Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 2
Um


Notas iniciais do capítulo

E o primeiro capitulo está aqui!!!!



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Deborah Larky

...……………….

Hipótese

...………………

–Deb, ajudas-me aqui?

Eu tinha 11 anos quando meu pai morreu.

Ele vivia sempre alegre e divertido pela casa. Sempre de bem com a vida. Era o melhor homem que tinha conhecido durante toda a minha vida. Ajudava sempre que podia. Trabalhava dia e noite se fosse preciso. Fazia voluntariado. Era um cidadão exemplar. Não bebia. Não fumava. Era sempre honesto e dedicado. Amava a família acima de tudo. Amava o mundo. Amava a vida. Amava o trabalho. Amava tudo e todos.

Era um bom homem.

–Deb?

Mas isso não impediu o maldito assaltante de tirar a pistola. Não o impediu de disparar sem hesitar. Não impediu a queda de meu pai no chão frio e gelado na mercearia. Não impediu as malditas sirenas da ambulância que ainda soavam em minha cabeça. Não impediu que minha mãe chorasse dia e noite. Não impediu aquele caixão preto e brilhante. Não impediu… que ele se fosse.

–Deborah Susanne Eliza Morgan Larky! Quantas vezes tenho de te dizer? Para de dormir acordada!

Desviei os olhos da rua e olhei Brigith.

Minha mãe queria mudar. Queria “seguir em frente”. E para ela, seguir em frente é casar-se com Anthony Allen. O casamento não me incomodava. Um homem na vida dela não me incomodava. Mas ir para outro condado já me incomodava.

Depois daquele anúncio, as coisas mudaram. Brigith manteve-se calma, serena, mesmo que seus olhos se tenham arregalado na hora. Mas assim como eu, Joshua não lidou bem com a partida. E era por causa dele que estávamos os 3 ali fora. Em frente á árvore do quintal, Brigith tinha feito um pequeno buraco onde colocaríamos a pequena caixa cheia de pequenas coisas nossas. Fotos antigas. Um chocalho de Josh. Uma chupeta minha. E uns sapatilhos rosas de Bri.

Era uma espécie de despedida de nossa casa. Aquela que nos viu nascer e crescer.

–Dá-me o ramo de flores.- Bri me pede e pego no pequeno ramo de flores que tirámos no quintal vizinho.

Entrego-lho e ela o coloca em cima do pequeno buraco já tapado. Josh abaixa-se e põe um papel com um desenho de 5 pessoas com a frase escrita “Aqui viveram os Larky. Thomas, Marleen, Brigith, Deborah e Joshua.”

–Meninos, venham!- Nossa mãe grita perto do carro e vi Joshua virar-se para nós, amuado.

–Temos mesmo de ir?

–Temos, puto. Bora.- Bri levanta-se e despenteia-lhe os cabelos castanhos antes dos dois seguirem para perto do carro.

Suspiro e levanto-me olhando para a árvore. Não fazia ideia de quanto tempo aquela árvore já ali estava. Ela sempre fez parte da minha memória.

–Vamos, Deb! Não pudemos nos atrasar. Tony está á nossa espera.

Está á nossa espera em outro condado. Com sua casa. Seu carro. Sua vida, velha para ele, mas nova para nós. Entro no carro e olho Brigith que ia na frente, ao lado de minha mãe, ao celular. Ela tinha sorte. Tinha a Universidade. Não teria de viver com Anthony num novo condado. Ela apenas iria connosco até lá e depois apanharia o avião para Londres. Bem longe daqui.

–Meninos, será que podeis dar uma hipótese?- Minha mãe pergunta olhando para mim e Joshua pelo retrovisor.

Uma hipótese.

A vida não deu uma hipótese ao meu pai e deixou que ele se fosse. O atirador não deu uma hipótese ao meu pai e o matou. Porque haveria eu de dar uma hipótese se a vida era cruel da mesma forma?

–Não.- Joshua bufou cruzando os braços com uma careta que quase me fez sorrir.

–Joshua…- Minha mãe começou mas parou suspirando e abanando a cabeça.- Não vai ser assim tão mau. Ides ver.

Dar uma hipótese a uma cidadezinha chamada Forks. Dar uma hipótese a Anthony de fazer minha mãe feliz. Dar uma hipótese á vida de ser melhor.

Parecem-me muitas hipóteses para mim. Hipóteses demais. Hipóteses que não tenho.

–Chegámos!- Mãe falou animada e olhei para a placa onde anunciava a cidade.

Forks.

Um sítio minúsculo e repleto de neve. As árvores brilhavam com aquela neve branca em cima dela. O chão parecia escorregadio e tive medo que deslizássemos por ali a fora. O céu estava cinza como meus sentimentos. Sem vida. Sem movimento. Sem cor. Forks parecia a alma gémea de meus sentimentos.

Minha mãe parou em frente a uma casa amarela rústica. O carro de Anthony estava parado na entrada. Ele saiu da casa assim que abrimos as portas para sairmos.

–Meu bem.- Falou abraçando minha mãe e a beijando.

–Olá, querido.

–Fico feliz que tenhais chegado bem.

Brigith andou até ele e sorriu o fazendo sorrir de volta. Dei a volta ao carro e peguei em Joshua que tinha adormecido durante a viagem. Até poderia dizer que era porque estava preocupada que meu irmãozinho apanhasse alguma dor naquele carro desconfortável, mas apenas não queria ir até Anthony. Precisava de um tempo para assimilar tudo.

Mas me arrependi no segundo seguinte. Joshua já não era um bebé e pesava mais do que me lembrava.

–Deixa que eu te ajudo.- Anthony apareceu ao meu lado e pegou em Josh como se este não pesasse nada.- Como estás, Deb?

–Cansada.- Sussurro abraçando-me.- E com frio.

Forks era frio. Deviam estar menos de 3 graus. Apenas queria minha caminha e um chocolate quente como meu pai sempre fazia quando era pequena.

–Vamos entrar então. Amanhã podeis arrumar as malas. Hoje está tarde e precisais descansar.

Ninguém discutiu com ele. Apresentou-nos á governanta, Freya, que nos mostrou os quartos. Deitei-me na cama sem me importar em olhar para o quarto. Mal atingi os cobertores, fechei os olhos e dormi.


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