção para mesa, tinha porções de comidas que pareciam deliciosas.

Revirei os olhos para a ceia imensa e enfiei a faca no maldito do peru tentando arrancar um pedaço, Stefan riu e tomou a faca da minha mão, mas sua expressão se tornou séria quando ele não conseguiu tirar a faca do bicho.

– Sage que merda você fez ?- perguntou.

– Eu tenho lá culpa se Caroline queimou isso ai até virar titânio? - a loira me deu um olhar mortal.

– Eu não queimei nada. Eu te odeio. - sussurrou - Você deveria transar mais, talvez Kol se disponibilize.

Ela não disse isso! Não disse! Empurrei Stefan para longe e Caroline revirou os olhos quando peguei a faca, mas sua expressão logo se tornou aterrorizada quando o peru veio junto ainda preso.

– Sage o meu peru! Nem pense em fazer isso eu estou assando essa coisa desde a madrugada. - gritou se levantando.

– Talvez você deva se acalmar um pouco, talvez Stefan se disponibilize. O que não é de todo mal... - pisquei e dei um sorriso malicioso.

Ela bufou e se sentou com os olhos fixos na sua maldita ave de natal, coloquei o bicho no lugar e peguei uma salada comendo irritada.

Assim que a refeição acabou todos se dirigiram para a troca de presentes e eu dei de ombros saindo da mansão e entrando na floresta, ouvi os passos de Katerina e parei esperando ela me alcançar.

– Não vai ver seus presentes?

– Não. Nunca gostei dessa época do ano. - admiti me sentando em uma rocha.

– Família unida? - se sentou ao meu lado.

– Ao contrário. Minha mãe morreu no natal. Com meu avô.

– Ouvi falar do seu pai. - dobrou os joelhos.

Katerina estava carente e queria amizade. Isso era claro, ninguém naquela casa gostava dela. Antes isso não a incomodava, mas como humana isso devia a chatear já que não podia hipnotizar ninguém.

– Todo mundo tem um traste na família. - dei de ombros.

– Sim. Eu tive uma filha. Ela morreu. Está enterrada ali. - apontou para o outro lado do riacho.

– Sinto muito.

– É por isso quer ser humana? Ter uma vida típica americana? Filhos? - debochou.

– Não posso ter filhos. - ela me olhou surpresa.

Dei de ombros sem me importar, eu nem ligava para isso. Se depender de mim a família Verona acaba aqui mesmo.

Ela expirou o ar surpresa.

– Bem... mais nove meses de diversão. - me deu uma garrafa de vinho - Eu estou sendo legal pra você me aceitar como cunhada.

Engasguei.

– Não estou louca ainda Katerina, pare de me atormentar.

Entramos na mansão e revirei os olhos para Klaus que me chamou com um dedo. Bufei e cheguei perto dele que enlaçou minha cintura me dando um abraço, olhei ao redor reparando que todos haviam sumidos e alguns poucos presentes estavam na árvore. Provavelmente os meus e algumas coisas que provocassem terror psicológico em Katerina.

Aspirei o cheiro maravilhoso e Klaus e me afastei.

– Sage o que foi? - tocou minha bochecha e eu estapeei sua mão.

– Nada. Estou cansada Nik...

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa seu rosto se virou rapidamente para o lado e percebi que alguém havia o chamado. Ou talvez alguém disse algo que o interessou. Ele segurou minha mão e me puxou, mas eu travei no chão.

– Ei Nik. Vou abrir meus presentes. - ele olhou a árvore e se voltou para mim desconfiado, então deu de ombros e saiu.

– Não é na minha casa mesmo. - o ignorei.

Me aproximei da árvore e quando estava prestes a pegar meu presente tropecei derrubando a árvore em cima de Katerina, as duas tombaram atravessando a enorme janela e eu me virei indo embora correndo. Caroline ficaria histérica.

Dei de ombros e sai para a noite fria ignorando meus instintos que me mandavam voltar, o que de tão ruim pode acontecer na noite de natal?

O claro. Tudo.

Olhei para as paredes brancas do hospital e depois meu pé engessado. Eu era uma tragédia. Havia sido atropelada assim que estava chegando em casa, um motorista me fez o favor de parar e me socorrer enquanto aquele que me atropelou fugia. Eu ignorava as ligações de todo mundo, eram três da manhã e provavelmente Elena chegou em casa e não me encontrou. Porque que eu só me fodo?

Dá até vergonha de ligar para um vampiro e falar que fui atropelada. Com tanto monstro pra me matar, eu sou atingida por um carro. Provavelmente eles pensaram que eu fui sequestrada por um monstro, já que é isso que se espera de quem tem um pé no mundo sobrenatural.

Balancei a cabeça e tentei descer da cama, meu corpo inteiro doeu e convulsionou com o espasmo de dor. Reprimi um gemido e avancei, a porta foi aberta e o médico de sempre me olhou repreensivo.

– Só vai sair quando alguém vier te buscar. Precisamos de um numero para contato. - anotou algo em sua prancheta me olhando atentamente.

– Não lembro do numero de ninguém e o carro passou por cima do meu celular. - menti.

– Então vai ter que esperar alguém dar falta de você. - ele saiu do quarto e me trancou, sim, trancou a porta e quer saber?

Tô nem ai pra ele.

Caminhei até a janela, passei a minha perna boa e depois a perna ruim. Andei cambaleante em direção a minha casa me arrependendo amargamente, meu corpo pesava como o inferno. Olhei a tela do celular completamente destruída e o joguei no lixo, derrubei a lata sem querer e pisei em um gato achando que era uma sacola. Me arrastei para casa e abri a porta vendo treze pares de olhos se virarem para mim se arregalando ao notarem minha perna, meu corpo todo roxo e ralado e o cabelo bagunçado. Rotina gente.

– Coisas que só acontecem no natal. Oi gente. Tudo bem? - falei bem cara de pau.

– Voltou.

Suspirei batendo a porta e então a música natalina começou de novo. Abri a porta em um rompante e ela quase soltou dessa vez.

– Três horas da manhã. - desci a escada morrendo - Sai daqui moleque. - chutei ele com a perna engessada. Doeu para nós dois - Sai você também sua barata branca!

Apertei o cachecol da menina envolta do pescoço dela e voltei pra dentro de casa batendo a porta, sai me arrastando pela casa e derrubei meu cacto de natal, os vasos, pisei nas luzinhas quebrando todas e me sentei no sofá.

Olhei para todos na sala que me olhavam em choque. É. Eu estou de volta caralho.


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Notas finais do capítulo

Oi, oi!
Geente Feliz Natal! Como foi ai com vocês? Foi só eu que achei que estava tudo meio... estranho? Nem parecia natal.
Deu uma olhadinha naquele moreno lindo do lado da Care? Gravem o rosto dele, ele vai aparecer bastante por aqui :)
Pra causar discórdia é claro.
Sage e seu colapso momentâneo, que passou ainda bem! Não teremos crises existenciais... ainda.
Beijos!



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