Mamãe, eu sou gay escrita por Caroline Dos Santos


Capítulo 12
10.5 — Como eu te conheci [Parte I]


Notas iniciais do capítulo

OLHA SÓ QUE CHEGOU, A RAPARIGA HAUAHUA~

NÃO ME MATEM PESSOINHAS 'U' Eu sei que andei sumida, e que passei um bom tempo sem atualizar MESG, mas é que... Bem, esse capítulo simplesmente não saia. E agora que saiu, foi apenas uma parte, por que ainda vou precisar escrever o resto. E o motivo foi sempre o mesmo, escola, estágio, problemas pessoais, outras histórias e umas tretas aí. Eu não posso pedir para que me perdoem por MAIS DE UM MÊS de demora, mas espero ter a compreensão de vocês. É meu último ano do médio, preocupações como vestibular, faculdade e formatura surgem. Justifica essa demora? Não, não justifica, mas eu espero que entendam, principalmente quem também é escritor/a assim como eu.

Esse tempo sem postar também foi bom para tomar decisões drásticas a respeito do futuro da fic, e de seus personagens. Inicialmente, eu havia planejado em média trinta capítulos, mas estive revendo meus conceitos. As ideias para MESG continuam fervilhando na minha mente, mas eu venho percebendo que já não é a mesma coisa, entendem? As vezes parece que a história fugiu do foco dela (uma crítica contra a homofobia de forma humorada, tratando de outros assuntos), e que o Gabriel deixou de ser o Gabriel, como se eu já não conseguisse narrar o ponto de vista dele adequadamente. Parece que fica forçado e eu não gosto disso, por isso, em vez de tornar essa história algo maçante, eu decidi adiantar o final.

Não se preocupem, que não vai ser algo muito breve, mas também não irei enrolar muito. Serão, em média, mais sete capítulos, sem contar os especiais e One-shots que pretendo fazer. Ainda teremos a parte dois da história de amor dos dois, um sobre a Thalita, outro sobre a Thainara e o Ricardinho ♥ E ainda um ou dois sobre a Manu ♥ Então não será algo que vai acontecer de hoje para a amanhã, então ainda temos muito o que curtir juntos ♥

Eu realmente espero que ainda haja alguém aqui, e que não tenham abandonada essa história que nos uniu. Não é o fim de MESG, lembrem-se disso, é apenas um começo para mim, como escritora ♥ Por isso eu espero poder ter o apoio de vocês ♥

ALIÁS, esse capítulo é dedicado a linda, maravilhosa e divosa Malu, que recomendou essa fic ♥ Sua recomendação ficou tão linda que quase me fez chorar, sério ♥ Eu fico tão feliz quando alguém reconhece meu trabalho a esse ponto :3 Muito obrigada ♥ Esse capítulo é pra você!

MAS ENFIM, vamos ao capítulo que tanto demorou, mas saiu.



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Mamãe, eu sou gay

Como eu te conheci

 

É incrível que ainda, em pleno século dois mil e catorze — gente, é ironia pelo amor das suas divindades, não levem esse século a sério — as pessoas ainda romantizem relacionamentos abusivos e achem iso bonitinho. Não pessoinhas, não é bonitinho, não é romantico, é algo que pode traumatizar a pessoa para o resto da vida. E sabe o que é pior? É que as vezes a vítima nem se dá conta disso.

Como eu sei desas coisas? Oras, eu sou simplesmente incrível, é por isso... Okay, é mentira, eu já passei por isso para falar a verdade, aos catorze aninhos de idade. Sim, era uma criança — uma criança muito linda para falar a verdade — que só pensava em passar o rodo em geral depois que o Thiago me deu um pé na bunda. Mas aí o Rennan apareceu na minha vida e eu me vi apaixonado.

Gente, como uma alguém maravilhoso como eu pode ter sido trouxa daquela maneira? Pois é, existe uma primeiva vez pra tudo. E não, minha primeira vez não foi com aquele idiota por quem eu achava estar loucamente apaixonado — minha primeira vez foi com o amor da minha vida, queridinhas. E olha, ele sabe como fazer um homem gozar muito bem —, mas sério, eu parecia uma cachorrinho nas mãos dele.

Entendam que Gabriel e submisso não combinam na mesma frase. Por isso que deu uma bela merda.

Rennan era um ano mais velho que eu, e estava na primeira série do médio naquela época, enquanto a minha maravilhosa pessoa ainda estava fazendo o último ano do fundamental. O Leo estudava na mesma sala que ele, e fazia parte de seu grupinho junto com o seu querido e amado amigo, David — eca, credo, minha santa Inês Brasil que me guarde e me proteja dessa criatura sem brilho — apesar de não se misturar muito com o resto.

Eu o conhecia apenas de vista, e sempre o cumprimentava com a cabeça quando ia ver o Rennan nos intervalos das aulas. E aí o cara que eu chamava de "namorado" gritava comigo ou me empurrava, fosse por estar falando com outro homem ou fosse por ter chego perto dele na escola. Na época dizia que eu era muito criança e escâdaloso — era? — e iria fazê-lo passar vergonha.

Sim minha gente, ele era um babaca e eu estava sendo pior. Se fossem apenas aquelas vezes e aqueles gritos, talvez estivessemos juntos até hoje. Mas era bem mais que isso. Mão me deixava falar com a Thalita — na época, ainda Thadeu — ou com qualquer pessoa que eu considerasse como um amigo, adorava me ofender das mais variadas maneiras e puxar meu cabelo com força para dizer ou me ameaçar de algo bem lentamente. Aí depois o idiota aqui ia chorar que nem um bebê com cólica.

Foi quando uma fala da minha mãe me fez resolver mudar tudo.

— Sabia que boa parte das pessoas que estão em um relacionamente abusivo nem mesmo sabem disso? — mainha nem tirou os olhos do livro que lia. Na hora eu não entendi de jeito de nenhum, juá que não tinha falado nada do que estava passando com ninguém.

Mães. Sempre. Sabem.

Foi numa sexta-feira que eu tomei a decisão de acabar com aquilo de uma vez. E talvez fosse a melhor escolha da minha vida. Tirando umas partes aí, claro. Gente, só de lembrar meu corpinho dói. Passei o final de semana inteiro pensando sobre isso, ponderando e vendo os prós e os contras da minha decisão. Querendo ou não, eu gostava daquele brutamontes idiota — até chamava de amor, eca.

Na segunda o Vitor ainda comentou que eu estava muito pensativo. É claro, né queridinho? Eu estou indo terminar com um cara que vive me ameaçando, mas que por quem lá no fundo eu estou apaixonado. Nossa, vou estar sorrindo para o vento. Tá certinho. E sim, nessa época o Vitinho ainda vivia com a gente, junto com a pirralhada dele; a casa fedia e leite e catarro.

Mas, voltando ao foco aqui. A mamãe não comentou nada durante o café, apenas me desejou uma boa aula — detalhe: dona Manu nunca deseja uma boa aula. Segundo ela, fazer uma aula ser boa é nossa obrigação, aiai... Essas meiguices de mãe —, e Thainara nem olhou para a minha cara. Tudo bem, no caso dela, nenhuma novidade.

Saí de casa mais cedo, apertando minhas apostilas contra o meu peito, imaginando como tudo aconteceria. Se desse sorte, Rennan apenas gritaria e me xingaria. Se desse errado... Aí, eu nem queria pensar nessa possibilidade, por mais que ela existisse. E foi a primeira vez, depois de semanas, que sentei ao lado da Thalita — ainda em fase de mudar aos poucos — e tomei coragem de falar com ela.

— Oi... — comecei, um tanto quanto receoso. Eu tinha feito a coisa mais ridícula do mundo com ela: larguar minha melhor amiga por causa de macho. — ...Tudo bem?

— Nossa, lembrou que eu existo? — revirou os olhos. Okay, acho que ela meio que me odeia um pouco. — Nem vem Gabriel, são três semanas que você nem olha na minha cara. Eu não estou a fim de falar com você só porque o Rennan deve ter te dado um pé na bunda.

 — Na verdade... — murmurei, respirando fundo. Seria difícil dizer o que eu tinha de dizer logo depois, para o meu "namorado". — Eu decidi terminar com ele... Hoje.

— Decidiu largar de ser trouxa e sofrer a toa por alguém que não está nem aí pra você, hoje? Gabriel, você deveria ter feito isso há dois meses.

— Eu sei e... Pelo amor da nossa Inês! Pelo menos me chama de Gabe! Parece que você me odeia quando me chama pelo nome.

— Digamos que eu estou de odiando um pouco sim, mas vamos deixar isso de lado. — resmungou, passando as mãos pelos cachos. Naquela época o "Thadeu" estava deixando crescer aos poucos, e logo, a Thalita realmente nasceria. Ou melhor, tomaria o lugar que sempre foi dela. — Como vai falar pra ele? Por que tipo, sabe como o seu "more more" é, né? Acho que alguém chega com a cara roxa hoje em casa... Sua mãe vao te matar, Gabriel.

Grande ajuda. Mas ao menos, voltamos a nos falar, por mais que eu achasse que ainda precisaria de muito tempo para conseguirmos ter a mesma amizade de volta. E precisaria mesmo, mas isso é outra história.

 

 

Na saída eu estava nervoso, tremendo um pouco, para falar a verdade. Sentia até um leve enjoo. E não, por mais que eu seja uma bicha exagerada, esse sentimento não era um exagero. Eu estava quase morrendo de nervosismo, tanto que mandei uma mensagem para ele, avisando para falar comigo um um lugar perto da escola, lá era mais reservado.

Claro, que a pessoa não respondeu nada além de "Ok". Sabe, quando se está em um relacionamente abusivo e a pessoa dá respostas curtinhas, já saiba que vai dar merda. E o Gabriel sabia? Não porque sou muito idiota. Lindo, maravilhoso, uma divo, mas idiota.

Me despedi da Tha e fui, que nem cachorrinho que caiu da mudança, com o coração quase pulando pra fora. Parecia uma puta escola se samba ensaiando dentro do meu pulmão esquerdo, tanto que nem conseguia respirar direito com o nervosismo. Principalmente depois de ver a expressão no rosto dele... E que ele não estava sozinho. Na hora, eu sequer notei que o Leonardo estava junto deles. Até porque eu nem falava direito com ele.

— Que caralhos você estava falando com aquele trap? — tão delicado quanto um coice de égua. — Que história é essa de ficar me desrespeitando desse jeito, Gabriel? Eu por acaso te dei permissão para alguma coisa?

— Sinceramente... Eu acho... Q... Que você não tem de permitir nada. — para de gaguejar garoto, pelo amor de todas as divindades. Tu veio terminar com o boy que te maltrata, então, coragem! — Não é bada meu. Não mais. Estou encerrando esse relacionamento por aqui, Rennan. Acabou! Tipo... Já era! Tipo... Nunca mais! A-ca-bou!

Foram cinco segundo se alívio bem aproveitados. De primeira, não consegui acreditar que tinha posto tudo aquilo para fora, e um sorriso até começou a se desenhar na minha carinha linda. Claro, se não fosse o tapa que ele me deu em seguida, forte demais para uma criatura sempre tão delicada quanto eu.

Por não esperar, ou por sempre ter sido franzino, ele comeseguiu me derrubar com aquilo, e depois disso vieram dois socos, seguidos do gosto e do cheiro do sangue escorrendo pela minha boca e nariz. Ainda por cima tinha os amiguinhos dele rindo e gritando lá atrás.

— Quem você acha que é para falar comigo nesse tom, sua viadinho? — viadinho? Ah, doce ironia. — Isso aqui não acaba até eu dizer que acabou? Ouviu? Ouviu, Gabriel? Você o que? Que se manda?

Olha, para falar a verdade, eu não acho não. Quem manda em mim é mainha. Mas nem isso consegui dizer, porque tipo, uma pessoa  com o meu tipo físico, aos catorze anos, apanhando de alguém de quinze, que fazia umas lutas muito fodas lá... Não é alguém muito capaz de revidar ou resistir, se não tentando empurrar. E isso nunca dá certo.

O último soco que ele me deu foi no estômago, que quase me fez desmaiar. Quando eu aparecesse machucado daquele jeito em casa com certeza minha mãe me mataria, ainda mais imaginando o que mais ele faria. Só que foi aí que tudo acabou. Graças a ele. O cara que futuramente seria o amor da minha vida.

— Tá bom Rennan, já chega! Vai matar o menino!  — o loiro gritou, tirando ele de cima de mim. Senti que podia respirar um pouco depois disso. — Você ficou louco, agir desse jeito? Podia ter matado ele, machucado demais, ou alguma coisa pior!

— Pois é isso que eu queria! Viu o jeito que esse vagabundo falou comigo? Aliás, quem você acha que é pra se meter nisso, Leo? Tá querendo ficar no lugar desse, enrustido? — enrustido? Oi? Ele também é gay? Foi o que pensei naquele momento, e virei o rosto, mesmo com muita dor, para encara-lo. Seria a primeira vez que o acharia bonito.

— Se você tiver afim de vir pra cima do x1, venha! — gente, para de berrar, minha cabecinha tá doendo. — Você não pode controlar tudo o tempo todo Rennan, lide com isso.

— Leo, para com isso. Você tá defendendo um viadinho, vai ficar parecendo um. — esse foi o David. Depois ainda me perguntam o porquê deu não gostar dele.

— E quem disse que eu não sou? — ui, adoro. — Aliás, defender alguém que claramente não consegue fazer isso sozinho me tornaria viado? Só porque pe um jovem gay? Se fosse uma menininha eu seria o pegador, não é? Mas depois falamos sobre isso, David. Agora já chega, não é Rennan? Uma coisa é um tapa, o que eu já acho exagerado demais, outra coisa é tantar matar o rapaz. Vai caçar seu rumo que é melhor, vai! Ninguém é obrigado a ficar acorrentado a você.

Eles discutiram por algum tempo, e o Rennan ainda murmurou uns palavrões, tipo muitos, antes de resolver sair dali, chutando meu estômago no percuso. Sim, eu ainda estava lá, jogado no chão numa posa muito dramática e chorando igual a uma criança sem seu docinho. Pois é. É a vida e ela não é nada justa.

O único que ficou ali foi o Leonardo, e na minha cabeça, ele estava olhando para a minha desgraça, só podia. os olhos castanhos encarando o meu corpinho machucado. Machucado e bem encolhido. Estava doendo demais, não só os ferimentos, como também o meu coração um tanto quanto despedaçado, já que sinceramente eu não esperava uma reação tão violenta.

O loiro se agachou ao meu lado, e estendeu uma mão, como se tivesse a intenção de me ajudar, mas acho que percebeu que eu não iria me conseguir levantar daquele jeito, então colocou uma das mãos na minhas costas e me sentou, apoiando-me ao seu próprio corpo. Eu evitava encará-lo, assim como tentava não olhar para todo aquele sangue.

— Você tá bem?

Queridão, eu tô aqui todo quebrado e ensaguentado, olha para a minha cara de quem está bem. Nossa, ótimo, abalando.

— Não muito... — respobdi, apoiando minha cabeça em seu ombro. Foi a primeira vez que senti aquele cheiro gostoso e tão característico do mais velho. O perfume que eu tanto amava. — Acho que quebrei alguma coisa...

— Não acho que seja pra tanto. — porque não foi tu que apanhou, né? Queria te ver na minha pele. — Consegue ficar em pé?

Ah claro, eu nem estou suuupeer dolorido, né monamu? Por favor, para com essas peguntas sem nexo, você é melhor que isso.

— Não consiguo nem me mexer... — respondi, sentindo que não ficaria consciente por muito tempo.  — Eu... Quero ir pra casa... — sussurrei, e as lágrimas voltando com mais intensidade. Estou chorando feito um bebêzinho, com os corpo dolorido e os olhos pesando.

— E onde fica a su...  — o resto eu não ouvi. Não ouvi mais nada, veio apenas a escuridão.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a quem chegou até aqui novamente ♥ E lembrem-se sempre: eu amo vocês ♥



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