Edward e eu ficamos um bom tempo abraçados. Devo confessar que, se pudesse, não teria me afastado, tanto que foi ele quem se afastou.

— Me desculpa. — ele disse. — Eu não devia tê-la envolvido nisso, muito menos a magoado. Eu preciso que você me perdoe, Bella. Por favor.

Eu fiquei o encarando, sem reação, tentando formular alguma frase.

— Como você chegou aqui? — é sério que você só conseguiu pensar nisso, Isabella? — Quer dizer... Você entrou pela janela?

Ok. Eu não sou a melhor pessoa do mundo pra se conversar quando está com sono. Muito menos com Edward na minha frente.

— Não foi muito difícil. — ele respondeu rindo, sentando-se na minha poltrona velha. — Você ainda não me respondeu.

— Edward, eu... Eu não sei.

— Como não?

— Se eu te perdoar, você vai sair correndo por essa porta — disse apontando para a porta do meu quarto — ou pela janela, tanto faz! O que importa é que você vai sair e sem prometer se vai voltar.

— Se eu prometesse; você me perdoaria? — ele perguntou se levantando, colocando seu rosto a centímetros do meu.

Nesse momento eu já estava inebriada pelo hálito dele, mas, aquilo me deu coragem para ser mais idiota ainda.

— Perdoaria se você prometesse nem sequer chegar a ir. — eu disse.

Ele sorriu se afastando.

— Acredito que a essa altura eu não conseguiria ir mesmo.

— Jura? 

— Uma pessoa consegue viver sem seu coração?

— Óbvio que não. — eu ri com a pergunta idiota.

— Pois então eu acho que não conseguiria te deixar mesmo. Meu coração está com você.

Eu corei com o que ele disse.

— À noite te deixa filosófico então, Edward?

— Especialmente se estiver com você, que ainda não respondeu uma pergunta. 

— Uma pessoa não pode viver sem seu coração, não é? Acha que isso responde sua pergunta?

— Creio que sim. Mas me deixa intrigado.

— Por quê?

— Ontem você me disse as mil maneiras em que fui idiota com você, e hoje você me diz isso. É meio masoquista.

— Bem, parece que não é a gente que escolhe por quem vai se apaixonar, não é?

— Eu queria que tudo fosse diferente. — ele confessou.

— E eu queria que fosse exatamente como está sendo agora. 

— Jura?

— Se nada do que nos aconteceu não tivesse acontecido, acho que você não estaria aqui comigo agora.

— Obviamente, mas você devia ter se afastado de mim quando eu me afastei.

Ah, não! Lá vem o Edward com essa mania de ser o bad boy!

— E aquele papo de viver sem o próprio coração? — perguntei.

— Você é a garota mais popular da escola no momento. Encontraria outros num piscar de olhos, Bella.

— Mas nenhum se encaixaria como o seu.

— Você é absurda.

Ok, ele obviamente queria me deixar irritada.

— Será que você pelo menos uma vez pode não ser idiota? — perguntei. — Por Deus, estou me declarando pra você e você me trata assim!

— Ok, eu posso tentar.

— Ótimo. — bufei.

— Você fica muito bonita quando está irritada... E de pijama.

DROGA! Como eu não notei que estava de pijama??? Aliás, isso não pode ser chamado de pijama: um micro short e uma blusa velha rasgada? Hora de ir às compras! Agora!

— Pelo amor de Deus, você vai me prometer que vai esquecer essa visão que está tendo de mim! — implorei.

— Eu acabei de dizer que você está bonita. — ele pareceu confuso.

— Isso não interessa, ok? Você vai esquecer isso, oh Deus, como posso ser tão burra? — eu olhava para cima como se realmente estivesse falando com Deus.

— Bella, você é linda.

— Ok, vamos deixar isso de lado antes que eu tenha um colapso nervoso... Como vai ser daqui pra frente, então? — perguntei.

— Daqui pra frente o que?

— Nós, Edward.

— Bem, eu quero que você conheça minha família... — eu estanquei quando ele disse isso. — Eu quero me apresentar para seu pai e pros seus amigos...

— Isso está me parecendo um...

— Um namoro? — ele me cortou, sorrindo. — Bem, pode ser, se você quiser, é claro. Só não quero mais ficar longe de você, Bella. Não mais.

— Sinto o mesmo. — confessei.

— Bella, eu... Eu quero ser alguém importante pra você. Quero que se sinta protegida comigo, quero que sinta minha falta quando não estiver por perto, quero segurar sua mão sem medo do que vão dizer. Eu sinto que sou um pouco mais humano com você.

“Pode parecer besteira ouvir isso, mas é assim que me sinto desde que você atravessou a porta da sala de aula. Desde aquele dia meus pensamentos estão sempre direcionados a você, a cada misero momento do meu dia. Eu tentei me afastar de você, por que sou perigoso e tenho medo de machucá-la. Mas fazendo isso, acabei te machucando de outra forma e me machucando também.

Você não sabe como foi horrível a sensação de... Impotência. Te ver triste, sem poder confortá-la, te ver fazer planos em que eu não estava incluído, ou até mesmo te tirar das conversas mesquinhas de Jessica.

Deus! E o ciúmes que senti? Como dói. Vê-la com o Newton, com Tyler e até mesmo Eric todos apaixonados por você. Eu sei que é egoísmo, mas, bem, doía como se você fosse minha.”

Ele confessou. Lágrimas escorriam pelo meu rosto.

— E eu sou. — prometi. — Inteiramente sua. Não duvide disso. Nunca.

— Será que posso me eleger o cara mais sortudo do mundo? 

— E eu a mais sortuda? — sorri. Ele secou minhas lágrimas com a ponta dos dedos.

Naquele momento eu me sentia assim. A sortuda. Nada poderia parar meu coração que dançava freneticamente alegre dentro do meu peito. 

Eu não me importava com o que ele era fisicamente. Eu o amava, e eu não tinha dúvida de que ele sentia o mesmo.

Eu nunca me senti assim, tão eu. Tão feliz. Eu estava totalmente feliz por me sentir assim com ele e por ele. Eu sentia que com ele ao meu lado nada poderia me parar, nada mesmo.

— Obrigado por isso, Bella. Por confiar em mim. A anos que ninguém se aproxima de mim, e se aproxima, se afasta. Obrigado por não desistir de mim. De verdade.

— Não poderia nem se eu quisesse.

— Obrigado por confiar em mim. — ele agradeceu novamente.

— Particularmente, acredito que você tenha me dado essa confiança.

Eu bocejei.

— Acho que você deve voltar a dormir. — ele alertou.

— Tudo bem, posso ficar acordada se você não estiver com sono.

— Bella, eu não durmo. — ele revelou.

— Nunca?

— Nunca.

— Uau... — eu não sabia o que dizer. — Cara, isso deve ser tão bom quando se tem trabalhos escolares acumulados!

Edward caiu na gargalhada com o que eu disse. Graças a Deus, Charlie tem o sono pesado, e não acordou.

— Eu pensei que você ficaria assustada.

— Na verdade fiquei com inveja. Sem dormir poderia colocar minha vida acadêmica em ordem.

— Você é maluca. — ele riu.

— Ok. Então vou dormir. — digo deitando em minha cama.

— Eu posso ficar? — ele perguntou.

— Sério que você realmente pensou em ir?

Ele sorriu largamente com minha resposta. Eu apontei um lado da cama pra ele se deitar. Mesmo que ele não dormisse, eu não o deixaria desconfortável.

Ele me abraçou e eu fiquei um bom tempo sentindo o perfume de Edward.

— Nem em um milhão de anos acho que estive tão feliz como estou agora. — ele disse.

— O sentimento é recíproco.

— Eu sei, e agradeço-lhe por isso. Você é a melhor pessoa que conheci.

— Você não conhece muita gente, não é mesmo? — brinquei.

Eu bocejei e comecei a ceder ao sono, brava por não poder ficar acordada e aproveitar o momento com o Edward.

Eu estava tão feliz.

Poderia cantar aos quatro ventos o quanto estava feliz. 

— Eu te amo. — murmurei envergonhada.

Aos poucos, o sono tomava conta de mim com mais facilidade, vencendo-me em minhas lutas falhas. Antes de se entregar totalmente ao sono, poderia jurar que tinha ouvido:

— Eu te amo também.