Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 4
Três




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Força

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Uma vez, Josh caiu de uma árvore e partiu o braço. Minha mãe ficou louca sem saber o que fazer. Bri olhava Josh com um olhar bem assustado. Josh teve de ir para as emergências e ele apenas chorou mais quando ouviu falar de médicos.

Meu pai consegui acalmá-lo. Disse-lhe que heróis conseguiam superar tudo, ele apenas precisava ser um menino forte. Surpreendentemente, isso resultou. Quando o fomos ver, ele ria com meu pai, rabiscando seu novo braço engessado.

Sempre que meu irmão caia, meu pai estava lá. Com palavras. Com sorrisos. Ele era a força de Josh. Depois que ele morreu, Josh se fechou. Chorou durante semanas. Ele não quis ir ao cemitério e eu fiquei com ele. Ele tinha apenas 7 anos. Era novo. Novo demais para perder seu herói.

Josh passou a ter mais medo da vida. Ele mal saia com seus amigos. Ia mal na escola. Todas as semanas aparecia com um olho negro. Vinha da escola e se trancava no quarto. Se trancada de tudo. Eu fartei-me de ver meu irmão levar e ser apenas um garoto medroso. Josh não era assim. Aquele não era meu irmão. E eu queria meu irmão. Queria o Josh encrenqueiro e barulhento de volta. O Josh que levava mas retribuía e sempre saia sorrindo no fim orgulhoso de si mesmo.

Saí mais cedo da escola nesse dia. Era minha vez de o ir buscar á escola. Foi quando vi 5 garotos o rodearem. Josh não fazia nada. Apenas estava sentado no chão com um olhar vazio. Nem parecia que ele sentia ou sequer estava vivo. Eu não bati nos garotos, não lhes dirigi uma palavra sequer. Apenas peguei em Josh pela camisola e o puxei para casa. Larguei-o no quarto e quem trancou a porta daquele quarto dessa vez fui eu.

Minha vontade era bater em Josh e dizer-lhe para acordar para a vida. Gritar-lhe que era um idiota por se deixar bater. Mas eu não o fiz. Ele continuava sendo meu irmãozinho. Continuava sendo um garoto de 9 anos.

Então apenas lhe disse uma coisa…

–Achas que o pai está orgulhoso de ti, Josh? Vendo seres um medricas. Sem vontade de viver. De lutar. Onde está o super herói do papai, Josh? Onde está o garotão valente de quem ele se orgulhava o tempo todo? Ele morreu? Ok, dói, dói muito! Mas ele está a olhar por nós. Está a olhar por aqueles que ama. E neste momento, ele deve estar muito chateado contigo.

O deixei no quarto com seus próprios pensamentos. Na manhã seguinte todas nós acordámos com o barulho das rodas de skate baterem no chão. Foi a primeira vez que meu pai morrera, que eu sorri e senti orgulho de Josh. O meu Joshy.

A partir desse dia, sempre que ele tinha algum problema era a mim que ele recorria. Mas agora, ao olhar para a escola nova, como dar-lhe forças que tu não tens para ti?

–Venho buscar-te ás 5.- Digo-lhe e ele assente ainda olhando a escola.- Ei.- Ele me olha e sorri-o um pouco olhando aqueles olhos azuis.- Tu és um Larky, puto. Um Larky não se rende nunca.

Ele sorri endireitando sua postura. Componho o boné em sua cabeça e beijo sua bochecha antes de o ver ir. Apenas sai-o dali quando ele entra. O caminho até á minha escola é lento e torturante. O frio adora me incomodar. Me fazer ainda ter menos vontade de enfrentar aquele dia.

Quando vejo a escola de Forks suspiro. Não sei se alívio por não ter de andar mais, ou de frustração. Passo pelo pátio sentindo todos aqueles olhares curiosos sobre mim. Aquele bando de gente inoportuna!

Eu não tinha ideias de como ia sobreviver aquele dia, então fiz o que minha mãe faz quando Josh começa falando dos brinquedos que quer para o natal. Os ignoro.

–Teremos teste na quinta. Não se esqueçam!

–Boa.- Resmungo arrumando minhas coisas.

–Não tens com que te preocupar. Os testes dela são fáceis.- Um garoto diz ao meu lado e o olho franzindo a testa.

–Vamos ver.

–Sou o Jamie.- Diz estendendo a mão e a aperto.

–Deb.

–A miúda nova.- Assinto sem vontade alguma.- Parece que já arranjastes muitos fãs.

Ergo minhas sobrancelhas o questionando. Ele aponta com o queixo para a saída onde um grupo de garotos me olhavam com sorrisos idiotas.

–Só é pena eu estar-me nas tintas para eles.

Pego minha mochila e levanto-me da cadeira. Jamie vem ao meu lado e reviro os olhos aos ver os rapazes sorrirem ainda mais dando-me espaço.

–Á vontade senhorita.

–Vai á merda.- Resmungo e o oiço seus amigos rirem ficando atrás de mim.

–Tens noção do que acabaste de fazer?- Jamie me pergunta e o olho coçando minha testa.

Havia um sorriso divertido em seus lábios.

Jamie era bonito. Seus cabelos eram meio arruivados e seus olhos castanhos. Era um pouco mais alto que eu. Suas roupas eram normais. Umas calças pretas, uma camisola verde e um casaco branco. Era um rapaz bonito e normal.

–Tenho. Tens noção de que estão menos de 2 graus lá fora?- Pergunto olhando seu casaco.

O meu devia ser o dobro do dele e ainda estava com frio. Ele ri e sua risada me fez sorrir. Seu rosto pareceu ficar mais infantil ao sorrir.

–Com o tempo habituas-te. Eu vivo aqui desde os 6 e no princípio pensei que ia morrer de hipotermia, mas safei-me. Agora o frio já não me incomoda tanto.- Diz abrindo os braços mostrando sua roupa e ri-o assentindo.

–Eu acho que fui feita para o sol, mesmo assim. Mas…- Acrescendo apontando-lhe um dedo.-… se sobreviver aos 2 mês, eu mereço uma festa.

–Eu próprio a faço.- Oferece levando a mãos direita ao peito.

Sorri-o e assinto continuando meu caminho até á cantina. Ao entrar, o barulho das pessoas chegou em meus ouvidos incomodando um pouco minha cabeça. Peguei um tabuleiro e vi Jamie fazer o mesmo.

–Queres sentar-te comigo? Posso apresentar-te meus amigos.- Ele aponta para uma mesa e dou de ombros assentindo.

–Claro.

Ele sorri e o sigo. A mesa ficava mais ou menos no meio. Haviam duas garotas e um garoto. Uma das garotas tinha cabelos loiros tão loiros que quase pareciam brancos. Olhos verdes e as bochechas coradas faziam dela uma boneca como as várias que Bri tinha. A outra tinha os cabelos curtos, castanhos, com uma madeixa vermelha e outra verde. Seus olhos eram castanhos-escuros, quase pertos. Já o rapaz, tinha os cabelos castanhos até aos ombros e olhos azuis.

–Ei, malta.- Jamie falou e os 3 se viraram para nós.- Esta é a Deb. Deb, é a Monick, a Erin e o Stuart.

–Ei.- Erin, a loira me diz sorrindo e sorri-o de volta.

Jamie senta-se ao lado de Monick que me observava com a testa franzida. Sento-me entre ele e Stuart olhando-a de volta. Aquilo era desconfortante.

–És nova em Forks, então?- Erin me pergunta e antes que responda, Stuart fala.

–Alguma vez a viste por aqui?- Ele pergunta incrédulo e Erin lhe manda a língua me fazendo sorrir.

Sinto Jamie aproximar-se de mim e o olho.

–Eles são um pouco loucos, mas em geral até são porreiros.- Me sussurra e ri-o um pouco olhando de volta seus amigos que discutiam.

O almoço em si foi calmo. Monick, continuou me olhando o tempo todo e nada disse. Parecia normal ela não dizer nada, porque os restantes nada comentaram com isso. Precisei de toda a força que tinha para não a mandar olhar para o outro lado. Aquilo era stressante.

No final do dia, suspirei de alívio andando até á escola de Josh. Meu irmão me esperava de cabeça baixa olhando o chão. Estranhei ao não ver o seu boné na sua cabeça. Ele mal o tirava.

–Josh?

Ele levantou seus olhos para mim e vi seus olhos marejados e um rasto de raiva.

–O que aconteceu?

Ele dá de ombros e caminha ao meu lado. Durante o caminho todo, meu irmão foi calado olhando o chão como se procurasse algo. Entrámos em casa e o vi correr até ao andar de cima. Ele falaria comigo. Poderia demorar, mas ele iria acabar por falar comigo.

–Deb? – Desviei meus olhos das escadas e olhei minha mãe.- Como foi a escola?

Ela sorria como se esperasse que eu dissesse que foi o melhor dia da minha vida, que adorava Forks e que queria ficar aqui para sempre.

–Normal. Vou subir.

Ela assente e subo as escadas duas a duas. Passei pelo quarto de Josh e o vi lá dentro jogando no computador. Pelo menos não era nada de grave, se não, ele teria trancando a porta.

Andei até ao meu e desabei na cama. Peguei meus livros e comecei fazendo o que nunca fizera antes. Estudei. Não havia nada mais para fazer, mesmo. E eu teria um teste na qual não sabia nada!

Bem-vinda a Forks!

–Dai-me forças, Meus Deus. Dai-me forças.

Horas depois olhei para o despertador e suspirei cansada. Deitei meus livros para qualquer lado e levantei-me.

Cansei-me!

Fui até ao quarto de Josh e o vi ainda jogando no computador. Andei até ele e desabei na cama dele. Meu irmão me olhou e deixei de ver as lágrimas e a raiva nos olhos azuis.

–Tudo bem?

–Sim.- Diz assentindo mordendo o lábio inferior o fazendo ficar com um beicinho.

–Então bora jogar alguma coisa. Preciso de um pouco de desaprendizagem cerebral.

Ele ri e saímos do quarto. Ele senta-se no sofá e eu coloco um jogo qualquer na consola. Sento-me ao seu lado e lhe entrego o comando, mas não o largo o fazendo me olhar.

–Fizeste os trabalhos de casa, certo?

–Claro.- Fala perlongando a pequena palavra me fazendo erguer as sobrancelhas.

Sim, pois.

Ele ri vendo que eu não acreditei nem naquilo que ele não falou, e me olha batendo as pestanas dramaticamente.

–Eu prometo que os faço depois do jantar.

–Não podem dizer que não perguntei.- Dou de ombros largando o seu comando.

Já tínhamos matado 12 zumbis horripilantes quando ouvimos a porta da frente bater. Minha mãe apareceu na sala e olhámos para Anthony. Sua expressão não era das melhores, seu rosto estava tenso, sua mandíbula travada e seus olhos castanhos escurecidos. Ele olhou para mim e Josh e forço um sorriso tentando parecer que tudo estava bem. Minha mãe caminhou até ele e se distanciaram falando um com o outro em tom baixo.

Minha mãe o olhava preocupada. Olho Josh que dá de ombros e volta a jogar. Viro-me para a TV também mas sempre atenta em minha mãe e Anthony.

Eu podia não conhecer Anthony, mas sabia que algo o incomodava. Oh bem, eles são adultos. Sabem se safar.

No jantar, tudo estava silencioso. Anthony aina tentou pegar conversa para quebrar a tensão, mas nem eu nem Josh tínhamos muito que dizer e suas tentativas foram fracassadas.

Antes de ir dormir, fiquei conversando com meus amigos pela Net e perdi um pouco a hora. Quando vi o relógio, era meia-noite e cinquenta. Ouvi barulhos no andar de baixo e levantei-me da cama confusa.

Andei até á janela e vi Anthony conversar com 6 pessoas, sendo um deles uma mulher. Estava escuro, então não consegui reparar bem em seus rostos, mas os homens todos estavam sem camisa e eram bem grandes.

O que se passa com esta gente? Acho que deveriam verificar a cabeça daquela gente.

Revirei os olhos e voltei para a cama, acolhendo-me no meu cobertor.


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