Crônicas de Heróis e Vilões escrita por Birdy, Angel


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

BIRDY DIZ OLÁ
pra todos que acharam que eu tinha morrido/abandonado a fic saibam que eu voltei pra decepcioná-los.
E agora o tão esperado (?) capítulo, trazendo consigo nossos amados vilões
Espero que gostem



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Capítulo II - Vilões

Louise

Prédio de algum Instituto de Tecnologia importante, 11:40 am

 

Estávamos correndo. Correndo como se estivéssemos sendo perseguidos por um dinossauro. Eu, April e Damien. Corríamos no escuro, fugindo de ninguém. Porque ninguém tinha descoberto o que tínhamos feito. Ainda. Então nós corríamos, só pra ter certeza de que estaríamos longe quando descobrissem. Eu não sabia como eu estava conseguindo manter o fôlego, mas sabia que não podia parar.

—Tem uma porta ali na frente, e luz passando debaixo dela. - April, que estava na liderança, avisou enquanto corria. - Ela sai pra claridade, então já sabem: fechem um dos olhos.

Damien e eu concordamos e fizemos como ela disse. Lizzie gostava de chamar aquilo de “truque pirata”, porque aquele era o mesmo princípio do tapa olho dos piratas. Manter um olho em contato com a claridade do ambiente, enquanto o outro se mantinha fechado para quando houvesse uma mudança brusca de iluminação, fazendo com que a adaptação dos olhos à nova claridade fosse mais rápida e menos dolorosa. Claro que alguns piratas acabavam vesgos por causa do tapa olho, mas enfim.

Não diminuímos a velocidade em nenhum momento, nem mesmo quando nos aproximamos da porta. Se Isac tivesse feito seu trabalho direitinho, o que ele sempre fazia, tudo o que precisaríamos fazer para sair era empurrar a porta, sem nos preocuparmos se ela estava trancada.

Ah, os humanos e suas tecnologias. São muito úteis, claro que sim, mas ao mesmo tempo que você consegue se conectar com qualquer lugar do mundo e facilitar sua vida, você também consegue facilitar a vida de alguém que quer te passar a perna, conseguindo seus dados mais facilmente e acessando à distância suas portas eletronicamente fechadas.

Aliás, eu nunca consegui confiar muito em portas eletrônicas. Prefiro manter a boa e velha chave no meu bolso, onde eu  sou a única que tem controle sobre ela.

Como previsto, April mal precisou empurrar a porta para que ela se abrisse. Saímos dos corredores escuros para um dia ensolarado. Imediatamente, paramos de correr. Eu tossi, sem fôlego, e tomei a dianteira, andando de cabeça baixa como se quisesse proteger meu rosto do sol.

Agora que estávamos de volta ao lado de fora, andando à vista de qualquer transeunte ou pessoa que trabalhasse por ali, precisávamos agir o mais naturalmente possível, para não levantar suspeitas.

Passamos pelo estacionamento, que estava atulhado de carros, sendo cada um mais caro e imponente que o outro. Fomos costurando entre os carros, para chegar à saída. No mínimo, umas quatro pessoas cruzaram nosso caminho. Todos eram funcionários apressados, que mal nos perceberam.

Não demorou muito pra terminarmos a travessia do estacionamento. O desafio agora era passar pelo guarda em sua cabine. Ele controlava a cancela que controlava as idas e vindas dos carros para dentro do prédio. Honestamente, passar por ele não seria desafio nenhum. Geralmente esse tipo de guarda se importa com quem entra na propriedade, e não com quem sai.

De qualquer jeito, nós três estávamos devidamente vestidos com nossas roupas formais (agora ligeiramente suadas, de tanto correr. Mas afinal era um dia quente). Eu usava um figurino típico de jornalista, só pra aumentar a farsa.

Deixei Damien passar na minha frente, e ele nos liderou, dando a volta pela cancela, pelo lado oposto ao que estava o guarda em sua cabine.

Damien fez um gesto breve para o guarda, aquela erguida de mão que não chega a ser um aceno, e seguiu em frente. O homem nada percebeu, então não chamou nossa atenção. Logo estávamos fora da propriedade, e parecia que um grande peso tinha saído das nossas costas.

Andamos por alguns quarteirões até encontrar o posto de gasolina fechado onde Sean havia estacionado a van, à nossa espera.  

Escancarei a porta do carona e fiz uma pose vitoriosa para Sean.

—Cheguei! - comemorei, rindo, e logo em seguida entrei no carro, me ajeitando no assento ao lado de Sean. Ele sorriu. Estava de óculos escuros, o que o deixava extremamente charmoso. Ele apontou para a própria bochecha, de brincadeira, e eu a beijei rapidamente.

—E então, como foi? - Ele perguntou, esperando os outros terminarem de se ajeitar no banco de trás.

Fingi tédio.

—Ah, o de sempre.

—Cala a boca, Louise, você diz isso só porque fui eu que consegui as informações dessa vez. - Damien protestou.

Eu ia retrucar Damien, mas Sean me impediu, começando a falar antes que eu pudesse sequer pensar em abrir a boca.

—E onde está, então?

—Aqui. - Damien entregou um pendrive comum pra Sean, que o analisou por um instante.

—Meu bem, não tem nada de extraordinário por fora, não. O que vale é o que está aí dentro. - Falei, apontando para o pendrive.

Eu não conseguia ver os olhos de Sean por debaixo dos óculos, mas podia ter certeza que ele estava me olhando feio. Virando-se para o volante, Sean estendeu a mão pra trás e Damien pegou de volta o pendrive, sentando-se enquanto Sean dava a partida.

Coloquei meus dois pés sobre o painel do carro e encostei a cabeça no banco, tentando ficar o mais confortável possível, e em poucos segundos eu estava dormindo. Pra mim, essa era a pior parte de realizar missões de manhã: eu ficava morrendo de sono depois. Porque, como grande parte da população, eu era uma pessoa noturna, não diurna.

Só fui acordar quando chegamos na Academia. Eu tinha tombado de lado durante a viagem, e minha cabeça estava apoiada na metade do braço de Sean. Não faço ideia de como ele conseguiu dirigir desse jeito, ele provavelmente teve que usar uma mão só.

—Você babou no meu braço - Sean implicou, com um sorriso mal disfarçado.

—Não babei, não. - Protestei com a voz arrastada, ainda meio grogue.

Me arrastei pra fora do carro. Eu estava tão lenta que Sean já tinha tido tempo de sair e dar a volta na van, e então ele estava parado ao meu lado, se assegurando de que eu não cairia, enquanto eu arrastava os pés pelo estacionamento.

—Como você sabe se babou ou não? Quem estava acordado era eu. - Ele acusou e eu só soltei um grunhido, sem me dar ao trabalho de pensar numa resposta.

Sean, percebendo que eu não sairia daquele estado por conta própria, revirou os olhos antes de me virar pra si e me beijar.

Por um momento, eu estava surpresa demais para reagir, mas logo correspondi. No mesmo instante, senti Sean sorrir e parar o beijo. Fechei a cara.

—Tá acordada agora? - Ele perguntou, se divertindo.

Então entendi a estratégia dele, o que não me deixou nem um pouco feliz.

Fiquei mole de novo nos braços de Sean, e ele quase me deixou cair.

—Não - falei forçando uma voz arrastada novamente.

—Espertinha. Mas você não me engana, Louisiana, não vou te dar outro beijo.

Foi a minha vez de revirar os olhos. Me soltei de Sean e saí andando, sem esperar por ele. A esse ponto, todos já estavam dentro do elevador da garagem, esperando apenas por mim e por Sean. Corri em direção a eles e, assim que entrei, tirei a mão de Damien do botão que mantinha a porta aberta. Ele protestou e tentou alcançar o botão novamente, mas eu o impedi. Enquanto as portas se fechavam pude ver Sean andando calmamente em minha direção, com as sobrancelhas erguidas, mas nem um pouco surpreso com minha falta de maturidade. Mostrei a língua pra ele e a porta enfim fechou.

Me voltei para Damien, que me encarou com uma cara enfezada.

—Não sei como ele te aguenta - Ele fez o famigerado comentário ao qual eu já estava acostumada. Acho que eu até podia dizer que aquilo era nossa piada interna.

—Não sei como eu te aguento, Damien.

—É melhor que vocês aprendam a se aguentar - Se pronunciou April, que até então só observava tudo divertidamente - Porque logo serão família.

—O que você quer dizer com isso? - dizia Damien ao mesmo tempo que eu dizia:

—Nunca mais diga algo assim ou vou arrancar seus cabelos um por um.

Com essa ameaça, a expressão dela logo mudou pra horror. Ela ergueu os braços e abraçou a própria cabeça, como se isso fosse proteger seu cabelo, agora curto e ruivo.

April tinha sempre que atiçar meus nervos, não tinha? Que ser maliciosamente cruel ela era. Ela vivia fazendo essas piadinhas sobre Lizzie e Damien, e isso me perturbava profundamente. Eu ainda estava me acostumando a ter minha irmã de volta à minha vida, mas não queria ter que pensar que ela na verdade era independente de mim e tinha a vida dela pra viver. E então eu fazia o perfeito papel de ‘irmão ciumento’, embora fosse estúpido porque Damien é meu amigo e porque isso não era algo que eu podia controlar.

Mas vida que segue, não é mesmo?

Saí do elevador assim que a porta abriu, com a mente tão distraída que mal percebi Isac, que estava bem na minha frente, e quase esbarrei nele.

Fiz um ruído surpreso enquanto dava um passo pra trás. Isac parecia aflito e confuso, mas na verdade ele sempre parecia aflito e confuso, ainda mais com questões relacionadas a mim.

—Louise, ainda bem! - Ele falou, agitado, me pegando pelo pulso e me arrastando para os corredores da Academia.

—Ainda bem o que, criatura? - Perguntei, tentando acompanhar o passo dele. Minha pergunta o fez parar e se virar pra mim.

—É o… Vem, você tem que ver uma coisa. - Falou com as palavras atropelando umas as outras e então voltou a andar rapidamente. Olhei pra trás pra conferir se April e Damien estavam nos seguindo e lhes mandei um olhar que perguntava se eles tinham alguma ideia do que estava acontecendo. April chacoalhou a cabeça e Damien deu de ombros.

Isac só parou quando chegamos à sala de controle principal. Que, por acaso, estava um caos. Tinha muito mais gente do que era comum circulando por ali, carregando fios, falando alto, gritando em walkie-talkies. Isac me guiou pelo meio da balbúrdia até uma grande tela de computador, cercada por outras menores, todas exibindo a mesma coisa: estática. E, no meio da tela, um ícone de uma carta, com o escrito embaixo “você recebeu uma mensagem”.

Franzi o cenho, não entendo o motivo do caos.

—Qual é o problema? - Perguntei no ouvido de Isac, para que ele entendesse apesar do barulho e da bagunça.

Ele olhou pra mim como se eu fosse muito burra por não notar algo óbvio.

—Isso não era pra estar acontecendo. - Ele respondeu vagamente. Continuando sem entender o problema, falei:

—É só uma mensagem. Abra.

—Mas não tem como! - Isac protestou. Revirei os olhos e estava prestes a avançar no computador e tentar apertar todos os botões pra fazer a mensagem abrir quando a imagem mudou. A tela ficou preta e um círculo começou a girar no meio da tela, como se algo estivesse carregando. Todos que estavam na sala de controles pararam. Houve silêncio, até que uma voz metálica e distorcida surgiu, parecendo vir da tela.

—Ah! Meus queridos vilõezinhos da minha querida Academia Para Vilões. Como é bom vê-los.

—Pena que não podemos dizer o mesmo, porque sequer podemos ver você. - Respondi à voz, que riu do meu comentário.

—Mas eu não estou aqui pra ser visto. Não, eu estou aqui pra ser escutado.

Eu não precisava ouvir muito mais. Aquele tom e as frases espertinhas e planejadas já me eram familiares. Quer dizer, eu não sabia quem estava falando, mas conhecia direitinho o tipo de pessoa que falava assim, e já conseguia imaginar suas intenções, que não eram nem de longe agradáveis.

—Então fale, estamos escutando. - Falou alguém perto de mim. Pelo tom de voz dessa pessoa, ela também já sabia que nada de bom se seguiria.

—Que diretos, gosto assim. Mas não se preocupem, porque o que eu preciso é apenas da sua colaboração.

Um frio subiu pela minha espinha ao som dessas últimas palavras.

—Conte-nos mais sobre essa “colaboração” - Isac falou ao meu lado, agora parecendo sério e concentrado em vez de aflito e confuso.

—Isso vai ser uma longa história, espero que vocês tenham paciência. Mas vou começar avisando que vocês devem se preparar para lidar com aqueles do outro lado.

Com isso, o clima na sala voltou a se agitar. As pessoas perguntavam umas às outras que “outro lado” seria esse. Até que enfim eu resolvi perguntar à voz da tela.

—E que outro lado seria esse?

Eu não precisava ver o rosto de quem estava falando para saber que claramente ela estava se divertindo.

—O outro lado em um conflito, é claro. E quem mais poderia ser, que não os seus amiguinhos heróis?

E, enquanto um murmúrio se espalhava entre as pessoas, um pensamento passou pela minha cabeça. Um pensamento que eu podia ver estampado também no rosto de Isac.

Isso não vai dar certo


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Notas finais do capítulo

TAN TAN TAAAAN
Como sempre, acabando em suspense.
Gente, talvez seja pedir muito, mas não desistam de mim kdhsakldn eu demoro, mas posto. E essa segunda temporada promete valer a pena a espera. Aposto que vocês vão gostar dos heróis tanto quanto gostam dos vilões (apesar de eles serem -ugh- heróis)
Mas é isso, deem uma chance e eu vou tentar com todas as minhas forças vencer minha preguiça e meus bloqueios pra atualizar o mais cedo possível!
Obrigada desde já por todo o tempo e carinho, vocês são os leitores mais mararverlous que existem ♥
Arrivederci



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