Crônicas de Heróis e Vilões escrita por Birdy, Angel


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oioioioi genteee
Essa fanfic é a continuação de Contos de Uma Vilã, escrita em parceria com a Angel, que é uma autora incrível.
Vamos introduzir um outro universo, além do da Louise e dos vilões da fanfic anteriormente dita. Este novo contexto é o dos heróis (ou defensores, como a Angel chama), e nós duas pretendemos misturar esses dois mundos. Espero que gostem!
Esse capítulo é da Angie, sejam bonzinhos com ela hahahaha
Enfim:



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Sede Blanchard para Defensores – 20:17, Nashville

A sala tinha um ar de doentia. Era branca demais, eu achava. Mas também me fazia lembrar o quanto higiênico era o lugar. Ok, era quase uma sala de hospital.

Mas não tinham macas, só os costumeiros painéis de controle que ocupavam a parede inteira com sua altura e metade da sala de largura. Lionel estava sentado de costas operando aquele computador gigante como ninguém mais conseguia.

Seus dedos pálidos clicavam nas teclas furiosamente. Tufos de seu bagunçado cabelo castanho acinzentado apareciam para fora da cadeira, que era do tamanho dele. Bufei, me sentando em uma das cadeiras azuis do outro lado da sala, espalhadas em volta de uma mesa circular, a mesa de reuniões.

- Bom dia, Blondie! – Disse Lionel.

Era engraçado como o tom de sua voz parecia ser meio cantarolado, como se ele estivesse feliz o tempo todo. O que obviamente não acontecia.

- Bom dia. – Respondi de volta. – Matt já voltou da missão? Ou está atrasado?

Ah, missões. Não sou muito fã delas. “Ai nossa, você faz parte de uma associação de defensores e não gosta de missões?” Não é uma questão de não gostar, na realidade, é mais uma questão de preguiça. Além do fato de que não gostava dos meus amigos se esgueirando por ai atrás de vilões. Pra estes últimos era muito fácil matar um de nós, sem dor de consciência, afinal eles combatiam isso desde pequenos naqueles institutos. Nós não. Era contra a regra, contra nossos ideais e doía mais em nós no que neles. Claro que eu digo “nós” porque também sou uma defensora, mas digamos que eu não me sinta da mesma maneira que meus amigos em relação à morte. Não mesmo.

Gostam de nos chamar de heróis, mas ninguém aqui é o Superman, o Batman ou o Capitão América. Apesar de muitos parecerem com esse estereótipo. Por exemplo, Matt era o típico protagonista de romance estudantil adolescente. Tinha os cabelos de uma cor de mel, mas que brilhavam tanto quanto ouro, além de ter mais músculos do que qualquer um achava ser possível. Pelo menos, a força superior havia sido justa com a “concorrência” ao não lhe dar olhos azuis e sim castanho claro.

Lionel girou a cadeira, com o corpo na direção do meu e seus olhos escuros me encararam por trás dos óculos. Mais uma vez reparei na cicatriz que lhe cortava do canto da boca até a extremidade de seu rosto, no queixo.

- Já voltou há uns vinte minutos. – Checou ele no relógio. – É você quem está atrasada.

Rolei os olhos.

- Por que ele ainda não está aqui dentro? Quanta cerimônia, manda ele entrar!

Ele voltou a girar e digitou mais alguma coisa do computador antes de se levantar e abrir a porta. Não, não era uma porta high tech, ele simplesmente girou a maçaneta e empurrou a porta.

- Ela mandou você entrar. – Lionel disse para fora como se eu fosse uma general que está prestes a condenar alguém a ser baleado com uma metralhadora.

Se eu soubesse que ele estava na porta me esperando eu mesma tinha aberto.

Pensei que ele fosse mandar alguém buscar Matt, com algum tipo de entrada triunfal, mas acho que, realmente, esse cliché heroico já não tem mais graça. Pelo menos não pros heróis.

- Se ela mandou é melhor eu obedecer, né? – Matt zombou, entrando.

Foi hilário o jeito que ele entrou rindo e ao mesmo tempo segurando com força pelo braço um prisioneiro. Eu não saberia dizer Matt era inofensivo ou uma ameaça. A pior parte de mim riu internamente do menino.

- Quem é esse? – Perguntei, encarando um garoto de aspecto familiar.

O mesmo levantou o olhar me encarou. Eu fiz o mesmo. Ele tinha cabelos e uma pele meio bronzeada. Parecia mais velho, mas eu só sentia que ele era um garoto comum que não sabia de nada do que está acontecendo. Seus olhos me deixaram tonta por ter olhado pra eles rápido demais: um deles era esverdeado e outro era mais azulado. Ele tinha heterocromia, exatamente como meu pai.

- Quem é você? – Ele devolveu, me olhando de cima a baixo.

Ignorei-o e me virei de volta para a mesa, procurando alguma coisa que eu tinha deixado passar em meio àqueles papeis espalhados. Documentos, fotos... Esqueci que tinha um mundo em volta de mim, precisava apenas encontrar a foto...

- Ele é só um garoto, tenho quase certeza de que foi ele que nos atacou. Aliás, Blondie, o Duncan mor...

- Achei! – Anunciei, estendendo uma foto onde o garoto era idêntico ao que estava bem na minha frente. – Quase me esqueci que você era o recruta que estávamos procurando! Muito bem lembrado, Matt.

Andei de volta até onde os três garotos estavam e puxei o novato pelo braço.

- Acho que ela me ignorou. – Matt disse ao Lionel.

- Ah, desculpa. O que você disse mesmo? – Consertei enquanto arrumava os papeis entregando alguns ao garoto.

- Nada sobre o menino. – Matt mentiu, eu sabia quando qualquer um mentia. – É que o Duncan... Morreu.

- Morreu? – Perguntei, largando o que estava fazendo para encarar o grandalhão.

– Como?

- Uma bomba.

- Ele explodiu?

- Não é engraçado.

- Eu não disse que tinha graça, só perguntei. Não tem corpo?

- Não, mas deve ter alguns pedaços se você quiser procur...

- Entendi, obrigado. – Cortei-o, me virando para o defensor de óculos. – Lionel, cuide disso, por favor?

- Sem problemas, loira.

- Vou apresentar a sede para o novato.

Isso aconteceu há três dias. Eu conheci Jake Miller há três dias. Na hora eu não pensei que um garoto como aquele seria um problema, mas desde então, desde que eu vi seus olhos, desvendá-lo se tornou meu dilema pessoal.

Lógico que ainda parece que ele não é nada demais apenas com essa lembrança, mas se você entendesse o que eu entendi sobre esse garoto dos olhos coloridos...

Na Sede Blanchard nós somos divididos antes mesmo de sermos recrutados. Essa divisão é baseada nas nossas especialidades particulares. Nossa divisão é chamada de faixas e cada andar é dedicado a uma faixa, na ordem. A primeira faixa, fica com o primeiro andar, a segunda, fica com o segundo e assim em diante.

As especialidades não são nada que precise dar destaque, são coisas como inteligência, rapidez, força, disfarce, mira, dentre outros. Mas uma, em particular, é preocupante. A faixa um. É nela que ficam pessoas com habilidades estranhas, especiais. Videntes, transfiguradores, legilimentes. Muitas vezes eles se trancam naquele andar e não tem contato algum conosco. E foi exatamente para essa faixa que a ficha de Jake estava o designando quando a vi naquele mesmo dia.

Mesmo assim, ninguém sabia ao certo o que ele era, o que fazia. Nem ele mesmo.

Quer dizer, eu talvez soubesse, e era por isso que estava às oito horas e quase vinte minutos, trancada no salão de controle, logada ao nosso computador central e memória de armazenamento mestre.

Minha função não é deixar ninguém curioso, e também não gosto de enrolar. Como eu mencionei antes, meu pai também tinha heterocromia. Era um tipo diferente, mas tinha. Metade de seus olhos eram castanhos e a outra azul. Pode parecer estranho, mas minha mãe gostava de pensar que era o charme dele. Mas não era só isso. Ele era um cara estranho e quando eu ainda era uma criança, meus pais começaram a discutir porque minha mãe achava que ele andava ficando bêbado.

Ele dizia que ouvia vozes, e que às vozes mandavam-lhe fazer coisas, conversavam com ele. Os dois discutiam constantemente por causa disso. Depois de uma noite de discussão, ao amanhecer, eu desci as escadas de costume, esperando vê-los bem de novo, como sempre, preparando o café da manhã apressadamente. Eu os encontrei, só não como o esperado: minha mãe estava deitada no chão sob uma poça de líquido vermelho e meu pai abraçava-a, com o corpo caído em cima do dela. Eu tinha sete anos.

Como eu vivi depois disso é uma história difícil. Eu sei que não sou uma pessoa fácil desde então. Mas eu consegui não deixar com que isso apagasse as coisas boas em mim. E agora eu sentia como se estivesse revivendo tudo. Então precisava descobrir do que Jake era capaz ou iria enlouquecer. Vivi com uma mágoa durante todos os dias da minha vida depois que meu pai matou minha mãe. Mas talvez eu estivesse errada esse tempo todo. Ele tinha um problema, e não era com a bebida.

Talvez nunca sequer tivesse conhecido o álcool, contudo, se essa coisa que ele tinha foi capaz de fazer com que ele matasse alguém porque seria diferente com esse garoto novo? Mas porque ele tinha sido mandado para nós da Sede de Defensores e não para o Instituto ou a Academia para Vilões eu realmente não sabia dizer. Não tinha resposta alguma que não o silêncio e isso me incomodava.

Nada naquela tela de computador me mostrava o que eu realmente queria saber e ninguém sabia me dizer quem era aquele garoto.

Tinha a sensação que tudo à minha volta tinha congelado, mas percebi que era

apenas coisa da minha cabeça quando ouvi três batidas na porta. Era tarde, por que tinha alguém querendo entrar na sala de controle a uma hora dessas?

Levantei-me da cadeira e fui até a mesa pegar a chave da sala. Cada um dos coordenadores das faixas tinha uma chave daquela sala e só eles poderiam usá-la.

Voltei até a porta e a abri, deixando o som do alarme que soava do lado de fora entrar. Uma garota estava parada na porta com as mãos na cintura. Ela tinha o cabelo castanho e longo, que ia até a costela e os olhos castanhos esverdeados.

- Blondie! – Ela me repreendeu. – Você é muito maluca mesmo! – Disse entrando.

- Eu não ouvi o alarme! – Respondi, batendo na testa. – O que aconteceu, Chloe? – Perguntei enquanto ela passava por mim.

- Por que você tá stalkeando o novato?

Virei-me para encará-la e percebi que uma de suas sobrancelhas estava levantada como ela fazia quando estava interrogando alguém suspeito.

- Eu não tô afim dele! – Revidei, jogando os braços para cima e fechando os olhos com vergonha.

- Então por que tem um monte de guias abertas sobre el... – Ela parou de falar.

Abri os olhos e segui seu olhar para a tela. Todas as janelas que eu abrira do histórico de Jake havia sumido. A tela tinha ficado preta e tinha uma bolinha girando no meio, como se carregassem. Troquei olhares com Chloe.

- Era pra isso acontecer? – Ela perguntou, confusa.

- Se era esqueceram de me avisar.

Corri até a porta.

- LIONEL! – Gritei, chamando-o, o que me fez parecer uma idiota no meio daquela barulheira, mas eu continuei. – ALGUÉM SABE QUAL O PROBLEMA DESSE COMPUTADOR?

Tinha certeza que se aquilo quebrasse Lionel ia ter que cavar minha cova. Claro, depois de ter me matado, porque eu tinha sido a última a usá-lo.

- Blondie! – Chloe voltou a chamar minha atenção e apontou para tela que agora começava a revelar um vídeo.

Corri de volta para dento da sala, já me perguntando porque diabos eu ficava correndo de um lado pro outro. Olhei para minha amiga com um olhar acusador de “qual botão você apontou, sua peste?”, mas ela o devolveu em forma de uma expressão de “não fui eu!”. No entanto, o rosto que aparecia na tela começou a falar enquanto um Lionel ofegante chegava ao lugar junto à um Matt entediado.

- Olá, Sede Blanchard, como vão meus saviors favoritos? – A voz metálica saiu do computador.

Esta recebeu, então, várias respostas, ditas quase que ao mesmo tempo:

- Veja bem, ir a gente vai bem, mas esse negócio de seus eu não sei não... – Murmurou Chloe.

- Com as pernas... – Sussurrou Matt.

- Como ele hackeou meu computador? – Resmungou Lionel, fazendo notas mentais enquanto contava-as com os dedos.

- Muito bem, obrigado! – Retruquei a pergunta da voz metálica mais alto, fechando a cara.

- Que engraçado, porque agora não estão mais... Vou precisar de uma, ahn, colaboração da parte de vocês. – O homem do vídeo rebateu ao "estamos bem".

- Obrigada, mas a gente passa, se você quiser, eu ouvi dizer que os minions estão sem trabalho... Você pode fechar um contrato com eles pro próximo filme.

- Um que tenha graça dessa vez, por favor. – Clamou Chloe.

- Eu dormi no cinema. – Matt respondeu à morena, cutucando-a.

- Foi um desperdício de dinheiro. – Queixou-se Lionel.

- Pois vamos ver se vocês sabem fazer alguma coisa além de piadas ruins quando eu mandar o outro lado da linha de fogo pra querida Sede de vocês. – Continuou o homem da tela.

- Outro lado? – Perguntei, estreitando os olhos. – Que outro lado?

Não. Isso só podia ser brincadeira. Ele não estava falando do que eu achava que estava.

- Exatamente esse lado no qual você está pensando, Blondie. Seus amiguinhos de longa data. Eles vão se juntar a vocês.

- Ahn? – Expressou-se o “garoto estereótipo”.

- Do que ele tá falando? – Perguntou a outra menina da sala.

- De quem ele tá falando? – Lionel consertou, sem tirar os olhos da tela.

- Não vão me dizer que acharam que só existiam mocinhos... Aonde vai o bonzinho também vai o malvado. Vocês são heróis, o que acham de conhecer os vilões?


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Notas finais do capítulo

Então... o início é sempre meio confuso, e as coisas vão ir se esclarecendo com o tempo, então qualquer dúvida é só falar, seja por comentário ou mensagem mesmo.
E, para quem aguarda nossos vilões ansiosamente, saibam que o próximo capítulo será deles!
Adios pessoas o/



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