A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 40
Quarenta


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei anos, mas tô de volta. A história tá chegando ao fim, mas ainda tem muitos problemas pra resolver!



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Haruno Sakura

Era Ascendente: dezesseis de fevereiro de 1524, Terça-feira.

Não houve nem tempo de despedir de Sasuke. Fui esperta de ter passado um tempo íntimo com ele. Gostaria de dizer que fiquei feliz e agitada com tudo o que aconteceu, no entanto não é possível ficar radiante quando o amor da sua vida vai até uma guerra. Felizmente, tive muitos afazeres que me tirou um pouco da ansiedade por ficar deveras ocupada. E minha vida se transformara para sempre.

Foram momentos incessantes e massacres de conhecimento burocrático junto com Kushina e Minato, que puseram a me ensinar com felicidade quando descobri que já havia feito amizade com seus dois filhos. Não foi fácil, e nem curto o tempo de aprendizado. Ainda descubro coisas novas todos os dias e quanto mais sei sinto que estou mais longe da verdadeira sabedoria.

Tsunade também me pôs a aprender sobre ser uma curandeira. Gosto de dizer com orgulho de que tenho facilidade com ervas medicinais e cuidados corporais. E foi exatamente com o conhecimento que Tsunade me passou, que após três meses de guerra descubro a minha gravidez.

Os sintomas batiam, o enjôo, aumento do peso, tudo. Tive de informar a Tsunade e o casal Uzumaki que estavam no castelo cuidando do reino enquanto Sasuke-kun enfrentava uma guerra. Meu coração acelera, minhas mãos ficam trêmulas e suadas. Os olhos ardem pela vontade de choro, mas tranco o maxilar e olho para cima, trancando meus sentimentos.

— É, realmente. Está grávida. — foi o que Tsunade disse.

Céus, grávida! Por quê? Eu tinha certeza de que Sasuke-kun não voltaria antes da criança nascer, e sequer sei como ele lidaria com isso tudo. Por Deus, ele não era casado comigo! Meu filho seria um bastardo!

— Isso vai ser complicado... — Kushina suspira, tensa. — Entendo seu lado, Sakura. Sei que não procriou sozinha e acredito que o filho seja mesmo de Sasuke. Mas o rei não está aqui por agora e não temos tanto poder sem ele e tantas pessoas que foram para a guerra. Essa informação vai vazar em algum momento. As pessoas vão saber que uma das supostas prometidas de Sasuke está grávida. E irão colocar a culpa em você. Murmurar sobre você e o que você fez. Questionar se o filho é de fato dele, pois está em uma guerra.

— Eu sei. — respondo já chateada.

Como o ato libidinoso fora feito apenas um dia antes de Sasuke-kun ir embora, a veracidade da minha história pode ser comprometida. O que poderia provar que eu não simplesmente entrei em fornicação com uma pessoa do castelo uma semana depois do Rei partir para a guerra? Ou um mês? Ainda não existem exames precisos para isso... E nada poderá provar que o filho é dele.

— Podemos tentar retirar o feto, se quiser. É um processo perigoso e não promete sucesso sempre. — Tsunade sugere.

Não é uma ideia ruim, para quem não deseja um filho ou não sente um vínculo com crianças no geral. Mas eu não quero isso. Entendo quem deseja fazer algo assim, mas desejo arriscar a minha vida e ter esse filho. Ele é o fruto do amor que tive por Sasuke, e o amor dele por mim. Não posso desfazer disso. E, além do mais, sinto que já o amo.

Tsunade e Kushina me apoiaram em minha decisão. Elas foram como pilares da minha sanidade e emoções, pois apenas elas não me julgaram de forma alguma. E eu as amei por isso. Como mães, professoras.

Não digo que todos me trataram mal por isso, Naruto se escandalizou, mas por fim também apoiou minha escolha. Ele, na verdade, até ficou um pouco feliz, pois tinha sérias dúvidas de que tinha engravidado Hinata também. Como eu perdi isso? Eu e Hinata somos próximas, mas com esse tempo todo de guerra, burocracias e aprendizado como curandeira, mal a vi no castelo. Em contrapartida, me aproximo mais de outras pessoas. Sasori é uma delas. Ele é um guarda simpático, que já conhecia, mas agora rondava sempre a área médica do castelo. E eu passei muito tempo por lá. Ele acabou descobrindo de minha gravidez, e embora tenha torcido um pouco o nariz, depois sorriu para mim. Disse que poderíamos fugir juntos, que Sasuke jamais nós acharia. Tolice, por que fugir? Mas Sasori não me escuta e cisma que o rei não acreditaria que o filho era dele, pela data ser duvidosa.

— Sasori, eu conheço o rei. Sei que ele acreditará em mim.

Sasori respira fundo, mantendo sua compostura. Ele não parece concordar comigo e sua paciência é facilmente esgotada, embora nunca tenha, de fato, acontecido comigo enquanto conversamos a sós.

— O conhece agora, Sakura. E quando a guerra acabar? Ainda conhecerá como as outras?

A dúvida que Sasori planta em minha cabeça é genuína e fico muito preocupada, embora não diga nada a ele. Além de todos os problemas da guerra, Sasuke passaria muito mais tempo com as outras garotas. Momentos difíceis. A presença faz muita diferença quando vamos falar de nossos sentimentos. Sei que estive conectada com ele antes, mas e depois da guerra? Sasori vê uma brecha em minha confiança e se apega a isso.

— Você deveria mesmo fugir comigo. Ficar fora dessas burocracias, Sakura. Sei que não foi feita para isso. És uma ótima garota, feita para ser feliz... E não sempre preocupada com um povo ingrato.

Não gosto muito do que ele fala. O povo poderia sim as vezes ser injusto, pois eles não possuem a mesma visão que um líder de um país, mas ingrato? O povo, como qualquer outra pessoa, apenas quer ter uma vida estável. E eles estão no direito de cobrar isso. Apesar da minha discordância, não entro em discussão com Sasori. Não possuo muitos amigos por aqui e não quero mais perder nenhum, então apenas decido encerrar o assunto.

— Vou mandar uma carta explicando o assunto para Sasuke-kun. Sei que ele vai apoiar a minha escolha de manter o filho.

Sasori crispa o nariz, insatisfeito, mas respeita a minha opinião. Isso é o suficiente agora. Depois conversarei com ele melhor, e irei esclarecer esse assunto de "fugir juntos". Não somos amantes e o filho não é dele, obviamente. O guarda poderia estar confundindo as coisas, agora que conversamos muito.

— Escreva a carta, Sakura. E me entregue. Irei mandar para ti; conheço muitas pessoas do exército. Sua carta chegará.

Agradeço a sua gentileza e vou até o meu quarto escrever a carta. Escrevo com todas as minhas forças e emoções. Espero que isso seja o suficiente para Sasuke-kun entender a minha difícil situação. Tenho um pouco de dificuldade para escrever, ainda sou nova isso, mas a carta, por fim, sai.

"Querido US,

Espero que esteja bem. Espero que todos estejam bem. Gostaria de te enviar essa carta para tratar de um assunto muito sério: sobre o que acontecera na nossa despedida. Sei que fomos impulsivos e no momento aquilo parecia deveras correto, mas acarretou em uma situação complicada para ambos. Um fruto. Sei que entenderás. Não era o momento certo, e certamente não sei se haveria um. Tu ainda não havia escolhido a ninguém. Não pude cortar o fio da vida. Mesmo que fosse perigoso para mim, o motivo foi outro. Eu já amo o nosso grande erro.

Me perdoe.

HS."

Anexado a carta, um relatório de Tsunade com a assinatura de testemunho da própria Kushina. Sei que ele acreditaria em mim, mas preciso ter certeza de que ele não tenha nenhuma dúvida sobre esta carta. Esperei por dias uma resposta. Que nunca chegara. Sasori jura que mandou a carta; ele até mesmo mostrara a mim quando a enviou. Disse também que ela tinha chegado, pois o caminho era seguro, embora Tsunade tenha dúvidas sobre isso. Dois anos e meio se passaram, e nenhuma resposta me foi enviada. Sasuke-kun era como um fantasma de um tempo conturbado, mas acima de tudo feliz.

Ajudei muitas pessoas durante esses dois anos e estudei muito quando não tive possibilidade de ajudar, nos estágios mais avançados da gravidez.

Sasuke-kun e eu nos tornamos um só no dia anterior a sua ida e eu não fazia ideia do quão impulsivo e corrosivo isso poderia se tornar para o reinado dele. Um bastardo no meio de uma guerra? Tolice pura.

Lembro-me bem dos olhares debochados e de dó para mim. Sei que muitos pensam que com sua volta eu possa ter algum tipo de pena de morte, já que sua "concubina" não havia abortado. Mas eu não era concubina alguma. Eu era Haruno Sakura, uma das poucas garotas restantes para ser sua escolhida. Muitas pessoas ficaram escandalizadas com o nome que batizei nosso filho, mas só eu e Sasuke (e agora Kushina) sabemos o quão importante e cheia de carga emocional possui um simples nome de um garoto. Itachi. Ainda não sei se poderia ser chamado de Uchiha, dado as circunstâncias duvidosas.

Ele estava cada dia mais semelhante a Sasuke de aparência, mas com uma personalidade tão individual que não digo que é minha ou dele. Não sei o que Sasuke pensa disso, já que não recebi nenhuma resposta da carta que mandei. Talvez  ela fora perdida no meio da guerra ou a resposta. Fiquei tanto tempo remoendo isso que não sei mais o que pensar.

Kushina diz que ele provavelmente nem a recebera; Sasori jura que ele não se importa mais comigo, já que passaram-se dois anos e meio sem me ver, e isso é mais tempo do que passamos juntos. É um pouco cruel a resposta do guarda, mas tem um pouco de verdade nisso tudo. Sasuke passara mais tempo com Karin e Tenten do que jamais passou comigo. E se o sentimento tivesse se dissipado?

Passei tanto tempo com esses pensamentos me massacrando mas nunca realmente tive tempo de chorar por isso. Tinha meu filho agora para educar, uma política para aprender e inúmeros cidadãos para ajudar. Sim, não são só os soldados de guerra que se machucam. Com a ida de mais de sessenta por cento dos trabalhadores ativos, o país estava mais instável que nunca. Um triste desdobrar da guerra.

— Sakura. — Kushina me chama em um tom animado. — Acabo de receber notícias da guerra. Veja!

Trata-se, sem dúvidas, de uma carta para Naruto.

" Naruto,

A guerra finalmente acabou. Embora pareça ter demorado uma imensidade de tempo, dois anos e meio não é nada para um confronto de nações.

Estamos terminando de resolver as questões políticas e logo voltarei para Konoha.

Sasuke."

Uma carta simples e pequena, mas com um significado enorme. Eles haviam ganhado a guerra, eu sabia disso. Sabia e deveria ficar feliz, mas minhas mãos tremem de nervosismo e sinto que posso chorar a qualquer momento. Essa carta deve ter demorado a chegar, o que significa que Sasuke pode aparecer a qualquer momento. E eu finalmente o encontraria... Com um bastardo ao meu lado.

— Vai dar tudo certo, mamãe. — escuto o meu filho dizer, ao meu lado, com um sorriso tranquilo no rosto.

Olho para seus olhos tão escuros quanto os de Sasuke, além do cabelo que teima em espetar para atrás, como um clone do próprio pai. Sua expressão tranquila me acalma, mas ainda continuo a fitá-lo um pouco curiosa. Eu não havia dito nada a ele que pudesse deixa-lo preocupado em relação ao pai ou o que acontecia no castelo.

— Mas por que diz isso, querido? — indago realmente curiosa para a pequena criança ao meu lado.

Ele ri, como se eu quem fosse a pessoa mais nova da conversa. Itachi estufa o peito, orgulhoso de si, ao me responder.

— A vovó Tsunade disse que sempre que você estiver com cara ruim é pra eu falar isso. — diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Não fico surpresa com o que o meu filho diz. É bem a cara dela mesmo falar algo dessa forma, e acabo soltando uma risada curta.

— Bem, ela dá boas dicas.

— Sim, porque a mamãe tá rindo de novo!

Todas as minhas preocupações se esvaem quando vejo o sorriso do meu filho. Vale a pena lutar contra todos os problemas que virão a frente, porque o fruto do meu amor com Sasuke agora tem nome. E um sorriso lindo.


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Notas finais do capítulo

Sei que ele parece um capítulo apressado, mas não aconteceu nada realmente relevante nos anos que se passaram no castelo. O próximo, na guerra, será mais completo e preencherá todas as lacunas que esse possa ter deixado. Sei que não foi um dos melhores capítulos da história, mas epero ainda sim que tenha gostado! beijos



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