PDV - Freddie

Saí correndo do apartamento da Carly para o meu apartamento e ao chegar no 8D, encontro minha mãe preparando o jantar.

– Sem correr, Freddie! - gritou ela quando me viu passar pela cozinha.

– Desculpa... É que eu... eu... - murmurei, apressado. - Deixa pra lá...

Ela voltou a preparar o jantar, concentrada.

– Mãe! - chamei a atenção dela. - Tem algo incrível que eu gostaria de contar.

– Espero que seja realmente 'incrível' - disse ela, desinteressada.

– E será! - falei entusiasmado. - O Spencer conseguiu quatro passagens para a Europa! Então, eu, minha namorada e o resto do pessoal - digo Carly, Gibby e Spencer - iremos viajar.

Minha mãe deixou vários pratos caíram no chão, após a notícia ser anunciada.

– O quê!? O que você disse!? - gritou ela, desesperada. - NAMORADA!? Namorada!? Viajar!?

Olhei, assustado.

– Sim - confirmei. - Sam e eu voltamos a namorar... Oficialmente.

Ela deu um último grito espantoso antes de desmaiar.

Minutos depois, ela acordou bastante zonza, sem entender muito bem onde estava.

– Aquilo... Aquilo que você me falou realmente foi... verdade? - perguntou ela, assustada, para mim.

– Foi sim - confirmei e ela voltou a gritar. - Ah, mãe!

– Sem mais, Freddie! - exclamou ela, autoritária. - Você não vai para essa viagem e pronto!

(***)

Na manhã seguinte, quando eu estava indo para a escola, encontro Spencer no corredor do Bushwell. Ele tinha uma pequena dificuldade para andar, e agora usava uma bengala para facilitar a mobilidade.

– Como vai, Spencer?

– Péssimo! - disse ele, mexendo no gesso em uma das pernas. - Mas com essa viagem que eu ganhei...

Fiz uma expressão fechada, lembrando da minha última conversa com a minha mãe.

– Carly já lhe deu a notícia? - perguntou ele, animado.

– Já sim - falei, desanimado.

– O que houve? Não gostou do presente?

Suspirei, ajeitando a alça da mochila.

– Claro que eu gostei - indaguei. - É que... A minha mãe não deixou eu viajar. Ainda mais agora que ela sabe que voltei a namorar a Sam...

Spencer arregalou os olhos.

– Quer que eu vá falar com ela?

– Não vai resolver - balancei a cabeça, negando. - Ela já decidiu.

Spencer entortou a boca.

– Ah, que pena - disse ele. - Iríamos visitar os museus, apreciar os pontos turísticos... - Ele continuou contando as atrações que iriam fazer enquanto estivessem na Europa e isso passava a me chatear. - Além dos...

– Okay, Spencer! - falei, irritado. - Tenho que ir para a escola.

– Espera! - disse ele, sorridente. - Ficou sabendo que o elenco de "Guerra nas Galáxias" viajará para a França nessa semana?

Fiz que não com a cabeça.

– Pois é! - afirmou Spencer. - Eu também ganhei ingressos para visitar as filmagens do próximo filme.

Quase cai no chão com a notícia - da mesma maneira que a minha mãe desmaiou.

– Isso é mentira, né!? - berrei.

– Verdade! - disse Spencer. - Mas já que você não vai...

(***)

Já cheguei na escola chorando e berrando por não poder viajar para a Europa. Só parei quando encontrei Sam, Carly e Gibby no corredor principal do Ridgeway. Todos estavam felizes com o aviso da noite passada.

– Freddie! - disse Carly quando cheguei. - Já começou a arrumar a mala?

Não a respondi.

– Iremos viajar amanhã a noite! - informou Gibby, contente.

– Ah, legal - falei, sem animo na voz.

Sam pareceu perceber algo estranho comigo e me puxou para um local mais reservado.

– O que aconteceu, bebê? - Ela fez um biquinho com a boca, alegre.

– A minha mãe - falei, chateado. - Ela me proibiu de viajar.

Sam também ficou chateada.

– Quer que eu dê um jeito nela? - perguntou a loira, agora enfurecida. - Porque eu posso...

– Não, Sam... - segurei a mão dela. - Não precisa. Eu não vou e pronto.

Sam resmungou algo para si própria, apenas entendi a parte em que ela disse: "Mas aquela velha é uma mala mesmo, hein!"

– Tem certeza de que não vai poder ir? - perguntou ela, séria.

Antes que eu pudesse responder, o sinal toca.

– Tenho - falei, após o toque do sinal.

– Certo... - disse ela, me abraçando. - Sentirei saudades, pateta.

– Também sentirei, insuportável - disse, retribuindo o abraço.

Após o abraço, nos beijamos calmamente, mas por pouco tempo, pois a Carly, mais uma vez, nos atrapalhou:

– Vamos, casal! - gritou ela, acompanhada do Gibby. - A aula já vai começar. - Sam sorriu e se despediu de mim.

Eu poderia ir com eles, mas optei em continuar no corredor por alguns minutos, remexendo no meu armário. Por um momento, uma ideia pra lá de maluca surgiu na minha mente:

– Fugir de casa - murmurei, sorridente. - Pensando bem... Até que não é uma má ideia...