Chaos escrita por Diane


Capítulo 16
Capítulo 16 - O Baile de Inverno mais notório




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Kimberly se sentia uma criancinha idiota.

Certa vez, quando ela tinha uns doze anos, teve um baile na sua escola. E ninguém convidou-a, então ela foi com o seu primo. E isso estava ocorrendo novamente no Baile de Inverno. Dessa vez, como seu primo tinha perdido a cabeça— Literalmente, nesse caso — , seu pai estava a acompanhando

 — Filhotinha do papai — Ele falou, dando aquele sorriso babão que só pais podem dar.

Kim queria se enterrar em algum lugar.

Tá, tudo bem, seu pai não aparentava ser muito mais velho que ela, se o baile fosse entre humanos, dava até para aceitar. Só que metade das pessoas ali sabiam que ele era seu pai e a outra metade já tinha ouvido ele a chamar de filhotinha.

Christine, Vanessa e Alec estavam descendo a escada para o salão bem naquele momento. Christine começou a gargalhar.

Kimberly desejou que ela tropeçasse nas malditas sandálias de salto agulha e caísse no chão.

Ela não caiu, para a infelicidade de Kim.

A loira não sabia o que era pior: As gargalhadas de Christine ou a indiferença de Alec, que agia como se ela quase nem existisse. 

Mesmo a distância, ela não conseguia desviar os olhos de Alec. Ele estava usando camisa social por debaixo do blazer e os primeiros dois botões estavam abertos, deixando-o incrivelmente sexy. Mesmo longe, os olhos negros dele ainda pareciam ser dois buracos negros rodeados por cílios longos, dando um contraste incrível com a pele pálida. Como alguém conseguia ser tão lindo? 

Christine tinha decidido encarnar o papel de rainha má. Usava um vestido de estilo romano longo e vermelho e um colar de rubi. Não um vermelho normal, vermelho-sangue mesmo. As costas dela estavam expostas, assim como os braços, deixando totalmente á mostra as tatuagens nos ombros e nas costas. Não usava maquiagem exceto um batom vermelho sangue. E ela não parecia estar feliz, embora sorrisse. Os olhos dela estavam prata e isso era sinal suficiente. Já Vanessa, parecia que se vestiu para um enterro, ela e o amante dela, ambos com roupas b onitas e luxuosas, mas completamente pretas. Assim como Ilithya.  

Kim continuou descendo as escadas, até que ela tropeçou na barra do vestido longo e quase caiu de cara no chão. E seu pai, para sua tristeza, começou a rir. 

Oh vida, por quê?, ela pensou. Mal o Baile tinha começado e a situação estava se virando contra ela.

Enfim, ela desceu até o salão sem tropeços vergonhosos. O Átrio central da maior pirâmide estava com as paredes cobertas de espelhos, o teto, de lutres. O chão brilhava em um dourado radiante. As roupas, ternos e vestidos semelhantes aos de princesas. O cheiro de velas aromáticas e uma música suave de fundo. Deixava Kimberly deslumbrada. 

A loira se fitou no espelho e sorriu satisfeita consigo mesma. Ela parecia um princesa. O vestido lilás claro, rodado até os pés e apertado na cintura. Apenas um tiara e meros mortais poderiam confundi-la com um anjo.

Ela ouviu mais um gargalhada discreta, mas dessa vez era só Ilithya. 

Kim não conseguia afastar a sensação que dizia que algo iria explodir.

 

Perspectiva de Christine

 

— São máscaras — Alec sussurrou.

Eu concordava com ele.

Apesar do baile não ser de máscaras, todos ali estavam usando máscaras. Apesar dos espelhos, aromas e roupas bonitas, eu não conseguia deixar de sentir o cheiro da hipocrisia, praticamente estava no ar. Alguns sorriam para os outros enquanto a vontade deles era enfiar uma faca nas costas. Todos pareciam  anjinhos, todos usando máscaras de bons moços e moças. Sendo que metade deles ali era traidores que se aliaram a Trivia por poder.

Ah, e os espelhos. Não há nada que certos descendentes de deuses adorem mais do que sua própria imagem. Foi uma ideia genial cobrir o salão de espelhos, não acha?

 E as roupas também, não podemos esquecer delas. Trivia e algumas de suas coleguinhas, sem dúvida, estavam usando vestidos de fios de ouro. 

 Pior ainda, era saber que o Baile era em honra a Trivia. Aquela criatura que queria aniquilar nossa raça!

 Como essas antas conseguem ser tão burras?

 Máscaras e máscaras. Eu adoraria por fogo nelas. 

 E talvez nos donos delas também.

 Nós descendentes de deuses somos piores que humanos, cheguei nessa conclusão. Humanos usam máscaras para agradar a sociedade e as pessoas em sua volta e é claro, para manipular e esconder os podres. Descendentes de deuses são piores, porque eles tem ainda a capacidade de moldar uma máscara alegre para saudar alguém da família do cara que eles mataram há algum tempinho atrás. 

 E é claro, eles também sorriem para Trivia. 

 É o mesmo que judeus trazerem Hitler de volta a vida e fazerem uma festa de aniversário para ele.

 Do ponto do salão que eu estava dava para ver quase tudo. Tipo, uma cachoeira de hipocrisia e roupinhas bonitas. Me encostei na parede e peguei uma taça de vinho da bandeja de um garçom.    

 Eles deviam servir alguma coisa para comer. Alguma coisa boa, pizza seria legal. 

 — Que coisa feia — Alec apontou para o meu copo — você é menor de dezoito.

 Bebi a taça em um segundo. Uma taça minuscula, só para contar. Alguém devia estar economizando na comida.

  Sou um mês mais velha que você — falei — E vou fazer dezoito anos amanhã. 

 Ah, amanhã, 2 de julho, era meu aniversário. Eles deviam fazer essa festa para mim, não acha?

 — Eu espero receber bastante presentes amanhã — falei, só para informar — Tipo, uns cem livros.

 — Incrivelmente direta — Alec murmurou.

 — Só para informar. Ah, em caso de festa surpresa, quero bolo de morango. 

 — Lamento informar mas você é muito anti-social para festas surpresas. Quantas pessoas iriam ir na festa? Seis?

 É irritante quando ele está certo.

 — Não sou anti-social. Não é minha culpa que o mundo está povoado de antas. E pare de falar, você não é muito mais social que eu — falei.

 — Não fale assim do meu irmãozinho — Vanessa disse, surgindo do nada do meu lado. Caramba, Thanatos está sendo uma má influencia para ela — Se fosse uma festa surpresa para ele, aposto que mais noventa por cento das garotas do Campo de Treinamento apareceriam.

 A criatura já é narcisista, e a Vanessa ainda colabora para piorar.

 — Você que é narcisista — Alec disse.

 — Então, supostamente, mais de noventa e cinco por cento de garotos do Campo de Treinamento viriam em uma festa surpresa para mim — Falei para Vanessa.

 Vanessa piscou.

 — Não, você assusta os garotos. 

 Ah, vamos admitir, não sou tão má assim.

 "É. Você tem cada pensamento psicopata que as vezes me pergunto como ainda  consigo dormir de vez em quando".

 "Não venha jogar seus complexos de insônia em mim". 

 

 — Você é um pouco psicótica — Vanessa admitiu.

 — Falando em psicótica — Thanatos surgiu atrás de mim. Nem ouvi a criatura se aproxima e isso é irritante — Acho que está festa está muito parada, sabe. Você devia deixa-la mais animada.

 Olhei para o meu anel de rubi na mão esquerda. 

 — Eles acham que já está na hora de esquentar as coisas? — Alec perguntou.

 — Mikhail disse que era para fazer a festa entrar em combustão. 

 Sorri, angelicamente.

 Adora coisas em combustão. 

 Resolvi começar devagar. Parecer que foi um trágico acidente. 

 Havia vários lustres posicionados encima de uma área onde tinha várias antas valsando. E uma das antas valsando era Trivia e o bichinho de estimação dela. 

 Isso iria ser tão engraçado, porque certa vez, Thanatos matou um coitado com um lustre enquanto colaborava com Trivia. Acho que Trivia iria achar muito divertido se isso acontecesse com ela. 

 Ok, graças a capacidade de regeneração suspeita de Trivia ela talvez não fosse morrer, mas quanto o bichinho dela eu não tinha muita certeza. E um lustre caindo iria causar um belo estrago no seu lindo vestidinho de ouro. Sangue também não iria ser fácil de lavar.

 — Se concentre — Thanatos disse.

 O lado legal da queda do lustre era que ninguém poderia me culpar. Podia ser um acidente ou não. Mas em qualquer caso havia vários outros feiticeiros na festa e qualquer um deles poderia ter causado a quedinha do lustre na cabeça de Trivia. 

 Olhei para o lustre acima de Trivia. Era feito de cristal e era enorme. Não iria esmagar mas aqueles cristais quebrando encima da cabeça de alguém iria produzir algumas estacas adoráveis. Só que aquelas estacas não seriam adoráveis para quem fosse espetado por elas.

 Caia lustrezinho, pensei

 Aí ele caiu lindamente.

 Seria mais lindo ainda se ele matasse Trivia. Mas o bendito lustre não serviu para nada, praticamente. O cachorrinho de Trivia deu um pulo para trás igual ninja e não morreu. Bom, o lustre caiu em cima dela, mas não fez nenhum dano grave além de arranhões, era quase como se ela fosse feita de rocha.

 Mas o gritinho de Trivia e James foi impagável.

 Mas não posso julga-los poque se um lustre caísse na minha cabeça eu também iria gritar.

 Um eco de arquejos ecoou pelo salão. Também ouvi algumas risadinhas. Acho que Trivia também ouviu porque ela franziu a cara. 

 Aí ela incinerou o pobre lustre, destruindo o cristal e os arranjos de madeira avermelhada. Para quê isso? O que o pobre lustre fez?

 "Caiu na cabeça dela", Alec disse por telepatia, e estava muito evidente que ele estava se segurando para não começar a gargalhar. 

 Eu também estava me segurando para não gargalhar.

 —  Então — Raphael falou, se aproximando — Lamentamos muito por esse inconveniente, senhorita Trivia. A Pirâmide é muito antiga, o lustre é tão antigo quanto. Foi um lamentável acidente. Mas já que ninguém se feriu gravemente, podemos continuar a festa. Quer quer champagne?

 — Lamentável acidente?! — Trivia gritou — Um lustre caiu na minha cabeça!

 — É, lamentável. Mas veja o lado bom, se você morresse iria ser mais lamentável ainda. Então não é tão lamentável — Raphael disse.

 Ilithya estava sentada em uma mesa, se engasgando com champagne. Se ela continuasse rindo enquanto bebia, iria se sufocar.

 Não ria, não ria, pensei. 

 — Certa vez, no Campo de Treinamento, um lustre antigo caiu na cabeça de um aluno. Lustres velhos estão caindo, ultimamente — Ilithya disse.

 — É, aquilo também foi muito lamentável — Thanatos disse com a maior cara de inocente.

 Vanessa fuzilou ele com o olhar.

 — Mas aquele seu ex era uma praga, de qualquer forma...

 — Isso te dava justificativa para jogar um lustre na cabeça dele.

 — Dava sim.

 — Calem a boca — Alec disse — Estou tentando escutar o que elas estão falando.

 Mas Vanessa e Thanatos estavam discutindo alto, e Trivia e Ilithya estavam falando baixo à uma boa distância. Aí eu nunca descobri o que elas estavam falando. Só sei que depois, tanto Jake como Trivia, sairam da festa.

 Então, só depois  de Trivia sair que a comida começou a ser distribuída. Isso foi no miínimo, hilário. 

 — Vem cá dançar, criaturinha chata — Mikhail disse.

 Eu iria dizer que não, porque a  pizza estava mais interessante. Mas a criatura praticamente me arrastou para a pista de dança. 

 — Você devia ter avisado que iria tacar um lustre na cabeça da lady oxigenada — Ele disse em tom normal.

 Quase dei um pulo.

 — Fale baixo, anta!

 Ele semicerrou os olhos, ofendido.

 — Fica tranquila, criaturinha chata, que ninguém ao redor vai nos ouvir — Ele disse —  O seu irmão precisa te ensinar mais alguns truques.

 Revirei os olhos. Feiticeiros tem uma mania incrível de se exibir.

 "E você é uma santa..."

 "Alec, deixa eu pensar em paz!".

 — Então, criaturinha, pensei que você pudesse achar interessante algumas cortinas pegando fogo. Iria ser épico. O Baile de Inverno mais notório.

 Gargalhei. 

 Isso seria interessante.

 

 [...]

 

 "Alec, mata seu primo, por favor".

 "Estou pensando seriamente nisso, acredite". 

 Lá estava Thomas, sentado em uma mesa e contando para todos ao seu redor sobre o número de soldado da Guarda. De como as armaduras eram mais reforçadas, os pontos fracos, e ah, é claro, de como ele era poderoso. Bom, resumindo, lá estava uma anta, contando coisas que poderiam ajudar o inimigo. Devia ter pelo menos uns dez coleguinhas de Chaos na sala (Todo cara que é bom estrategista tem que ter alguém para descobrir informações do campo adversário)

 E tinha uma anta dando informações gratuitas!

 — Vou ir lá fora um pouco, senão vou cometer um assassinato — Alec disse.

 Até eu estava com vontade de cometer um assassinato. Se joguei em uma cadeira e comecei a rezar para a deusa da paciência.

 Existe deusa da paciência?

 Não, provavelmente não. Deuses normalmente não são lá muito pacientes. 

 — Thanatos vem cá, criatura — chamei.

 — O que é? — Ele revirou os olhos. 

 — Se eu matar Thomas o exército dele é meu? — Só uma pergunta inocente não me julguem.

 — Se você desafia-lo e ele aceitar — Ele piscou — Mas depois do último episódio, duvido seriamente que ele aceite.

 Tive uma ideia praticamente genial em menos de dois segundos. 

 — Ele vai aceitar. 

 Me levantei da cadeira e saí para fora da festa atrás de Alec. Deuses, aquela ideia era tão genial, tipo, genial mesmo. Ninguém nunca pensaria nisso.

 Alec estava recostado na parede da Pirâmide me encarando.

 — Não é genial?

 Naquela altura, ele já tinha lido meus pensamentos, provavelmente.

 — Não. É insano e eu não vou deixar você colocar minha irmã em uma arena para matar meu primo.

 Ah, vamos admitir, o plano era bom. Vanessa recentemente andou desenvolvendo uma hipnose esquisita, sei lá, ela podia usar aquilo contra Thomas e o exército era dela e de Alec sem ter que esperar mais um mês. Simple e fácil. E Thomas certamente aceitaria uma luta com a sua prima inofensiva sem ter qualquer receio. 

 Eu sou uma excelente estrategista, podem admitir.

 — A ideia tem tudo para dar certo. Ele vai cair igual um pato — Olhei para ele— Ah, você acha que vai ficar com remorso por ter organizado a morte de Thomas.

 — Que Thomas vá para o inferno. E se ela não conseguir hipnotiza-lo? Ela pode perder a cabeça em dois segundos, literalmente. 

 — Vanessa não vai perder a cabeça. Seu primo que vai. 

 — Você fala isso porque não é sua irmã.

 Revirei os olhos. Se fosse Thanatos com esses poderes, eu iria coloca-lo na arena.

 — Além de tudo, só falta menos de um mês para o exército ser meu e dela. Não precisamos precipitar.

 Aí eu perdi a paciência.

 Alec levantou uma sobrancelha.

 — E você tem paciência para poder perder-la? — perguntou, sarcasticamente.

 — Nós podemos estar mortos daqui uma semana! — falei — Não podemos esperar um mês. A um mês atrás eu estava tirando cochilo e me preocupando com Havard. Agora estou em uma guerra idiota com um deus louco que pode destruir tudo.

 Alec me encarou. Ah, ele queria me estrangular, sério. 

 — Amanhã mesmo, talvez Chaos decida atacar e todos nós vamos para o além. Não podemos esperar um mês.

 — O que eu tenho que fazer para conseguir fazer você calar a boca? 

 Revirei os olhos. Pobre iludido.

 — Se nem minha mãe que é uma deusa conseguiu me fazer calar a boca. Lhe desejo boa sorte.

 Sorri maldosamente.

 Minhas costas se cocharam com a parede fria e de ouro da Pirâmide. Estava me preparando para chama-lo de alguns nomes muito agradáveis por ele ter me empurrado. Só que ele me beijou antes que eu pudesse abrir a boca. 

 Eu deveria ter empurrado ele. Deveria. Mas desde quando eu faço as coisas que devo?

 Eu puxei ele ainda mais para a minha direção. Os lábios dele eram quente, incrivelmente quentes. E a boca dele tinha gosto de menta e isso era uma injustiça, porque eu sou viciada em menta. Senti uma mão de Alec na minha cintura e a outra estava percorrendo meu cabelo. Sorri maliciosamente contra a boca dele. Sempre suspeitei que garotos eram fascinados pelo meu cabelo.

 Deslizei uma mão lentamente para o ombro dele, bem devagar. Então arranhei a nuca dele de leve como se estivesse acariciando um gato. Conhecimentos básicos sobre pontos sensíveis do corpo humano que você aprende em anatomia, sério. Por isso digo, conhecimento nunca é dispensado.

 Ele me pressionou com ainda mais força contra a parede e mordeu meu lábio inferior. Era incrivelmente bom sentir as mãos dele na minha cintura e se enroscando no meu cabelo. 

 Infiltrei meus dedos no cabelo sedoso dele. Depois, passei as unhas da minha outra mão de leve pelo pescoço dele. Minhas unhas não estavam tão grandes — Sempre mantenho unhas curtas para não cortar a minha própria palma da mão se por acaso eu socar alguém —, mas sei lá, acho que no calor do momento unhei com um pouco mais de força do que o necessário. Meu lado possessivo não se importava com isso. Meu lado possessivo estava muito satisfeito. 

 Alec não se importou, ele praticamente ronronou e puxou o meu cabelo bem de leve. Em resposta, talvez eu tenha cravado as unhas com um pouco mais de força.

 Aquilo era bom, definitivamente bom. O sabor de menta, o cheiro e o toque dele. Bom, eu podia passar a noite inteirinha fazendo isso.

 Sorri maliciosamente e deslizei os dentes pelo lábio inferior dele.

 — Ai meus deuses! — Ouvi a voz de Vanessa. 

 — Caramba — Deuses, era Idia. 

 Tentem imaginar o susto que levei. Na hora nem medi a força dos meus dentes e senti minha boca ficar com gosto de sangue. Era para ser uma mordidinha de leve, entende. 

"Era". 

 Alec deu um pulo para longe de mim.

 Fiquei parada por uns dois segundos encarando Idia e Vanessa. Idia estava parada, estática, me encarando com um olhar divertido. Vanessa estava gargalhando.

 Ops. O engraçado da vida é que na única vez que você resolve aprontar uma coisinha, você já é descoberta. 

 — Deuses, eu todo esse tempo acreditando que vocês eram dois anjos  — Vanessa disse  — É, agora descobri que tipo de xadrez vocês jogavam.

 Aí ela voltou a gargalhar. Idia caiu no chão e começou a rolar. Qual é a graça de pegar alguém no flagrante? 

 Sei lá, mas eu queria virar um avestruz e enterrar a cara no chão. Comecei pensar em coisas geladas para não corar, apenar de minha pele ser morena clara, Vanessa certamente notaria se minhas bochechas ficassem rosadas. E ela iria rir mais ainda.

 Olhei para Alec. O canto da boca dele estava sangrando e o pescoço dele esta com algumas linhas vermelhas.

 "Se eu ficar com uma cicatriz na boca..."

 "Vai fazer o que? Fazer outra igual na minha boca também?"

  — Deuses, Mary nunca vai acreditar se eu contar para ela  — Vanessa disse.

 Idia cravou as unhas no tornozelo dela. 

 — Mary nunca vai acreditar poque você não contar para ela  — A gata falou  — Se Ártemis desconfiar que a sua favorita andou se agarrando com seu irmão, ela vai fazer matar Alec. Ou pior, pode transformar ele em um animal. Ou pior ainda, ela pode punir minha filhotinha. 

 Ops, eu tinha esquecido de Ártemis.

 Da minha mãe também. 

 — É melhor voltarmos para a festa  — Alec sugeriu  — Temos algumas cortinas para incendiar e espelhos para quebrar. 

 Vanessa arregalou os olhos. 

 — Que?!

Suspirei. 

 — Você vai ver.

 

[...]

 

 Olhei para o salão. Tudo pronto para o grand finale!.

 — Acione os explosivos quando eu falar.

 Tinha várias pequenas bombinhas atrás de cada um daqueles vários espelhos. Não bombas capazes de destruir o salão ou as paredes. Eram só o suficiente para fazer os espelhos se partirem. Eu gostava dessa ideia. Usava o que os descendentes de deuses mais gostavam: o seu reflexo, para machuca-los. As vezes Thanatos tem umas ideias boas. 

 As cortinas de veludo vermelho eram legais. Era uma pena queima-las. 

 Observei as cortinas de veludo. Eram tão antigas e veludo era um tecido tão inflamável. Bastou apenas uma pequena fagulha para o fogo se espalhar e percorrer uma cortina inteira. Todas as cortinas eram próximas uma das outras. Em menos de vinte segundos, labaredas consumiam as cortinas. 

 E o caos começou.

 Feiticeiros tentavam lançar água no fogo para conte-lo, mas consegui manter o fogo firme. Alguns entraram pânico e começaram a sair correndo na direção da entrada.

 Aquilo estava uma baderna.

  — Agora podemos destruir os espelhos  — falei para Alec.

  — Ok.

 Então o salão foi coberto por uma chuva de cacos prateados. 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então, sei que vocês querem me matar pela demora, mas sério, depois desse cap vocês querem mesmo me matar? Sim, eu sou uma chantagista. Mas é fato que só hoje meu pai comprou um teclado.

Sério, eu tentei fazer um beijinho calmo e romântico. Mas não dá. São Chris e Alec! Dificilmente eu conseguiria fazer uma cena Romeu e Julieta. Tem que ser algo mais quente, entendem?

Mas eu gostei, a cena ficou tão boa que acho que eu seria uma excelente escritora de hentai. O que vocês acharam?



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