Haviam se passado 2 meses desde que as aulas na Supreme Academy tinham começado. Karoliny Fulxy continuava desaparecida. Por sorte, mais nenhum aluno desapareceu também.
As provas começariam em uma semana, e Anna estava extremamente preocupada com todas as matérias, praticamente. Elas seriam divididas em duas partes: Teórica, que é escrita, e Prática, em que ela tinha que realizar a magia de forma exemplar para passar. Depois, as duas notas eram somadas e divididas por dois, e era somado os pontos de comportamento em sala de aula e lição de casa.
A única matéria que estava mais relaxada Aula de Controle da Água. Pelo menos na parte prática, ela sabia que iria passar, mesmo que raspando. Melissa passava o dia na biblioteca lendo, e treinava diariamente no quarto de Anna durante uma hora e meia. Já James prefiria apenas prestar atenção nas aulas e revisar a matéria na véspera. Já na parte prática, dizia que confiaria sua nota á sorte.
— Outra matéria que acho complicada é Ascendência. Já odiava história na escola, imagine aqui.- comentou uma amiga do terceiro ano de Eve.
— Pelo menos o professor é gatinho. Já o de Controle do Fogo me dá medo.- disse outra.
— Ele dá medo em todo mundo.- respondeu Eve. Todas concordaram, inclusive Anna. Se perguntou de Will, um garoto que parecia ser um aluno exemplar, estava nervoso também. Provavelmente sim.
Anna foi até a biblioteca; combinara em encontrar James e Melissa lá para estudar Controle do Fogo. No caminho, passou por Will. Não falava com ele desde que saíra as escondidas com o garoto. Ele estava sentado em um banco no corredor, lendo um livro. Uma súbita vontade fez Anna querer falar com ele.
— Oi.- disse gentilmente.- Lembra de mim?
— Sim - respondeu, sem tirar os olhos do livro.
— Estudando?
— Sim.
"É claro que ele está estudando, sua idiota!" pensou Anna.
— Pode me ajudar em uma matéria?- ela pediu. Não que precisasse da ajuda dele. Precisava da ajuda de alguém que conhecesse a matéria. Que bobagem foi essa que pediu?!
— Claro. Em que matéria?- parecia interessado. Até desgrudou a cara do livro.
— Ascendência e Controle do Fogo.- respondeu.
"Isso são duas, sua tonta!" pensou de novo.
— Ah, são fáceis!- exclamou.
— Claro. Você é inteligente.- Anna se sentou ao seu lado.
— Não sou inteligente.- explicou. - Só sou esforçado.
— Deve tirar só nota máxima.
— Eu tento.
— Eu tento passar. Agora, se é com 6,00 ou com 10,00, já é outra história.
— Passar raspando é o fim do mundo.
— Não é.
— Passar com 8,5 é pouco.
— Você se cobra muito.
— Não me cobro.
Anna ficou quieta.
— Bem, beleza. Eu te ajudo com essas matérias. Mas vou querer algo em troca.
Anna revirou os olhos.
— Tava bom demais para ser verdade. O que quer que eu faça?
Will apontou para uma menina de cabelos castanhos curtos conversando com alguns amigos.
— Tá vendo aquela menina? Então, o nome dela é Kristen. Ela é da minha sala, a gente senta um perto do outro na maioria das aulas. Tô afim dela já tem um tempo, mas não tenho coragem de chamá-la para sair. Sabe, comer juntos ou passear pelo pátio. Quero que você a convença a sair comigo.- ele pediu. Anna não acreditou nas palavras que ouviu.
— Sai fora! Eu nem conheço ela. E outra: você gosta dela, então você que a chame. Não sou sua casamenteira!- falou brava, se levantando.
— E eu não sou seu professor!- ele se defendeu.
— Ótimo!
— Ótimo!
— Tá!
— Tá!
— Para de repitir o que eu falo!
— Eu não tô repetindo!
— Tá sim!
— Não tô!- ele se levantou. Ele e Anna ficaram cara a cara. Era uma discussão ridícula; ela sabia.
— Eu nem preciso de ajuda!- mentiu ela. Claro que precisava.
— Não ia te ajudar mesmo!- disse Will.
Anna simplesmente virou as costas e foi até a biblioteca, como havia prometido. Tentou não fazê-lo, mas olhou para trás e ficou satisfeita em ver Will ainda de pé olhando para ela. Até que ele era bonito. Era bem alto, nem parecia ter 14 anos. Era loiro e tinha os olhos azuis, bem bonitos. Mais do que os de James. Não precisaria fazer muito esforço para convencer uma garota a sair com ele, levando em conta a aparência. Não que Anna pensasse muito nisso, mas reparou na grande diversidade de pessoas naquela escola. Haviam brancos, negros, descendentes de japoneses, entre outros. Will parecia ser inglês, pelo menos agia como um.
Ela abriu a porta da biblioteca, mas estava vazia. Talvez tivesse perdido mais tempo conversando com Will que eles já tinham ido embora. Entrou para ver se tinha alguém, mas não. Estava realmente vazia. De repente, a luz apagou e ficou tudo escuro. Anna tentou abrir a porta, mas estava trancada.
"Droga. Estou presa nesse bendito lugar." pensou. Bateu na porta várias vezes, pedindo para alguém abrir. Ouviu um barulho estranho vindo das janelas, e já soube o que estava prestes a acontecer. Ouviu também passos pesados.
"Ferrou." pensou. "Senhor, não me deixe morrer!" correu para trás de uma prateleira, silênciosamente. A solução era esperar tudo acabar. Seu coração batia rápido e sua respiração acelerou.
E o pior é que acabou mais rápido do que imaginava. Na verdade, nem durou. Os passos chegaram até perto da porta, mas lá pararam. Era como se o dono dos passos tivesse desaparecido.
Anna foi até a porta, continuou a pedir para alguém abri-la. Viu então James passando, fez uma careta para chamar sua atenção. O mesmo fez cara de quem não estava entendendo nada, mas mesmo assim abriu a porta.
— Por que tava lá dentro?- perguntou ele, curioso.
— Fui encontrar vocês, mas não estavam lá.- explicou.
— E por que estariamos?
— Porque combinamos?- respondeu em um tom de pergunta.
— Não, não combinamos nada. Melissa e eu nem nos vimos hoje. E por que tava tudo escuro?
— Claro que combinamos! De estudar juntos!
— Anna, tá tudo bem? A gente não combinou nada. E por que tava tudo escuro aí?- perguntou denovo
Anna saiu da frente do amigo, bufando. Tudo estava estranho.

Voltou para o quarto e se jogou na cama. Primeiro encontrava a biblioteca vazia, entra nela e as luzes apagam. Então fica trancada no lugar e ouve passos se aproximando, que param na porta. E James age como se não tivessem combinado absolutamente nada! O pior de tudo era o fato da porta estar trancada pelo lado dentro, mas aberta pelo de fora!

Enquanto refletia sobre isso, Eve entrou desesperada no quarto.
— O que houve?- Anna perguntou se sentando.
— Encontraram o corpo de um garoto morto.- falou rapidamente.
O queixo de Anna caiu.
— De quem? De qual ano? Onde?- bombardeu de perguntas.
— Um garoto do segundo ano. Não sei o nome. Foi no quarto dele. O companheiro quarto o encontrou coberto de sangue na cama. Chamou imediatamente um professor.- explicou.
— Do segundo ano?- perguntou Anna. - Como ele era?
— Não deixaram ver o corpo. Mas se deixassem, nunca mais dormiria na vida! Mandaram irmos imediatamente para nossos quartos, os professores resolveriam esse problema sozinhos.
Anna respirou fundo. E se fosse Will? O pior era que já tinha uma ideia de quem poderia ter o matado.
Explicou para Eve o que aconteceu na biblioteca.
Ela a olhou com os olhos arregalados.
— Não, Anna. Isso é impossível.
— Eve, estou falando a verdade. Tem algo muito estranho acontecendo.
— Não se meta em encrenca. De verdade. Isso vai pegar mal para você.- alertou Eve.
"Ótimo! Mais uma para achar que estou ficando louca!" pensou. Mas uma preocupação realmente veio a tona. O garoto morto e menina sumida tinham tudo a ver. Anna tinha certeza. Algum Exedente invadiu a escola pela biblioteca, estando invisível e conseguiu matar o garoto. Precisava compartilhar essa informação com alguém. Urgentemente. Mas se falasse para James, ele teria mais certeza de que Anna estava enlouquecendo. Melissa diria para não se meter. Will diria a mesma coisa.
Supreme Academy estava caminhando para o desespero e Anna não podia se meter; devia ficar quetinha.