Chaos escrita por Diane


Capítulo 4
Capítulo 3 - Sangue por Sangue.




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Perspectiva de Christine.

Abri os olhos e vi azul. Depois de piscar duas vezes, percebi que estava encarando o céu.

— Ai meu nariz! — Uma voz familiar gritou. Sam. O elo louco estava aqui.

Reuni forças para levantar do chão. Parecia que eu tinha levado uma surra. Ah, espere, acho que levei uma surra mesmo. Eu estava de frente para uma mansão com arquitetura europeia. Bonita e etc., mas cadê as pirâmides de ouro?

Claro, Ilithya tinha me mandado para longe das pirâmides de ouro. Aquela loira burra.

Olhei para o chão. Sam estava caído de cara no chão, acho que quando Ilithya mandou ele através do portal, ele foi arremessado direto para o chão. Mary estava parecendo inconsciente e o braço dela sangrava muito. Vanessa estava deitada intacta, sem nenhum arranhãozinho. Como aquela criatura continuava intacta depois de tudo? Rosie estava segurando uma faca ensanguentada e Damien parecia ter desmaiado. Idia e Mingau estavam de pés e com as orelhinhas atentas. Gatos, sempre com sete vidas.

E Alec?

Senti alguém puxar meu pé e caí de bunda no chão.

Virei para trás e vi Alec rindo.

— Desculpe, cedi a tentação — Não entendo o porque das pessoas acharem engraçado fazer a Christine cair.

Não fale em terceira pessoa, Alec falou, fica estranho.

Estranho é derrubar pessoas inocentes no chão sem motivo aparente. Louco.

Ele levantou uma sobrancelha.

Vingança. Quando eu tinha doze anos, você me empurrou da escada.

Esse é Alec Kroell, incrivelmente rancoroso.

— Vá se ferrar — Soquei o ombro dele e me levantei. De novo.

Bati palmas.

— Vamos acordar pessoal! — Gritei. Bem alto. Ah, como eu sou má.

— Vá se foder — disse Vanessa. E um salto alto quase atingiu minha cara.

Que garota agradável.

Chutei a perna dela.

— Eu mandaria você ir se foder, mas Thanatos não está aqui, então acho que seria desperdiçar saliva — Falei.

Ela jogaria outro salto em mim, mas ela não tinha outro salto.

Quando Alec se levantou, eu dei uma rasteira nele e mandei-o para o chão de novo. Eu sou vingativa.

Cutuquei Damien com o pé.

— Damien, acorda.

Ele virou para o outro lado.

— Me deixa dormir, mamãe — Ele balbuciou.

— Eu não sou sua mãe, criatura!

Aí ele acordou. Se ele me chamasse de mamãe de novo, eu iria socar a cara dele.

Sam já tinha acordado e o nariz dele estava escarlate. Que azar o dele, talvez tivesse quebrado o nariz dele.

Mary estava desmaiada de verdade. Eu não chutei ela por que o braço dela estava sangrando muito, e é errado chutar pessoas inconscientes por perda de sangue. É, nem eu sou tão malvada assim. E, droga, o braço dela iria precisar levar uns bons pontos.

— Eu carrego ela! — Sam se prontificou.

— Não! — Acho que todos nós ali falamos ao mesmo tempo.

Sam fez um barulhinho de muxoxo. Não é bullying, só que Sam não estava conseguindo nem se manter de pé, quanto mais carregar uma ninfa inconsciente que devia pesar no mínimo sessenta quilos.

Mary começou a flutuar para longe do chão.

— Acho que consigo levantar ela por um tempo — Damien falou enquanto ajudava Rosie a se levantar.

Olhei para a casa. Era bem grande e tinha piscina. Que seja, Ilithya não tinha nos deixado em um lugar tão ruim.

— É a minha casa! —Vanessa soltou um gritinho e saiu correndo em direção da porta.

Aquela era a Mansão Kroell? Hum... bonita. Eu esperava que tivesse banheira hidro, porque eu estava precisando de um bom banho. Sério mesmo. Meus braços estavam cobertos de sangue de monstros psicóticos, de soldados de Trivia e daqueles soldados de armadura estranha. E pior, eu tinha certeza que um pouco daquele sangue era meu.

Quando você luta, não importa quando você se esfole, você não sente tanta dor na hora. Os níveis de adrenalina estão tão alto que você nem percebe quando ganha um corte. Mas depois, no dia seguinte, você acorda com dor muscular e esfolado.

Veja o lado bom: Lutar em uma guerra perde calorias. Acho que perdi todas as calorias que ganhei comendo pizza a vida inteira.

Ouvi o barulho de passos correndo e olhei para trás.

Ah, não. Droga. Inferno, pensei quando vi uma loira oxigenada correndo na nossa direção. Ela estava coberta de sangue e mais cambaleava do que corria.

O pior era que eu tinha certeza que tinha matado aquela coisa. Eu esmaguei a traqueia dela! Como ela estava viva? Quantas outras feiticeiras que conjuravam cobras gigantes existiam? Eu devia ter cortado a cabeça dela para certificar que ela iria permanecer morta.

Correndo na nossa direção, estava Kimberly.

— Onde eu estou? — Ela perguntou com aquela cara de coitadinha e inocente. E ela estava olhando para Alec.

Não gostei disso.

Não gostei mesmo.

Aí ela caiu no chão, desmaiada.

Revirei os olhos.

— O velho truque da donzela desmaiada. Vocês não vão cair nessa, vão?

O pior foi que eles caíram. Sam olhou para ela penalizado, Damien quase derrubou Mary no chão e Alec se precipitou para segurar ela.

Garotos. Como essas coisas conseguem ser tão burras? Será que é talento natural?

Segurei o braço de Alec antes que ele encostasse nela. Aquela garota era estranha e suspeita demais. Ela tinha lançado uma serpente de fogo em mim!

— Está com ciúmes? — Ele ergueu uma sobrancelha.

— Acho que é melhor deixar ela aqui — disse — É melhor não encostar nela. Não confio nessa garota.

Eu sabia que ele estava vasculhando minha mente em busca de argumentos. Dava até para sentir.

— Você não pode ter certeza que foi ela que conjurou a serpente de fogo — ele argumentou — Existem milhares de feiticeiros que podem fazer isso. É neurose sua. E eu não vou deixar uma garota morrer na porta da minha casa.

Ergui uma sobrancelha.

— Desde quando você é à favor de salvar vidas? — perguntei e gargalhei.

Criatura hipócrita. Só queria salvar a menina por que achava que ela era bonita. Se fosse uma garota feia, duvido que ele iria estar tão preocupado assim.

— Christine, isso é cruel — Damien protestou.

Isso. Exatamente isso que Kimberly causava quando estava perto de mim: Ela tinha um magnetismo que conseguia fazer as pessoas ficarem contra mim.

— Eu concordo com Damien — Vanessa falou — Damien, pode colocar a garota para dentro.

Ela abriu a porta e Damien fez a loira oxigenada flutuar para dentro e a pousou em um sofá. Fiquei tão irritada que nem reparei como era a decoração da casa. Para falar a verdade, eu reparei nas adagas afiadas enfeitando a parede da sala. Seria legal arremessar elas em certas pessoas.

Senti uma patinha cutucar meu tornozelo.

— Eu também não confio nela — Idia disse, com os olhos azuis faiscando com inteligência.

— Ela é suspeita — Mingau murmurou.

Gatos são muito inteligentes.

[...]

— Christine — Vanessa gritou do outro lado da porta — Você morreu enquanto tomava banho ou só quer acabar com a água do mundo?

Deslizei na banheira e afundei o rosto na água. A água estava começando a esfriar. Pois é, logo eu teria que trocar a água fria por outra quente. Não é consumismo, juro. A água quente ajuda relaxar os músculos, o que é bom depois de uma luta. Além de ajudar a desinfetar os cortes e reduzir as chances de inflamação ou infecção. Desculpe, vocês não deviam estar querendo aula de biologia.

— Se você não sair agora, vou arrastar você para fora do banheiro — Desde quando Vanessa ficou tão parecida com minha mãe? Nyx, é você que possuiu o corpo da ruiva?

Comecei a gargalhar.

— Eu sou uma ninja! — gritei — Você não consegue me arrastar.

Bom, ela arremessaria saltos em mim, mas arrastar, não.

— Vou mandar meu irmão tirar você do banheiro!

Engasguei-me de rir.

— Se você o mandar entrar aqui, aí que eu não saio mesmo do banheiro. E nem ele — Graças aos deuses Alec estava dormindo, por que se ele escutasse isso, iria me importunar pela eternidade.

Vanessa ficou muda. Ninguém espera que a santa Christine Caudermoon dê crise de ninfomaníaca.

— Ok... O QUE VOCÊ DISSE? — ela fez um chiado estranho — Ah, espera, acho que ouvi errado. Mas não importa, você tem que dar pontos do braço de Mary e ver o que tem de errado com a Kimberly.

Eu daria pontos no braço de Mary. Sem problemas. Mas cuidar de Kimberly? Só se fosse para enfiar uma faca na garganta dela.

— Não. Peça para Rosie.

Ouvi Vanessa sair bufando de raiva.

Admito, eu sou malvada. Mesmo. Só saí da banheira duas horas depois, torcendo para que nesse tempo, Kimberly tivesse sumido. Só para evitar encrencas ou sangue no tapete da sala.

Fiz algumas roupas aparecerem para mim. Fazer roupas aparecerem não é igual conjurar roupas do cosmo. No meu caso, pelo menos, elas aparecem de alguma loja. Acho que é parte da minha benção de Hermes. Eu pagaria para ver o que as câmeras de seguranças das lojas registravam. Roupas sumindo?

Dei uma boa examinada nos meus cortes. Alguns iriam precisar de pontos, talvez. Já os outros, Alec daria um jeito.

Depois de colocar uma roupa, desci para a sala. Sam e Damien não estavam lá. Vanessa e Kimberly estavam lendo revistas e fofocando como melhores amigas e Alec estava dormindo no sofá.

Eu queria bater em Vanessa por ela ser tão burra. Ela não via que a garota era suspeita? E lá estava ela, lendo revista e falando de moda com uma possível psicopata traidora.

— Onde está Damien, Mary, Rosie e Sam? E cadê meus gatos? — Quando falei isso, saiu mais frio que o esperado.

— Os gatinhos estão dormindo lá encima — A loira oxigenada falou, alegremente e parecendo muito simpática. Sinto muito, moça, mas eu não caio nesse truque de simpatia. — Pena que eles não gostam de mim, mas são fofos. Sam e Damien já foram embora. Os pais deles vieram busca-los. Mary está tomando banho. Rosie está dormindo no quando de hospedes.

Viu? Não é só eu que sou fascinada por uma banheira.

— Ok — Falei e sentei no canto mais distante do sofá. A garota tinha cheiro de... vaca. Estou falando figurativamente, por que na verdade ela tinha cheiro de perfume de grife.

Espere, essa criaturinha não tinha desmaiado? Ela parecia inteira, só um pouquinho arranhada, o que não fazia sentindo se fosse considerar o desmaio e a quantidade de sangue que a cobria.

— Quer que eu busque um cobertor para ele? — A loira apontou para Alec.

— Não! — Acho que soei ríspida demais, por que ela se encolheu.

— Eu devia ter deixado você ficar o dia inteiro na banheira — Vanessa reclamou.

É, Vanessa, tenho certeza que estou interrompendo sua sessão de amiguinhas.

E eu, idiota, que achava que o charme de Kimberly só atingia garotos.

Fiquei parada, analisando a garota na minha frente. Tirando uns arranhõezinhos tão leves que nem mereciam ser chamados de arranhões, a menina esta intacta. E o mais engradado de tudo era que aquela garota estava toda ensanguentada e desmaiada à poucas horas atrás.

Ou ela se curava mais rápido que o Superman ou Rosie aprendeu a fazer milagres.

E veja só: nenhuma das hipóteses parecia prováveis.

Tinha algo muito errado ali.

[...]

Já era noite e a criatura da Ilithya não tinha dado as caras. Mas apesar de ter uma loira traidora na sala, possivelmente, estava tudo ok. Vanessa e a loiro oxigenada estavam lamentando o desaparecimento do chihuahua, Mary estava dormindo e eu e Alec estávamos jogando xadrez.

O legal de jogar xadrez com Alec, graças ao laço mental, é que dava para ver as jogadas que ele planejava e ele podia ver as minhas, então o jogo era mais mental que físico.

— Oi pessoal. A titia Ily me mandou aqui para tomar conta de vocês.

Arrastei a cadeira para trás e vi Thomas Kroell. Aquele primo chato do Alec e da Nessa. O cabelo dele era tão loiro quanto o de Kimberly, vai ver eles faziam descoloração no mesmo salão de beleza. Atrás dele tinha um garoto afro-americano fechando um portal. Feiticeiro.

Ninguém disse oi. Ninguém gosta de babá.

— Meu nome é Jake — O garoto disse com uma voz sonolenta e desabou encima da poltrona.

Pois é, com esse negócio de guerra, todo mundo está cansado.

— Espero que ele não babe na minha poltrona — Alec murmurou.

— Eu tenho dezoito anos, igual à você — Vanessa informou, como se não tivesse alguém ali que não soubesse — Não preciso de babá.

Thomas riu.

— Mas titia me mandou aqui para evitar que a vaca e Alec se agarrem.

Não precisava perguntar quem era a vaca que ele estava se referindo, porque ele estava apontando o dedo para mim.

Paciência, Christine. Não mate ele. Não vale a pena matar alguém por isso. Você tem que evoluir, ser mais bondosa. Não, não mate. Isso era o anjinho falando do lado direito do meu ombro.

Conjure uma lança e atravesse o rabo dele com ela! Arranca a cabeça dessa bichona! Taca uma bomba nuclear nos testículos dele! Arrebenta!. Esse era o capeta falando.

Eu gostava muito do capetinha.

Preciso dizer quem ganhou?

Levantei-me bem devagar. Alec estava se segurando para não rir e me lançou um olhar cumplice. Então eu pulei no pescoço do loiro oxigenado e comecei a esmagar a traqueia dele com uma mão.

— Quê vaca? Não tem nenhuma vaca aqui. Sua mamãe não está presente —sorri — Mas tem um viadão muito idiota aqui.

Me afastei dele. Ele veio na minha direção com os punhos cerrados. Sabe aquele cavalheirismo do tipo: Não bato em garotas? Bom, ele sumiu.

Aí eu me desviei dos socos dele e chutei os testículos da coisa.

Aí caiu no chão e começou a chorar.

Desculpe, anjinho, seus conselhos não fazem efeito.

Eu e Alec começamos a gargalhar. Vanessa e a loira voltaram a ler as revistas de moda. Mas Mary resolveu acordar justo naquele momento. Ela estava descendo as escadas com alguns livros. Quando ela viu a criatura caída no chão, ela largou os livros e foi correndo ajudar.

— O que aconteceu? — ela perguntou.

Como a criatura estava muito ocupada chorando, resolvi responder:

— Ah, eu chutei as bolas dele.

— O QUE?

Pobre Mary, nunca vai entender como é deliciosa a sensação de nocautear alguém que te xinga.

Ela se ajoelhou ao lado dele.

— Quer que eu busque um gelinho? — ela perguntou.

Eu e Alec começamos a gargalhar mais e mais. Era surpreendente que o Soneca na poltrona não tivesse acordado.

— N-não — O cara respondeu. Acho que seria vergonhoso ficar segurando um pacotinho com gelo bem ali.

Alguns minutos depois, ele se recompôs e foi para o sofá. Mary e ele estavam falando de Shakespeare. Bom, precisamente, eles estavam falando de Romeu e Julieta.

“Porque é a única peça de Shakespeare que Thomas conhece”, Alec falou por telepatia.

Eu e Alec começamos a rir como loucos. Caramba, me surpreendia o fato não conseguirmos acordar Rosie no andar de cima e o garoto da poltrona.

— Vocês surtaram? — Vanessa perguntou.

Não consegui responder porque estava me sufocando em gargalhadas.

[...]

Algumas horas se passaram e já era meia-noite. Eu já estava ficando entediada de jogar xadrez.

— Alguma coisa interessante podia acontecer — Alec murmurou enquanto movia a torre — Isso está ficando entediante.

Aprendam uma coisa: Em um mundo onde existe monstros loucos, gente psicopata, soldados estranhos, deuses malucos, bom, você nunca, absolutamente nunca, deve provocar As Parcas pedindo por algo interessante. Porque as Parcas tem um conceito interessante de interessante.

Por isso, eu quis matar Alec quando ele falou isso.

Mas não deu tempo de tentar, por que Ilithya apareceu do nada.

Abria a boca me preparando para dizer : Sua criatura, eu tenho dezessete anos e valho mais que seus soldados de quinhentos. Porque não estou lá nas Pirâmedes? Ah, sim, porque você tem preconceito com pessoas jovens, velha idiota.

Eu realmente iria falar isso. Mas minha mãe apareceu.

Mamãe não foi discreta como Ilithya. Ela surgiu no ar através de um turbilhão negro e a sala estremeceu.

Depois que meus olhos voltaram ao normal após a aparição da minha mãe, eu reparei que ela estava segurando Thanatos pela gola da camiseta. Ah, e ele estava meio inconsciente e ensanguentado.

Parece que alguém apanhou da mamãe, idiota, pensei.

Minha mãe sorriu para mim e depois para Ilithya.

— Ele não é mais imortal. Eu o tornei apenas um mero humano. Ele assassinou várias pessoas naquele ataque, inclusive crianças, e ele vai pagar por seus crimes. Eu estou o entregando para a justiça das Pirâmides.

Aí ela arremessou-o no chão.

Não me senti nenhum pouquinho mal. Aquela praga tinha merecido. Ele tentou me matar! Se ele tivesse acordado, eu iria chuta-lo também, mas não tem graça chutar pessoas desmaiadas, por que elas não sentem nada. E não tem graça chutar alguém e ele não gritar.

Vanessa gritou.

— Você não pode fazer isso! — Não sei se ela estava gritando com Nyx ou com Ilithya.

Ilithya olhou para o ex-deus caído no chão. Ela parecia muito satisfeita.

— Ele vai pagar pelo que fez. Vai pagar — Ela murmurou. E Ilithya não parecia nem um pouco bondosa.

Minha mãe desapareceu em um turbilhão prateado. E ela nem me disse tchau.

Vanessa estava arfando no chão ao redor dele. Aquilo me dava vontade de soca-la. Será que ela não via que ele era um monstro? Não que eu fosse um anjo, mas eu nunca assassinei crianças. Só matei quem ousou me atacar.

— Qual vai ser a punição dele? — Ela estava chorando.

Ilithya não parecia nem um pouco compadecida.

— Sei lá, talvez o decapitem, se forem misericordiosos. Ou vão o chicotear até a morte. Mas não importa. Tenho que leva-lo para o julgamento — Ela o puxou pela camiseta.

Aí ela desapareceu com Thanatos.

Vanessa começou a chorar e gritar. Ninguém se ousou aproximar, porque ela parecia que ia matar qualquer um que chegasse perto. Os gritos dela eram tão altos que meus ouvidos estralavam.

Olhei para Alec.

— Tem protetor de ouvido aqui?

— Espero que sim. Vanessa é assim desde criança: quando não consegue algo, chora e grita até ter o que quer.

Só que dessa vez, os gritos não iam funcionar.

[...]

Duas horas depois, Vanessa se acalmou. Pelo menos foi isso que Alec disse, porque eu detesto gritos e fui para o meu quarto. Tranquei a porta e pressionei os travesseiros no ouvido.

Só desci até a cozinha para pegar alguma coisa para comer depois que ela já estava quieta à um bom tempo.

Alec estava lá. Ele estava pegando remédios para dor de cabeça. Eu não o julgava, meus ouvidos ainda estavam estralando.

— Essa — criatura grita pra caramba — Falei e peguei dois comprimidos e engoli à seco.

— Você não faz ideia — Ele suspirou

— Ela já está quieta faz um bom tempo, será que dormiu — perguntei.

— Acho que sim.

Estava silencioso demais. Então ouvimos um chiado. Eu e Alec nos entreolhamos.

— É melhor dar uma olhada.

Podia ser uma meia que caiu ou sei lá. Algo pior.

Subimos as escadas correndo até o quarto de Vanessa. A porta estava trancada, então chutei as dobraduras e a porta caiu no chão.

Depois que vi a cena no quarto, a única coisa que consegui falar foi:

— Inferno! Eu vou matar você ruiva.

Ah, eu iria arrancar os fiozinhos vermelhos dela um por um.


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Notas finais do capítulo

O que acham que Vanessa fez? E o que acham que vai acontecer com Thanatos agora que ele é somente um mortal bonitinho? Sim, eu sou má e quero fazer o inferno na vida dos meus personagens.

E isso :

" — Vou mandar meu irmão tirar você do banheiro!

Engasguei-me de rir.

— Se você o mandar entrar aqui, aí que eu não saio mesmo do banheiro. E nem ele — Graças aos deuses Alec estava dormindo, por que se ele escutasse isso, iria me importunar pela eternidade."

Christine tão... santa?
E Thomas, eu morri de rir enquanto escrevia porque lembrei de um acontecimento assim. Sam morreria se visse Thomas e Mary. Pobre, pobre Sam.