Ágda escrita por Maresia


Capítulo 5
Bem vinda ao Santuário




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Dois dias se passaram desde a repentina e triste partida de Dégel e de Ângela, rumo ao nobre e antigo santuário de Atena, abraçado pela sábia e materna Grécia, beijado pelo mitológico e viajado mar Egeu. A calorosa e contagiante alegria abandonara a vasta mansão senhorial, parecia ter sido feita prisioneira da cálida e gélida noite daquele tenebroso Inverno Nórdico. Unity e Serafina sentados à longa e requintada mesa olhavam melancólicos as duas cadeiras vazias e imersas em frio. O dançante salão bailava sozinho, escutando as tristonhas e silenciosas notas musicais. Na preciosa biblioteca já não havia novelinhos de pó a saltar por toda a divisão, de cada vez que o cavaleiro retirava um pesado volume para ansiosamente mergulhar nas suas profundezas encerradas por largas paredes de mistério e imensas colinas de enigmas.

– Eles brevemente já estarão aqui de novo. – Disse Unity, enquanto entrava no acolhedor quarto de Ângela, onde a sua irmã delicadamente empilhava e pendurava as suas antigas roupas no bonito armário de pinho da menina dos cabelos ruivos.

– Sim, vou acreditar com todas as minhas forças que sim. – Respondeu a jovem, colocando uma camisola de malha cor-de-rosa com pequenas fitinhas brancas.

A linda carruagem, puxada por quatro magníficos cavalos pretos, galopava de forma trepidante através de montanhas, montes, planícies, planaltos e veredas campestres. A menina olhava fascinada aqueles fantásticos tesouros naturais. Na última noite de viagem, Dégel perdia-se num monte de pergaminhos velhos e sumidos, onde uma caligrafia desfilava de forma desordenada. Ângela tricotava uma linda bracelete de linha azul-clara, todavia algumas perguntas distraíam a sua concentração, largou a fina agulha e olhou para o cavaleiro.

– Senhor Dégel! – Chamou em voz calma.

– Precisas de algo? – Perguntou ele, roubando um precioso momento de estudo aos seus lindos olhos.

– Eu queria fazer-lhe uma pergunta. – Afirmou Ângela timidamente. – Podia-me falar mais sobre os cavaleiros que protegem a Deusa Atena? – Pediu.

– Eu já me perguntava qual seria a altura que tu abordarias esse assunto. – Disse Dégel, arrumando delicadamente os velhos pergaminhos. – Claro que posso. – Ângela estava radiante com a rápida disponibilidade do dourado. – Os cavaleiros e as amazonas que protegem a Deusa Atena e a paz no mundo são homens e mulheres cujos corações e os espíritos estão inundados de amor, justiça e coragem. Existem três categorias, bronze, prata e ouro, no meu caso. No total existem oitenta e oito pessoas abençoadas com a proteção e fidelidade das armaduras lendárias. – O aquário respirou fundo, olhando para a menina, cujos olhinhos brilhavam de entusiasmo. – Os cavaleiros são capazes de rachar as estrelas só com a força dos punhos, são capazes de desfazer montanhas com o poder dos pés, são capazes de devolver à humanidade amor, esperança e paz somente com um sorriso ou uma palavra. Nós somos aqueles que vagueiam sempre através dos caminhos luminosos que a Deusa Atena estende a nossos pés, aprisionando as trevas nas profundezas sombrias e sinistras da Terra. – Concluiu. – Isto é ser um cavaleiro, elevar o nosso cosmo até aos limites desconhecidos do universo. Todavia, sinto-me no dever de te prevenir que o treino para admissão de cavaleiros e de amazonas é longo, duro e muito perigoso, exige concentração extrema, força de vontade sem barreiras e uma coragem que nunca julgaste possuir, tu ainda podes desistir, se o desejares, tu tens escolha. – Informou.

– Sim, eu quero ser uma Amazona. Um dia terá muito orgulho em mim, Senhor Dégel. – Disse a menina sorrindo alegremente.

– Bem agora que já saciei a tua inesgotável curiosidade, dorme um pouco quando chegarmos eu logo te acordarei. – Sugeriu o dourado, voltando a focar as suas atenções naqueles pergaminhos.

Ângela assim o fez, enroscou-se num felpudo cobertor castanho, até que por fim ingressou as vastas fileiras dos viajantes do mundo dos sonhos e da fantasia.

A verde madrugada alcançou a paços largos e seguros a nobre carruagem prateada. Na bela linha do horizonte misterioso, um vasto e imponente santuário fazia triunfante a sua majestosa aparição, revelando cuidadosamente as doze casas zodiacais, onde uma tremenda e quente passividade emanava imperativamente das suas graciosas profundezas. Ângela já estava acordada, com o seu nariz arrebitado pregado à janela molhada pelo orvalho madrugador, vislumbrando cada pormenor, cada detalhe, cada parcela daquele magnífico lugar, escondido entre perigosas montanhas.

– Bem-vinda ao santuário de Atena. – Saudou Dégel, pegando na pequena e frágil mão da menina para a ajudar a sair da carruagem.

– É lindo! – A menina desfrutava cada brisa que brincava com os seus cabelos de fogo. – Que lugar maravilhoso! – Exclamou, olhando em seu redor.

– Vamos, o meu templo localiza-se quase no topo. – Disse Dégel começando a andar, com a menina mesmo colada aos seus calcanhares.

Até alcançarem a escadaria que conduzia à calma casa de carneiro, cruzaram-se com alguns guardas que ao reconhecer Dégel o cumprimentavam alegremente, olhando curiosos para a criança, embora mantinham-se calados.

– Seja bem-vindo de novo, Senhor Dégel! – Cumprimentou um soldado bastante coxo, porém não deixava de cumprir os seus deveres.

– Bom dia Xavier. – Respondeu o cavaleiro acenando.

Subiram apressadamente as escadarias que conduziam às diversas casas, na travessia Ângela absorvia toda aquela calma e tranquilidade, pensando que naquelas serenas e adormecidas casas dormiam os homens mais poderosos da Terra. Brevemente passariam por Capricórnio e logo estariam em Aquário.

– Já chegámos, este é o meu templo. – Anunciou Dégel, sentindo a felicidade percorrer as suas geladas veias por estar de novo em casa.

– O clima deste templo rivaliza com o clima de Bluegard, que fantástico! – Exclamou Ângela fascinada com aquele cenário. – Só falta o Unity e a Serafina, para tudo estar perfeito. – Disse ela de forma sonhadora. – E agora, o que vai acontecer? – Perguntou, sentando-se num cadeirão que Dégel lhe apontava.

– Agora irei pedir a uma das minhas servas para nos servirem um delicioso pequeno-almoço, de seguida irei reunir-me com o Grande-Mestre Sage a fim de discutirmos alguns assuntos importantes. – Respondeu o cavaleiro saindo da confortável saleta.

Alguns minutos se passaram, até que paços anunciaram a chegada de Dégel e de alguma dedicada serva.

– Esta é Ângela. – Apresentou o dourado reentrando na divisão. – Ângela esta é a Benedita. – Proferiu, apontando para uma senhora já com alguma idade trajando um avental branco rendado e uma touca igualmente branca pousada em cima dos seus cabelos grisalhos.

– Bom dia! – Disse a menina educadamente.

–Bom dia minha querida. – Disse Benedita em voz calma e doce, tudo naquela serva transbordava calor e ternura.

– Se precisares de alguma coisa falas coma Benedita ela ajudar-te-á em tudo, é a minha serva mais competente e dedicada. – Elogiou Dégel sentando-se junto de Ângela. – Por favor Benedita prepara-nos o pequeno-almoço e por favor adiciona frutos à ementa, Ângela necessita de comer muitas vitaminas. – Pediu.

– Claro, senhor Dégel com todo o prazer. – Disse a senhora saindo da sala.

A refeição estava fantástica, Benedita esmerara-se perante a presença de Ângela. Torradas, sumos de fruta, frutos frescos e um delicioso bolo de chocolate compunham a ementa.

– Senhor Dégel! – Principiou a menina, terminando o pequeno-almoço. – Um dos assuntos que vai tratar com o senhor Grande-mestre é sobre a minha situação, estou certa? – Perguntou.

– A perspicácia sem dúvida é uma das tuas melhores qualidades. – Disse o dourado. – Sim eu irei certamente falar sobre a tua situação, pedirei igualmente permissão para ser eu próprio a treinar-te, tendo como auxílio as belas e geladas terras de Bluegard. – Desvendou, lançando um olhar a Ângela. – Contudo, volto a frisar que as condições adjacentes ao treino para cavaleiros são complexas e desfavoráveis, tu ainda podes desistir. – Informou, bebendo o último e saboroso trago de sumo.

– Eu não quero desistir, serei uma amazona! – Respondeu ela decidida, mal sabendo o que o misterioso e traiçoeiro futuro lhe reservava.

– Bem, agora está na hora, irei ao décimo terceiro templo falar com o senhor Sage. Mais tarde daremos um grande passeio pelo santuário, gostaria de te apresentar a um grande amigo. – Disse Dégel, saindo da sala e dirigindo-se apressadamente à presença do representante de Atena na Terra.

A reunião demorou grande parte da manhã. Ângela permaneceu na gelada casa de Aquário, perdida numa imensidão de pensamentos e ideias sobre a difícil vida dos habitantes daquele santuário, no entanto desistir nunca lhe percorreu a mente. Perto da hora do almoço, Benedita chamo-a da cozinha.

– Gostarias de me ajudar a confeccionar o almoço? – Perguntou amavelmente, segurando um pequeno avental cinza na sua mão enrugada.

– Sim, gostaria muito. – Respondeu a menina pegando o avental, colocando-o por cima do seu vestido vermelho bastante rodado.

Benedita com a preciosa ajuda da menina de lindos cabelos cor de cereja prepararam uma refeição deliciosa, cujo cheirinho inundou saborosamente a fria casa do norte. Por fim, a mesa já estava posta e o tabuleiro já esperava que o devorassem.

– Já retornei! – Anunciou o Aquário, entrando na sala, arrastando o frio atrás de si.

Qual será a decisão do sábio grande-mestre Sage?


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