Chaos escrita por Diane


Capítulo 13
Capítulo 13 - Manual de Como ser Perversa"




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/660306/chapter/13

Perspectiva de Christine.  

Eu certamente morreria se não tivesse um truque na manga.

Convoquei a adaga que estava presa em uma bainha no meu decote para a minha mão. Então encostei-a contra a virilha de Ryan.

— Bom, é simples: Você pode me matar, mais vai ter que fazer celibato forçado pela vida inteira — E descendentes de deuses vivem tanto tempo...

Senti ele ficar tenso. Bom, aí está uma maneira excelente de fazer homens terem medo.

— Não se eu cortar seu pescoço antes — Ele falou, e eu não duvidei que ele estava querendo.

— É, talvez, mas talvez eu possa contrair meu braço enquanto morro e... — Gargalhei — Admito, você vai se arrepender para sempre de ter cortado meu pescoço. Mas, de boa, cirurgia de troca-de-sexo está tão cara, eu iria fazer gratuitamente. Não fique com raiva.

Eu estava me controlando para não começar a gargalhar e acabar cortando meu pescoço.

“Você é perversa” Alec disse, quebrando a parede mental “Eu tenho medo de você”.

“Trate de refazer essa parede mental, Alec” falei “Não precisamos de mais alguém sangrando”.

“Mas, sério, até Trivia é mais boazinha que você. Ainda bem que ela não teve essas ideias do mal quando me atacou”.

“Fico lisonjeada”.

“Você deve escrever um livro: Como Ser Perversa, Dicas de Christine Caudermoon”.

Então ele fechou a parede mental.

— Agora — falei — Sugiro que você afaste essa faca do meu pescoço, bem devagar, senão... bom, você sabe.

— Para uma protegida de Ártemis, você é bem sem pudor.

— Ártemis não tem nada contra castrações. E por se você, acho que ela pode até me dar um bolo de presente.

Ele não se afastou. Então pressionei a lâmina mais forte, um pequeno corte na coxa dele.

Aí ele se afastou rapidinho.

Abaixei a cabeça no exato momento que ele moveu a lâmina para tentar me matar. Dei um chute para trás e peguei-o desprevenido. Antes que ele caísse no chão, mirei a adaga para atingir o lugar onde seria mais maldoso atingir, mas ele rolou para o lado e só acertou a coxa dele.

Bom, pelo menos tinha bastante veia e artérias na coxa. Mais fácil para o veneno circula.

 Ele convocou chamas na mão e tentou joga-las sobre mim, só que elas passaram bem longe de me atingir.

— Ah, é, esqueci de falar, a adaga tinha alguns venenos nela. Um pouquinho de toxinas paralisantes feitas por uma espécie de sapo, alguns alucinógenos e cianeto.

Ele me olhou, surpreso pela primeira vez. Acho que desde o momento que perfurei a pele dele o alucinógeno já devia estar entrando em corrente sanguínea. Naquele momento, ele devia estar vendo duas Christines.

— Isso é trapaça! Não era para você trazer lâminas consigo! E lâminas envenenadas — Ele gritou.

Ele tentava me atingir com chamas, estacas e animais, mas nenhum se formava por tempo suficiente para chegar até mim.

— E também não era para você me jogar numa sala cheia de soldados — falei — E por favor, morra um pouquinho mais rápido criatura, preciso sair daqui.

Eu não me arriscaria chegar perto o suficiente dele. Os tigre mal eram convocados e desapareciam, mas certamente podiam me morder antes de desaparecer.

E eu não podia me dar o luxo de lutar ou utilizar meus poderes. Meu ombro ainda sangrava e eu mal estava conseguindo ficar de pé graças a minha perna cortada. Caramba, para me livrar de todas essas cicatrizes eu teria que comprar uma fábrica de creme anti-cicatrizes, mais tarde.

— Trapaceira — Ele acusou.

— Bom, em uma outra vida, se eu tiver que lutar com você novamente. Me faça passar em uma máquina de detector de metal antes.

Ryan se engasgou e morreu, ficando lá, parado com os olhos azuis abertos.

Bom, pelo menos ele aprendeu que máquinas que detectam de metais são úteis.

Manquei até ele, com cuidado, por que vai que a criatura estivesse se fingindo de morta. E felizmente, ele estava morto mesmo. Removi a minha adaga da perna dele e arranquei o anel com símbolo de cobras aladas da mão dele, só para provar para os soldados que matei ele, já que meu ombro não estava em condições para decepar uma cabeça.

Abria a porta e caminhei tranquilamente pelo corredor, enquanto todos eles me lançavam olhares de assombro.

Mal cheguei no salão e Idia me derrubou no chão, praticamente e isso não foi agradável com todo aquele peso de onça gigante.

— Minha filhotinha!

— Idia, por favor não lamba minha cara como um cachorro psicopata.

Ela riu.

Mingau esfregou a cabeça felpuda no meu ombro.

— Se você morresse, Nyx iria me matar — Mingau sussurrou — Seria muito prejuízo para mim se você morresse. Quem iria comprar meus sachês favoritos?

Os gatinhos tamanho GGGG saíram de cima de mim e eu levantei. Alec e Thanatos estavam parados me encarando.

— Você precisa de um hospital, criaturinha perversa — Alec disse, sorrindo levemente.

— Pois é — Thanatos concordou — E eu aqui, inocente, achando que iria me livrar de você fácil.

Idia me encarou, só então percebendo meu estado.

— Esse sangue na sua blusa é todo seu? — Idia perguntou.

Bom, era, mas se eu falasse isso, ela iria surtar. Mesmo.

— Claro que não, Idia.

Mas, mentalmente, eu disse para Alec: “Chama sua tia que acho que estou perdendo muito sangue”.

“Ela vai discursar muito”.

“E como irá discursar”.

“Eu ate tentaria curar seu ombro e sua perna, mas no máximo, só vai fazer parar de sangrar e provavelmente vai fazer suas roupas entrarem em chamas”.

Sério, eu não precisava que as minhas roupas ficassem em chamas. Porque eu não tinha outras roupas ali. E ficar pelada na frente de meu exército não daria uma boa imagem.

Conhecendo Ilithya, já dava para saber que ela iria falar sobre isso até quando eu tivesse dois séculos, supondo que eu conseguisse sobreviver à Chaos, Érebo, Trivia e um lista de cem mil criaturas que querem me matar.

— Deve ter algum celular ou telefone por aí — Alec disse —, então eu vou ligar para minha tia.

Idia não sei como, me levantou do chão e me colocou em suas costas.

— Vamos, vou tentar arranjar um quarto e uma cama para colocar você — ela disse.

— Idia, eu não sou um filhotinho de gato.

— Se você continuar de pé, vai sangrar mais.

— Ok, Idia chata.

Perspectiva de Vanessa.

Era cerca de duas horas da manhã e ela estava exausta depois de ficar acordada até essa hora colocando os seriados em dia. Então Vanessa reuniu todas suas forças, desligou a TV e foi dormir.

Demorou para ela pegar no sono. Ela estava tendo pesadelos quase sempre que fechava os olhos. E pior, ela não era a única. Alec vivia tomando calmantes, Chris xingava durante a noite, Mary às vezes gritava, Sam xingava em francês (Ou espanhol?), Damien já chutou a cama uma vez e quebrou a base dela. Até os gatos se remexiam quando dormiam.

Talvez isso fosse uma crise geral. Thanatos tinha a péssima mania de falar “Eu vou virar um velhinho caduco e ela não vai me querer” umas cento e vinte vezes por noite.

Ou a casa estava amaldiçoada ou então era geral.

Vanessa estava naquela fase do sono em que você está quase dormindo, mas ainda tem uma parte sua acordada e então, de repente, ouviu alguns ruídos, quase igual a passos.

Uma parte do subconsciente dela dizia que aquilo era só um sonho idiota, mas os instintos vampiros venceram e ela abriu os olhos.

Aí estava lá, um homem coberto por uma armadura dourada e com um machado na mão. Armaduras douradas deixavam Vanessa irritada, mas não foi a armadura, foi o fato que o machado estava apontado para a cabeça dela e estava abaixando muito rápido.

Ela rolou para o lado imediatamente. O machado se cravou no travesseiro bem no lugar que sua cabeça estava.

Vanessa estava possessa de raiva. Armadura dourada era sinônimo de Trivia. E o mais engraçado de tudo: essas coisas só aconteciam com ela. Por que o cara não estava tentando matar Alec? Porque Alec tem chamas negras que torram qualquer idiota e ela não. Mary fazia plantas virarem ninjas. Sam era bom com arco. Damien voa. Alec tem chamas. Ilithya é Ilithya. Chris luta bem. Até Thanatos que era um humano era mais útil que ela.

O cara douradinho parou e ficou a encarando. Por dois instantes, Vanessa pensou que ele devia ser algum feiticeiro e estava se concentrando para transformar ela em churrasco.

Só que ele estava paralisado, encarando-a fixamente, quase sem piscar.

É Thanatos devia estar certo quando disse que raiva pode influenciar os poderes.

— Você é linda... — Ele disse.

Puta que pariu!, Vanessa pensou, o cara vem no meu quarto para me matar e depois vem me dizer que sou linda. Falta de senso.

— Eu sei disso.

Então ela reparou que o olhar dele estava fixo demais. Será que eram poderes dela. Ela experimentou relaxar, como se estivesse apertando o botão desligar.

Imediatamente, o cara voltou para o machado.

Ela se concentrou novamente em tentar manter o cara em estado de hipnose. Olhou bem nos olhos dele e sorriu.

— Venha até mim — Vanessa disse.

Ele veio como um cachorrinho, não que ela já não estivesse acostumada com isso, só que normalmente eram caras que não estavam hipnotizados.

— Agora pegue esse machado.

Como um robozinho, ele pegou o machado que estava cravado nos travesseiros.

Vanessa não sabia de devia fazer isso ou não. Ela nunca tinha matado ninguém antes. Mas aquele cara iria matar ela assim que saísse do estado de hipnose e ela não sabia se poderia manter-se assim por tanto tempo.

— Enfinque ele em você. Só que vá para bem longe da minha cama quando fizer isso.

O que ela menos precisava era de marcas de sangue no seu colchão luxuoso.

E ele fez.

Quando ela se deu conta que tinha um cadáver no seu quarto, ela foi para a porta e gritou.

— Gente! Acorda, eu acho que eu matei alguém — ela gritou.

Bom, frases assim produzem grandes efeitos. Se ela gritasse ”Venham aqui ver isso” ninguém iria, todos iriam achar que era algum episódio novo que tinha saído e ela estava histérica.

De repente, Mary, Sam e Damien estavam ali, no corredor. Todos de pijama, com o cabelo para o alto e parecendo zumbis prontos para assassina-la se descobrissem que tinha sido acordados para nada.

— Cadê meu irmão?

Alec tinha dito que iria ir jogar xadrez com Christine e depois voltava. Era duas da manhã e nada da criatura.

— Ele não me ligou pedindo para abrir um portal — Damien disse, arqueando uma sobrancelha maliciosamente — Acho que ele vai dormir lá.

Eita!

— Esses joguinhos de xadrez, não sei não, hein... — Sam disse rindo.

— Ah, mas deixem eles serem felizes — Mary disse — O que aconteceu?

Vanessa estendeu a ponta o suficiente para eles verem o cadáver.

— Bom, eu matei alguém — ela disse — Acordei e tinha esse cara louco com um machado tentando me matar aí eu...

— Você teve uma crise de ninja e cravou o machado nele? — Sam perguntou, com os olhos arregalados.

— Não, Sam. Eu me afastei. Aí do nada, ele ficou meio estranho, tipo hipnotizado. Me disse que eu era linda, o que é verdade, tipo, ele podia ser louca, mas pelo menos não era míope, Aí eu reparei que era eu que estava hipnotizando ele. Aí eu mandei ele se matar.

Mary ergueu os olhos.

— Que horror!

— Ah, horror iria ser se amanhã abríssemos a porta do quarto e encontrássemos ela sem cabeça — Damien disse.

Vanessa sempre teve uma imaginação cruel demais. Ela quase visualizou a cena e um arrepio passou pelo seu corpo.

— Damien, cala a boca. Se eu morresse o sol iria explodir.

— Temos que ligar para a sua tia — Sam sugeriu — Alguém tem que incinerar isso. Eu não vou cavar no quintal esse horário.

— Melhor.

Vanessa entrou no quarto para pegar o celular e resolveu ligar para Christine. Bom, Ilithya podia esperar mais um pouco, o cara já estava morto, de qualquer forma.

Ela sorriu perversamente quando Christine atendeu com voz cansada.

— Eita, a noite foi boa, não é?

Christine rosnou.

— Ah, claro que fui. Eu só tive que enfrentar um exército, depois mais alguns cinquenta soldados, e por fim um feiticeiro louco. Estou com o ombro retalhado, minha perna está sangrando e sua tia está discursando na minha cabeça enquanto estou meio que morrendo de perda de sangue. Se isso é a sua ideia de noite boa, não sei qual é a de uma noite ruim.

Vanessa congelou.

— Ah, eu pensei... Espera. Exércitos, feiticeiros. Thanatos está bem? E meu irmão? Caramba, o que está acontecendo?

— Alec está bem, Thanatos está bem. Todo mundo está bem, exceto eu, que sempre me ferro. Mas tudo bem, agora tenho um exército.

— Me explica isso.

O telefone, pelo visto, deve ter sido arrancado de Christine, que depois, a voz muito conhecida de sua tia ressou.

— Vanessa, o que já aconteceu agora? — Ilithya falou — E a propósito, Alec não vai ficar bem, porque eu vou matar ele, Christine e seu namorado idiota.

— Nada demais, só tem um cara morto no meu quarto.

Ilithya começou a xingar.

— Eu não posso nem mais dormir. Por que eu não fui nascer humana. A minha vida iria ser tão simples.

 

Perspectiva de Alec.

Ilithya não matou ele. Embora Alec tivesse certeza que ela queria muito fazer isso. Ela estava com tanta raiva que as cortinas do quarto balançavam de um modo quase bizarro. Raphael estava sentado na cama, com a cabeça baixa. Quem visse, acharia que ele estava em profunda reflexão. Mas Alec sabia que ele estava dormindo.

— Se vocês fossem crianças — Ela olhou maldosamente para ele, Christine e Thanatos — Eu iria espanca-los até ficarem roxos.

— Ei, isso é ilegal. Não pode bater em criancinhas, está na lei n°...— Alec teve a delicadeza de lembra-la.

Christine começou a rir.

— Fique quieta. Você tem que me agradecer, senão à essa altura você estaria cantando junto com os anjinhos.

Christine deu aquele típico sorriso malvado.

— Com os anjinhos? Não sei não.

— Ilithya, mais respeito comigo, por favor — Thanatos disse — Eu sou um senhor de alguns milhões de anos. Eu estava vivo quando você nem tinha sido gerada.

Ilithya rosnou. Ela estava segurando a mão, provavelmente para não estapear a cara de Thanatos.

— É. Eu sei disso. MAS AGORA VOCÊ É SÓ MAIS UM MORTAL PATÉTICO!

Mas que crueldade.

— O que eu faço com você agora? — Ilithya olhou para Christine — É menor de idade e é caçada pela pirâmide. Mas tem um dos maiores exércitos para você.

Chris sorriu, lisonjeada.

— Agradeça a mim — Thanatos sussurrou — Estou pensando em até exigir metade do seu exército como pagamento.

— Já é ruim o suficiente termos uma garota de dezessete anos idiota coordenando um exército. Mas um mortal inútil coordenando um exército vai ser o cúmulo! — Ilithya disse, adoravelmente.

Thanatos resmungou:

— Se um dia eu voltar a ser um deus...

Alec sabia que ele já estava planejando transformar Ilithya em uma lontra loira. Bom, pelo menos seria o que ele faria se fosse um deus. Mas deixa para lá.

— É melhor Christine do que um espião de Chaos — Alec defendeu.

Ilithya sabia que ele tinha razão, mas conhecendo sua tia, ela nunca iria admitir.

— O que vamos fazer, Raphael?

— Hã? — Ele acordou, sobressaltado — Ah, devemos punir eles, pendurar eles de cabeça para baixo no topo de uma torre e jogar uns leões embaixo... Isso seria legal. Ou poderíamos dar um jeito de transformar eles em guaxinins. Ou lontras.

Alec lançou um olhar assassino para Raphael. Ele não estava ajudando.

— É, aí eu aproveitava e transformava você em um guaxinim também, já que está dormindo durante um assunto de extrema importância — Ilithya retrucou, adoravelmente.

— Acredite, você iria ficar entediada se eu fosse um guaxinim.

Então Ilithya se sentou na cama e ergueu as mãos para o alto.

— Nem sei o que fazer. O lado bom é que ninguém vai ousar caça-la quando tiver esse exército.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Christine é Christine.

Qualquer hora eu faço um fic extra : "Manual de Como ser Perversa" por Christine Caudermoon.

O que acharam do cap? A Chris é má demais?