Nosso pequeno mundo branco escrita por Yuro


Capítulo 1
A chegada do centésimo


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitoras e leitoras que acabaram por acaso acabaram aqui, na minha humilde primeira fic aqui no nyah :3 Ela também vai ser postada no SocialSpirit, meu usuário lá tem o mesmo nome do daqui, vou deixar o link do meu perfil lá nas notas finais.
Se gostarem, comentem, compartilhem, batam palmas virtuais, o que quiserem ^^ Se gostarem eu posto mais caps ^^
Bem, chega de enrolação, boa leitura ^^



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Kagome on:

As gotas da chuva recente ainda escorriam pelo vidro da janela quando ouvi alguém bater na porta. Virei minha cabeça rapidamente, meus cabelos negros e longos girando no ar. Sabia quem estava a porta. O nonagésimo nono. Disse um indiferente "entre" e desviei a atenção para o baralho na minha frente. Quem seria aquele que descobriria meu segredo? Seria o nonagésimo nono? Olhei para o castelo de cartas na mesa a frente. Bem, que a partida comece.

Ele perguntou meu nome, dei a mesma resposta de sempre, e essa não é meu nome. Ele se sentou na cadeira a minha frente, e observou eu pegar três cartas e colocar perto dos lábios, quase encostando neles. Disse minha fala que já havia sido dita do mesmo modo noventa e nove vezes, incluindo aquela:

–Vamos jogar?- Abri meu sorriso provocador, meus olhos castanhos cansados ainda tinham o brilho de ferocidade que reservava para aquela frase. Isso fez ele recuar um pouco, mas continuou me encarando. Um tanto impressionante... ou apenas tolo.

Podia ver pelo canto do olho Sango passando pelo corredor, ela deu uma espiada para dentro de meu quarto e disse com os olhos "Por favor, não faça isso". Para a infelicidade dela, aquilo já era um ritual para mim, e os meus rituais são as únicas coisas que me mantém sã. E ser sã é tudo que me resta. Naquele lugar de gritos enlouquecidos, não podem tirar minha sanidade. Claro, não é como se eles me vissem como alguém sã, e quem sou eu para desmenti-los? Sou apenas uma louca em um hospício.

Olhei as cartas em minhas mãos rapidamente, e logo as virei para ele, para que pudesse ver. Ele arregalou os olhos e me olhou confuso, revezando seu olhar entre eu e as cartas em suas mãos. Por fim, me deu um sorriso nervoso e mostrou as deles.

Resposta errada.

Semanas depois...

Bem, parece que não era o nonagésimo nono, afinal. Com um ligeiro movimento destruí o castelo de cartas na mesa, observando as cartas caírem umas sobre as outras. A destruição agradava muito algum lado obscuro meu. O nonagésimo nono se fora, e agora viria o centésimo, ou talvez eles finalmente desistissem. De qualquer forma, tudo isso é irrelevante.

Kagome off:

Inuyasha on:

O barulho regulado do meu relógio me atropelava contra o pouco tempo que tinha, cheguei as pressas, e logo me direcionei a recepção informando o caso que havia sido incumbido pelo governo, '' seu nome é Kagome, suspeita de esquizofrenia, paciente número 1669'', repetia pela terceira vez, até que a secretária encontrou sua ficha e guiou-me por diversos corredores brancos, claros, tensionando meus sentidos, com os inúmeros gritos ecoados pelo local, meus olhos percorriam ávidos o local, memorizando o caminho...

Direita...

Direita...

Esquerda...

Direita...

Esquerda, o oitavo quarto depois do elevador, não ouvia nenhum um ruído vindo de lá, enquanto prosseguia, recapitulei e intitulei mentalmente seu histórico...esquizofrenia...esquizofrenia, verifiquei o horário, um paciente com esquizofrenia a esta hora tão quieto, incomum, perguntei para a secretária se haviam dado algum sedativo ou algo do tipo para ela, e nada... curioso, muito curioso, faz tempo que nunca fiquei tão interessado em um caso.

"É aqui", escutei falar, seguido de um ''boa sorte'', e a vi sumir pelo corredor. Adentrei o quarto, pequeno e uniforme como todo o edifício, no seu centro havia uma silhueta atrás de um castelo de cartas, por um tempo todos meus pensamentos foram interrompidos com a cena gozada a minha frente, uma paciente com esquizofrenia, quieta, calada, montando um castelo de cartas, segurei a vontade de rir, e a minha mente antes silenciosa, foi bombardeada de informações, tantas informações que tive que simulá-las e repeti-las mais de uma vez.

Pude avaliá-la, sua postura, expressão até então normais demais para uma pessoa com sérios problemas psicológicos, não podia estar mais interessado neste caso, minhas veias esquentavam, meu corpo tremia em ansiedade, meu corpo e minha mente pediam por isso, ela era extremamente branca, de cabelos negros e lisos, não mostrava cicatrizes, ou sinas de mutilação, porém seu corpo em si, era magro, bem magro, seus olhos fundos e cansados , concentrados no equilíbrio das cartas montadas à sua frente. A encarei, sem falar e nem fazer menção nenhuma de qualquer ruído, ela me encarava também, seus olhos eram desafiantes, isso de certa forma me incomodava, fiquei calado, esperando sua reação, ela... Iria gritar? Iria ter um ataque e enlouquecer? Iria ignorar minha presença ou será que continuaria mantendo esse contato visual estranho?

Ela pisca inúmeras vezes e finalmente disse:

–Algum problema...- Ela olha para as pastas nos meus braços, lendo meu nome neles.- Inuyasha-san?

Esse definitivamente não era a reação que esperava...

–Eu não, por que pergunta? Tem algum? - Perguntei naturalmente, mais cada vez mais intrigado com ela.

–Nenhum que deva saber.- Ela desvia o olhar para a janela.

–Okay- murmurei demonstrando desinteresse, o completo contrário de como realmente me sentia, me sentei e continuei em silêncio, apenas a olhando.

Inuyasha off:

Kagome on:

Sentia meu corpo coçar inquieto, por que ele ainda não perguntara meu nome? Por que não começara com as perguntas? Ele deveria fazer aquilo, e algumas semanas depois ir embora com mesma frase "Desisto, é um caso intratável.". E até agora ele não fez nada disso... Por que? Segurei minha raiva somente no meu olhar, peguei as cartas na mesa rapidamente. Aquela parte de meu ritual ele não tiraria de mim.

–Vamos jogar?- A voracidade no meu olhar estava maior do que as outras vezes por conta da raiva que sentia.

–Hum.. e jogar qual jogo de cartas, Kagome?

Minha raiva ficou ainda maior. Ah, então ele sabia meu nome... Ótimo!

–Não fale como se fossemos amigos.- O olhei numa mistura de raiva e frieza.- Pode ser... Rouba-monte.

–Não, não pretendo mesmo ser seu amigo. Distribua.

–Ótimo. -Distribuo rapidamente as cartas pela mesa sem quase olhar para elas, estava distraída olhando pela janela. Ele sentou-se na cadeira a minha frente e passei o olhar pelas minhas cartas desinteressada. Com um olhar vazio virei elas para que ele pudesse vê-las.

Os olhos dele percorreu das cartas para mim, repetidas vezes, abriu um sorriso torto, e falou:

–Sete de espada, nove de ouro e cinco de paus não é uma combinação, não sabe jogar ou algo do tipo? Se for para trapacear, Kagome, tem que fazer com que os outros não percebam... isso é jogar!

Resposta interessante... Ergui uma das sobrancelhas questionadora:

–E qual seria o truque, Inuyasha-san? Você descobriu qual é?- Abri um pequeno sorriso e o olhei desafiante.

–Uma ilusão, isso não funciona comigo. -Falou jogando as cartas na mesa. - Sendo assim, ganhei. - Murmurou mostrando seu jogo.

Pisquei e o olhei séria, deixei minhas cartas na mesa e disse:

–Parabéns, centésimo... foi o primeiro a perceber o truque. -Suspiro e desvio o olhar para a janela.

–Ah isso, Kagome... eu posso te dizer o porquê. Quer saber?

–Não precisa... Teria que ser realmente idiota para não perceber que era um youkai inu. - Olho para as orelhas dele.

–Inu? Não me chame assim, Miko!

–Miko?- O olhei curiosa.- Do que está falando?

–Ah, então é por isso que é fraca, não sabe ao menos o que é.

–Explique, então, inu super-forte.- Digo com um sorriso sarcástico.

O vi revirar os olhos, soltando o ar de modo impaciente:

–Já disse para não me chamar de inu... Vou explicar para você, já que não sabe nem ao menos o que é.- Ele diz sorrindo torto.

–Eu sei muito bem o que eu sou.- Eu sou uma louca, isso é tudo... Penso e continuo.- Explique de uma vez.

Ele me olha aumentando o sorriso torto e finalmente explica:

–Mikos eram seres que caçavam youkais no passado. Elas tinham poderes que se igualavam aos dos youkais. Com o passar do tempo, tanto mikos como youkais foram desaparecendo e hoje em dia é difícil achar um deles. Você é a primeira Miko que eu conheci.- Ele me avalia de cima para baixo o que me perturba um pouco.

Avalio ele também, cabelos brancos eram lisos e longos, muito longos na verdade, muito mais longos até que os meus, olhos cor de âmbar que brilhavam de uma mistura de ansiedade com curiosidade, o porquê disso eu não sabia identificar, pele meio bronzeada, as duas orelhas de inu saiam dos cabelos. Algo instintivo dentro de mim deu um alerta, aquele a minha frente não um youkai completo, só metade.

–Mas você não é um youkai não é? Pelo menos não completamente.- Provoco ele.

–O que?- Ele levanta uma das sobrancelhas, com ar confuso.

–Você é um hanyou, não é?- Até a palavra havia me vindo, de algum canto desconhecido da minha mente.

Ele pisca e sorri de um jeito que eu não sabia se era satisfeito ou debochado.

–Sim, Kagome, sou um hanyou.- Seus caninos levemente mais afiados do que o normal brilharam com a luz do sol que entrava da janela, essa, claro, lacrada.

Sentia os feixes de luz banharem meu rosto, mas a luz que passava por aquela janela fechada não era a mesma que eu sentia tocando as pontas do meus dedos dez anos atrás... dez anos... que não sinto o sol diretamente... Olho para a janela, com os olhos perdidos. Sentia que Inuyasha me encarava com uma intensidade estranha, com certa ansiedade, ou seria perturbação? Depois de tantos anos, aprendi a ver os sentimentos das pessoas, seus pensamentos, estampados nas suas faces... mas aquilo, não sabia identificar.

Fechei minha mão pousada no meu colo em punho, um tanto irritada e frustrada. Por fim me levanto de repente, e quando de pé, me viro para Inuyasha bruscamente, fazendo meu vestido branco simples, igual a das outras pacientes, esvoaçar junto ao meu cabelo. Estreitando os olhos, e sentindo meus músculos tensos, digo:

–Está na hora de ir, Inuyasha-san.- Falo fria e olhando-o com severidade.- Agradeço pelas informações que me disse. E novamente parabéns, centésimo.- Falo com desdém o novo título. Ele não deveria fazer idéia do que eu queria dizer com aquilo, mas não perguntara nada. Comportamento... peculiar. Talvez perguntasse para outra pessoa mais tarde.

Ele não se mostra chateado com sua expulsão, levanta-se lentamente, me encarando com aquela intensidade, que contrariava sua aparência de naturalidade... Um homem curioso, de fato, mas no fim, só será mais um que desistiu de mim...

Quando ele toca a maçaneta ele vira a cabeça para mim e fala:

–Venho te ver amanhã, foi um prazer de conhecer, Kagome.- O olho avisando silenciosamente para ele parar de dizer meu nome com tanta informalidade, mas ele só me esboça um sorriso provocador.

–Já eu não posso dizer o mesmo...- Murmuro dando as costas para ele. Vejo de canto de olho o sorriso provocador aumentar.

Ele abre a porta e imediatamente os gritos dos loucos que estavam por todo lugar daquele hospício, aquele pequeno mundo branco, invadem o meu quarto. Não me movo quando ouço eles, já havia me acostumado a anos... mas aquela dor, aquele apelo desesperado daqueles que se afogavam pouco a pouco naquele mar de loucura... ainda eram capazes de me paralisar. Inuyasha quase fechou a porta para acabar com os gritos, mas se conteve.

–Isso não te incomoda?- Perguntou não me olhando.

–Há muito tempo me acostumei... afinal, ao olhos de você, os sãos, eu faço parte daqueles que gritam, não é, centésimo?- Falo fechando os olhos, vendo as imagens de um passado sombrio, como acontecia todas as vezes que eu fechava os olhos. Abro os olhos rapidamente, antes de entrar num lago de lembranças onde podia afogar facilmente. Afogar...

Kagome off:

Inuyasha on:

Durante todo aquele tempo com ela, havia segurado minha curiosidade, que aumentava ainda mais ao falar com ela. Tão quieta... tão normal... não era o que eu esperava de uma paciente com esquizofrenia... Meus pensamentos estavam completamente focados naquela garota, enquanto me virava para tentar olhá-la antes dela fechar a porta, só vi de relance seu olhar frio, que não conseguia desviar de maneira alguma, enquanto ela fechava a porta rapidamente e com força, sem ostentar sequer um "tchauzinho" de nada para mim.

Depois do som daquele fechar rude ecoar por aquele corredor de branco uniforme, deixei um leve suspiro escapar de meus lábios.

–Ka-go-me... -Falava o nome dela lentamente, deixando aquelas três silabas escaparem lentamente por meus lábios.- Um verdadeiro enigma de fato... Mas todo o enigma tem uma resposta, eu acho...- Falo desanimado, enfiando minhas mãos nos bolsos da minha calça, e baixando a cabeça, fechando os olhos.

Mergulhado por completo em pensamentos profundos, tentando ler aqueles olhos castanhos que insistiam em voltar a minha mente, acabei trombando em alguém. A pessoa deveria ser mais leve e menos forte que eu, pois ouvi um baque que indicava que essa tinha caído no chão, enquanto eu apenas me desequilibrara o bastante para deixar cair a pasta onde estavam as informações de Kagome.

Ouvi um "Itai" e finalmente olhei para baixo, onde vários papéis estavam espalhados no chão branco como todo o resto do prédio (aquilo já estava começando a me incomodar), se encontravam espalhados em volta de uma mulher. Ela tinha cabelos castanhos longos e lisos, e quando ela abriu seus olhos para ver com quem trombará, pude ver seus olhos castanhos, aquilo imediatamente me lembrou daquele enigma irritante que começara a considerar a Kagome. Me inclinei e estendi minha mão para ajudá-la a se levantar.

–Sinto muito, eu estava distraído.

–Não, não. Está tudo bem, eu estava apressada demais também. - Ela sorriu gentilmente enquanto aceitava minha ajuda e se agachava para pegar os papéis. Eu me agachei também para ajudá-la.-Meu nome é Sango. Você por acaso seria o cara que o governo mandou?

–Sim, como sabe?- Pergunto curioso.

–Não temos muita gente aqui, é quase impossível não notar alguém novo.

–Ah, entendi.- Ela havia pegado a pasta da Kagome e a observava com curiosidade, num segundo um brilho de compreensão passa por seu olhos e ela me pergunta com ansiedade evidente.

–Você que vai cuidar da Kagome-chan?

–Sim...

Ela me encara com curiosidade e olha rapidamente meu nome na pasta de Kagome.

–Inuyasha-san, você por acaso conhece o porquê de estar sendo chamado de "Centésimo"?

–Na verdade, não, a Kagome me chamou assim, mas não me deu qualquer explicação.

Sango sorri um pouco enquanto dá os ombros e solta um suspiro:

–Mas é claro que ela não explicou, não é típico dela fazer algo assim. Bem, quer que eu te explique, "Centésimo"?- Ela sorriu travessa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^ e sim, a personalidade da Kagome tá bem diferente do anime/mangá, mas vocês vão ver que é somente por enquanto u.u depois ela vai mostrando que não é bem assim... u.uBem, espero ver a opinião de vocês, até logo ~( ^-^ )~
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