Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 51
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

Agradeço os comentários e as teorias que vocês fazem. Isso mostra o quanto vocês gostam de ler. Ah, antes eu me esqueça. Adorei saber que já criaram nome para o otp Anippe e Zion, que Zinippe seja como Hurmire (ou quase lá).



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—Amun? —Hur pergunta curioso ao saber da chegada do sacerdote. —Você conhece ele?

—Sim. Ele estudou o sacerdócio com Paser, mas Amun foi mandado para o alto Egito. —Falo ao colocar meus anéis em meus dedos. —Mesmo em meio a tudo isso Ramsés não deixa de querer mostrar o seu poder.

—Eu não entendo porque Paser não pode tratar da doença de Gab. —Hur fala um pouco pensativo. —Isso é o mais estranho.

—Tudo é estranho agora. —Falo. —Mas eu não estou disposta a receber Amun e Oritia.

—A esposa dele? —Hur pergunta e eu concordo. —Você também a conhece?

—Fomos amigas. —Falo sem olhar para Hur.

—Não são mais pelo o que vejo. Você nunca me falou sobre eles. —Hur fala pausadamente. —Vocês duas se desentenderam?

—De forma alguma. Orítia apenas foi embora muito nova daqui e já casada com Amun. —Falo nostálgica. Amun apenas se casou com Oritia para me esquecer. E eu também devo esquecer esse passado ou caso contrário irei ficar louca.

—Mas veja pelo lado bom, você vai reencontrar com ela agora. —No momento que Hur fala eu deixo meu bracelete cair de minha mão. Hur então me entrega o bracelete, o pondo em seu devido lugar.

—Algo aconteceu entre você e Oritia e você, Henutmire. —Hur fala e então passa a melhor com uma certa desconfiança. —O que foi?

—Coisas de adolescentes, Hur. Eu e Oritia já somos duas mulheres feitas e agora nada do que aconteceu importa. —Falo. Certamente Oritia deve saber que Amun me cortejava e até hoje deve me odiar por isso. —Eu preciso ir. Ramsés está me esperando na sala do trono para a chegada do sacerdote e eu não posso me atrasar.

—Quer que eu vá com você? —Hur pergunta sugestivo.

—Não. Djoser está com Amenhotep, Ramsés não deixou que os dois estivessem presentes na sala do trono. E Anippe está sozinha... —Falo e então Hur abaixa o olhar. —Eu pensei que se talvez você passasse o dia hoje com ela quem sabe vocês dois...

—É inútil. —Hur me interrompe bruscamente. —Anippe não quer me ver mais.

—Vai querer ver hoje. —Insisto sem dar opção para Hur. —Tente convencer Anippe de que vocês dois não devem permanecer brigados. Isso é ridículo!

—Com licença. —Paser fala ao entrar em meus aposentos. —O rei pede a sua presença na sala do trono, soberana. Amun e sua família já se encontram na sala do trono.

—Tem certeza de que quer ir sozinha? —Hur pergunta ao saber que Amun está com sua família.

—As apresentações serão rápidas. —Falo. Sinto o olhar curioso de Paser sobre mim.

—A rainha tem razão, mas de fato Hur deveria acompanha-la. —Paser fala sugestivo. E eu então acabo aceitando a companhia de Hur.

—Então vamos...

(...)

Quando as portas da sala do trono foram abertas para eu passar acompanhada por Hur, senti todos os olhares caírem sobre mim. Meu olhar foi de encontro á Oritia, que apesar dos anos, continua bela como sempre. Avistei uma garota que possivelmente deve ter a mesma idade de Anippe, ela estava sorridente e então se aproximou de sua mãe. —Mas meu olhar subitamente caiu sobre ele. Amun. —Meu Deus, como ele está diferente. De longe Amun não parece ser o adolescente que me cortejava pelos cantos do palácio. Agradeço ao meu pai por ter mandado Amun para o alto Egito naquela época.

—Soberana. —Amun e toda sua família me reverencia. Noto que Ramsés passa a sorrir para mim e para Hur, meu irmão finalmente está aceitando Hur como cunhado.

—Faz muito tempo que não a vejo. —Oritia fala sorridente. Seus olhos azuis ainda continuam os mesmos apesar de todo esse tempo.

—Soube que foram amigas na adolescência. —Ramsés fala e então Oritia fica envergonhada.

—Isso foi muito antes de você nascer. —Falo. —Como vai? —Pergunto para Amun.

—Surpreso com o que está acontecendo por aqui. Nunca poderia imaginar que um dia a senhora se tornasse rainha do Egito. —Amun fala surpreso. De fato o seu olhar não transmite nenhum desejo como antes transmitia. Ou será que Amun ainda sabe disfarçar seus sentimentos agora? —Esta é nossa única filha. —O sacerdote fala e então a mocinha dá dois passos para a frente. —Yaffa.

—É idêntica a mãe quando adolescente. —Falo surpresa. —Quantos anos você tem? —Pergunto á Yaffa.

—Acabo de fazer quinze anos, soberana. —Yaffa responde sorridente.

—Este é meu marido. —Falo ao apresentar Hur oficialmente. O olhar de Amun caiu sobre Hur com uma certa curiosidade, mas eu tentei evitar o meu pensamento. —Hur.

—Muito prazer. —Hur fala ao olhar para Amun e em seguida para Oritia.

—Pensei em chamar Djoser e Amenhotep para que Yaffa não se sinta tão sozinha entre adultos. —Ramsés fala e então todos olham para Yaffa.

—Soube que tem uma filha. —Oritia fala e então Hur me olha envergonhado. —Onde ela está?

—Anippe está indisposta no momento. Mas assim que melhorar poderá fazer companhia á Yaffa. —Falo.

—Onde está o príncipe Gab? —Amun pergunta para Ramsés e então os dois passam a conversar a sós.

—Fico feliz por você ter construído uma família, Henutmire. —Orítia fala ao vir até mim. —Não sabe o quanto fiquei arrasada pelo o que Disebek foi capaz de fazer com você.

—Eu quase nem me lembro de Disebek. Hur foi capaz de curar todas as feridas do passado. —Falo e então olho agradecida para Hur. —Devo tudo á ele.

—Antes que eu me esqueça. Meus sinceros sentimentos pela morte de Nefertari. —Oritia fala entristecida. —Era tão jovem...

—O que conforta Ramsés é o filho. —Falo. —Amenhotep é único filho de Ramsés.

—Eu sei como ele se sente. É de se temer a vida do único filho em tempos tão tenebrosos. —Oritia fala em relação as pragas.

—Vocês duas devem estar exaustas, certo? —Pergunto para não render mais a conversa sobre as pragas. Talvez Oritia deva odiar os hebreus e eu não quero que Hur presencie algo desse tipo. —As levarei até o harém.

—Não queremos incomodar. —Yaffa fala envergonhada. A garota me olha com tanta vergonha, mas ao mesmo tempo com muito respeito. Vejo seus olhos brilharem ao me olhar sem temor, mas parece que tenta saber como sou sem me olhar com descendência. E então Djoser me vem em mente. Balanço a cabeça tentando esquecer meu filho, mas a verdade é que meu coração clama por Djoser.

—Não estão me incomodando de forma alguma, querida. —Falo sendo simpática. Eu então noto o olhar de Amun sobre mim, olhar este que me faz lembrar o passado.

Flash Back On

—Você não deveria ser assim. —Amun fala ao me ver contemplar o Nilo.

—Assim como? —Pergunto.

—Bela. —Sua definição me faz olhá-lo enfurecida.

—Me desculpe. Não quis ofendê-la. —Amun fala. —Mas a beleza da princesa me encanta...

—Pare de me cortejar, Amun. Você será um sacerdote e em breve serei noiva de algum homem de confiança de meu pai. —Falo e então ele me olha fracassado. —Ouvi dizer que irá para o alto Egito...

—E quero muito levá-la comigo! —Amun fala e então eu me afasto dele.

—Pare com isso! —Falo assustada. Como possp me ver diante disso?—Como ousa cortejar a filha do rei da nação mais poderosa da terra, Amun?

—E o que eu posso fazer se te amo? —Amun pergunta me fazendo teme-lo ainda mais.

—Afaste-se de mim ou contarei ao rei que estou sendo cortejada por um homem. Já imaginou o que poderia acontecer com você?

Flash Back Off

(...)

—O palácio está ainda mais deslumbrante do que antes. —Oritia fala ao entrar no harém acompanhada por mim e por Karoma. —Yaffa...

—Radina a levou até a piscina do jardim. —Karoma fala.

—Minha filha já está se sentindo em casa. —Oritia fala envergonhada e me faz rir.

—O marido da rainha foi até os aposentos da princesa Anippe. —Karoma me avisa.

—Ótimo. —Falo maravilhada com a possibilidade de Hur e Anippe fazerem as pazes. —Karoma, nos sirva. —Ordeno. Eu então me sento e Oritia fica de frente para mim.

—Você mudou muito. —Oritia fala ainda assustada ao me ver coroada. —Nem de longe parece ser a adolescente rebelde que era.

—Eu não poderia ser rebelde para sempre. Muito menos adolescente. —Falo e faço Orítia rir. —Mas e você? Como se adaptou ao alto Egito?

—Nada comparado com o palácio. —Oritia fala ao ser servida por Karoma com o vinho mandado por Chibale. —Soube que seu filho é o libertador dos hebreus. —O nó em minha garganta foi inevitável com as palavras de Oritia.—É verdade toda a história dele aqui no palácio?

—Sim. —É a minha única resposta para Orítia.

—Minha filha passou a adorar esse deus desde a primeira praga. —Oritia revela um pouco envergonhada. —Yaffa ainda é uma menina e não sabe o perigo que é adorar um deus invisível. Mesmo que esse mesmo deus opere tantos milagres.

—Sua filha está certa. —Falo.

—Pelos deuses, Henutmire! Não teme a fúria de Ramsés? —Oritia pergunta abismada. Eu não posso falar que de fato creio em Deus já que esta foi a condição que Ramsés me impôs. —Seu marido... Eu soube que ele é hebreu.

—Quem lhe contou? —Pergunto de imediato.

—Todos sabem. —Oritia fala. —Não teme pela vida dele?

—Do que está falando? —Pergunto confusa.

—Hur agora é marido da rainha do Egito. A mulher mais poderosa de toda a terra está casada com um hebreu, Henutmire. Não acha que os inimigos do reino e até mesmo os aliados se sintam ameaçados? —Oritia pergunta. —Eles podem atentar contra a vida de Hur somente por vê-lo como uma ameaça.

—Você tem razão. —Falo de súbito ao entender o que Oritia quer me falar. Hur de certa forma é meu ponto fraco agora.

—É um perigo, mas você não deve se atormentar tanto por isso. Afinal, no momento o que importa são as pragas. —Oritia tenta me acalmar.

—Mãe. —Ouço Djoser me chamar e então o vejo entrar no harém.

—Oritia, este é o meu primogênito. Príncipe Djoser do alto e baixo Egito. O maior presente que tenho em toda minha vida.—Falo e então Oritia olha para Djoser maravilhada.

—Ele é muito parecido com você, Henutmire. Um belo rapaz! —Oritia fala e faz Djoser sorrir. —Os olhos são seus!

—Meus filhos herdaram a tonalidade dos meus olhos. —Falo orgulhosa.

—Não vai acreditar no que Anippe está fazendo, mãe. —Djoser fala envergonhado. —Ela saiu do quarto e está no jardim como se nada tivesse acontecido.

—Pelo o que vejo a princesa Anippe também herdou da mãe a rebeldia. —Oritia argumenta e me faz rir.

—Se ela está no jardim certamente deve estar acompanhada por Yaffa. —Falo. —E Amenhotep?

—Está no jardim fazendo companhia á minha irmã. —Djoser fala.

—Porque não vai até eles? —Pergunto sugestiva.

—Como quiser. —Djoser fala então sai do harém.

—Ele me lembra você. —Oritia fala ao ver Djoser ir embora. —O olhar brilhante e o sorriso.

—Precisa conhecer Anippe. Todos falam que ela é a que mais se parece comigo. —Falo. Sinto uma tontura muito forte me deixar um pouco desnorteada, portanto tento não me esforçar muito.

—Henutmire você está pálida. —Oritia fala e deixa de lado a sua taça de vinho para me auxiliar. —Se sente bem?

—Um pouco enjoada. —Falo e então tento me manter firme. —O que pode ser isso?

—Vou chamar Paser. —Karoma fala sugestiva.

—Acho que eu não fiz o meu desjejum corretamente. —Falo.

—Pelos deuses, Henutmire. Você ainda tem esse hábito de não se alimentar bem? —Oritia pergunta risonha. —Eu ajudo você a ir até seu quarto.

—Por favor. —Peço totalmente enjoada. Porque será que estou tão enjoada?

(...)

—Enjoada? —Paser pergunta ao me ver deitada em minha cama.

—Estávamos conversando normalmente quando ela ficou indisposta. —Oritia ressalta. —Acha que pode ter sido o vinho?

—Estou acostumada com o vinho do palácio. —Falo. —Mas hoje foi diferente.

—Eu preciso ir. Volto mais tarde para saber como você está. —Orítia avisa e então sai de meus aposentos.

—O que eu tenho, Paser? —Pergunto angustiada já que ainda me sinto enjoada.

—Seu organismo rejeitou algum alimento, senhora. —Paser fala e então eu ponho minhas mãos em minha barriga. —Com tudo isso que aconteceu também é normal que a senhora se sinta tão fraca.

—As últimas vezes que me senti tão indisposta foi quando engravidei. —Falo feliz pela minha lembrança. Sinto uma certa angústia ao lembrar dos dias em que meus filhos estavam em meu ventre. —Se eu já tivesse tanta idade poderia jurar que estou grávida.

—Também poderia jurar, vossa graça. Mas como não se trata disso, prefiro que a senhora repouse o resto do dia. É impossivel a senhora estar grávida. —Paser pede. —Soube que a princesa Anippe se recuperou subitamente...

—Minha filha é extravagante demais, Paser. Trate de seu ferimento antes que ela faça alguma besteira. —Minha preocupação faz Paser rir. —Agora Amun irá cuidar de Gab...

—Graças aos deuses ele não irá demorar muito. —Paser fala. —O príncipe Gab está se recuperando aos poucos e muito em breve Amun irá embora.

—Ele parece não se lembrar do passado. Você não sabe como eu fico aliviada por isso. —Falo.

—Mesmo assim eu ainda me preocupo. Amun é um homem astuto. —Paser acaba me deixando amedrontada. —E nós sabemos muito bem do que um homem é capaz por uma mulher.

—Amun está casado com Oritia faz anos, Paser. Eu sou a rainha e ele não pode fazer nada contra mim. —Falo segura. Paser então passa a sorrir concordando comigo. —Há movimentações em todo o Egito graças as pragas, soberana. A senhora precisa ficar atenta.

—Oritia me falou o mesmo. Por acaso sabe de algo, Paser? —Pergunto curiosa.

—Apenas estou assustado com o atentado que a senhora sofreu. O que o príncipe Jahi fez foi algo gravíssimo e que pode abalar a aliança entre Núbia e Egito...

—Quando Gab partir do Egito, irá governar a Núbia no lugar do primo. —Falo. —Ele não fará nada contra nós.

—Não vamos falar sobre as políticas entre os reinos. Até porque o que importa agora é o seu bem-estar. —Paser fala mudando de assunto rapidamente. —E isso incluí a próxima praga.

—Deus não vai demorar a mandar uma nova praga. Ramsés não cedeu, portanto todos nós iremos sofrer. —Falo temerosa pelo reino. —Eu queria mudar a opinião de Ramsés, mas ele está amargurado demais para me dar ouvidos.

Lembro-me vagamente do meu plano absurdo de dopar Ramsés e em seguida libertar os hebreus. Mas Deus quer que Ramsés faça isso para que meu irmão reconheça que Ele é mais poderoso e maior que todos nós. Mas não adianta! Ramsés irá perder tudo o que tem graças ao seu orgulho. Mas me resta saber se ele também irá me perder...


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Notas finais do capítulo

Egito está em crise em todos os sentidos...
Se preparem para Amin daqui para frente!



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