Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 3
Dois




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…………

Forks

…………

Anthony conversava com minha mãe, animado. Eles pareciam dois adolescentes do liceu. Joshua comia emburrado ao meu lado e Brigith já tinha voltado para Londres.

Logo cedo, Anthony acordou-nos a todos com uma trombeta horrível que eu ia deitar para o lixo imediatamente. Levámos Bri ao aeroporto e voltámos para casa. Arrumamos nossas coisas e então almoçamos.

–Que tal irmos às compras? Amanhã começam as vossas aulas e precisais de materiais e roupas novas.- Anthony falou olhando de mim para Josh que deu de ombros olhando a comida á sua frente.

–Acho uma ótima ideia, querido.- Minha mãe falou sorrindo e pegando a mão dele.- Vamos a seguir ao almoço.

Ignorei o resto da conversa que não era nada comigo. Joshua foi o primeiro a acabar e subir para o quarto. Não demorei a fazer o mesmo. Estava ouvindo música quando minha mãe bateu á porta do meu quarto.

–Deb, vamos?

Levanto-me da cama ainda com os fones e vamos até ao quarto de Joshua que ficava ao lado do meu.

–Josh, vamos?- Mamãe perguntou batendo na porta.

–Eu não vou!- Meu irmão gritou do lado de dentro.

–Joshua, não comeces! Quero esta porta aberta agora mesmo!

–Não!

Reviro os olhos e pego num grampo do meu cabelo. Abro a fechadura e logo a seguir a porta. Entro e vejo meu irmão deitado na cama com a cabeça enterrada nas almofadas.

–Joshy, anda.

–Não quero, Deb! Eu não gosto dele.

Sento-me ao seu lado da cama e beijo seus cabelos acariciando-os.

–Joshy, é apenas uma saída para as compras. Vê pelo lado positivo!- Sorri-o falsamente animada.- Poderás comprar as coisas mais caras que Anthony não hesitará a pagar.

Ele vira um pouco a cabeça e sorri-o olhando os olhos azuis.

–É?

–Claro! Acho que é uma boa ideia para pedires o skate que tanto queres.

Ele se senta sorrindo.

–Bora lá então!

Ele levanta-se e saí do quarto correndo. Levanto-me rindo um pouco e olho minha mãe que me sorria encostada á porta me olhando orgulhosa.

–O que seria de mim sem ti?

–Nada. Porque ambas sabemos que apenas eu consigo domar a fera Joshua.

Ela ri concordado e saímos ao encontro dos outros dois. Joshua já estava no carro com Anthony. Entrei com minha mãe e saímos para as compras. Anthony tentava conversar comigo e com Josh mas nenhum de nós dava o braço a torcer. Apenas comprávamos o necessário e nada mais. Isso, até Joshua ver a loja de skates e logo vai saltitando até á montra.

–Eu quero!- Meu irmão grita apontando para um dos skates e sorri-o vendo Anthony aproximar-se dele e sorrir como se tivesse encontrado uma brecha.

Coitado, mal sabia ele que Josh é mais esperto do que parece. E ainda mais um bom ator. Eu tinha orgulho no meu irmãozinho.

Depois do skate comprado e de um obrigado de Joshua para Anthony, seguimos nosso caminho pelas ruas geladas de Forks. Josh parecia mais animado e não parava de falar no novo skate. Fiquei feliz por ele, mesmo sendo um pouco de golpe baixo, mas a vida é mesmo assim.

–Quero chocolate quente!- Joshua fala apontando para o pequeno café.

–Vamos lá. Eu já não bebo chocolate quente á muito tempo.- Anthony fala.

Assim que nos aproximamos do café meu celular toca e vejo o nome de Ryan no visor.

–Vão indo.

–Peço uma caneca para ti?- Minha mãe pergunta e assinto antes de atender e me encostar á parede.

–Fala, Ryan.

–Deby! Minha querida! Minha flor! Meu anjo! Minha luz! Minha…

–Diz logo de uma vez, Ryan.- Interrompo revirando os olhos.

–Ok, minha bela. Como é por aí? Estou com saudades. Estás com saudades? Eu sei que estás. Tu me amas. Tu me adoras. Tu me idolatras. Isto não vai ser o mesmo sem ti, princesa. Nem penses em me substituir aí, ouviste? Nunca te perdoarei. Como estás tua mãe? E Josh? Sempre reguila? E o cara da tua mãe como é que…

–Ryan!- Grito interrompendo-o e fazendo assustar uns garotos que passavam por mim.- Abusaste no açúcar de novo?

–Talvez. Foi só um pouquinho. Não muito. Só uma coisinha de nada. Uma pequena quantidade. Nada demais. Foi só…

–Ok, Ryan!- Reviro os olhos.- Eu acredito em ti. E respondendo às tuas perguntas, aqui é frio. Sim, estou com saudades do meu melhor amigo idiota, histérico e muito frágil quanto a doces. Ninguém te pode substituir, palerma. E minha família está bem. Satisfeito?

–Muito, docinho.- Diz com sua voz bastante animada.

–Afasta-te dos doces, Ryan.

–Ora, moranguinho, porque eu faria isso? Açúcar é a melhor coisa da vida. E tu conheces os doces de minha avó. São divinais. Eu nunca me fartarei de doces. São a melhor coisa que existe! Eu vou casar-me e ter filhos com doces.

–É melhor não convidares diabéticos então.- Ri-o um pouco e o oiço fazer o mesmo.

–Eu vou convidar toda a gente! E tu serás a madrinha, meu amor. Mas bom, chega de falar de mim. Há muitas pessoas idiotas perguntando porque não lhes ligas. Se estás bem e blá blá blá. Ligas-lhes porque da próxima vez que ele me ligarem a pedirem informação tua, eu esfolo-as e não as convido para o meu casamento!

–Ok. Vou fazer isso depois. Não quero que meu melhor amigo seja preso por assassinato.

Ele ri mas o riso dele quase que era tapado pelo barulho dos risos de uns garotos no outro lado da estrada. Arregalei os olhos quando vi que nenhum deles usava camisola. Pareciam que estavam na praia.

Eram 5 e todos vestiam quase o mesmo. Bermudas. Apenas mudava a cor delas. Para um sítio sem muito sol como Forks, eles até que eram bem morenos.

Dois deles estavam sentados no capô de um carro preto. Um estava sentado no chão encostado á parede de uma loja qualquer e os outros dois de pé com os braços cruzados.

–Deb? Deby? Deb!– Rayn gritou e abanei a cabeça.

–O quê?

–Quem me dera que estivesses aqui para te dar uma surra! Eu não gosto quando me deixas a falar com o ar!

–Desculpa, miúdo histérico. Aconteceu.

–Sim, mas a ti é quase sempre. Se fosse o idiota do Madox de certeza que ouvirias tudo o que saísse por aquela boca suja.- Diz com desgosto e reviro os olhos sorrindo.

–Eu não gosto dele, Ryan! Isso é tudo inveja, meu amigo?

–Inveja daquele play boy metido a arrogante e mimado?- Pergunta incrédulo.- Eu apenas não quero a minha rosinha com aquela espécie doente de pessoa.

–Quantas vezes tenho de te dizer que não gosto dele, Ryan Bluen?! Às vezes, mas só às vezes, tu és bem irritante.

–Ora, tu me adoras, tu me idolatras, tu beijas o chão que piso!

–Ai é? Isso é antes ou depois de te bater com força?

Ele ri e eu reviro os olhos olhando em frente. Meu sorriso murcha quando vejo os rapazes do outro lado me olharem. Esperei uns segundos e eles nem pestanejaram. Aquilo foi estranho a imensos níveis. Sinto meu corpo arrepiar-se e olho para o chão.

–Ryan, vou indo, ok? Falamos outro dia.

–Ok, Deb. Beijos.

–Beijos.

Desligo e olho os rapazes que ainda me olhavam. Um deles saltou do capô do carro e fez menção de caminhar, supostamente até mim, então sai dali e entrei no café o mais rapidamente possível.

Minha mãe, Josh e Anthony estavam sentados numa mesa perto da porta. Anthony ria com minha mãe. Fiquei um pouco os olhando. Josh parecia alheio ao mundo enquanto bebia seu chocolate quente. O sorriso de minha mãe era tão grande que tive dúvidas se alguma vez vi aquele sorriso antes. Ela estava feliz. Eu sabia que era egoísta de minha parte, mas era difícil vê-la tão feliz com outro. Ela amava meu pai, certo? E, supostamente, apenas há uma pessoa na vida de quem gostamos mesmo. Então como? Como ela pode gostar de outro?

Suspirei e deixei minhas ideias de lado. Sentei-me ao lado de Josh e minha mãe se virou para mim. Os cabelos castanhos estavam soltos e seus olhos castanhos alegres. Mesmo com o frio que estava, ela parecia corada, com calor.

–Como está Ryan?

–Neste momento, quase entrando em coma por excesso de açúcar.- Respondo pegando em minha caneca.

O calor fez meu corpo se arrepiar um pouco.

Josh riu bebendo o chocolate. Ele conhecia meu amigo tanto quanto eu. Sabia o quão louco Ryan ficava quando comia açúcar. Nem Josh parecia tão criança quando Ryan estava por perto.

–Aquele rapaz não toma juízo.- Minha mãe sorriu.

Eles voltaram a conversar e eu encostei-me para trás na cadeira perdendo-me. O ar a minha volta parecia bem animado. Havia pessoa conversando, casais, jovens e velhos, crianças cobertas de chocolate na cara. Um ambiente normal. Normal demais para uma cidade como Forks.

Um homem idoso entrou e deixou cair a carteira ao bater com um rapaz. Vi o rapaz a apanhar e lha entregar. Ambos sorriram e seguiram seus caminhos. Era tão diferente de N.Y. Se algo assim acontecesse lá, o rapaz estaria gritando e xingando o velho que rebataria na mesma moeda.

–Vamos?

A voz de minha mãe me acordou e levantei-me com eles. Eu e Josh saímos, enquanto eles os dois foram pagar. Josh montou no skate e seguiu á minha frente. Sorri e coloquei minhas mãos geladas nos bolsos do casaco o seguindo pela rua gelada.

–Vou ser o maior skater do mundo!- Josh diz olhando para trás e mal faz isso, o skate escorrega no gelo e meu irmão acaba indo parar ao chão.

Ri-o e corro até ele. O ajudo a levantar e ele limpa as calças.

–Estúpido gelo.- Resmunga.

–Acho que vais ter que trabalhar um pouco mais.

Procuro pelo skate e o vejo parado alguns metros de nós, perto de um parque. Levantei meus olhos um pouco e vi os garotos de tronco nu de há pouco sentados num banco perto do skate. Engoli em seco quando os vi me olhar.

Fantástico.

Josh correu até ao skate. Vi um dos garotos falar-lhe algo e meu irmão respondeu antes de correr de volta para mim. Segurei em seu ombro e o levei para longe dali e daqueles garotos malucos. Eu estava a congelar e eles pensavam que estavam numa praia paradisíaca no dia mais quente do ano!

–O que eles te disseram?- Pergunto a Josh quando entramos no carro.

–Que gostava do meu skate.- Meu irmão respondeu sem muito interesse olhando seu skate novo.

Minha mãe e Anthony demoraram ainda a virem, e finalmente, quando vieram, saímos das ruas geladas de Forks com gente estranha com calor.


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