I've Got You Under My Skin escrita por iara


Capítulo 6
Frank Sinatra e o Natal


Notas iniciais do capítulo

Título meio estranho, mas vocês vão entender depois.
Recomendo que escutem essa música aqui enquanto leem o capítulo. Vai dar mais sentido a narrativa:
https://www.youtube.com/watch?v=nHuko5BCFzA
Não vou mais incomodar vocês! Boa leitura!



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— Espera, deixa eu ver se entendi... – Charles faz uma pausa. – Seu pai te levou para dar uma volta em Nova York?

— Sim.

— E vocês sobrevoaram o Central Park no carro voador dele?

— É isso aí. – confirmei.

— Nossa, o seu dia faz o meu parecer chato. – ele bufou, e eu ri de sua cara.

— Ora, não é pra tanto. Ei, me passa aquela bola vermelha.

Apesar dos protestos, consegui convencê-lo a me ajudar a colocar os enfeites na nossa árvore de Natal. Ela ficou tão perfeita na sala, e dava um ar juvenil. O rádio estava ligado, tocando de música eletrônica ao blues. Bem eclético.

— Você conhece todas as músicas do mundo? – ele perguntou de repente, parecendo meio indignado.

— Ora, claro que não! – AINDA não. Um dia, talvez. – Por quê?

— Você conseguiu acompanhar todas as músicas que tocaram na rádio! Como faz isso?

— Deve ser uma coisa de filhos de Apolo, eu acho. – pensei um pouco. – Afinal, ele é o deus do arco e flecha, da música, do sol, da medicina...

— Ok, eu já entendi. Apolo é o todo poderoso. Grande coisa. – ele começou a rir. – O meu... Ahn... O que o meu pai faz mesmo?

— Hefesto é o deus das forjas e do fogo.

— É, isso aí! Quem é Apolo perto disso? Ninguém. – era claramente uma brincadeira, então resolvi entrar.

— Claro! O que é o deus do sol perto do deus do metal? Ninguém. – dei uma gargalhada.

— Mas... Me diz aí. Você é boa de mira, canta, provavelmente sabe curar pessoas... E eu? O que eu faço?

— Hm... Você conserta.

— Só isso? Eu sou tipo um mecânico? – sua voz era de desapontamento.

— É. – tentei animá-lo. – Pode parecer idiota, mas isso é importante. No acampamento, por exemplo; todas as nossas armas são produzidas por filhos de Hefesto. Sem vocês nós não somos nada.

— Pode ser. – vi seu rosto ficar vermelho. Tão tímido... – E como é lá no acampamento? Tem muita gente?

— Sim, muita. Principalmente no chalé de Hermes.

— Vocês namoram uns aos outros? Sabe... Vocês são primos. Isso não é considerado incesto?

— Bem... Eu não sei. Mas ninguém liga pra isso.

— E você... – voltou a ficar envergonhado. – Já... Namorou alguém?

— Ah, sim. Uma vez. – parei, imaginando se deveria contar a história toda. Bem, eu confiava nele. – Um filho de Afrodite.

— Ah. Sei. – de repente os enfeites de Natal se tornaram muito interessantes, e ele simplesmente não olhava pra mim.

— É. Nós terminamos dois dias antes de minha chegada aqui.

— Sinto muito.

E ficamos calados, o silêncio preenchido pela música. Aquilo me irritou. Só “Sinto muito”? O que Charles queria dizer? Gostava de mim, mas tinha vergonha de falar? Ou achou que eu fosse inexperiente, que nunca havia namorado alguém? Qual era a dele?!

De repente, reparei que havia algo errado. Eu não era tão sentimental assim. Se algo me incomodava, era só ignorar. Nunca fui de ficar sofrendo, muito menos pensando muito sobre relacionamentos. Isso só podia ser coisa dela.

— Afrodite... – murmurei para mim mesma.

— Falou comigo? – ele perguntou.

— Não, só estou falando comigo mesma. – me calei, prestando atenção na melodia que tocava. – Ah, eu adoro essa música!

— Frank Sinatra? – concordei com a cabeça. – É, sempre colocam músicas dele nessa época do ano.

— Dança comigo. – aquilo não era um pedido, era uma ordem. Me levantei do chão e estendi a mão para ajudá-lo.

— Não sei dançar. – mas se ergueu, ficando na minha frente.

— Eu te ensino, não é difícil.

— E a professora voltou. – ele riu.

— Rá rá. – fiz uma careta. – Chegue mais perto.

— Vai me bater?

— A ideia é tentadora, mas não. – sorri. – Coloque a mão na minha cintura.

— O... O quê? – ficou mais vermelho do que um tomate.

— Segure minha cintura. – percebi que ele não ia se mover, e fiz isso eu mesma. – Assim. Agora, junte sua outra mão com a minha... Desse jeito. – nossos dedos se entrelaçaram, e eu segurei seu ombro.

— E agora?

— É só se mover ao ritmo da melodia. Me siga.

Dei passos lentos, para que ele não se perdesse. Charles tomou confiança depois de alguns segundos, e arrisquei acelerar um pouco. Conseguiu acompanhar sem problema, e vi a sombra de um sorriso no seu rosto. Até que não era tão desengonçado.

— Agora, um giro. – falei.

Conseguiu me fazer rodopiar com habilidade. E nós giramos juntos pela sala pequena, como se estivéssemos em um salão de baile. Mas, apesar de tudo, mal me tocava. Nossos corpos estavam bem separados, e não consegui identificar se era por timidez ou não. A música acabou, mas continuamos juntos.

— Obrigada pela dança. Me diverti muito.

— Eu também. – franziu o cenho. – Não sabia que eu tinha jeito pra dança.

— Mais uma coisa para colocar na sua lista de talentos. – eu ri.

— Eu nunca tinha reparado antes, mas... – ele tocou no meu colar, que tinha um pingente em forma de sol. – Isso tem algum significado especial? Você sempre usa.

— Ah, sim. Esse colar era de minha mãe. – e lá vamos nós.

— Era? No passado?

— Sim, minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu era pequena. – meu tom era controlado, e Charles se assustou.

— Nossa, eu sinto muito. Se eu soubesse não teria comentado.

— Está tudo bem. Eu não lembro muito bem dela. Já faz quase doze anos, e eu era muito nova. – fiz uma pausa. – Meu pai deu esse pingente pra ela, e é a única coisa que restou.

— E o que aconteceu com você?

— Passei alguns anos com minha vó, mas ela não era lá muito receptiva. Depois disso um sátiro foi me buscar e moro no acampamento desde então.

— Sabe, você não age como se tudo isso tivesse acontecido. – deixando a vergonha de lado, me olhou diretamente, e fiquei meio hipnotizada pelos seus olhos. Um verde como a floresta e outro castanho como chocolate. Incrível! – Nunca te vi reclamar de nada, e sempre está de bom humor.

— Bem, não podemos nos abater. A vida é bela, e só alguns são espertos o suficiente para aproveitá-la. – para quebrar o gelo, dei uma risada. – E só os inteligentes comemoram o Natal.

— Ei! Isso não tem nada a ver! Eu sou um gênio, se quer saber.

Voltei a decorar a árvore, com um sorriso largo no rosto.


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Notas finais do capítulo

Gente, essa fanfic tem poucos leitores, mas eu gostaria de agradecer a cada um de vocês. Mesmo os que não comentam, saibam que são importantes para mim!
Vocês fazem o meu dia mais feliz!
Beijos!!



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