Anna acordou de repente. No exato momento em que abriu os olhos, viu que ainda estava escuro. Obvio, devia ter dormido o suficiente para alguém que havia acordado a menos de duas horas. Olhou para Eve, que ainda estava dormindo. Anna se levantou, e foi até a janela. Viu que o céu estava cheíssimo de estrelas. E a lua estava cheia. Teria ficado apreciando a vista o tempo que pudesse, mas não o fez. Ouviu um barulho estranho vindo do lado de fora de seu quarto. Como se fossem vozes. Ela prestou atenção, mas tudo não passou de sussuros.
Ouviu algumas palavras, como inteligência, ansiosos e felizes. Mas não faziam o menor sentido. Pensara que não se passassem de alunos fora da cama. Pensou também o que acontecria se fossem apanhados. Detenção, provavelmente. Já ficara de detenção em sua antiga escola. Ficou a manhã de sábado lá, ajudando a limparem a escola. Anna ficou mais atenta aos sussoros ao ouvir o nome da aluna desaparecida. Com certeza eram alunos fofocando sobre ela. A questão era, por que no corredor? Anna resolveu deixar de lado; afinal, não queria se meter em encrenca. Mas não conseguria dormir, de qualquer jeito. Pegou a chave do quarto e abriu a porta.

— Olá?- ela perguntou.- Que estão fazendo a esse horário?
Haviam dois garotos. Um deles era o mesmo que Anna conheceu no caminho da escola. Outro ela nunca vira na vida.
— Que você está fazendo?- perguntou o que Anna conhecia.
— Acordei mais cedo. Ouvi vozes e fiquei curiosa.- ela explicou. Nesse exato momento, percebeu que, se a curiosidade matasse, ela já estaria morta há muito tempo.
— Bem, volte para seu quarto. Você é muito pequena para saber de certas coisas.- disse o outro.
— Estão falando sobre Karoline Fulxy, não estão? A garota que desapareceu.
Os meninos reprimiram um uma exclamação de surpresa.
— É melhor voltar para seu quarto.- sugeriu o que Anna conhecia.
— Qual é seu nome?- Anna perguntou.
— Meu nome é Will. Este é Alex. Estamos no segundo ano.- explicou o que Anna conhecera no caminho.
— Sou Anna. E não vou voltar para o quarto.- ela os desafiou.
Alex e Will se olharam durante um momento. Os dois deram um longo suspiro.
— O que sabe sobre essa aluna?- indagou Alex.
— O mesmo que vocês. Que ela sumiu.
— Acho que não. Alunos do primeiro ano saberem disso. Só pode ser muito pervertida.- falou Alex.
— Não sou pervertida! Ouvi por acidente quando estava no banheiro! Só isso!- ela exclamou, fazendo esforço para não soar muito alto.
— Então, Anna. Volte para seu quarto. Não queremos brigar com você.- Will tentou acalmá-la.
— Mas eu já disse que não quero! E, se quiserem saber, eu tenho minhas suspeitas sobre essa aluna.- ela falou. Seria uma boa estratégia.
— Você acabou de nos dizer que sabe o mesmo que nós!- exclamou Alex.
— Hey, Alex. Deixe ela falar. Vai ver ela esteja certa.- disse Will. - Mas antes, é melhor irmos á um lugar mais reservado. Se importaria de ir ao nosso quarto?- ele ofereceu.
Anna pensou bem. Dois garotos que ela mal conhecia estavam a chamando para ir ao seu quarto.
— Relaxa, você nos conta o que sabe. Nada demais.- falou Will.
Anna pensou mais um pouco.
— Está bem. Eu conto.
— Ótimo!
Eles a levaram para seu quarto, que também ficava no oitavo andar.
Ao abrirem a porta, Alex ofereceu sua cama para Anna se sentar.
— Bem, o que sabe sobre ela?- perguntou Will, curioso.
— Sobre ela, sei o mesmo que vocês. Sobre o desaparecimento dela, sei o mesmo que vocês. Mas, eu tenho minhas teorias.- Anna explicou. Notou que, quanto mais misteriosa fosse, melhor seria para seu lado.
— Quais são suas teorias?- questionou Alex.
— Já ouviram falar em Exedentes?- indagou Anna.
Os dois fizeram um sinal negativo com a cabeça.
— Bem, eles são inimigos dos Ascendentes. Eles provocaram uma guerra em 1985, que perderam.- ela explicou. Viu que Will estava entendendo, mas Alex não parecia totalmente convencido com seus argumentos. - Acredito que eles querem vingança. Então sequetraram essa aluna.- ela continuou.
— Só isso? Você acha? Qual é! Ela deve ter fugido ou coisa do tipo! Esse negócio de vingança é muito ridículo!- exclamou Alex, irritado.
— Mas vocês queriam saber! Eu disse tudo que sabia!- ela se defendeu.
— Mas não é o suficiente! Queremo mais informações!- Alex falou. Deu para perceber que estava ficando cada vez mais irritado. Will pegou se braço.
— Alex, pare. Ela disse o que sabia. Não precisa partir para a violência.- Will tentou acalmá-lo.
Mas sem sem sucesso.
— Me larga! Essa menina nos faz largar uma discussão, entra no nosso quarto e fica falando asneiras! E você ainda a defende!- ele gritou. Will fez um sinal para ele falar mais baixo, dizenso que desse jeito iria acordar os outros. E também fez um sinal para Anna sair do quarto. Anna percebeu que, sem nenhum motivo sério, Alex estava ficando bem agressivo. Abriu a porta e saiu correndo do quarto, voltando ao seu dormitório.

Ao chegar lá, Eve estava acordada, parecendo preocupada.
— Onde estava, Anna?
— No quarto de dois garotos.
Eve a olhou de forma estranha, como se estivesse perguntando o que diabos Anna fazia no quarto de dois garotos.
— Estavamos conversando. Não malicie.- Anna falou.
— Não tinha maliciado nada mesmo.- Eve contou. Mas estava na cara que estava mentindo.
— O que está fazendo acordada?- Anna perguntou.
— Me arrumando. A aula vai começar, e te aconselho a mudar de roupa. Não vai querer ir de pijama para a aula. Ou vai?- perguntou com sarcásmo.
— Mas já?- Anna perguntou novamente. Olhou para a janela, e se sentiu uma tola ao ver que o sol já havia nascido.
Eve assentiu com a cabeça.

Anna pegou um shorts preto e uma camiseta preta. Penteou o cabelo, pôs um tênis e separou seu material. Estava ferrada. Que desculpa daria ao professo de Controle do Ar? Saiu do quarto antes de Eve, com a intenção de tomar o café da manhã mais cedo e ter tempo para fazer a lição.

Ao chegar no refeitório, viu James e Melissa sentados em uma mesa, já tomando o café. Anna pegou um copo de suco e pão com geleia de morango. Depois se sentou com eles.

Sentou na mesa e começou a comer.
— Melissa, onde estava durante o jantar ontem?- Anna perguntou, enquanto comia seu pão.
— Não jantei. Não sei como, mas Afrodite conseguiu pizza e chamou mais umas três garotas para nosso quarto. Quando cheguei lá, depois de ter terminado a lição, elas me ofereceram um pedaço, e eu aceitei. Depois que cheguei elas não ficaram muito tempo. Só mais uns dez minutos. Que foi tempo de eu tomar banho. Quando sai, elas já tinham ido embora, então pus o pijama e fui dormir.
— Atá. Bem, durante o jantar de ontem, eu notei que Luke Storm é um babaca.- disse Anna, rindo.
— Depois que você subiu, Luke disse que você brava fica bonita.- contou James.
— Bem, mais um motivo para achá-lo babaca.- disse Anna.
— Não gosta de quando te chamam de bonita?- perguntou Melissa.
— Gosto, mas depende da pessoa. Se for o James, por exemplo, eu gosto. Mas o Luke, não. Tenho certeza de que ele faz isso com todas as garotas.- Anna explicou, enquanto comia o pão.
Quando viu a expressão no rosto de James, procurou mudar de assunto.
Contou a eles o que acontecera mais cedo.
— Espere, o garoto chamado Alex ficou tão bravo assim? Mas por quê?- Melissa perguntou, curiosa.
— Não sei. Vai ver ele pensou que fosse algo a mais.
— Bem, ele é meio paranóico. Meljor não nos metermos com ele. E o outro? Will, o nome dele, não é? Será que ele está bem?- James perguntou.
— Sim, deve estar. Eu espero. Ele até que foi legal comigo. Já o Alex não foi com a minha cara desde o início.- Anna lamentou.
A sineta bateu, e todos saíram do refeitório.
'Ótimo! Não vou conseguir fazer aquela bendita lição! Vou me encrencar!' pensou Anna.
Chegaram no prédio das aulas, e foram a sala de Controle do Fogo.

Não acontecera nada de tão interessante na aula. O professor estava tão bravo quanto na última aula. Mas não jogou bolas de fogo em ninguém. Ele era cheio de tatuagens, e usava brincos de prata. Sua aparência era medonha. Metia medo em todos. Exeto Luke. Que o desafiou mais uma vez. O professor o deixara de detenção, e não teve lição de casa, pois o sr. Heyman fez um discurso sobre respeito aos mais velhos e valores morais.

A Aula de Controle da Água fora tão calma quanto a anterior. À professora recolhera as redações e fez um discurso sobre a importância da água na vida humana. Depois, passara um exercício sobre o assunto. Anna terminou o exercício em sala de aula, eliminando uma lição de casa.

A aula de Ascendência não poderia ter sido pior.

Por alguma razão, o sr. Teener não compareceu, então uma senhora que aparentava ter 70 anos deu a aula, se recusando a explicar aos alunos a ausência do professor.
Anna não foi com a cara da professora substituta. E a professora substituta não fora com a cara de Anna. Até mesmo Luke tentou aliviar a tensão, mas, como castigo por ter desafiado a professora, foi obrigado a ir ao canto da sala fazer vinte polichinelos.
Anna teria achado graça. E realmente achou. Tanto que deu risada da situação. E fora obrigada a fazer o mesmo que Luke.
No final da aula, a professora não passou nenhuma lição. Mas deu em todos os alunos uma bronca, chamando-os de pestes imundas, e perguntou como um ser humano seria capaz de suportá-los.

A Aula de Controle da Terra aconteceu no exterior do prédio, em um jardim. Foi, básicamente, jardinagem. Nada mais. Afrodite se sujara novamente, e deu um grito histérico. Com duração de
uma hora, Anna jurou que não aconteceu nada. Para falar a verdade, nem sabia o que estava fazendo. Podia jurar que não fez nada na aula. Apenas ouviu o professor sr. Hower falar sobre plantas e fotossíntese. Nada entendera. Parecia que estava em uma aula em sua escola normal.
Mas houve lição de casa. Na verdade, era mais um projeto. Cada um dos alunos recebeu uma planta, e eles deveriam cuidar dela até a a aula da próxima semana. Cada um pegou uma plantinha. Melissa pegou um girassol, James e Luke um cacto, e Anna pegou uma planta carnívora, para brincar de abri-lá e fechá-la.

A Aula de Controle do Ar chegara, e Anna simplesmente aceitou o fato de que não fez a lição.
A professora era jovem e bem calma, o que deixou Anna mais tranquila. Ela e James a explicaram sobre o que houvera, e ela os entendeu.
— Sério que a senhora não está brava conosco, por termos faltado a sua aula e não termos feito a lição?- Anna perguntou, esperançosa.
— Claro! Esse tipo de coisa acontece! Mas não quero que se repita!- ela os alertou. Anna e James suspiraram aliviados.
Mas, conforme a ula foi passando, Anna viu que a matéria não era moleza.
Uma explicação profunda sobre as camadas que compõe a superfíce terrestre foi a aula de Controle do Ar. As vezes, parecia que nem havia magia envolvida com as aulas, pois mais se pareciam com as aulas que Anna tinha em sua antiga escola.
E, ainda por cima, havia muita lição.

Ao saírem da aula para o almoço, Anna descutia com Melissa sobre as aulas.
— São entendiantes! Parecem aulas comuns!- Anna exclamou.
— Eu sei. Mas mesmo assim, são importantes.
Pelo que entendera, Controle da Água era a única matéria em que Anna iria conseguir fazer sem dificuldades. Ou pelo menos, com menos dificuldade que as demais matérias.