No início só havia a escuridão, e então de repente eu estava em casa, no meu quarto, na minha cama.
Tudo estava preenchido por um cheiro amadeirado que eu não conhecia mas que minha mente traduziu com sendo de sândalo.

Estou confuso.

Ouvi um barulho vindo da parte de baixo da casa. Eram como crianças sorrindo e correndo pela casa.

Meus sobrinhos estão aqui? Mas como?

Saí da cama, e a tontura que esperava não veio. Eu me sentia bem. Perfeitamente bem, pra dizer a verdade. Desci as escadas, e encontrei a casa vazia, se meus sobrinhos tivessem aqui, então a casa estaria cheia. Uma voz suave falava na cozinha.

– Crianças por favor, fiquem quietinhos. Assim vocês vão acordar o papai e ele precisa dormir que chegou tarde do show ontem. Por favor meus amores.

Fui atraído até o umbral da cozinha e fiquei ali parado olhando a cena surpreendente na minha frente. Duas crianças sentavam na mesa. Um menino e uma menina. O menino era uma cópia fiel da criança que eu tinha sido e a menina era morena clara com cabelos ondulados e castanhos. Covinhas marcavam os dois rostos e a menina tinha fartos olhos entre o verde e o azul. Eles pareciam não me ver.

E o mais surpreendente, uma garota na beira do fogão. Ela era morena, tinha os cabelos como os da menina, pés pequenos e curvas suaves que meu corpo me disse serem muito boas pra abraçar e pra… outras coisas.Me surpreendi.

Eu fiz amor com ela? Mas ela me parece uma completa estranha…

Ela se virou e ao me ver abriu um sorriso radiante.

– Bom dia meu amor. Eu tentei evitar que eles te acordassem, mas…- ela me deu um sorrisodem tom de desculpas.

Beijei-a num gesto que parecia natural ao meu corpo mas que eu não controlei. Olhei no rosto da desconhecida, procurando ver algo, mas tudo era nebuloso. A única coisa que podia ver eram lindos olhos verdes, olhos da cor do mar do Hawaii em momentos de calmaria."