A semana se passou, e nada de interessante acontecera. Sr. Teener ainda estava ausente, e o motivo disto ainda era segredo. A professora substituta, sra. Macllian, continuava com seu estranho modo de ensinar. Anna já estava com as pernas cansadas de tanto abrir e fechar nos polichinelos que a professora passava. Quanto as outras aulas, sua primeira aula prática fora de Controle da Terra. O professor Dippet fez a pequena rosa vermelha de Afrodite crescer e se tornar uma rosa vermelha gigante.

— Agora, alunos, quero ver vocês usarem a magia. Exige-se muita concentração. Quero que foquem em seu objetivo. Não pensem em outra coisa, apenas em fazerem a pequena planta que pegaram semana passada crescer. Aquele que conseguir estará livre da lição de casa.

Anna tentou uma vez; não conseguiu. Tentou mais uma; não conseguiu de novo. Tentou mais uma; nada acontecera.
Olhou ao redor; ninguém havia conseguido. Exeto Melissa. Seu girassol cresceu cinco centimetros. James fazia força, mas sua planta continuava igual. Luke nem estava tentando, apenas observava Afrodite tentar fazer sua rosa vermelha gigante voltar ao tamanho inicial.

— Meus parabéns, srt. Roth! Cinco centimetros é um grande passo para uma iniciante. Esperava dois no máximo!- ele a parabenizou, deixando-a corada.
— Obrigada, senhor. Mas não precisa me deixar sem lição, sério. Eu gosto de fazer.- ela disse. James a olhou como se fosse maluca, mas Melissa apenas o ignorou.
— Gostaria que seguissem o exemplo de sua colega. Se esforçem mais. As teorias são moleza comparado com o uso da magia. Já aconteceu algum incidente estranho envolvendo Os Quatro Elementos com vocês, é claro. Já utilizaram a magia, mas nunca a controlaram. É isso que quero que aprendam. E é preciso esforço e dedicação, muito mais do que prática. Não é fácil, não é algo que vão aprender com a experiência. É algo que vão aprender apenas dando tudo de si.- ele falou. - E relaxados despreocupados também não passam- ele completou, olhando para Luke, que admirava Afrodite usando seu curto shorts branco.

O sinal bateu, e Melissa e James discutiam no caminho.
— Você poderia não ter tido lição! É tão mais fácil! As vezes acho que você tem problemas!- ele reclamou. Estava indignado por Melissa ter recusado não ter lição de casa.
— James, não é só porque você é relaxado e preguiçoso que eu também vou ser. Preciso e quero ter nota para passar.- ela se defendeu.
— Então, agora é o almoço? Estou com fome, e não quero ter que pegar as batatas fritas murchas que eles servem.- Anna perguntou.
— Batatas fritas murchas? Essa é nova. Só conhecia o ketchup com gosto de remédio e suco de laranja quente. O que será amanhã, macarrão duro?- James brincou.
— Comida é boa, mas é muita gente que vai comer, e se chegarmos atrasados não sobra comida gostosa.- Anna explicou, fazendo voz de garotinha inocente.
James e Melissa riram, mas Anna não achou graça nenhuma no que dissera.

XX

O dia seguinte era um sábado, e Anna estava disposta passá-lo de forma mais interessante. Em seu primeiro fim de semana na escola, passou fazendo lição e, quando terminou, apenas andou com Melissa e James no pátio da escola.
Devia haver algo interessante para se fazer lá.

Decidiu, por fim, ficar na biblioteca. Em sua antiga escola, na biblioteca era comum encontrar jogos de quebra-cabeça. Anna jogava-os com frequencia, apesar de nunca ter ninguém para jogar com ela.

Chamara James e Melissa para procurarem algo.
— Biblioteca, de novo? Anna, você realmente não desiste.- Melissa suspirou.
— Colabora, Mel.- Anna provocou.
— Obrigada pela oferta, Annabelle.- Melissa continuou a provocação.- Mas estou bem aqui.- continuou.
James, que estava calado, disse:
— Ei, ouvi falar em um esporte da escola chamado Galtere. Queria saber um pouco mais sobre ele. Topam?
Anna pensou um pouco. Em sua antiga escola, esportes eram algo peculiar. Jamais passavam a bola para ela, por falta de confiança, talvez. Nunca soubera o real motivo. Não era péssima, o que realmente faltava era a oportunidade de jogar. Em grande parte das vezes, apenas olhava os outros jogarem.
— Não sei. Não sou fã de esportes.- falou.
— Eu adoro. Se tinha algo em que eu era boa em minha antiga escola eram esportes. Sou ótima na corrida.- Melissa explicou. Ela era alta, talvez por isso fosse boa.
— Mas isso não é uma escola normal. Provavelmente o esporte daqui é algo totalmente novo.- James retrucou.
Uma rara sensação de impulso surgiu no peito de Anna.
— Quer saber? Não custa nada tentar.- anunciou, decidida.

Caminharam em direção ao campo, mas não continuaram. Viram sr. Teener entrar na escola, e Anna, curiosa para saber por onde o professor andara, foi até ele.
— Esperem por mim.- anunciou a James e Melissa.

Anna correu em sua direção.
— Sr. Teener, onde esteve?- perguntou. Lembrou-se de quando seu professor de história faltou um mês inteiro nas aulas, e para dizer aos alunos onde esteve, era preciso ser bajulado. - As aulas tem sudo muito chatas com a professora substituta.- completou.
— Estive em uma viajem que a escola mandou.- respondeu ele, secamente.
— Tem algo haver com a aluna desaparecida? Karoline Fulxy?
Sr. Teener a encarou.
— Você sabe mais do que deveria, menina. Afaste-se destes assuntos. Não são relevantes para uma garota de 13 anos.
— São relevantes para mim. Eu gostaria de saber mais sobre os Exedentes e sobre a guerra que houve em 1985.- desafiou ela.
Ele suspirou fundo.
— Saia.- ordenou.
Anna não respondeu.
— Saia.- ordenou novamente.
Reconhecendo seus limites, Anna saiu de perto, mas continuou a encarar o professor. Com seus ouvidos apurados, ouvira sr. Teener murmurar algo sobre Anna ser um desafio. Satisfeita consigo mesma, voltou para James e Melissa.

Anna contou a eles o que aconteceu em seu quarto.
— Anna, você tá pedindo para ser expulsa.- James falou.
— Não estou não. Só quero saber mais sobre o desaparecimento da garota e a inimizade entre Exedentes e Ascendentes. Os dois acontecimentos estão ligados. Dá para ver. Até um cego notaria.
— Bem, então nós estamos piores que um cego. Anna, não deve se preocupar com isso. O ano mal começou e você já quer arrumar confusão!- disse Melissa.
— Quer saber? Vou atrás dessa menina sozinha!- anunciou, levantando-se da cama. - Começo hoje. Não preciso de vocês. Posso muito bem fazer isto sozinha!- falou, decidida. Apesar de saber que seria mais complicado fazer isso sem qualquer tipo de apoio, seu orgulho falou mais alto.
— Quê! Ficou maluca!- exclamou James.
— Tá bem. Vamos, James. Vamos fazer algo que não seja louco e perigoso. Anna nos levará para o mal caminho.- disse Melissa, puxando o pulso de James.
— Qual é a facinação que vocês tem pelo meu pulso?- brincou.
— Nenhuma.- Melissa respondeu, fechando a porta.

XX

Ao anoitecer, Anna foi ao refeitório e pegou um pão, um pedaço de queijo, uma fatia de tomate e uma fatia de calabresa e fez um sanduiche.(N/A Não, não. Fez um bolo.) Pegou uma banana, uma maçã, um pedaço de chocolate e uma garrafa de água. Colocou tudo em uma sacola e partiu para fora do refeitório.

Ao por os pés para fora, sentira que estava caminhando sem rumo. Não sabia onde procurar a garota. Não sabia se ela estava dentro ou fora da escola.
Não sabia nem se estava viva.
Mas mesmo assim, continuou a andar. No meio de tanta incerteza, ao menos algo ela sabia. Precisava que alguém fosse com ela. Por mais que fosse o tipo de pessoa que estava acostumada a fazer as coisas sozinha, como trabalhos escolares e excursões, nunca andara a noite em um lugar que mal conhecia sem ninguém para acompanhá-la. Aquele garoto loiro, qual era seu nome? Will. É, talvez devesse procurá-lo, afinal, ele também parecia estar interessado na localização da garota.
Correra até seu quarto, lembrava-se de seu número. Bateu a mão na porta e esperou alguém atender.
Alex abriu a porta.
— Onde Will está?- Anna perguntou, objetivamente.
— Por que está procurando por ele?- Alex perguntou também.
— Perguntei primeiro.- respondeu Anna.
— Will! Aquela garota ruiva tá querendo falar contigo!- chamou Alex.
Will apareceu, vestindo um pijama preto.

— O que você quer?- ele perguntou.
— Eu quero ir atrás da menina desaparecida. Sei que você está interessado em descobrir onde ela está.- disse Anna.
— Eu já estou de pijama.- ele respondeu.
— Troque.- Anna estranhamente ordenou.
— Eu nem te conheço!- ele falou.
— Conhece. Não direito, mas conhece. E eu sei que você quer.
— Eu quero é ir dormir.- ele falou, virando-se. - E você deveria ir dormir também. Essa menina deve estar morta.
— E eu tenho um palpite de quem a matou. Ou de quem a sequestrou.- ela anunciou. - Mas você claramente não está interessado em descobrir. Então partirei em uma jornada louca e perigosa para solucionar este mistério sozinha. Já que você não está interessado.- chantageou.
Will voltou para a porta.
— Me espere; vou trocar de roupa.- anunciou. Anna deu um sorriso maldoso para Alex.

Will voltou, usando uma roupa completamente preta.
— Vamos?- Anna perguntou.
Ele fez um sinal positivo com a cabeça.

XX

Saíram do prédio principal pela porta dos fundos, escondidos.
— Faça fogo, para iluminar o caminho.- Anna pediu.
Will estendeu a palma da mão, e uma faísca saiu.
— Então, tem alguma ideia de onde devemos ir?- perguntou Will.
— Não.- respondeu. - Mas devemos entrar nos aposentos da escola. Na sala do diretor, checar os registros.- completou.
— Ficou doida? Como espera que entremos lá?
— Confie em mim.- ela disse.

Anna e Will foram até o prédio escolar, que estava trancado.
— Ótimo!- exclamou Will, com ironia.
Anna tirou uma prisilia de cabelo do seu bolto e enfiara na fechadura da porta.
Destrancou-se.
— Nossa. Você é esperta.- disse Will.
— Não duvide de minha capacidade. Escola com proteção máxima, sei. Uma prisilia te cabelo abre isto.
Anna abriu a porta e entrou com Will, que ainda iluminava o caminho com a faísca em sua mão.
Foram até a escada e subiram.
— Sabe onde fica a sala do diretor?- Anna perguntou.
— Não. Sou um bom aluno. Mas Alex sabe o caminho de cor.- respondeu.
Anna olhou para baixo.
— Não tem ideia mesmo?
— Tenho. Já o ajudei milhares de vezes.
— Então diz onde fica.
— Siga-me- ele pediu.
Anna assentiu com a cabeça.

Ele a conduziu até o elevador.
A porta abriu, e Will apertou o número '30'.
"Trinta andares?" Anna perguntou, surpresa.
"Sim. Trinta. Há varios quartos e escritórios nos outros andares. É um verdadeiro labirinto. Fez bem em ter me chamado para ir junto." Will respondeu.
Anna olhou para ele.
"Na verdade, eu poderia ter vindo aqui com meus amigos. James e Melissa.
"E por que não veio?
"Não quiseram vir." Anna respondeu sem graça.
Ficaram em silêncio.

XX

A porta do elevador abriu-se. Will levou Anna até a sala do diretor.
Ao chegarem lá, Will acendeu a luz, apagando a faísca que saia de sua mão. Deu um discreto suspiro de alívio, mas que Anna não deixara de ouvir.
Ela estranhou o fato de a sala não estar trancada. Porém, ignorou esse pensamento, e abriu as gavetas.
Letra K, registros. Em uma pasta azul, havia todos os dados precisos.
— Will, acho que encontrei algo!- chamou.
Ele foi até seu lado.
— Tente não bagunçar as coisas.- pediu.
— Que foi? Acha que sou desorganizada?
Ele não respondeu.

Kaitlyn Jenners;
Kari Lyans;
Karl Daves;
Karoline Fulxy;

— Encontrei. Registros dela.- sussurou. Mais para ela mesma do que para Will, apesar de saber que ele escutara.

Karoline Fulxy: Desaparecida desde o dia 03/03/2011.
Equipe profissional á sua procura.
Jonathan Teener, Marcus Soyer e Elizabeth Joun, professores da Supreme Academy, a sua procura.

— Bem, descobrimos o motivo desses três professores estarem ausentes. Apenas.- disse Will
Anna fez um sinal negativo com a cabeça.
— Vou fazer cinco cópias. Uma para mim, uma para você, uma para Melissa e uma para James. Vamos ler e descobrir quem está por trás disso.- Anna explicou.
O processo de xerox fora um pouco demorado. Levou cerca de 25 minutos para tirar cópia.
Enquanto isso, tentou puxar algum assunto com Will.
— Então, você me disse que é bom aluno. Acho que entrar escondido na sala do diretor a noite e tirar a cópia de um registro de uma aluna não é ser exatamente um bom aluno.- brincou.
— Sou um bom aluno, mas tenho algo chamado curiosidade mórbida.- falou.
— Tenho isso também. Sei como é.- Anna tentava não ficar sem assunto. Era terrivelmente chato esperar em silêncio por algo tão demorado, ainda mais na presença de alguém. - Quase fui mandada embora da sala no primeiro dia de aula por conta dela.
— Exedentes?- ele perguntou.
Anna fez sinal positivo com a cabeça.
— Nem eu sei o que eles são direito. Só que já houve uma guerra por conta deles.- disse Will.
— E é justamente isso que quero descobrir.

Logo após a copia ser tirada, Anna e Will, que já voltara a iluminar o caminho com uma pequena faísca, voltaram silenciosamente para o elevador, sem nenhuma conversa.
Voltaram para o prédio principal, que Anna novamente destrancou com sua prisilia de cabelo.
— Hey, Will.- disse Anna, quando chegou a porta de seu quarto. - Valeu por ter ido comigo.
— Denada. Vai fazer isso mais vezes?- perguntou.
— Bem, sim. Mas irei evoluir a cada vez. Todo final de semana, começando sexta a noite. Está interessado?
— É arriscado. Mas, sim. Estou interessado.- respondeu.
— Ótimo. Irei tentar convencer James e Melissa a nos acompanharem.
— Okay. Boa noite, então.- ele disse.
— Boa noite.- Anna respondeu.

Viu Will voltar para seu quarto, e então abriu sua porta.
Eve estava dormindo, mas o quarto estava uma bagunça.
Haviam lencóis e cobertores jogados no chão, e seu travesseiro estava em cima do armário. Sua cama estava próxima a de Eve.
'O que houve aqui? Como irei dormir nesta bagunça?!' pensou Anna.
Ela puxou sua cama, da forma mais silenciosa possível, juntou seu corbertor e fez um dos piores travesseiros que já vira.
Mas ainda assim, era um travesseiro.
Fechou os olhos para tentar dormir. Mas sua cabeça não parava de funcionar.
O que raios acontecera em seu quarto?
Isso, só poderia descobrir no dia seguinte.