Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 20
Como uma diva louca




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Olhei a florzinha da janela do meu quarto, eu havia arrancado meu gesso e estava curada graças ao bondoso Stefan. E agora estava aqui olhando para o nada, eu havia acabado de chegar do trabalho no pet shop e fedia a cachorro molhado, mas eu não sairia da janela enquanto o babaca não passasse. E ele passou chutando meu carro e minha caixa de correio como todos os dias. Saltei a janela do segundo andar e parei como uma pantera no jardim, a irritação era tão grande que nem senti a dor do impacto, apenas avancei pra cima do moleque e o empurrei, ele caiu do skate e eu o peguei na mesma hora.

Não esperei ele falar, bati com o skate nas costas dele e quase tive vergonha de bater em um moleque de dezesseis anos. Bati de novo e o skate quebrou, agarrei ele pela orelha e carreguei até a porta da casa dele.

– Agora todos os chutes que você deu na caixa do correio e no meu carro você vai dar na sua mãe. - ele me olhou assustado.

Não recuei. Bobão.

– Que? Você é doida? - arrumei a touca em minha cabeça.

– Sou sim seu merda. - gritei socando a porta da casa dele, mas ninguém atendeu.

Puxei o moleque e entrei na casa dele pela janela o puxando pela orelha, fui até a cozinha e abri a geladeira pegando a garrafa de cerveja. Joguei o líquido na cara dele e o resto na pia, deixei as garrafas vazias na mesa.

– Explica pro teu pai agora que você bebeu as cervejas dele. - bati a cabeça dele na bancada e o deixei desmaiado.

Sai da casa e quando chegava perto da minha vi Klaus, Damon, Elena, Stefan e Care me esperando do lado de fora.

– Resolvendo pendências amor? - Klaus entrou na casa e eu o olhei de cara feia.

– Eu? Conversando apenas.

– E precisava pular do segundo andar?

– Era urgente. - dei de ombros.

Damon riu e se jogou no meu sofá. Me sentei também ignorando meu cheiro de cachorro molhado, fiquei puta com o jeito que Caroline me encarava, como se eu tivesse cometido um crime grave.

– Eu estou pegando tudo o que sinto prendendo em uma gaiola, alimentando, dando vitamina e já me preparei para abrir as portas do inferno, então não me encha o saco. - pedi irritada e eles me olharam.

– Tudo bem Sage se acalma por favor. - Caroline pediu - Não seja tão sentimental, isso é assustador.

– O que quer aqui? - perguntei direto.

– Uma visita amor. - Klaus anunciou.

– Sei. - falei desconfiada.

Olhei ao redor e ajeitei as mangas da minha blusa.

Os cinco ficaram me olhando e eu suspirei e fui tomar banho, quando voltei estranhei ver Klaus tendo uma conversa amigável com Stefan. Dei de ombros e fui comer, abri a geladeira sorrindo e fechei a cara na hora ao ver que só tinha bolsa de sangue. Eu precisava de comida imediatamente.

Senti o cheiro dele antes mesmo dele se pronunciar, suas mãos seguraram minha cintura me mantendo imóvel e seus lábios encostaram em minha orelha.

– Fugindo de mim?

– Não. - meu coração acelerou e o corpo inteiro se arrepiou, isso não é normal.

Deve ser algum tipo de vodu.

Niklaus me virou e me analisou profundamente. Eu estava com minhas bochechas coradas, os olhos arregalados como se tivesse sido pega fazendo alguma travessura, o cabelo mais bagunçado que o normal e meu batom desbotado que manchou todo o meu rosto. Sabe-se lá o motivo.

– E qual o motivo para se afastar? Aliás devo te parabenizar por isso Sage, ninguém consegue me manter afastado só por vontade própria.

–Obrigada. -agradeci envaidecida.

Ele me encarou sério, coisa não muito comum e suspirou passando a mão pelo meu cabelo até chegar em meu pescoço.

– Eu preciso do seu sangue.

– Quando vou tirar então?.- procurei por Stefan, mas ele não estava mais lá.

– Não. Eu quero seu sangue agora, para mim.- Klaus ergueu minha cabeça e enterrou seu rosto em meu pescoço.

Senti a ponta de sua língua passar em minha pele fina, e então senti os dentes dele afundarem em meu pescoço. Ele puxou o ar com força quando o sangue jorrou, segurou minha nuca e senti sua língua passar sobre os dois furinhos quando ele retirou os dentes.

Cambaleei e encostei na geladeira tendo o cuidado de não derrubar nada. Falhei. O conjunto de facas despencou no chão próximo a meus pés.

– Partimos amanhã. - avisou me deixando na cozinha.

É fácil assim? Pega meu sangue e vira as costas? Híbrido babaca.

O segui e soquei suas costas sem nem saber o motivo, ele se virou para me segurar, mas eu já estava longe sentada no sofá entre Stefan e Damon.

– Eu posso saber o motivo da agressão? - abriu os braços

– Quis descontar a raiva em alguém já que não pude bater no menino.

– E eu fui o melhor alvo que você encontrou?

– Você está de pé. - dei de ombros e ele balançou a cabeça.

Comecei a me lembrar de algumas conversas que tive com ele a alguns meses atrás e a curiosidade me assolou de uma maneira incrível, me vi impaciente batendo os pés com os braços cruzados. Eu estava uma pilha de nervos e me questionei se o motivo não era uma animação excessiva para o início de um novo ano. Eu estava desesperada para me matricular na faculdade que provavelmente seria em outro estado já que não havia o curso que eu queria... Bem... Stefan vai dar um piti alá Salvatore.

– Todo sangue de duplicata é bom? - questionei.

– Tem o mesmo sabor. - oi?

– Niklaus não me ofenda. - repreendi e ele me olhou confuso.

– O que eu fiz?

– Me comparou a Katerina. - tudo igual? Como assim tudo igual?

– O que? Eu não disse nada Sage, você está alucinando. - se exaltou.

– Eu ouvi claramente quando você disse que eu me pareço com ela. Que sou igual a ela, a mesma coisa. - resmunguei mexendo as mãos e olhando para o chão.

Ele estava ficando irritado e embora eu não quisesse admitir antes... Eu adoro o irritar.

– Sage em momento algo eu disse isso, pare de inventar coisas. - agarrou meus ombros - Você não é Katerina.

– Diz isso agora, mas quando eu virar as costas vai ficar de fofoquinha dizendo que eu me pareço com aquela coisa, igual Stefan e Damon. Niklaus volta aqui agora! - ele subiu em direção ao meu quarto e eu o segui.

– Ele bebeu o sangue dela? - ouvi Stefan perguntar.

Entrei em meu quarto batendo a porta e vi o híbrido mexendo em meu closet olhando minhas roupas novas, ele franzia o cenho toda vez que pegava algumas de minhas roupas , mas não as jogava no chão como sempre fazia quando alguma lhe desagradava.

– Nik. - puxei a roupa das mãos dele - Deixa de ser bipolar.

–É o que? Sage você está me fazendo te odiar nesse momento. - ele fechou os olhos com força.

Abri um sorriso e me senti... feliz. Verdadeiramente feliz ao o quão irritado ele estava. Eu não sentia apenas a satisfação de sempre, eu estava feliz com ele. Na realidade eu estava era feliz com a raiva dele.

– Desculpe. - pedi risonha e ele abriu os olhos me olhando mais calmo.

– Desde quando usa roupas tão curtas? - questionou mexendo em minha saia.

– Desde quando ficou calor, você pode até não sentir, mas Mystic está um inferno de quente. - ajeitei o short que eu vestia.

– É eu não sinto. - comentou com descaso mexendo nas gavetas.

– Klaus para de mexer nas minhas coisas! - briguei com ele.

– Eu estou te conhecendo Sage! - riu - Isso é um short ou uma calcinha. - mexeu confuso.

– Você me conhece a dois meses. É o suficiente. É uma calcinha. - arranquei da mãos dele sem saber se me ofendia.

Klaus me encarou sério abrindo um sorriso pequeno, pegou uma blusa que Enzo me dera e a cheirou sentindo o perfume dele. Fez uma careta e a segurou conseguindo a guardar no bolso da jaqueta. EU NÃO ACREDITO NISSO. Me preparei para dar uma surra nele, mas paralisei quando ele me encarou intensamente.

– Nunca é suficiente quando se gosta de alguém. - Niklaus saiu fechando a porta e eu fiquei a encarando como uma babaca.

~°~

Olhei para Elijah segura de todas as coisas que eu dizia e mais segura ainda de suas intenções que ele nem fazia questão de esconder, Elijah estava se saindo um tremendo de um conquistador e eu me senti mal por não gostar dele se quer um pouquinho. Eu me sentia horrível com a situação.

Pigarreei e ele se aproximou de mim.

– Você melhor do que ninguém sabe que não quero o seu mal. Por isso eu vim te dizer isso. - Elijah se aproximou tocando minha bochecha - Não confie nele. Ele não está com boas intenções.

– O contrato... - olhei ao redor tentando escapar de seu olhar intenso.

– Ignore isso. Eu sei que é você quem vai sofrer com isso, Klaus só está pensando nele. - ajeitou a camisa.

– Stefan e Damon irão ficar felizes. Fora que é um jeito rápido de tentar fechar o portal, Anellise deve saber de muitas coisas Elijah.

– E você vai? É só o que eu quero saber. - sua mão pousou em meu ombro.

– Claro que sim. Se eles ficam felizes... eu também fico. Não há nada que eu não faço por nenhum deles.

– As consequências serão terríveis. Ele não te deu detalhe algum sobre isso?

– Não Elijah. Só falou que está procurando por ela. Não sei se ele sabe onde ela está. Achei que Anellise tinha morrido.

– Morreu. - franziu o cenho - Mas eu também acreditei que Katerina estava morta. Klaus deve saber de algo que não está nos contando. - mexeu em meu cabelo.

–Sim.

Elijah tocou novamente meu rosto me encarando intensamente, ele me empurrou contra a parede e ficou próximo de mim, arfei surpresa com o seu ato e mordi os lábios o olhando nervosa. Vai dar problema.

Eu estava sentindo em cada fibra do meu ser a tensão que emanava de nós. O ar parecia pesado e eu tinha vontade de correr de Elijah, ele estava me deixando tensa, estava me deixando com medo mesmo que eu não estivesse temendo por um ataque físico. Eu temia pelo meu psicológico. Elijah o destruía quase tanto quanto Klaus, eu simplesmente não pensava quando estava com ele. A diferença era que eu não estava apaixonada por Elijah, tenho certeza.

– Sei que não conversamos sobre isso, mas... Elijah.

– Eu sei o que vai dizer. - sua voz saiu dura - E eu vou ignorar.

– Eu não vou te enganar. Você sabe muito bem. Não... - seus lábios se aproximaram perigosamente dos meus - Não acho que seja justo, só vai piorar as coisas. Para nós dois. - murmurei - Principalmente para você.

– Eu não me importo. Eu vou me arrepender mais ainda se não fizer. - ele me encarou intensamente - Você pode não gostar de mim agora, mas eu tenho a eternidade pra te fazer pensar o contrario.

– Eu sim. Não te quero mal...

Senti seu hálito soprar em meus lábios. O celular dele tocou, ao invés de atender ele retirou o celular do bolso, desligou sem olhar para o aparelho e o lançou por cima do ombro.

Com uma rapidez invejável ele passou o braço por trás da minha cintura e me puxou com força para o seu peito me esmagando, seus lábios encontraram os meus com violência. Puxei seu cabelo de leve e a pressão em meus lábios diminuiu, mas a intensidade era mesma, ele aprofundou o beijo encostando sua língua na minha.

As mãos de Elijah passaram pelo meu quadril, uma delas parou em minha lombar e a outra se enfiou em meus cabelos os puxando levemente forçando minha cabeça tombar para trás , sua língua explorou cada canto da minha boca, então ele puxou meu cabelo levemente para a direita e trilhou um caminho de beijos da minha boca até meu pescoço. Senti seus lábios próximos a minha nuca e minha respiração se tornou ofegante quando uma nova onda de choques e tremores passou pelo meu corpo, ele passou a mão que estava em minhas costas para a frente do meu corpo tocando minha barriga me fazendo estremecer. Me empurrou até a parede e a mão que antes estava em minha nuca foi parar em meu busto ficando por ali tocando em cima do meu coração.

Elijah tornou a me beijar, seus lábios se moviam de forma erótica enquanto ele puxava meu lábio entre os seus, a mão se movia em meu busto sem chegar a baixar, era torturante.

Ele foi se afastando aos poucos diminuindo a intensidade do beijo e então ele parou completamente e se afastou alguns passos, ajeitou a camisa e passou as mãos pelo cabelo que estava terrivelmente bagunçado, mas de nada adiantou. Se rosto estava corado e ele sorria.

– Sage. - a voz de Klaus soou ao meu lado e eu me endireitei levando um susto, parece a porra de uma assombração - Já está quase na hora, vamos sair.

Seus olhos travaram me olhando. Elijah arrumou novamente a camisa dando um sorriso presunçoso que logo se transformou em malicioso, eu estava terrivelmente corada. Fica quieto Elijah, quieto por favor.

– Sage não esqueça o que eu disse na formatura. Se precisar, venha até mim. Eu estarei esperando. - piscou um olho e sorriu satisfeito - Não fique achando que eu já desisti de você.

Eu me sinto tão contraditória. Família maldita.

Os dois irmãos se encararam por breves segundos então Elijah desapareceu e toda a atenção de Klaus de voltou para mim. Ele tinha uma cara de descrença, surpresa, curiosidade, expectativa e confusão. Também pudera. Eu estava tremendo, meu corpo estava completamente febril, uma onda de choques percorria meu corpo inteiro, eu estava excitada e Klaus sentia isso devido ao olhar que me dava. Ele só não conseguia entender o motivo já que eu aparentemente não estava com nada fora do lugar e mesmo assim me amaldiçoei por deixar transparecer minhas emoções.

– Hum... - tentei desencostar da parede, mas minhas pernas estavam bambas.

Me abanei com a mão abrindo um sorriso malicioso na direção oposta a de Klaus. Eu acho que escolhi o irmão errado.

– Vamos? - perguntei com a voz rouca segurando uma risadinha.

Corei. Corei muito. Eu me sentia uma boba.

Eu deveria ouvir os conselhos de Elijah. Ele era um homem... inteligente.

Me virei para Klaus com o maior sorriso que um ser humano poderia dar. Ele estava visivelmente desconfortável e isso quase me fez rasgar a boca de tanto sorrir, meu Deus Elijah deve ser o deus do sexo. AAAAAAAAH me socorre.

– O que aconteceu aqui?

– Elijah me elogiou. - sorri para Klaus, meus olhos quase lacrimejavam - Eu gosto de elogios.

– Bem. Seja o que for que ele disse. Parece que fez bem. - me olhou desconfiado.

– Fez muito bem. - tentei pegar minha mochila, mas ele se virou a carregando para o carro.

Klaus podia ser um tremendo de um porre, mas pelo menos era cavalheiro.

– Cuidado com Elijah. - droga ele sabe, é obvio que percebeu - Eu espero não os pegar se beijando na minha frente Sage, eu te trancaria em uma cela para o resto da eternidade.

– Não acho que me machucaria. Muito pelo contrário. - sentei no banco do passageiro.

Estavamos no carro de Kol.

– Eu não aposto tanto nisso. - me olhou emburrado, ele parecia não querer acreditar - Cuidado Sage.

Klaus estava mais sério que o habitual, inclusive colocou um boné preto e estava prestes a colocar o óculos, mas o tirei de suas mãos.

– Não seja ciumento Nik. Você tem minha amizade. - coloquei o óculos em minha cabeça e ele ligou o carro.

– Não é isso que me preocupa.

– O que é então? Niklaus - fiquei séria - Eu já disse que gosto de você. Se algum dia você me quiser eu vou estar lá. Mas isso não significa que eu vou deixar de viver e conhecer pessoas por sua causa, eu posso estar loucamente apaixonada por você, mas eu não sei se um dia isso vai ter volta. Afinal você ama Caroline. - ele me olhou descrente, parecia aborrecido pela afirmação - Eu não estou mentindo. Eu pretendo continuar humana, e não vou passar o resto da minha vida te esperando sem saber se um dia você vai corresponder. Não se esqueça que eu não sou uma menininha boba, eu não sou como as mulheres convencionais. Se eu precisar usar a razão para ultrapassar sentimentos não retribuídos, eu vou usar sem volta. Eu não vou ser um fantoche de ninguém, eu também tenho o direito de ser feliz. - o olhei séria.

Ele me encarava sério absorvendo as palavras e eu me permiti esquecer o meu momento com Elijah.

– Está dizendo que se eu quisesse você agora... você deixaria tudo por mim? Mas se eu não quisesse, seria capaz de dar continuidade a sua vida sem mim? Mesmo que esmague o que sente por mim? - ele refletia.

– Sim. Eu não pretendo ter a eternidade para passar mil anos correndo atrás de quem não me quer. - falei baixo.

– Eu nunca disse que não queria. Você é minha amiga, a única na verdade. Eu gosto de você e você sabe disso. - meu coração deu um pulo - Não seja precipitada em suas escolhas Sage, seja mais paciente. Eu não sou uma pessoa que costuma iludir os outros e você me conhece bem. - estreitou os olhos - Pensei que seria mais difícil falar isso. - confessou parecendo perdido.

Eu o queria para mim, mas não seria feita de boba.

– Eu já te tenho em meu coração. Klaus.- confessei.

Era muito fácil falar disso com ele, acredito que seja por ela não forçar a situação entre nós. Eu deveria manter a cabeça no lugar, admitia que estava apaixonada por ele, mas paixão não é amor. Paixão acaba, mas o amor fica para sempre. É algo sem barreiras... eu o amo?

– Amor?

– Acho que... eu não sei. É algo mais. Eu daria a vida por você como por qualquer amigo, eu faria tudo por você.

Eu tinha um turbilhão de sentimentos referentes a Niklaus, milhares deles. Eu sabia que gostava de Niklaus, mas eu sempre fui muito fria em minhas escolhas. Eu sempre soube escolher aquilo que me faria melhor e assim continuaria sendo, ou deveria continuar sendo, eu estava abandonando a razão aos poucos. Eu não poderia enganar Elijah, nunca. E sei que o próprio sabe disso, eu não gostaria de infligir uma dor desnecessária. Se Klaus um dia me quisesse, seria muito cruel da minha parte deixar Elijah para ficar com ele. E eu faria isso se tivesse oportunidade, alguns sentimentos nunca morrem e eu saberia que ele sofreria ao me ter e me ver morrendo de amores pelo seu irmão que nunca se afastaria.

Eu não estou sendo coerente em relação a Klaus, não mesmo. Eu estou aos pés desse híbrido babaca. Frieza é a única coisa que não consigo sentir em relação a esse pedaço de lixo, um lixo lindo e cheiroso, sexy.

Sim. Eu ainda tinha muitas esperanças. Elijah poderia seguir sua vida em paz, eu nunca o incomodaria. Nunca o machucaria de verdade, ele não merecia isso.

– Então não acha que o que sente por mim é amor? - sua voz saiu seca.

– Me ajude a descobrir. - pisquei o olho e coloquei seus óculos tampando meus olhos - Afinal não é você o homem que ama Caroline?

– Sage eu gosto de você e Caroline não me ocupa mais a mente a um bom tempo, você tomou o lugar dela e sabe como eu encaro isso? Como um problema... se foi tão fácil Caroline sair da minha... O quão fácil vai ser você sair dela? Não me refiro a alguém pegar o seu lugar, pois não tem como... Isso põe a prova tudo que eu senti sobre Caroline, o que eu sentia se foi rápido... Isso pode mostrar que eu apenas gosto dela como uma amiga, o que vai ser se eu nunca puder te amar de verdade?

E fazia sentido, droga. Se Caroline foi trocada tão fácil... eu também não poderia ser? Afinal assim como eu, ele parece estar confuso sem saber o que é verdadeiramente amar. Qual o motivo para isso parecer ser tão mais complicado para nós do que para outros?

– Eu não sei.

– Você disse que não sabe se me ama.

– Sim. - senti um pouco de esperança

– Então nós vamos nos ajudar a descobrir. - entendi imediatamente o que ele quis dizer, ele estava com medo de se enganar, assim como eu.

Bem, parece que não somos tão diferentes afinal.

Abri um enorme sorriso me sentindo no ápice da felicidade. Então Klaus não havia desistido de mim? Estávamos os dois nos libertando de nossos demônios? Me pendurei no pescoço dele e dei um beijo no local me afastando, algumas coisas não precisavam serem escondidas.

Niklaus balançou a cabeça rindo e acelerou o carro correndo em direção a rodovia.

~°~

– Caroline você não é a minha mãe - botei as mãos nos quadris e os balancei como se ela estivesse na minha frente.

Só quero te ajudar.– bufei.

Eu estava parada no meio da padaria esperando Klaus, eu conversava com Caroline pelo celular fazendo caras e bocas como se ela estivesse na minha frente. Os funcionários me encaravam como se eu estivesse louca.

– O que foi fofoqueira? - briguei com uma vovó que me encarava descaradamente.

– Me desculpe. Minha noiva está nervosa com o casamento. - Klaus me puxou para fora.

Me deixa falar com ele. - Caroline gritou.

– Não. - decretei - Nik prometeu que sempre iriamos viajar sempre. E eu estava com vontade. É meio que uma recompensa pelas minhas doações. - me sentei no banco do passageiro.

Eu viajo com você. Não confio nele.

– Estou segura com ele. Você deveria relaxar Caroline. Se até Stefan confia, que o conhece a centenas de anos. Ele não vai me matar, até porque se fizer ele morre não é? - revirei os olhos com minha mentira.

Traga presentes. E bem... use uma lingerie sexy. - desliguei a ligação na cara dela.

Filha da puta.

Klaus riu e voltou a dirigir, tirei o boné de sua cabeça e coloquei na minha sentindo o cheiro doce do seu shampoo. Klaus era muito cheiroso.

– E como vai ser isso ai? Para recuperar essa garota? - peguei um docinho.

– Precisamos ir até o centro da cidade, em um bairro japonês. - pegou uma jujuba e fez careta.

– E porque eu tenho que ir? - abri um sorrisinho enquanto abria a janela.

– Eu só confio em você. Além de que você é muito observadora. Irá me ajudar muito.

– Entendo. Não sei serei muito útil.

– Entenda, talvez haja alguns lugares que eu não possa entrar, e você vai fazer isso por mim. Pessoas com quem eu não conseguirei falar. Então preciso de você. - bagunçou o cabelo.

– Ok senhor. Entendido. - acenei com a cabeça.

Ajeitei a saia jeans clara e fechei um pouco mais a jaqueta de Klaus que eu estava usando.

– Vai demorar muito?

– Mais uma hora. - acelerou - Talvez menos.

Encostei a cabeça no banco e olhei para o loiro que cantava junto com a rádio, entortei os lábios e ri discretamente olhando para fora.

– Ei. Olha ali querida. - apontou para o lado esquerdo.

O híbrido parou o carro e eu desci empolgada, o sol estava se pondo ao nosso lado direito então o esquerdo estava bem iluminado pela luz laranja. Subi no murinho e olhei para o campo colorido. Mais de quinze fileiras de flores diferentes de todos os tipos de cores enfeitavam o campo abaixo de nós, o céu sobre elas era uma mistura de roxo, azul, laranja e rosa que me deixaram admirada.

– Eu nunca vi algo tão lindo assim. -murmurei e ouvi um clique.

– Querida. - me virei com um sorriso enorme e o flash quase me cegou.

O olhei confusa.

– Viagem lembra?

Acenei que sim e ele subiu ao meu lado colocando um braço em minha cintura, esticou o outro braço e bateu a foto.

Evitei um tremor quando senti seu cheiro. Nos viramos de volta para o sol e observamos ele desaparecer no horizonte. Desci do murinho e fomos para o carro, bocejei e coloquei o cinto.

– Niklaus você já... - calei a boca.

Eu deveria ter ficado quieta. Merda, maldita curiosidade. Maldito Damon com suas histórias. Filho da puta.

– Eu já...

– Nada. - falei com a voz fina.

– Sage...- repreendeu.

– Participou de uma orgia? É bom como nos filmes? Dá mesmo pra dar atenção para todo mundo? - ele freou o carro de uma vez e eu bati a testa no painel.

Eu estava curiosa, e sei que toda família Mikaelson é meio fácil não é? Não que eu também não esteja sendo ultimamente.

– Com quem você anda tendo contato nos últimos dias Sage?

– Eu vi um filme. E fiquei curiosa, te juro que não fiz nada. Vai me responder? - menti.

– Não. - acelerou o carro e eu bufei.

Decidi mudar de assunto já que sabia que não teria tais respostas, era muito complicado fazer Niklaus se abrir. Perguntaria a Damon depois.

– Eu vou conhecer seus pais? - ele respirou fundo e se virou para me olhar.

– Sage... meus pais não são bons e você sabe disso. Eu pretendo te manter longe deles.

– Você disse que Mikael e Esther não costumam machucar humanos.

– Minha mãe machuca humanos. Meu pai não se importa tanto com isso Sage, não é como se matassem qualquer um que passasse por eles. Se você se meter no caminho mesmo que seja sem querer eles irão te matar ou fazer algo pior.

– Então eu nunca vou ter sogros normais? - ele engasgou com o vento.

Niklaus corou. O maldito corou. Engoli a risada e ele apertou minha coxa.

– Caso eles saiam, nunca deixe eles saberem que temos uma relação Sage. Jamais. Está me entendendo? - me olhou sério - Ou você irá ser a primeira a morrer.

– Não pode nem dar uma provocadinha Nik?

– Não Sage.

Encostei a cabeça no banco enquanto pensava. Como seria Esther? E Mikael? Dele eu já tinha medo só pelo nome, era praticamente o mesmo que o do meu pai, só mudava uma letra. Já mostrava que ele era tudo, menos um homem bom.

– Já estamos chegando. - avisou algum tempo depois.

– Uhum. - resmunguei sonolenta - É aquilo?

Apontei para um prédio enorme branco no meio da cidade, ele estava decorado com um bocado de placas coloridas.

– Exatamente. Não se afaste de mim. É muito grande.

Eu me afastar? De forma alguma, como irei conseguir dinheiro para comida depois?

– Eu não quero dar muitas voltas Klaus. Olha o tamanho desse salto que Rebekah colocou na mochila. - apontei para meu pé mostrando o salto agulha.

– Não daremos muitas voltas. Só fique perto de mim tudo bem amor?

– Que seja. - dei de ombros.

– E Sage por favor, seja o mais discreta possível, não queremos chamar atenção. - me olhou de cima a baixo - Mais do que já vamos chamar.

– Pare de olhar minhas pernas. - reclamei incomodada, ele fixou tanto o olhar que provavelmente enxergava até minha segunda pele e os pelinhos que se preparavam para crescer.

Klaus revirou os olhos e riu.

– Não reclama quando eu toco nelas. - grunhi irritada com a audácia.

Devolvi sua jaqueta reparando que a noite estava bem fria, eu nem sei se ele sente frio. Eu já estava quase nua já que me disseram, Bekah vadia, que essa cidade era bem quente. Talvez para ela que é uma vampira, mas para mim não.

Descemos do carro e eu corri para o lado de Klaus quase quebrando uma perna, assim que entramos no prédio levei um susto. Ele era muito claro, impecavelmente limpo, cheio de lojas e o pior... ele parecia um labirinto lotado de pessoas. As pessoas se arrastavam por não conseguirem dar um único passo, era praticamente impossível andar por aquele lugar.

Agarrei a mão do híbrido e ele entrou na multidão. Os saltos pelo menos serviam para alguma coisa, pisei em um bocado de pés abrindo caminho e bufei irritada quando quase me lançaram para trás. Encostou. Senti! De novo! Me irritei.

– Klaus estão se esfregando em mim. Joga esse povo longe. - reclamei quando um japonesinho apertou minha bunda.

Ele bufou e me puxou com força arremessando todo mundo que aparecia na sua frente para longe. Discrição não era seu forte. Paramos de frente para uma loja bem escura cheia de coisas japonesas, olhei para dentro vendo o quão bizarro era aquele lugar. Dei uma olhadinha discreta ao redor reparando que as pessoas desapareciam rapidamente do prédio a medida que escurecia. Logo estaria completamente vazio, me assustei quando um grupo passou correndo por mim quase me levando ao chão e olhei de forma interrogativa para Niklaus que apenas lançou um olhar mortal ao grupo e mostrou seus olhos amarelos os fazendo sumir em poucos segundos.

Niklaus enlouqueceu? Ele é doido? Céus, tenho certeza que vou sair dessa maldita viagem com uma dor de cabeça inimaginável. O híbrido parece não querer colaborar muito comigo.

– Nik enlouqueceu? Para de se expor. - briguei com ele.

– Sage todo mundo aqui sabe o que eu sou, e não existe só eu aqui dentro. Por que acha que eles correram agora que ficou de noite?

Oi?

– Tem mais vampiros? - percebi que as pessoas corriam dando olhares rápidos em direção a ele esperando o loiro pular em seus pescoços.

– Aqui está lotado de bruxos e superticiosos, e isso atrai mais ainda a atenção de outros vampiros. Temos que ser rápidos, tem mais gente procurando pelo amuleto.

– Ok chefe. Entendi.

– Preciso do amuleto de Ibis. - sussurrou - Mas não posso entrar na loja. O batente é muito antigo, e da casa de uma bruxa. - segurou meu rosto - Precisa entrar lá querida. Pegue para mim, seja discreta.

Resumindo. Roube.

Ah. Andei radiante até a loja, inclusive meus olhos marejaram cheios de emoção. Minha primeira MISSÃO, abri a porta com tanta força que o vidro se desfez em vários pedacinhos. Me joguei para o lado e olhei para o atendente que olhava curiosamente para mim, dei uma risada sem graça.

– Que vândalos, acreditam que chutaram a sua porta? Um absurdo isso. - coloquei as mãos nos quadris exatamente como minha mãe fazia quando dava alguma merda - Esses adolescentes de hoje em dia...

Neguei com a cabeça e vi Klaus fazendo o mesmo atrás de mim.

Entrei divando, quebrando tudo, derrubando tudo. Bem... parece que eu não faço nada direito.


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Notas finais do capítulo

Ei, ei! Eu sei, a Sage está louca e muito pior que antes, isso é um preparo para o estrago que está por vir. Então sim, ela vai enlouquecer muito e sim ela vai trazer muitos problemas com ela.
Nik e Sage irão sair muito nessas pequenas missões e vão notar que a personagem vai parecer muito confusa inclusive a ponto de dar nós em nossa cabeça. Isso é completamente proposital, é para terem uma ideia do quanto ela e Klaus estão completamente confusos apesar de já saberem o que querem! Nenhum dos dois quer se entregar ao azar.
Beijos!



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