Oh, vã cobiça! escrita por Eduardo Marais


Capítulo 24
Capítulo 24




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Era quase meio dia e o sol já estava a pino. Vasco e Cosima protegem os cavalos sob algumas árvores e tratam de encher seus odres para a continuidade do caminho.

O som do galope de cavalos é ouvido pelo casal. Cosima apanha seu arco e flecha, enquanto que o homem desembainha a espada que havia recebido de William. Ambos escondem-se e aguardam a aproximação dos animais, que poderiam ser cavaleiros de algum reino ou até mesmo os cavaleiros sem rosto.

Quando os animais estão mais próximos, Vasco consegue reconhecer a jovem professora de sua filha, trajando roupas pesadas de couro e mantendo-se elegantemente sobre o cavalo. Ao lado dela, percebe Regina e Galeano.

Sem entender o que estava acontecendo, ele toca o braço de Cosima e pede para que ela permaneça onde está. Mas ela se desvencilha do toque e aponta para o alto das árvores, de onde alguns macacos voadores observavam o casal lá embaixo.

– Vamos viver hoje para lutar amanhã.

Os dois se levantam e correm para o meio da trilha de terra. Ambos erguem as mãos como se estivessem se rendendo ao ataque dos inimigos.

O grupo de Regina para imediatamente e o silêncio toma conta de todos. Ninguém conseguia acreditar no que estava vendo, até que Yasemine salta rapidamente do cavalo e corre na direção do pai.

– Papai! Você está vivo! – a garota se esquece de que não é mais aquela garotinha e sem hesitar salta para encher os braços de Vasco com seu corpo. Ela começa a chorar. – Papai!

Sem entender o que estava havendo, Vasco apenas a envolve com os braços e a puxa para junto de seu peito. Olha por cima da cabeça da garota desconhecida e encara Regina, que desce do cavalo e vem em sua direção, fazendo parte daquele abraço.

Após aqueles segundos de súbita insanidade, Vasco se desvencilha das duas mulheres e dá alguns passos para trás, como se buscasse proteção em Cosima. Neste momento, Cesar e Nicolas apeiam de seus cavalos e aproximam-se protetores.

– O que...o que está havendo?

– Finalmente o encontramos Vasco! – Regina sorri histérica e aponta para a filha. – Ela não poupou esforços para salvar você!

Antes que Vasco pudesse falar algo, Yasemine enche novamente os braços do pai, com seu corpo. Desta vez, é possessivamente abraçada por ele, que lhe beija diversas vezes os cabelos escuros e volumosos.

– Viemos buscar você, porque Galeano nos disse que seu corpo tem uma ligação com os minerais do castelo de Zelena. E que muito tempo longe daquelas paredes, pode ocasionar sua morte. – Regina tenta controlar suas emoções. – Encontraremos um meio de livrar você dessa dependência! Eu lhe prometo!

Vasco mantém a filha protegida entre seus braços e estreita os olhos ao encarar Smila sobre o cavalo. Depois olha para Cesar, Nicolas e finalmente para o jovem pervertido, filho de Zelena.

– Eu não vou retornar para aquele castelo maldito. Mesmo que eu tenha de morrer...

– Quando minha mãe curou sua enfermidade, teve de usar métodos pouco ortodoxos para isso. Você está vinculado às esmeraldas das paredes. – Galeano tenta mostrar-se controlado, mas suas entranhas pareciam revirar-se pelo desejo que as queimava. Estava diante de seus dois amores e os estava querendo. – Meus servos irão proteger nosso caminho de volta.

Cosima se aproxima do grupo e posiciona-se ao lado de Vasco e da filha colada a ele.

– Vasco estará protegido em minha aldeia e estará livre de qualquer influência mágica. – ela se vira para Regina e sorri. – Lamento, Rainha Má, porém, ele já foi reivindicado e pelas leis deste reino, ele me pertence agora.

– Como é? – Regina, Smila e Galeano perguntam ao mesmo tempo, exibindo a mesma reação de surpresa e indignação.

– Nossa! Quanta gente desejando esse homem! O que passaram nele quando era bebê? – Nicolas cochicha e recebe um olhar divertido de Cesar. – Só faltam os macacos voadores e Anteu na fila para tentarem devorar o cara. Você também está apaixonado por ele?

Cesar não responde. Apenas esboça um sorriso e vasculha os arredores observando a agitação dos macacos lá em cima nas copas das árvores. Estavam sentindo ou vendo a aproximação de algo ou de alguém.

– Vamos retornar, senhoras e senhores. – a voz de Cosima é firme. – Sugiro que não tentem nenhum ataque surpresa com aqueles macacos voadores, porque os meus falcões estão sobrevoando a área. Minha aldeia fica a um dia e meio de viagem daqui, portanto, sugiro que comecemos nossa jornada.

– Vasco irá sofrer a decrepitude da carne, caso fique mais três luas longe de meu castelo! – rosna Galeano gritando com os dentes travados. – A esposa dele concordou em levá-lo para nossos cuidados! Minha mãe e minha tia poderão unir seus poderes e...

– Não por muito tempo. – Cosima apoia as costas de Vasco e o conduz para seu cavalo, onde ele monta e acomoda a filha na garupa. Dá um tapa na traseira do animal e ele dispara, sendo conduzido pelo homem.

Regina se enfurece e gesticula, provocando um imediato retorno do animal trazendo seu homem e sua filha. Todos ficam assombrados com aquela demonstração de poder intimidador, inclusive Vasco e Yasemine. Com outro gesto poderoso e inflamado pela raiva, Regina envolve a todos numa fumaça roxa e em segundos desaparecem do local, deixando apenas os macacos voadores atônitos.

Todos se deparam com novo cenário. Estavam dentro da sala principal do Castelo das Esmeraldas, incluindo os dois cavalos de verdade.

– Não deveria ter feito isso, Regina. – a jovem Cosima não se mostra entusiasmada com o truque. – Não aprecio demonstrações mágicas perigosas e autoritárias como as suas.

– Todo o nosso reino nasceu de truques, minha cara. Reclame com o autor! – Regina olha em volta e procura a irmã. – Zelena, onde está você?

O íntimo de Galeano vibra com a sensação surgida. Yasemine dentro do castelo mais uma vez, seria sinônimo de enfraquecimento de Zelena. Ele ficaria liberto de seus desmandos e ainda poderia usar seus conhecimentos para manter seus dois amores ali, em sua casa.

Vasco desce do cavalo e traz a filha consigo. Observa Smila aproximar-se de Cesar e Nicolas, além de ler suas expressões de desconfiança. Eram soldados, naturalmente, e estavam percebendo perigo iminente.

– Eu vou proteger você, papai! – Yasemine se mantém abraçada à cintura do pai.

Zelena surge e sorri ao encontrar-se com sua família. Sua irmã, sua sobrinha, seu belíssimo cunhado e seu poderoso filho Galeano. Sente-se feliz e acalentada com aquele encontro, porque algo dentro de sua alma dizia que não os veria mais. Sentia-se fragilizada e seu peito estava oprimido por uma força que vinha nitidamente de Yasemine. O impacto aumentava, cada vez que a garota levava seus olhos em sua direção.

Galeano beija o rosto da mãe.

– Pedi que você matasse a menina. Ela está me sufocando! – cochicha a ruiva.

– Não irá acontecer nada de ruim com você, mas preciso dela aqui comigo.

– Muito bem, irmãzinha! – grita Regina chamando a atenção para si. – Estamos aqui com Vasco, conforme combinado. Agora, vamos trabalhar para conseguir o antídoto que irá salvar a vida de Vasco!

A ruiva e o filho entreolham-se. Sorri e estende a mão para que a irmã a siga, vendo Regina caminhar até ela.

É neste momento que Cosima percebe a oportunidade: as duas mais poderosas bruxas estavam juntas e aquele seria o momento em que deveria agir. Habilmente, ela atira dois pequenos globos contra o soalho de pedra e eles explodem imediatamente.


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Notas finais do capítulo

Meus profundos agradecimentos a quem está lendo ou apenas passando a vista.



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