Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 35
Uma vida a dois


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem sendo hoje um dia muito especial resolvi adiantar a postagem (que provavelmente será aos fds agora) para hoje.
Primeiramente porque é dia de ação de graça então um Feliz dia de Ação de Graça para todos. Depois hoje é o niver 1 ano de postagem dessa fic aqui ♥ Agradeço a todo mundo que leu e continuarei agradecendo até o final.
Por último, mas não menos importante hoje é aniversário dessa "autora" aqui também, pois é provavelmente sou a única que posta do próprio aniversário rs.

Então é isso aí, o cap de hoje está bem pequenininho e bem tranquilinho. Recomendo fortemente que aproveitem essa tranquilidade e todo esse amorzinho de Jenny e Sexta-feira.



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O primeiro grande problema em ter Jenny morando em minha tribo é que ela precisava ter sua função e obviamente ela se encaixaria perfeitamente bem no grupo de caça graças a suas habilidades de escalada e suas noções de combate, mas sendo Mabuba a líder desse seleto grupo, a possibilidade logo fora descartada. Por outro lado, fui convidado diversas vezes para adentrar ao grupo de caçadores, contudo deixar Jenny sozinha em meio uma tribo de pessoas que não falavam uma única palavra de seu entendimento era de certo um sinônimo de confusão. Então me prontifiquei a ensinar às crianças a língua Portuguesa. O que poderia parecer estranho, mas os portugueses aproximavam cada vez mais do interior do território a qual eles chamavam de Angola, que estava em “paz” com Portugal através de acordos e é claro de uma parcela de nossos homens, mulheres e crianças que em geral pertenciam a tribos derrotadas em batalhas internas. Ambundu era uma das tribos que era totalmente contra qualquer ligação com os portugueses e por isso vivíamos juntos aos leões e eu não poderia condenar a quem preferisse ser atacado e morto por um destas grandes feras a viver uma vida de escravidão. A questão era: quanto tempo poderíamos manter a nossa paz? Questões que a Velha simplesmente preferia afastar de suas preocupações.

Jenny por outro lado, não sabia português muito além do que eu a ensinara e ninguém parecia muito disposto a aprender inglês o que logo a isolava de todos com exceção de mim. Havia aqueles que cuidavam das colheitas das raízes e outras ervas, além da colheita de frutos é claro, conhecimentos totalmente estranhos à ela. Algumas mulheres tratavam de lavar roupas e criar novas peças e foi aí que achei um lugar para ela. Jenny tinha uma habilidade inquestionável na costura, sendo sempre as velas do Gralha e depois do Ashai cuidadas por ela. Além disso, ela tinha uma perícia em fazer e desfazer nós difícil de encontrar mesmo em velhos marujos. Havia uma boa quantia de peles e tecidos a serem costurados que ela aceitou de bom grado para passar o tempo enquanto eu iniciava uma jornada diária de letras e palavras novas com as crianças.

No começo todos pareciam temer Jenny como uma monstruosidade perigosa, com sua cor pálida, cabelos loiros e suas roupas ocidentais então lhe sugerir tentar se vestir como as outras mulheres que usavam saias longas, sandálias de couro e amarrações no pescoço que iam até as costas na altura dos seios. No calor, no entanto, era comum ver as mulheres com os seios desnudos. Jenny recusou a ideia de primeira. Mas tão logo ela percebeu-se que um calça e um blusão de marujo desgastada não duraria por muito tempo e foi sem dúvida alguma um choque ver Jenny vestida como uma mulher negra. A longa saia colorida ganhou dois rasgos que possibilitavam uma melhor movimentação de suas pernas, seus pés aceitaram com gosto o frescor das sandálias de couro e certamente a parte mais peculiar estava na peça que guardava seus seios, metade de um coco em cada um amarrados com cordas finas.

Em poucos dias Jenny já tinha uma bela cor adquirida com horas expondo boa parte do seu corpo ao sol que se fortificava a cada dia que nos aproximávamos do verão. Mabuba ainda deixava pequenos comentários sobre como a cor de Jenny era feia e seu cabelo sem graça, mas a filha de Edward Kenway estava acostumada a esse tipo de atitude por parte dos outros.

Com notável sucesso eu e ela construímos nossa própria cabana, com madeira, palha e barro. E devo dizer que foi com muita satisfação que voltamos a dormir juntos e eventualmente fazer mais coisas do que dormir juntos. E não houve um momento em minha vida até então que tenha experimentado tamanha felicidade. Pois aos poucos todos se acostumaram a Jenny e estando a tribo reclusa não havia combates se não expulsar as hienas que vez e outra tentavam nos surpreender. A Velha, que a essa altura já tinhamos plena ciência de ser a maior autoridade da tribo preocupava-se com a sua neta que ainda não havia escolhido um dos guerreiros para ser seu companheiro. Jenny insiste na ideia de que Mabuba nutria qualquer sentimento por mim, mas ela não parece se importar ou demonstrar qualquer ciúmes. Penso que é resultado de seu amadurecimento.

E assim nossas vidas caíram em uma rotina que me deliciava a cada dia, comendo ensopados, ensinando a quem tivesse o interesse de aprender enquanto Jenny mantinha certas práticas navais, como observar o tempo e o vento. Mas de repente tudo mudou quando o verão chegou.

Tulum certamente tinha seus dias quentes, mas ainda sim era uma ilha recheada de água aqui e ali, porém nossa vida próxima a savana mostrou-se ser um desafio inimaginável para Jenny que sendo inglesa estava acostumada a chuvas e neve. Seu corpo logo deu sinais de fraqueza quando os enjôos apareceram e qualquer coisa quente era algo torturante para sua barriga que fazia questão de demonstrar isso com vômitos quase diariamente. A fraqueza abateu seu corpo é ela sentia-se cansada e dormia com facilidade. Eu podia ter muitos conhecimentos, mas medicinais não estavam entre eles e preocupado com sua situação que se tornava deplorável tomei uma atitude.

— Você precisa de ajuda e isso já vai muito além do que sei. – Disse a uma Jenny que acabara de vomitar e ela manteve-se calada, talvez estivesse exaurida demais. – Já volto, apenas fique deitada aí.

Deixei-a pouco vestida em nossa cabana em uma tentativa de manter seu corpo maiss fresco. Era meio dia e todos estavam abrigados do sol que brilhava no profundo azul claro do céu e sem qualquer nuvem por perto para ousar ofuscar seu brilho. O solo estava ressecado e com rachaduras devido a falta de chuvas, tornando o local infestado de poeira e areia. Cruzei o pequeno percurso da nossa cabana até a moradia da Velha Kazola que era a única curandeira dali. Entrei provavelmente sem ser notado e após um pigarro para me fazer ser visto comecei a falar.

— Preciso de ajuda.

Ela como sempre, estava trabalhando em combinações de ervas, folhas, sementes e flores que lhes serviriam futuramente para tratar de febres e outras doenças.

— Do que precisa? - Ela não se preocupou em olhar para mim ao responder, mas eu já estava acostumado a esse tipo de tratamento e continuei.

— Jenny não está bem. Não está acostumada ao calor forte e sente-se fraca. Sente muita sede e quando come quase sempre vomita. - Ela se virou e seus olhos estreitaram-se ao encontrarem os meus, fiquei curioso, mas continuei. – Acho que está emagrecendo pouco a pouco, talvez haja algo para lhe melhorar a fome. Já a vi embarcada por meses a base de peixe e mingau de aveia, sei que é uma garota forte.

— Vamos ver a sua garota.

A Velha passou por mim e saiu de sua cabana, o que era uma atitude incomum, pois ela dificilmente deixava suas receitas pela metade, mas a segui mesmo assim. Com poucos passos chegamos a cabana a qual eu e Jenny vivíamos e lá estava ela, deitada e com aquela expressão apática. Sem grandes cerimônias a Velha aproximou-se dela é levou suas mãos à barriga de Jenny. No mesmo momento recordei que havia malditas minhocas que podiam entrar em nossos corpos e comer nossa comida, deixando-nos fracos. Já vi alguns escravos mergulharem seus traseiros em leite para atrair as minhocas para fora e assim se livrarem delas. Seria possível que Jenny tivesse sido mais uma de suas vítimas? Mas então a Velha levou seus curtos dedos atrás do pescoço de Jenny, no que eu a princípio julguei ser ato para verificar se ela tinha febre ou não, mas ao invés disso ela desfez os laços que amarravam os seios de Jenny e simplesmente os apalpou.

Jenny que estava claramente enjoada levantou-se e sentou-se com os braços a frente do busto enquanto a Velha lhe fazia uma careta. – O que diabos ela está fazendo? - Questionou-me uma Jenny que olhava a curandeira de cima a baixo.

— Ela irá te ajudar com os enjoos. - Aproximei-me dela é tentei ser o mais gentil possível.

— E o que os meus peitos tem com isso?

Eu quase poderia dizer que Jenny estava furiosa se sua expressão não estivesse tão desfalecida, mas então a Velha falou.

— Diga para a sua garota se acalmar e pergunte a última vez que ela sangrou.

Tenho certeza que franzi o meu cenho com aquela pergunta e teria questionado a mulher quanto a mesma, mas ela sinalizava insistentemente para que eu fizesse a pergunta.

— Ela quer saber quando foi a última vez que você sangrou.

Jenny pareceu tão confusa com a pergunta quanto eu e a Velha percebeu quando complementou a pergunta. – Pelas coxas, quando foi a última vez que ela viu seu sangue nas coxas.

Repeti as mesmas palavras em inglês e a expressão de Jenny mudou de confusa para pensativa, mas após alguns instantes ela me respondeu. – Na última lua cheia.

E conforme fiz por muitos anos de passei a informação tal qual foi dada a mim e para minha total surpresa a Velha sorriu. – Estamos novamente na lua cheia e ela não sangra.

— E o que isso significa?

Estava assustado e preocupado, não fazia ideia do que aquilo poderia ser. Talvez um risco a sua vida e logo agora que gizávamos de tranquilidade, contudo a Velha se virou e ia embora quando antes de sair da cabana disse seu veredicto.

— Sua garota não está doente. Sua garota está grávida.

Ela se foi e eu fiquei parado ali por tempo suficiente para fazer Jenny se levantar e me chamar.

— O que houve Sexta-feira? O que ela disse?

Fazia muitos anos desde a última vez que gaguejei.


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Notas finais do capítulo

Como Jenny e Sexta-feira irão reagir a essa notícia importantíssima saberemos no próximo capítulo. Aposto que nenhum dos dois esperava pro algo assim rs

Por isso aguardem esses dois como pais no próximo capítulo e lidando com essa notícia que muda vidas.

Beijos e até o próximo ♥



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