Salvation - Interativa escrita por Lady Doll


Capítulo 2
This Place - part I


Notas iniciais do capítulo

Hi! Finalmente consegui terminar o capítulo, acho que até demorei demais. Gostaria de continuar postando semanalmente, mas não tenho certeza que será possível.
Estou muito feliz com meus novos leitores e seus lindos personagens ♥
Essa é a primeira parte da apresentação dos personagens, espero que gostem!



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Abri os olhos lentamente. Tive certeza que acordei por causa da dor de cabeça assim que ela se tornou insuportável, o que me obrigou a fechá-los novamente. Esperei retomar completamente a consciência para olhar em volta. Eu estava em cima de uma cama confortável, com um cobertor branco me cobrindo. Me convenceria que eu mesmo tinha deitado lá se meu corpo não doesse tanto. Então tive certeza que fui levado até lá, de uma maneira nada delicada, por sinal.

Olhei em volta rapidamente, para ter certeza que eu estava sozinho. E tudo em volta parecia estranhamente normal. Minha cama se posicionava em um dos cantos, armários e mesas se espalhavam pelo ambiente e avistei um televisor na parede ao meu lado.

Onde eu estava? Aquela seria Hope's Peak? Por que diabos eu estava lá? Mais e mais perguntas surgiam em minha mente enquanto passava os olhos pelo quarto uma segunda vez, tentando achar algo de errado. Foi então que encontrei. Uma câmera de segurança. Alguém realmente tinha me prendido aqui. Senti o pânico crescer gradualmente enquanto essa teoria fazia mais sentido. Tinham me sequestrado? Pulei de susto quando a televisão ao meu lado ligou, produzindo um som estático. Tudo que podia ser visto era o brasão de Hope's Peak, até a tela escurecer e aparecer... um urso de pelúcia?

Observei a cena bizarra por alguns segundos, até me convencer que era mesmo real. Muito provável que eu estivesse sonhando, pois estava vendo um urso. De um dos lados ele poderia ser considerado "fofo" como qualquer pelúcia, feito de tecido branco e com um olho preto. Mas seu problema era o outro lado, preto, com o olho em forma de raio vermelho e um sorriso macabro. Porém, o que mais me surpreendeu foi quando ele falou. Um ursinho de pelúcia falante.

– Bem-vindos à Hope's Peak, queridos alunos. Sou vosso diretor a partir de hoje, me chamo Monokuma! - Ele afirmou com uma voz aguda e infantil, que chegava a ser irritante.

Aquilo só poderia ser brincadeira, "aquele" é nosso diretor? Poderia achar que era um sonho, mas era incrivelmente real. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, o urso continuou animado, abrindo mais seu sinistro sorriso:

– Vocês provavelmente devem estar se perguntando o que está acontecendo, estou certo, não estou? Não precisam ter medo, nada de ruim vai lhes acontecer, estão aqui justamente porque estou os protegendo. Do mundo, obviamente. Vocês são o futuro dessa nação, e não posso deixar que nada de ruim aconteça com vocês. Por isso vão ficar aqui, para sempre! Upupu - Fiquei completamente imóvel, minha respiração ficava cada vez mais ofegante. Embora eu não quisesse acreditar, estava mesmo acontecendo - Mas, claro, tem um jeito de saírem, sou um urso bonzinho afinal das contas... mas não irei dizer o que é agora, me encontrem no ginásio e explicarei melhor. Mas agora não, vão se encontrar com seus coleguinhas. Ah, e não se esqueçam de seu ID, está na cabeceira do lado da cama.

E assim desligou. Minha mente dava voltas, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Resolvi pegar o tal "ID", era um aparelho semelhante a um celular. Não dei muita atenção a ele, apenas o guardei no bolso de meu jeans, caso precisasse dele para algo. Levantei da cama, sentindo uma leve tontura, que acabou passando em questão de segundos.

Andei em direção à porta e levei a mão até a maçaneta. O quarto dava para um corredor demasiadamente comprido, composto principalmente por portas. Deduzi que seriam os quartos do restante dos alunos (aqueles que Monokuma citara), ainda mais pela placa que tinha em cada uma, contendo um nome e um desenho feito em pixels. Observei o da minha própria porta, o desenho se parecia muito comigo. Me virei novamente e avistei uma garota olhando atentamente para uma das portas. De onde surgira? Saiu do quarto sem nem ao menos ter me visto? Ela usava um capuz preto que cobria sua cabeça, mas puder perceber uma trança ruiva saindo por debaixo deste. Usava um vestido rosado por baixo do casaco e sapatilhas negras.

– Ei, garota! - A chamei após ter certeza que ela não havia me notado.

A garota ficou parada na mesma posição por alguns momentos antes de, enfim, me encarar. Tinha olhos castanhos brilhantes que, mesmo me olhando, pareciam completamente distraídos. Ela andou em minha direção abrindo um sorriso meigo.

– Oi, não tinha te visto - Percebi - Quem você é?

– Aki Eiji - Respondi impaciente, querendo logo perguntar-lhe sobre nossa situação, mas incapaz de ser insensível com uma garota.

– Meu nome é Francine Louis. Fico feliz em conhecê-lo, Aki! - Ela abriu ainda mais seu sorriso infantil

Francine Louis - Super High School Level Youtuber

Apesar de tudo, seu nome me veio estranhamente familiar. Pesquisei um pouco sobre os alunos que viria estudar no site de Hope's Peak, então rapidamente me lembrei dela. Francine era uma youtuber que tratava principalmente de jogos, fazendo gameplays incrivelmente criativos, dando um pouco de sua personalidade a cada um. Além disso, falava mais de 9 línguas, o que garantiu seu sucesso mundial. Por esse mesmo motivo, mal percebi seu sotaque. Tinha que admitir que ela me impressionava um pouco.

– Francine, né? Você sabe mesmo falar nove línguas? - Sorri de volta, feliz por poder provar isso pessoalmente.

– Oui, je sais, il a fallu un apprentissage tout. Quelle langue je parle maintenant? - A garota falou sem dificuldades e, obviamente, eu não tinha entendido uma palavra sequer

– Francês? - Inquiri meio incerto, tive a sensação que ela falara essa língua, mesmo não compreendendo nada sobre esse assunto - Certo, agora acredito. Você é realmente talentosa! - Exclamei sem nenhuma ironia, era verdade.

– Nah, essa nem valeu. Nasci e passei minha infância na França, isso antes de vir para o Japão e começar meu canal

– Oh, não sabia disso. Acho que seu talento devia ter algo haver com essa sua habilidade. São poucas as pessoas que conseguem fazer isso, ainda mais com tanta facilidade.

– Gosto de ter o título youtuber, ainda mais que existem tantos outros. Faz me sentir mais especial - Seu olhar parecia ainda mais aéreo, Francine olhava para o nada, como se estivesse em "outro lugar" - Mas não vamos falar só de mim. Então, me diz, cadê sua cicatriz, "garoto que sobreviveu"?

Levantei o canto da boca, enjoado por ouvir esse maldito apelido, que sempre acabava me trazendo lembranças ruins. Não era como se eu quisesse ter o talento que tenho.

– Cicatriz? Do que está falando? - Pergunto confuso

– Vejo que alguém nunca leu Harry Potter... - A youtuber suspirou pesadamente, repentinamente ficando impaciente. Que garota estranha, me sentia cada vez mais desconfortável em sua presença, não conseguia decidir, ao certo, qual era sua personalidade, já que ela estava aqui e ao mesmo tempo não estava.

– Que Harry Potter...? - Acordei para a realidade subitamente, me lembrando do que queria perguntar a ela - Já ia me esquecendo, você sabe onde estamos?

– Isso que eu estava tentando descobrir. Acabei de acordar em meu dormitório, então vi aquele vídeo daquele urso que parece o Freddy... - Francine relatou distraidamente, tive a sensação de que ela continuaria a falar então fiz o favor de interrompê-la.

– Então também aconteceu com você? - Fiquei chocado, sentido o medo surgir novamente - Isso está começando a ficar estranho... E quem é Freddy?

– Ai meu Deus! Como alguém não conhece Harry Potter e Five Nights at Freddy's? O que você faz o dia todo? - Dessa vez, bufou, parecendo verdadeiramente chateada

– Do que você está falando, garota? Não vê que pode estar acontecendo algo sério? Já pensou que podem ter nos sequestrado? - a bombardeei com perguntas, de tão nervoso que estava, e a youtuber não estava ajudando, muito pelo contrário.

– E você, já pensou que pode ser uma brincadeira... ou até mesmo um teste da escola? - Ela baixou a cabeça e fitou os próprios pés. Por um segundo pensei ter a ofendido. Mas foi só por um segundo mesmo, já que no seguinte ela levantou novamente com seu sorriso - Até porque, se fosse algo sério, não usariam o Freddy. Como sei que não vou convencê-lo, vamos nos separar e procurar mais pessoas, alguém deve saber a resposta, certo?

Assenti e sorri de leve. Apesar de tudo, sua animação era contagiante. Ela se virou e começou a andar em direção a saída do corredor. Fui para o lado contrário, desde que algo no fundo havia me chamado atenção. Se parecia muito com uma porta de elevador, na verdade, tive quase certeza que era uma. Procurei inutilmente por algum jeito de chamá-lo. Suspirei impaciente e desisti, indo para o mesmo lado que Francine fora.

Notei que aqui também tinha câmeras espalhadas pelo teto, de forma que não sobrasse nenhum espaço sem ser filmado. Fiquei olhando para cima enquanto andava e acabei esbarrando em alguém. Cambaleei mas consegui retomar o equilíbrio.

– Desculpe - A pessoa murmurou, mesmo não sendo sua culpa.

Era um garoto de cabelos escuros que quase caiam sobre seus olhos. Usava um casaco verde-escuro e mantinha um fone-de-ouvido sobre o pescoço. Apesar de ter falado comigo, sua atenção se dirigia ao game boy em sua mão. Não acreditei, ele estava jogando?

– O que está fazendo? - Perguntei, ainda não acreditando no que via. Será que ninguém se importava com o que estava acontecendo. Ele não respondeu, continuou a movimentar seus dedos, concentrado no jogo que tocava uma musiquinha irritante típica de jogos.

– Pronto, capturei - Finalmente olhou para mim, só que por apenas um instante, antes de continuar o que fazia - Jogando Pokémon.

– Você também é um aluno daqui? - insisti em falar com ele, cruzando os braços quando, novamente, ele deu mais atenção ao game boy do que a mim.

– Sou.

– E seu nome é...?

Yoake.

– Yoake o que?

– Yoake Hansu. Gamer, se quiser saber meu título.

Yoake Hansu - Super High School Level Gamer

Só não me irritei completamente com o garoto porque me impressionou o fato dele não ter tirado os olhos do jogo em nenhum momento. Já tinha escutado seu nome sendo citado pelo meu irmão mais novo, Yukki, que contava animadamente sobre seus recordes, no entanto, achava que era apenas um viciado. E agora tinha certeza sobre isso. No entanto, Yukki tinha vibrado de alegria quando lhe contei que seu "ídolo" iria estudar comigo, e tinha me feito jurar que o apresentaria a ele. Porém, isso era inútil agora.

– Você já encontrou alguém... tipo, um professor? - Estava quase desistindo de falar com ele, mas minha curiosidade ainda era maior.

– Não, você é a primeira pessoa que vejo.

– Também acordou em um quarto?

– Sim.

Esse garoto me irritava. Tudo o que ele fazia era responder minhas perguntas, e mesmo assim não olhava pra mim. Resolvi me afastar dele logo, antes que eu acabasse perdendo minha paciência.

– Ok, vou tentar procurar mais alguém, estou começando a ficar preocupado. Você vai continuar aí, jogando?

– Não. Vou ir com você.

– Comigo, por quê? - Indaguei, perdendo, aos poucos, a esperança de sair de perto do gamer.

– Não quero ficar sozinho - Sussurrou tão baixo que tive que fazer um esforço para escutar. O que mais me surpreendeu foi o fato dele ter parado de jogar e ter me encarado diretamente... da maneira mais constrangedora possível. Me amaldiçoei por ter corado por conta disso. Me amaldiçoei duas vezes por ter simplesmente concordado.

O final do corredor dos quartos levava a outro corredor, tendo a possibilidade de seguir por dois caminhos. Fui pelo da direita, que era relativamente maior. Algumas portas surgiram e eu as ignorei, chegando ao fim o mais rápido possível. E por todo caminho Yoake me seguiu... ao mesmo tempo que continuava jogando. Me segurava para não pegar seu game boy e jogar longe, aquela musiquinha ainda me irritava.

A visão que tive a seguir me deixou boquiaberto: uma escada que levava ao andar superior, mas era impossível ser acessada devido à grade que a cobria. Corri até lá apavorado, as segurei e balancei repetidas vezes, o que mal as movimentou. Pensei em pedir a ajuda de Yoake, mas o garoto continuava fazendo a mesma coisa.

– YOAKE! - O chamei, sem me preocupar em esconder o quão desesperado eu estava - Percebeu que estamos trancados aqui?

– T-Trancados? - Uma voz feminina gaguejou a meu lado.

Dei um salto de susto e me virei para ver uma pequenina garota de cabelo claro, enfeitado com fitas. Dos pés à cabeça ela tinha detalhes góticos e fofos, e tinha o olhar assustado e se encolhia, dando-a um visual frágil - Essa seria nossa saída?

– Não sei... - Murmurei com o coração acelerado por causa do susto, mas aliviado por ter ainda mais certeza que há mais estudantes conosco.

– B-Bem, ao menos estou feliz por encontrar alguém, estava começando a achar que estava sozinha - Ela juntou as mãos na frente do peito e sorriu timidamente, desviando o olhar para o chão - Prazer em conhece-los... apesar de tudo. Como se chamam?

– Aki Eiji. SHSL Survivor

– Yoake Hansu - o garoto respondeu sem dar muita atenção - Gamer.

– Oh, vocês têm sido populares por essa época - Afirmou realmente sincera, o que me incentivou a sorrir de volta, agradecendo-a.

– E não pense que não sei quem é, Maxine Dilarentis– De todas as pessoas que estavam no site de Hope's Peak, ela era a que mais me interessou, o que me fez pesquisar um pouco mais sobre seu talento, não porque tinha o achado incrível, apenas inacreditável - Procurei um pouco sobre você, mas mesmo assim não entendi direito. O que significa SHSL Pet?

Maxine Dilarentis - Super High School Level Pet

– Ah, isso... ganhei esse título por fazer tudo o que me pedirem com perfeição, não importa o que seja. Sem questionar. Hope's Peak achou que lembrava um cachorrinho, que sempre obedece o dono. Entende? Sou resumidamente um animal de estimação - A garota respondeu bastante simples mas pude notar uma pitada de orgulho em sua voz. Não sei por que, quem fica feliz ao ser comparado com um animal?

– Sério mesmo? Não se incomoda que as pessoas te "usem"?

– Não acho que elas verdadeiramente me usem. Apenas faço favores, pois gosto de trazer um sorriso em seus rostos.

Essa última frase me fez refletir. Fazia algum tempo desde que parei de acreditar que alguém poderia ser uma boa pessoa, sem algum egoísmo. Porém, Maxine me fez subitamente mudar um pouco de ideia, precisaria ser muito gentil para obedecer os outros a ponto de se tornar um nível super colegial. Ela, sem dúvidas, seria a melhor pessoa que vi em minha vida.

Porém, deveria ter um fundo de mentira no que ela dissera, isso era impossível. Todo mundo tinha um lado ruim, e fiquei curioso para descobrir qual é o seu.

– Isso te torna uma menina realmente boa! - Afirmei dando um sorriso de orelha a orelha, levando minha mão até sua cabeça para afagar seus cabelos arroxeados. Queria ver o que diria e qual seria sua reação. Maxine esboçou mais um sorriso, corando levemente.

– Obrigada, faço o meu melhor... Poderia dizer que você é invencível, então?

– É... - Balbuciei revirando os olhos, me sentindo um pouco mais nervoso. Resolvi mudar de assunto rapidamente, antes que ela insistisse em continuar - Me diga Max, o que descobriu sobre esse lugar?

– Não muita coisa - A garota admitiu, colocando o indicador no lábio e olhando para cima, como alguém que está pensando - Nada, na verdade. Parece Hope's Peak, mas não estou certa. É algo estranho.

– Realmente. Vamos nos separar e investigar melhor. Vá com Yoake verificar essas duas portas enquanto vou para o outro lado.

– Hai! - Maxine pôs a mão sobre a testa, parecendo um pequeno soldado. Era o esperado para a SHSL Pet, mas aquele gesto tinha sido bem meigo.

Ela se dirigiu até o gamer e puxou de leve sua manga para que a seguisse, e assim ele fez. Fui pelo outro lado até a achar alguma porta. Entrei na que indicava ser a "Sala de aula 1". Abri a porta lentamente e observei tudo a minha volta. Uma sala normal, com fileiras de carteiras, um quadro negro e armários. E sentada em uma das cadeiras estava uma garota de cabelos violetas bagunçados, que acariciava a cabeça de uma... coruja branca. Pisquei os olhos algumas vez para ter certeza que não fora uma ilusão. Ela se virou em minha direção mas nada disse, e a primeira coisa que reparei foi seu tapa-olho de caveira no olho esquerdo, o que me deu uma sensação reconfortante de empatia. Andei em sua direção e fui ter com ela.

– Isso é uma coruja? - Perguntei apontando para o animal de olhos bicolores.

– Não, é um rato voador - A menina diz incrivelmente séria, obviamente sarcástica - Você é cego? Claro que isso é uma coruja!

– E por que a trouxe aqui? - Senti meu rosto esquentar de constrangimento, mas que pergunta burra.

– Trouxe? Não mando nela. Amaterasu me seguiu até aqui por conta própria, nunca a prenderia - Sua voz possua tanto nojo que pensei que ela falava com um verme.

Reprimi a vontade de perguntar: "Amaterasu é a coruja?". Sabia que não receberia uma resposta muito educada. Pelo menos, por conta de sua última afirmação consegui adivinhar quem ela seria.

– Certo, perdão. Prazer em conhecê-la, Sora Mashiro– Falei o mais dramático possível, fazendo esforço para continuar educado.

– Como sabe meu nome? - A garota inquiriu fria, mas pude notar um fundo de curiosidade.

– A "Amaterasu" já entregou seu título, ornitologista. Estou certo, não estou?

– Está - Bufou, admitindo

Sora Mashiro - Super High School Level Ornithologist

O que fez Hope's Peak se interessar por Sora foi por causa de seus artigos sobre pássaros, principalmente sobre seu comportamento, tanto selvagem quanto doméstico, além de descobrir a cura de várias doenças que os atingiam. Com um talento desses era esperado que ela teria algum pássaro como animal de estimação, mas não esperava que também a levaria para a escola. Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, a porta da sala se abriu e dela apareceu um garoto (ou seria um homem) extremamente alto, magro, com o cabelo preto organizado e olhos azuis. Vestia-se com um terno e tive a impressão de que seria algum servente de uma família rica. Ele foi andando calmamente até mim e perguntou:

– Prazer, você é? - Sua voz era pacífica e educada, o que me deu calafrios. Sabia bem que quanto mais a pessoa parece ser boa, pior ela é.

– Sou Aki Eiji... - Comecei mas logo a voz aguda da ornitologista me fez o favor de me interromper antes que eu dissesse meu título.

– Não perca tempo com esse sobrevivente de merda, Akihiko. Diga logo algo de preste - Eu poderia ter ficado realmente irritado com Sora, se ela não tivesse me chamado de "sobrevivente". Como não tinha dito meu título ainda, significa que ela também já me conhecia, ou até mesmo fizera o mesmo que eu, pesquisando no site de Hope's Peak.

Ela o chamara de Akihiko. Quem ele era mesmo? Ah sim, o mordomo da família Mashiro. Não tinha muito escrito sobre ele, mas tinha noção de que ele seria o mordomo particular da garota, que sempre a protegia e a servia. Mas somente isso, eu não tinha ideia do que de tão importante ele fizera para chamar a atenção da academia.

Akihiko Sasayoki - Super High School Level Butler

– Não descobri nenhuma saída aparente, mesmo verificando o andar inteiro - O mordomo explicou, fechando os olhos com indignação

– Então significa que estamos presos nessa bosta? - A garota exclamou, cruzando os braços e bufando

– E não é só isso, infelizmente. Como pude ver, algumas salas possuem janelas, ou pelo menos acho que são. E todas elas estão cobertas com barras de ferro.

– Mas essa daqui está aberta!

Só quando a ornitologista apontou para ela que percebi. Em um dos cantos da sala havia duas gigantescas janelas. Corri rapidamente até elas e observei a vista. Tudo normal. Porém, ver a praça que sempre ficou na frente de Hope's Peak e o céu azul sem nenhuma nuvem foi o suficiente para saber que algo estava errado. Os outros dois me seguiram e ficaram ao meu lado: Akihiko calmo com os braços juntos atrás das costas e Sora com as mãos esqueléticas posicionadas contra o vidro.

– Está trancada - O mordomo afirmou - E pude perceber que não tem ninguém lá fora, algo não está normal.

– Não é só isso... fiquei olhando para lá um bom tempo, e nada se movimentou, nem ao menos ventou ou apareceu alguma nuvem - a ornitologista admitiu, emburrada

– Acham que é uma simulação? - Indaguei. Como não recebi resposta levei em consideração que concordavam - Sabe o que eu acho melhor? Irmos nos encontrar no ginásio, como aquele urso pediu. Podem ir, vou procurar o restante dos alunos.

Sem esperar que dissessem algo me dirigi para o fundo da sala, saindo da mesma em seguida. Cada segundo que passava minhas dúvidas aumentavam e eu apenas desejava receber as respostas.


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Notas finais do capítulo

Five Nights at Hope's Peak.
Então... é isso. Comentem o que acharam dos personagens, quero muito saber a opinião de vocês, principalmente dos criadores dos já apresentados.