Eram 9:00 da manha de domingo, Jessie e Rosalya acordaram com o cheiro de ovos e bacon que se espalhava pela casa. Levantaram-se sonolentas, e começaram a dar uma arrumada rápida no quarto, guardar os cobertores, fechar a bicama, e estenderem a colcha branca de babados azuis que Jessie estava usando naquela semana.

Como na noite anterior, Jessie foi tomar banho no banheiro da irmã enquanto Rosa fazia o mesmo em seu banheiro, mas a ex morena havia tomado cuidado suficiente para não pegar nada emprestado de Jacqueline dessa vez. Logo se arrumaram, e as duas vestiram as mesmas roupas da noite passada, já que não haviam sujado, mas devido ao clima ameno de outono, característico daquela época, a azulada vestiu um fino casaco preto de crochê.

Ambas se encontraram no corredor, e desceram as escadas, dando de cara com Theodor, que havia sumido na noite anterior. Jessie apresentou Rosa ao irmão, que explicou que tinha dormido na casa de um amigo, e não foi pra casa, devido à um trabalho da faculdade, que precisava fazer. Theodor cursava administração, e queria montar a própria editora de livros.

O loiro subiu as escadas, e fora ao seu quarto, enquanto as garotas se dirigiram à cozinha. O olfato delas estava certo: Dona Katherine havia feito ovos mexido com bacon, e um suco de limão, contradizendo o resto da refeição calórica. As duas sentaram-se à mesa, e Jessie se serviu em pequenas porções, e colocara em uma pequena caneca, um pouco do café que foi feito ao seu pai, que àquela altura, já havia saído ao trabalho.

— Nossa, Dona Kath! Isso aqui está muito bom! — Rosa comentou.

— Minha mãe adora cozinhar, Rosa. — Jessie afirmou. — Às vezes eu acho que ela quer me engordar.

— Te engordar? — a mãe da ex morena entrou na conversa. — Isso é quase impossível, querida. Você não engorda por nada.

As três riram, e continuaram com a conversa até terminarem o desjejum, e Jessie dar falta dos irmãos mais novos, que Dona Katherine afirmou que estavam no quintal dos fundos, brincadno com Hoshi.

— É mesmo! Rosa ainda não conhece a Hoshi.

A garota arrastou a amiga até o quintal dos fundos, onde Tyler corria com uma pelúcia na mão, e a pitbull de 4 meses e algumas semanas corria atrás dele. Ela já estava bem grandinha, e quando pulou nas pernas do moreno, derrubou ele, e deitou em cima das suas costas, pegando a pelúcia de gatinho. Jessie riu da cena e foi ajudar o irmão, acompanhada de Rosa, que praticamente gargalhava.

— Rosa, essa é a Hoshi. Tem uns 4 meses.

— Ela é uma graça! — afirmou enquanto acariciava Hoshi.

 Tyler comentou que não tinha tido sossego desde às 6:00 da manhã, quando a pittbul tinha ido até o seu quarto acordá-lo, e que estava adorando uma distração, uma vez que já havia zerado os três últimos jogos que recebera de presente dos pais.

 Rosa tinha pego, ao pé da árvore que havia no quintal, uma bolinha, e começou a jogar para Hoshi, que se derretera toda ao charme da platinada. E foi aí que Jessie percebeu que a “habilidade” de Rosa não era apenas ser rápida com as mãos, e sim desenvolver uma certa simpatia com todo que tocava. Algo interessante à acrescentar na sua “listinha de conhecimentos sobre os colegas de classe”.

 O tempo foi passando, e quando as horas se aproximavam das 11:00, as garotas saíram, e Rosa mostrou à azulada o salão de que tanto tinha falado, que era próximo à loja de roupas do seu namorado. Os cabeleireiros de lá eram realmente bons, principalmente o que atendera a ex morena. Ele explicara tudo sobre os processos que ia fazer, e que não poderia remover toda a tintura, uma vez que ao fazer isso ia arrebentar todo o cabelo bem cuidado da jovem. Ele passara um xampu anti resíduo, tirando o máximo da coloração azul que pudera da raiz, hidratara, e escurecera as pontas de modo que ficassem com um azul mais escuro, dando um melhor contraste com os cabelos castanhos da garota.

 Assim que o cabeleireiro terminara, o resultado tinha sido incrível, parecendo que havia feito californianas em degradê. A morena pagara, e ambas foram para loja de Leigh, onde Rosa apresentara ele à amiga. Jessie achava seu jeito quieto e misterioso familiar, e até mesmo alguns traços de seu rosto lembravam-na alguém. Lysandre apareceu carregando uma certa quantidade de roupas do estoque da loja, e ela finalmente percebera o porquê da familiaridade, sentindo-se idiota por não ter percebido antes.

 Os quatro jovens ficaram conversando, e a morena ficou se perguntando como duas pessoas podem ser tão parecidas, ao mesmo tempo em que eram tão diferentes. Ela podia observar alguns traços de personalidade tanto em comum em Leigh e em Lysandre. Ambos eram calmos, serenos, e até um poucos fechados, mas havia alguma coisa amais no dono dos olhos heterocromáticos. Ele conseguia transmitir um simpatia descomunal, e o sorriso era simplesmente perfeito. Ela estava se perguntando Lysandre podia ser tão gentil, mesmo que eles não se falassem tanto, talvez vez ou outra para pedir uma caneta emprestada. Chegou a cogitar a possibilidade de ser o charme.

   Enquanto a tarde se passava, e a conversa fluía, Jessie podia jurar que pegara Lysandre olhando para seus olhos vez ou outra, mas ignorou e achou ser apenas coisa da sua cabeça, e continuou com a conversa, até escurecer um pouco e a morena se despedir de todos com um abraço, notando o quão os braços de Lysandre eram confortáveis.