Chaos escrita por Diane


Capítulo 6
Capítulo 5 - Antídoto.




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Perspectiva de Christine.

— Nem é onze da manhã e eles estão tentando se matar — Idia murmurou enquanto descíamos as escadas.

E eu não estava feliz. Nunca na minha vida, acordei às dez horas da manhã por vontade própria. Se bem que eu não podia chamar aquilo de vontade própria. Na verdade, passei a noite inteira acordada. Vanessa ficou berrando por horas e quando consegui pregar os olhos, tive pesadelos.

Alec e Thomas estava brigando pela a cadeira da cabeceira da mesa. As criaturas estavam puxando a cadeira de um lado para o outro. Eu quase conseguia sentir o cheiro de testosterona no ar.

— Esse lugar é meu — Thomas berrou igual um cabrito morrendo afogado.

— A casa é minha. A cadeira é minha — Alec puxou a cadeira para o lado dele.

Garotos. Como essas criaturas conseguem ser tão estúpidas?

— Eles vão quebrar a mesa — Jake disse entre uma colherada de mingau de aveia.

— Aposto que eles vão quebrar a cadeira no meio — Rosie disse.

— Espero que não voe pedaços de cadeira na minha cara — Mingau resmungou enquanto bebia o leite.

Só para garantir, fiquei afastada da mesa. Não seria divertido começar o dia com uma madeira voando na cara.

— Seu pai deixou a Guarda, a empresa e a casa como herança para mim. Então isso é meu direito — E Thomas deu um puxão na cadeira.

— Só são suas até eu e Vanessa sermos maior de idade. Vanessa já tem dezoito. E eu vou fazer dezoito no mês que vem. Aproveite sua herança... por um mês — Alec puxou a cadeira dele — Isso é, se você não morrer antes.

“Alec, que tal você parar de ser infantil? Larga a porcaria da cadeira”.

“Hum... Não!”.

Normalmente, eu discutiria com ele, mas meus olhos estavam tão pesados que acho que iria dormir antes de conseguir um bom argumento. Bom, se ele queria a cadeira, que seja. Eu queria a cama. Mas não queria os pesadelos.

Pesadelos estranhos eram aqueles. Sangue, membros decepados, seres humanos morrendo. Tipo aquelas cenas naqueles filmes de fim de mundo. O pior é que eu não conseguia dormir.

— Seu pai sempre te odiou — Thomas protestou — Ele iria que eu sentasse na cadeira dele.

— Oh, sério? Que pena, porque o que ele queria não tem a menor importância. Porque ele morreu.

Aquilo pareceu magoar Thomas profundamente.

— Alec, isso não foi gentil — Mary disse.

— É, eu não quis ser gentil.

— Ele era seu pai — Mary protestou.

— Trágico, eu sei.

Então ocorreu uma daquelas cenas épicas que tipo, só acontecem uma vez na vida. Idia pulou do meu lado para a cadeira. No meio do salto ela se transformou em uma onça e caiu sentada encima da cadeira. A cauda dela chicoteou Thomas para um lado e Alec deu um salto para trás antes de ser atingido. E a cadeira se partiu em sete pedacinhos de madeira velha.

— Calem a boca, criaturas! — Idia berrou — Estou com dor de cabeça. Ninguém vai sentar a bunda nessa porcaria de cadeira.

— Assassina de cadeiras — Alec murmurou.

— Gata maldita! — Thomas foi menos discreto e berrou. Idia ouviu e chicoteou ele na cara com a cauda. Novamente.

Mary correu para socorrer o loiro caído no chão. Não sei se foi porque ela é uma boa pessoa ou porque ela achava ele bonitinho. Pobre Sam, se ele estivesse ali...

Sentei na mesa e olhei meu prato. Era tipo um mingau, sei lá o que, meio esbranquiçado e com um aspecto ruim.

— Que porcaria é esta? — perguntei.

— É mingau de aveia — Thomas murmurou com a cara no chão — Eu que fiz.

De repente, perdi a fome.

Cadê as pizzas quando preciso delas?

Alec puxou uma cadeira do meu lado.

“É, esse negócio não está parecendo muito bom”, Alec disse.

“Eu não vou comer isso”.

Thomas tinha sentado em uma cadeira no lado oposto da mesa e estava comendo o mingau como se fosse uma pizza deliciosa. Mary estava olhando para ele com uma expressão apaixonada e idiota. Argh! Espero que eu nunca fique assim.

A campainha tocou. Som irritante do inferno.

— Vá atender — Thomas falou, olhando para Alec.

— Vá você.

— Gata louca, vai atender — Idia ameaçou voar para cima de Thomas quando ele falou isso.

Idia olhou para mim.

— Chris, vai você.

Eu não estava com a mínima vontade de caminhar até a porta.

— Uh, não. Jake, parece que você dormiu bem. Então vá você — sugeri.

Jake enfiou a cara na mesa e fechou os olhos. Criaturinha engraçada que dorme nos momentos mais oportunos.

Todos nós olhamos para Rosie.

— O Mingau está mais perto da porta — Ela olhou para o gato.

Mingau parou de beber leite e caiu dormindo na tigela. Tsc, tsc, essa síndrome de sono parece contagiosa.

— Ok, eu vou. Bando de preguiçosos — Rosie murmurou.

Quando ela abriu a porta, era Sam e Damien que estava lá. E Sam estava segurando uma sacola com pães de queijo.

— Sam! — Bati palmas — Seu elfo lindo! Salvou o meu café da manhã.

Rosie estava ocupada demais encarando Damien, então, eu, como uma boa amiga, levantei e sacudi ela. Só para acordar, sabe. E peguei os pães de queijo.

Estávamos todos nós, felizes, comendo pães de queijo. Só Mary comeu um pouco de mingau para deixar Thomas contente. Já eu, fiquei muito feliz em despejar aquela gosma na pia.

Aí Ilithya apareceu. Isso não foi o mais surpreendente. O mais surpreendente de tudo era que ela estava segurando um chihuahua. Presidente Au-au.

“Ele é um pinscher, Chris”, Alec fez questão de me lembrar.

“Ele sempre vai ser um chihuahua maldito para mim”.

Naquela invasão ao Campo de Treinamento, vários descentes de deuses poderosos morreram. Monstros gigantes foram massacrados. Guerreiros experientes viraram paçoca. E lá estava ele, o chihuahua, intacto. O bichinho estava sem nenhum pelinho preto faltando.

E ele estava sorrindo. Com os lábios repuxados para trás e os dentinhos brancos a mostra.

Fiquei parada, encarando aquilo. Gente poderosa morreu e aquele cachorrinho maldito estava intacto. Os olhinhos pretos dele brilharam e ele começou a rosnar para mim.

— Então, eu achei ele vagando pelos destroços do Campo de Treinamento e... — Ilithya parou de falar e os olhos dela vagaram ao redor da mesa — Cadê a Vanessa?

Eu realmente devo ser uma péssima amiga. Realmente. Eu não percebi que Vanessa não tinha aparecido para tomar o café da manhã.

“Caramba, eu sou um péssimo irmão”, ouvi Alec pensando.

“É mesmo. Estava muito mais preocupado com uma cadeira do que com sua irmã", respondi.

Alec me lançou um olhar assassino.

Então reparei em outra coisa.

"Cadê a loira falsificada?", perguntei. A criatura não estava ali, e já era para ela e Vanessa terem descido. Naquela hora já era para elas terem acordado.

"Kimberly?"

"Tem outra loira falsificada aqui?"

Alec sorriu.

"Não tenho muita certeza sobre o cabelo da minha tia".

Olhei para Ilithya e me segurei para não rir. Ah, e como iríamos falar para Ilithya sobre o que Vanessa tinha aprontado? Tipo: Oi Ilithya, ontem a Vanessa, auxiliada por uma loira oxigenada, foi até as pirâmides e trouxe Thanatos para cá. Sei, ele estava morrendo e ensanguentado, e provavelmente ele deve estar morto agora. E a propósito, acho que tem um cadáver de um ex-deus (é assim que se fala?) no quarto.

Não acho que Ilithya iria lidar bem com a noticia.

Então de repente, Vanessa desceu as escadas alegremente. Todos na mesa ficaram parados encarando, menos Ilithya, Damien e Sam que não sabiam o que aconteceu. Ontem, a criatura estava se derramando em lágrimas. E de repente está sorrindo?

"Tem algo errado aí", Alec disse.

Eu fui obrigada a concordar com ele.

Depois, Kimberly desceu as escadas. Ela parecia surpresa e admirada. Isso reforçou minhas suspeitas.

Então, Thanatos apareceu no topo das escadas.

Tive vontade de enfiar a cara no mingau. Horas atrás, aquela coisa estava minando sangue. Era para ele estar morto! Só deixei ele vivo porque tinha certeza que ele iria morrer de perda de sangue. E aí aparece a criatura, intacta e sorrindo. Era para ele ser um cadáver drenado! Não era para ele estar intacto. Não era.

— Eu devo estar alucinando! — Thomas murmurou.

Pela primeira vez na minha vida, eu concordei com Thomas.

Ilithya teve uma reação engraçada.

— Eu mandei chicotearem ele até a morte! — Ela disse, pálida e irritada — Hoje em dia não existe mais funcionários competentes. Bando de imbecis. Essa coisa escapou?

Ah, pobre iludida.


— Tia, ele chegou aqui chicoteado de verdade — Alec disse — Vanessa e a loira trouxeram ela aqui. Ele estava morrendo de perda de sangue, juro pelos deuses. Eu vi.

Ele estava tão atordoado quanto eu. Na verdade, acho que todos estavam atordoado.

Ilithya olhou para Vanessa furiosamente. Por um momento, pensei que ela iria transformar Vanessa em uma capivara. Talvez ela fosse fazer isso, mas Mingau roubou a cena.

Ele se transformou em tigre e apontou as garras enormes para Thanatos e saltou. Pensei que iria ver Thanatos se transformar em patê divino, mas não. Uma espécie de barreira invisível barrou o meu gato. Olhei acusadora para Kimberly. Mas ela parecia tão surpresa quando eu.

Que droga foi essa?

Tive minha resposta quando minha mãe apareceu.

Lembrei dos gritos de Vanessa na noite anterior. As vezes juro que parecia que ela estava gritando 'Nyx', mas achei que estava sonhando. Ah, mas que hora inconveniente para minha mãe começar a ter instintos maternais.


— Mãe, me explica por que esse capeta está vivo? — Falei muito sinceramente.

Nyx, minha amada mãe deusa, me lançou um olhar do tipo "cala a boca".

— Ele não é uma praga. É seu irmão.

Revirei os olhos.


— Oh, parece que ele esqueceu isso... quando tentou mata-la duas vezes — Alec teve a gentileza de lembrar a minha mãe.


Nyx fuzilou ele com um olhar assassino, instintivamente, deslizei a cadeira para perto dele. Eu estando perto, minha mãe não ousaria jogar, sei lá, uma bomba.


— Cale a boca, criança — Mamãe falou, se aproximando. De repente, não fiquei tão segura com a possibilidade de minha presença impedir um assassinato.

Alec pareceu que iria reclamar sobre ter sido chamado de criança, mas Ilithya tapou a boca dele.


— Ele vai ficar quieto — Ilithya garantiu.

É assim que são os deuses, você não pode manifestar sua opinião, senão eles te matam. Deuses são uns amores.

Levantei da cadeira.


—Mas eu não vou ficar quieta —Ilithya tentou tapar minha boca e me arrastar para a cadeira, mas eu pulei antes — Agora, mamãe, você pode me explicar o porquê dessa criatura ainda estar viva?

Minha mãe é um ser engraçado. Ela acha hilário quando sou irônica e desafiadora com outras pessoas. Já quando o caso é com ela...

— Porque ele é mais útil assim, vivo — Esqueçam o que eu disse sobre amor maternal — Ele sabe os pontos fracos de Érebo, os esconderijos deles e os planos. Seria um desperdício mata-lo. E aliás, ele pode te ajudar com seus poderes. Quando Thanatos ainda não era uma criaturinha de Érebo, ele seguia minhas ordens e treinava os poderes das minhas sacerdotisas. E agora com Caos se erguendo... não sei se é adequado mata-lo...

Caos? Mais um problema?

Olhei para Thanatos. A criatura estava sorrindo. Era mais provável ele estar disposto a me matar dormindo do que me ajudar com meus poderes.

— Mas mãe — Abri a boca para responder, mas ela me parou.

— Mas nada. E se qualquer um de vocês tentarem mata-lo, irá se entender comigo — E ela estava olhando diretamente para mim. Que engraçado.

Aí ela sumiu.

Perspectiva de Rosie


— Preciso conversar com você — Ilithya encostou a mão no ombro de Rosie.

Rosie quase deu um pulo.

— Sobre o quê? — perguntou.


— Sua família.

Ilithya abriu um portal e puxou Rosie para dentro dele. Antes de desaparecerem completamente dentro do portal, Ilithya gritou:


— Vou conversar com você assim que eu voltar, Vanessa!

Rosie descobriu que aviões a deixavam enjoada quando viajou para Las Vegas. Por algum motivo, estar em um avião fazia seu estômago girar em 360º. E Rosie descobriu que portais a deixavam mais enjoada ainda. A ruiva nem teve tempo de protestar, Ilithya logo já estava puxando-a para dentro de uma espécie de buraco negro. Apesar dos braços magros, Ilithya tinha muita força nas mãos.

Em um instante ela estava de joelhos sobre uma calçada. Aí ela vomitou pães de queijo e mingau de aveia na calçada.


— Aí meus deuses! — Alguém gritou — Ela quase vomitou nos meus sapatos.

Rosie olhou para cima e percebeu que havia dois homens a encarando. O primeiro tinha traços orientais e estava usando um terno preto com gravata púrpura cintilante, além de um chapéu e sobretudo típico do século passado, mas as roupas pareciam brilhar como se tivesse pequenas estrelinhas ali. O segundo tinha a pele morena clara e cabelo e olhos escuros. Ele tinha aparência levemente latina e era muito bonito.

Os dois estavam encarando a poça de vômito no chão.

Ilithya surgiu atrás dela. Ela não vomitou e nem caiu de cara no chão.


— Você realmente tinha que trazer uma humana por portal? — O moreno levantou uma sobrancelha para Ilithya.

— Ela quase vomitou nos meus sapatos — O de terno reclamou — E eu comprei eles ontem. Ontem.

Ilithya revirou os olhos.

—Dane-se seus sapatos, Mikhail, eles são horríveis —A loira riu e ajudou Rosie a se levantar —Você sabe onde está, Rosie?

A ruiva piscou e limpou a boca com as costas da mão. Depois do torpor do portal ter passado, sua visão começou a clarear e ela percebeu onde estava. Estava na casa dela, onde ela vivia desde pequena, com os tios dela, Mark e Catherine. Ela tinha rabiscado as paredes brancas da fachada da casa com canetinha quando era pequena. Ela tinha subido naquelas árvores, pulado as janelas, corrido pelo quintal enorme, mergulhado na piscina.

— Claro que conheço. É a minha casa.

Todos ali desviaram o olhar.

—Bom, acho que temos que explicar algumas coisas para você —O oriental estendeu as mãos —Eu sou Mikhail
— ela apontou para Ilithya e o moreno — Ele é o Raphael, e ela, você já deve conhecer, Ilithya.

Rosie não apertou a mão dele.

— O que vocês tem que explicar?

Mikhail olhou para os sapatos. Ilithya começou olhar para a árvore como se fosse algo muito interessante. Raphael ajeitou a jaqueta.

Aquilo não era bom. Nunca era bom quando adultos ficavam sem palavras. Rosie sentiu um aperto no coração. Tinha acontecido algo.

Raphael respirou fundo e começou a falar:

—Olhe, não sei como você vai encarar isso, mas seu tio, Mark, era um elfo.

Não foi o fato de terem falado que seu tio era um elfo que assustou Rosie. Foi o fato dele ter falado era. Mark era um elfo e não Mark é um elfo.

— Muitos anos atrás, ele estudou com nós, no Campo de Treinamento. Ele tinha um parentesco com Rowena, a mãe de Trivia e eles eram amigos. Depois que teve Trivia, ela entrou em coma. Ilithya acha que foi coma induzido por ela mesma. Ela acha que Rowena sabia de algo importante e que era uma ameaça para Érebo, então bebeu algo que a deixou nesse estado, para Érebo não a considerar uma ameaça. Provavelmente ela deixou o antídoto para a tirar do como com alguém. A ideia original devia ser entrar em coma e depois escapar e fugir para algum lugar onde Érebo não pudesse atingi-la. Mas algo deu errado e Érebo a capturou e a prendeu em outra dimensão. Já fomos nessa dimensão e pegamos Rowena de volta. Mas precisamos acorda-la.

Rosie piscou.

— Tá, ok. Mas o que isso tem a ver comigo.

Mikhail olhou para ela.

— Achamos que o antídoto para o coma estava com seu tio.

Aquilo era patético. Primeiro diziam que seu tio era um ser com poderes e depois diziam que ele estavam envolvido em conspirações.

— Meu tio não é anormal. Vocês devem estar falando do Mark errado.

Ilithya riu.

— Não seja ingênua. Você nunca percebeu que seu tio sempre tinha a mesma aparência, nunca parecia envelhecer? Ele nunca ficava doente, certo?

Era verdade. Mark sempre parecia ter cerca de vinte anos, apesar de dizer que tinha trinta e sete. E Rosie nunca o viu doente, desde que era pequena. Quando ela perguntava como ele conseguia sempre parecer jovem, ele respondia: É que eu bebo muita água.

— E Catherine? —ela perguntou.


— Ela era mortal. Seu tio casou com uma mortal — Ilithya parecia achar que casar com uma mortal era uma idiotice.

Bom, pelo menos isso. O lado bom de Mark ser apenas o tio adotivo de Rosie era que pelo menos não se podia dizer que ela tinha parentesco com Trivia. O lado ruim de não ter laços sanguíneos com Mark era que ela não tinha poderes. Seria legal ser uma ninfa como Mary, pensou.


—Quer ver sua casa? —Ilithya falou sem olhar para ela.

Mikhail esticou a mão e a porta abriu.

A sala estava destruída. O sofá foi partido ao meio como se uma garra gigante tivesse o acertado, e talvez isso tenha acontecido mesmo. A mesa estava virada de ponta cabeça. A televisão tinha se estilhaçado. A estante de livros que tia Catherine tanto amava, estava quebrada e os livros rasgados se espalhavam pelo chão e o tapete. Havia respingos de sangue na parede e no chão.

— Tivemos a confirmação que Mark sabia algo sobre Rowena porque quando Ilithya foi para a outra dimensão, Trivia mandou atacar sua casa.

Rosie se segurou para não chorar. Já bastava ter vomitado na frente deles como uma mortalzinha patética. Não ia bancar a mortalzinha desesperada e chorona. Não ia.

— O que aconteceu com meus tios? — ela tinha medo de perguntar isso. Não, ela tinha medo da resposta.

Se dissessem que eles estavam mortos, ela iria começar a chorar.

— Não sabemos. Ninguém sabe — Raphael respondeu — Trivia pode ter os matado ou os sequestrado e os torturado para descobrir onde está o antídoto. Não dá para ter certeza.

Ilithya deu um tapa no braço de Raphael.

— Estúpido. Não dá para parar de ser horrivelmente sincero o tempo todo?

Torturado. Torturado Mark e Cathe que a criaram desde pequena, e eles nem eram obrigados a isso. Nem eram parentes de sangue, podiam ter deixado ela em um orfanato quando seus pais morreram. Mas mesmo assim, criaram ela. E Catherine, que era mortal e não tinha nada a ver com toda essa história. Os tio de Rosie podiam estar em uma sela de Trivia sendo torturados ou podiam estar mortos em algum canto do mundo, apodrecendo em um deserto.

Ela não sabia o que era pior.

Mikhail encostou a mão no ombro dela.

— Seu tio falou alguma vez sobre antídoto ou qualquer coisa assim? Ele tinha algum esconderijo secreto na casa?

— Não — A voz dela saiu tremula.

Não posso chorar, agora não.

— Não quero ficar aqui, me levem para qualquer lugar, menos aqui —Rosie pediu.

— Tudo bem, vou deixar você na Mansão Kroell até terminarmos de inspecionar a casa e arruma-la — Ilithya falou, tentando ser suave.

Rosie ficou parada encarando a casa destruída até o portal suga-la.

Se ao menos eu soubesse...


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, demorou mas chegou. Acho que o próximo vai chegar daqui uns dez dias, ok? Agora estou postando cada cap com cerca de 3.000 palavras, quase 1.000 à mais que o habitual, só para compensar os atrasos.
O que estão achando? Desculpem erros de digitação ou palavras coladas com outras, estou sem word.



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