I've Got You Under My Skin escrita por iara


Capítulo 3
A pizza é minha!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Estou feliz pelos comentários que recebi! Continuem assim!
Espero que gostem desse capítulo! Boa leitura!



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— Você é filha de Apolo? – Charles perguntou pela terceira vez. – Tem certeza disso?

— Absoluta! Por que a dúvida?

— É que... – seu rosto ficou vermelho, e a voz falhou. Nossa, ele era muito tímido! – Você é muito bonita. Pensei... Que fosse filha de Afrodite.

Eu queria dar uma boa gargalhada e dizer que eu já sabia disso, mas vendo o jeito como ele estava envergonhado, fiquei com pena. Então, dei um sorriso brilhante e agradeci.

— Muito bem. Vamos começar. – coloquei uma das minhas mochilas de cima da mesa e comecei a tirar as armas.

— Uou! Isso são armas de verdade?!

— É claro! Como vamos treinar, com pistolas de plástico? – fez uma careta.

— Pensei que fosse pegar leve comigo.

— Eu vou pegar leve. Claro. Sou uma pessoa muito boa. – fiz uma pose de “eu sou a tal”. – Mas isso não vai funcionar se não fizer com as legítimas. O efeito é outro.

— Como a polícia não te prendeu? – parecia estar achando graça de mim. Rá! – As aparências enganam, hein? Será que eu deveria ligar para a delegacia?

— Mesmo que eles me revistassem, senhor correto, não veriam nada além de brinquedos. A névoa ia deixá-los confusos.

— Névoa? Mas o que é isso?

— Ninguém te ensinou nada? Como foi que descobriu que era semideus? – falei, indignada. – Hefesto bateu na sua porta, disse “Parabéns, você é um semideus!” e foi embora?

— Hm... Mais ou menos assim. – fiquei procurando algum traço de humor no seu rosto. Isso é sério?! – Só que eu não sabia que era ele na hora, só depois.

— Mas... Mas... Como é que... – desisti de tentar completar as frases. Peguei seu braço e o levei para o sofá. – Olha, vou te explicar umas coisinhas. Se puder não me interromper, seria bom.

Com toda a paciência do mundo, falei os detalhes sórdidos do nosso mundo. Do Empire State, do acampamento, sobre nossos pais deuses... Tudo. No final, esperava que Charles demostrasse surpresa, que ficasse maravilhado, ou que, pelo menos, agradecesse! Mas não foi bem assim que aconteceu.

— Ah, entendi. – só isso?!

— Como assim, entendeu? Não vai falar mais nada? Não vai tirar um dúvida? NADA?

— Olá, professora Emma. – riu um pouco. – Não. Isso parece ser bem aceitável, sabe? Até mesmo clichê.

— Clichê?! Como pode falar isso? É das nossas vidas que estou falando! É uma coisa milenar! Que atravessou barreiras, séculos...

— Tá, eu já saquei. Mas parece uma novela mexicana.

— Ei! Não parece não! – fiz uma pausa. – Tá, parece, mas você não pode falar uma coisa dessas!

— Por quê?

— Porque sim, ora! Agora, vamos. Você tem que escolher uma arma.

— Escolher uma arma? Mas como eu vou escolher se eu não sei nada sobre elas?

— Vai por intuição!

Voltamos para a mesa. Tinha uma adaga, uma espada, um arco e um machado. Ele tocou cada uma delas, examinou o brilho, sentiu o peso, e no final das contas virou para mim e riu.

— Eu não faço a menor ideia do que eu estou fazendo.

— E só agora que você avisa? – dei um tapa na minha própria testa.

— Ei, seja uma professora boazinha, sim? Tenha paciência com seus alunos. – vamos lá Emm, inspira, expira, inspira...

— Tudo bem. Adagas são boas para ataques rápidos. Mas só funciona se o oponente estiver bem próximo. – continuei, apontando para cada arma. – Espadas são as mais comuns, e são eficientes. Exige uma boa coordenação motora.

— Sem chance, então.

— O machado é bem... Violento, digamos assim. – fingi não ter reparado na interrupção. – Porém dá um pouco de trabalho, pois é pesado. Precisa ter força.

— Olha só os meus músculos! – arregaçou as mangas da camisa e tencionou o braço, mas não aconteceu nada. Nem um muque sequer. Será que eu era mais forte que ele? – Sei que sou o melhor, não precisa nem dizer.

— Aham, vai nessa. – revirei os olhos.

— Só faltou o arco. Não vai falar dele?

— Eu até poderia, mas sou suspeita. É a melhor de todas.

— Espera aí... Apolo não é o deus do arco e flecha?

— Sim, é. – fiz uma pose triunfante, e dei um sorriso. – Sou a melhor arqueira do acampamento! Deveria estar lisonjeado de me ter como mentora!

— É verdade, onde estão meus modos? – fez uma reverência. – O que posso fazer pela senhorita, majestade? Será que devo beijar os seus pés?

— O direito primeiro, obrigada. – dei uma risada.

— Sua chata. Me diz, qual é a arma que você me recomenda?

— Hm... Acho que posso te mostrar um pouco de cada. Vamos começar o treinamento amanhã. Se eu fosse você, dormiria cedo. Vai precisar de energia.

— Sim, majestade! – e saiu marchando para o andar de cima.

.

A casinha só tinha um quarto, então tive que ficar no sótão. Até que não era tão ruim, se você ignorasse a poeira, e a escuridão, e as milhares e milhares de caixas. Bem, pelo menos não tinha aranhas. Eu acho.

Depois de colocar minhas roupas no pequeno armário, sacudi os lençóis da cama e fui dormir. Me revirei a noite toda, e por ter ficado inquieta, tive um sono sem sonhos.

.

Fiquei feliz em saber que tinha um quintal. Já estava pensando na bagunça que ia ficar a sala, e Charles provavelmente não ficaria feliz se eu destruísse sua TV.

— Vamos lá. – dei a adaga pra ele, e fiquei na sua frente. – Estou desarmada, e tem apenas um metro de distância entre nós. O que você faz?

— Nada. Por que faria alguma coisa? – só podia estar brincando!

— Bem, comigo você não faz nada. Mas e se eu fosse um monstro?

— Um monstro meio bronzeado demais, não? – fiz uma careta. – Tá, parei. Eu acho... Que iria avançar.

— Vá em frente.

Deu o primeiro passo relutante, mas depois veio com vontade para cima de mim. Fui para o lado e desviei de seu ataque. Tentou de novo, mas eu fugia facilmente. No fim, Charles se jogou na grama.

— Desisto. Como você faz isso?

— Anos de treinamento. – sorri. Chupa essa, mané! – Um dia você chega lá.

— Ah, tá. Agora me deixa aqui quietinho, viu? Vou aproveitar e dormir um pouquinho.

— Nem sonhando! Levanta daí!

— Não! E agora, vai fazer o quê, professora? – sua cara era zombeteira.

Andei para a torneira dos fundos da casa e peguei um pouco de água com as mãos. Fui até ele e derramei. Se levantou rapidamente, com frio. Ri bastante, enquanto Charles resmungava e tentava dar um jeito na camisa.

— Não acredito que você fez isso! Você é cruel!

— Devia ter visto a sua cara! – fiz uma imitação mal feita. – Foi mais ou menos assim!

— Ah, é? Vai ter vingança, me aguarde! – apesar das palavras ameaçadoras, ele também parecia estar achando graça.

Foi difícil voltar ao treinamento. Dei mais algumas lições sobre como usar a adaga, e depois de mais algumas (muitas!) tentativas falhas, ele conseguiu me encurralar contra a cerca branca do quintal.

— Parabéns. Tivemos algum avanço. – olhei para cima, e vi o céu meio nublado. Esperava ver o sol, mas aparentemente ele não ia aparecer. – Que horas são?

— Acho que já é a hora do almoço.

Entramos na casa, e me lembrei de um pequeno detalhe; eu não sabia cozinhar. Nem um pouco. Nunca precisei, já que no acampamento as refeições estão sempre prontas. Eu ia fazer um comentário sobre isso, mas ele me impediu.

— Observe o mestre. – pegou o telefone, discou o número rapidamente e pediu uma pizza. Tudo isso em menos de dois minutos! – Tcharam! E a comida vai chegar em meia hora.

— É assim todos os dias?

— É. Simples, rápido e eficaz. Agora, se me der licença... – vi ele pegando alguma coisa na mesa, que logo identifiquei como um celular. – Tenho que atualizar meu The Sims.

— O quê?! Largue isso! – gritei.

— O que foi? – ficou assustado com minha reação.

— Largue esse celular, agora! – apontei para o aparelho maligno.

— Mas é só um celular, não tem nada demais.

— Isso atrai monstros! Não me surpreenderia se um aparecesse aqui agora mesmo! Solte. Isso. – como se tivesse medo de mim, colocou em cima da mesa. – Isso. Obrigada.

— Quer dizer que você não tem um smartphone?

— Não.

— E como se comunica com as pessoas que estão longe?

— Faço uma ligação de Íris.

Estava mais do que na cara que ele não sabia o que era isso, mas resolvi que explicaria depois. Comemos a pizza juntos, mas sobrou um único pedaço. Seria uma briga acirrada, mas eu não queria perder. Com rapidez, peguei o pedaço e saí correndo.

— Ei! Roubou minha pizza!

— Só notou isso agora? – comecei a comer, satisfeita.

— Espero que isso não se torne um hábito, ouviu? Gosto de ficar com o último.

— Sonhar não mata, né? – e dei um sorriso presunçoso.

E naquele momento, o acampamento era apenas uma lembrança distante.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do Charles? Ele é uma figura, né?
Obrigada por lerem! Estou esperando os reviews! Beijos!!



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