Oh, vã cobiça! escrita por Eduardo Marais


Capítulo 3
Capítulo 3




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Mary indica a cadeira e observa Regina sentar-se. Não desejava ter aquela conversa na escola e por isso havia marcado um pequeno lanche em seu loft. Naquela noite, ela estaria sozinha e poderia conversar à vontade. Havia provocado a saída de sua família de casa.

– Pela sua expressão, tenho até medo de perguntar o que aconteceu. Outra maldição?

– Não. – Mary sorri, reconhecendo que estava dramatizando demais as suas suspeitas. – Vamos ser diretas e objetivas, porque sabemos que David não conseguirá manter Vasco entretido por muito tempo, na lanchonete. Caso Killian estivesse aqui...

– O que aconteceu?

– Como coordenadora geral da escola, recebo vários pais para conversar e resolver problemas sérios ou tolos. Um caso em especial atraiu a minha atenção.

Regina cruza os braços diante do peito e encosta no espaldar da cadeira. Tranca o rosto.

– Há duas semanas, um garoto rasgou uma fotografia de Yasemine e ela não agrediu o menino.

– Sorte dele.

– Mas depois, a professora comunicou o fato e disse que o menino foi embora chorando, afirmando que Yasemine o ofendeu e o chamou de gordo.

– O menino era gordo?

– Sim, mas isso não é importante agora. – Mary não consegue atingir o ponto de sua dúvida. – Quero dizer, é importante sim. Segundo a professora, Yasemine segurou o braço do menino e o ofendeu.

– Preciso fazer uma visita a essa professora. Eu sinto que há implicância com minha filha.

Mary nega com a cabeça.

– Nos dias que se seguiram, o menino começou a emagrecer. Foi levado ao pediatra e muitos exames foram feitos, mas nenhum problema foi detectado.

Regina ergue uma das sobrancelhas. Não pretende ouvir o que imagina que irá ouvir.

– O garoto continua alimentando-se bem, entretanto, o emagrecimento é visível. Ele emagreceu quase cinco quilos. Está perdendo em média, trezentos gramas por dia!

– Uma criança com quatro anos perdendo cinco quilos...o menino era obeso, então.

– Regina, é grave demais! Uma criança com quatro anos perder essa quantidade de peso assim, em duas semanas, é algo gravíssimo!

Estreitando os olhos e encarando a enteada, Regina invade a alma dela.

– O que está tentando dizer?

– Yasemine tocou no menino e o chamou de gordo. Imediatamente, nos dias seguintes, o menino começa a emagrecer de forma inexplicável na visão da medicina.

– Certo! O que você imagina? O que está em seu coração, Mary?

– Uma vez, na Floresta Encantada, tomei conhecimento de um caso semelhante a este. Uma pessoa que começou a emagrecer sem motivos aparentes. Comia como um louco e emagrecia a olhos nus. Descobrimos que ele estava ressecando porque foi amaldiçoado por um cigano. Ele foi tocado pela Maldição do Emagrecimento.

O rosto de Regina torna-se sombrio e o desejo de quebrar alguns dentes de Mary surge em sua mente. Mas isso iria esperar por um momento mais propício.

– Está imaginando que Yasemine rogou uma maldição sobre o menino gordo e ele está dominado por isso?

– Ela tocou o garoto e o chamou de gordo. Há uma ligação com o que aconteceu com o cara da Floresta.

Regina faz uma careta desdenhosa, levanta-se da cadeira e caminha na direção da porta do loft. Apanha seu casaco e abre a porta para sair. Olha Mary por cima do ombro.

– O que houve com o homem da Floresta?

– Ele ressecou em pouco tempo. Virou uma múmia viva e preso a uma cama. Somente depois que o cigano retirou o encantamento, ele retomou a sua vida normal.

Regina fecha a porta e retorna para junto de Mary.

– Por que pensa que Yasemine amaldiçoou o menino?

– Talvez por que ela tenha transformado a Sra. Vargas em cabra? Ou por ela ter arrancado a porta do fusca de Emma, quando minha filha cumprimentou Vasco com um abraço? Ou por ela ter feito meu filho Neil flutuar sobre a cama dele? Ou talvez pelo fato dela ter feito os balões do aniversário do filho de Belle, criarem vida? Eles correram atrás dos convidados, lembra-se? Não preciso nem citar as pequenas demonstrações que Alda e ela fazem quando estão brincando em sua casa. Preciso?

– Eu nunca citei tal encantamento. Sequer sabia da existência dele.

Mary toca o braço da madrasta.

– Yasemine não é uma menina comum. Ela pode ter buscado a informação em algum livro seu, sem o seu consentimento. Outro dia, Yasemine me disse que não gostava da professora dela, porque a mulher sempre tocava o ombro de Vasco.

– Ela tem muito ciúme do pai.

– Então, Regina! Fique atenta e investigue o que ela disse ao menino! Não foi apenas uma coincidência, chamar o menino de gordo e depois surgir um emagrecimento repentino. Caso não descubra o que houve, o menino irá tornar-se uma múmia viva! Por favor!


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