A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 33
Trinta e três


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AS NOTAS FINAIS. Esse capítulo foi feito há algum tempo. Ponderei alguns dias se o postaria ou não e decidi que sim. Esperei também o momento certo. Não acrescenta nada para a história de Sakura, mas para a fic no geral pode haver um entendimento melhor sobre a personagem centro do capítulo.



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 Hyuga Hanabi

Era ascendente: conto passado do país do Arroz. Cerca de seis anos atrás.

 

Acordou no meio da noite. Não era nada fora do normal, na verdade sempre foi calculado para acordar nesse momento. Levantou-se com um sorriso nos lábios, já animada para encontrar-se com seu amor. Tomou um banho com água e óleos perfumados, penteou seus longos cabelos castanhos. Atividades que tinha preguiça de fazer só, mas que valia a pena no momento.

Saiu do quarto da forma mais silenciosa possível, mas sem medo de acordar ninguém. Fazia isso há tempos, e nunca tinha sido descoberta. Não é hoje que mudaria o fato de sair como uma gatuna. Passaram-se se poucos minutos até chegar ao celeiro. Ah, que lugar clichê para encontrar um amante... Mas viria a calhar, pois escondido no local, havia um pequeno colchão. Não tão confortável, mas mais que o suficiente.

Mal se falaram e já trocavam afetos íntimos. A vontade era grande demais para esperar e estavam na época dos hormônios à flor da pele. Gemidos abafados poderiam ser ouvidos, caso alguém mais estivesse no celeiro. Era tudo muito bom, como um sonho. Até que ele viu. Ele, Hyuga Hiashi. Ele, seu pai. Ele, a pessoa mais rigorosa e quadrada que jamais conhecera.

Escandalizado, o pai da garota observava os vestidos ao chão, e o casal aproveitando seu momento íntimo nem tão mais secreto. Hiashi estava chocado demais para dizer alguma coisa, mas algo mudou quando ouvira o gemido de prazer de sua filha aumentar alguns décimos. 

— Hanabi! — a sua voz fora escutada como um trovejo.

E o conto de fadas acabou. O grito do pai havia sido ouvido por um guarda, que logo se pôs a entrar no celeiro. Ele viu, surpreso, a festa finalizada do casal.

— Vou voltar com a minha filha para o seu quarto. E quanto a essa... Coisa... — ele indicou com nojo. — Leve-a para aquele lugar.

Hanabi sabia que lugar era esse. Pessoas eram torturadas e mortas lá. Sua família nunca fora inocente. Exceto talvez pela sua irmã mais velha, que parecia alheia a tanta podridão. Antes que protestasse, seu pai lhe ordenou a vestir-se novamente. Vestiu com pressa, não queria piorar a situação. E assim que o fez, seu pai a puxou pelos cabelos. Algumas mechas foram arrancadas, mas nenhum estrago grande fora feito na sua aparência. No coração, no entanto, não seria bem assim.

— Teremos de dar um jeito nessa situação. — seu pai disse assim que chegaram no quarto da garota.

— Por favor... — ela implorou. — Sem morte ou tortura... Não posso lidar com isso.

Os olhos marejados da garota não fizeram Hiashi se compadecer. Pelo contrário, havia ficado ainda mais irado.

— Você me enoja. — ele disse. — Mas não serei um monstro para minha filha  como ela foi para mim. Entretanto, o guarda viu tudo. Teremos problemas.

— Eu... Posso colocar álcool na minha boca, se isso ajudar. Bêbada, sem noção do que fizera, influenciada... — babulciou a garota, desesperada.

Não queria fazer algo asqueroso assim, mas se fosse o necessário para o pai não assassinar, o faria. Tudo se resumia em aparências, afinal.

— Acredito que seja convincente.

— Você poupará a vida? — a voz sairá até mais aguda

— Se você for convincente.

— Você promete?

Os olhos de Hanabi se encheram de esperança. Talvez não pudesse mais ser a mesma coisa, mas a morte não poderia ser uma opção.

— Pela minha vida.

Foram até o calabouço onde se encontravam o guarda, que esperava o que fazer. A vítima de um flagra estava amarrada com cordas, e não havia nem lágrimas de tanto terror que sentia. Hanabi chegara cambaleando, com cheiro de álcool sobre o corpo. Hiashi a segurava pelos cotovelos com uma expressão dolorosa.

— Enganaste minha filha! — urrou para a vítima. — Está alcoolizada!

O guarda fora averiguar a situação de Hanabi e sentiu o cheiro. E os olhos avermelhados, embora na verdade não fosse por nenhuma bebida de fato.

— Isso... É um crime sério, Hiashi-sama. O que devemos fazer? Pobre Hanabi-sama...

Hanabi tinha habilidade em atuação. Qualquer um que não soubesse da verdade, acreditaria que estava bêbada. Com o guarda não fora diferente. A vítima olhava para seu par, incrédula.

— Isso... É mentira! — disse, ainda sobre cordas.

— Você nega ter sido influenciada pelo álcool, Hanabi? — seu pai a olhava, sério.

Conhecia o suficiente o pai para saber que, caso dissesse a verdade, não seria ela quem sofreria as consequências. Então chorou e negou veentemente com a cabeça 

— Não... — gaguejou entre falsos soluços.

— Então não há muito o que fazer... Abra a vala, Yamamoto. Jogaremos essa coisa lá.

Em segundos, seu pai tampava a boca da filha enquanto o guarda girava uma alavanca, revelando um buraco muito mal cheiroso.  Sem dó, espera ou piedade, a vítima fora jogada lá. Seu último olhar fora para Hanabi. Um olhar intenso e cheio de significados. Dor, traição, repulsa. Um carrinho cheio de pedras medianas ao canto do lugar fora pego e o guarda jogou na vala, enterrando mais uma pessoa. Nem ao menos um grito fora ouvido. Não houve tempo.

Antes que o guarda perceba o estado de Hanabi, Hiashi a tira do calabouço. A menina olha nos olhos do pai, com puro ódio e repulsa. Nunca mais ouviria a pura voz, ou os cabelos esvoaçantes naquele celeiro. Nunca mais veria o local como um sonho bom, mas um pesadelo doloroso onde seu pai fora o pior e mais tenebroso vilão. Sua cabeça latejava, seus olhos queimavam. As mãos, trêmulas, se seguravam para não fazer algo sem volta.

— Você... Você prometeu. — acusou o pai. — Traíste minha confiança!

Grossas lágrimas caíram sobre o rosto da filha mais nova. Hiashi quis rir do seu estado. E da sua ingenuidade. Via o desequilíbrio da filha e interpretava como fraqueza extrema. Era uma decepção, pois como Hinata era o seu pior fracasso, suas expectativas caíam todas na filha mais nova.

— Você traiu a minha em primeiro lugar. Por que não faria o mesmo? — deu de ombros, como se matar alguém não fosse muita coisa.

.

A esperança do amor a cegou.

.

Ela não pôde ver a verdade por trás dos olhos maldosos de seu pai.

Algo na garota se quebrou naquele dia. Não a inocência, já havia a perdido há muito. Sua vontade era gritar coisas horríveis e esganar o próprio pai até a morte, mas conseguira suprimir sua ira e deixar a frieza tomar conta de seu ser. Era por um bem maior. A vingança pode esperar. E ele jamais poderia suspeitar.

— O senhor está certo. — se obrigou a dizer.

Hanabi nunca fora uma pessoa gentil e bondosa com todos, como sua irmã. Ela era audaciosa, gananciosa, egoísta, um pouco impaciente e as vezes imprudente. Mas, no fundo, jamais poderia ser considerada uma pessoa má e cruel como a maioria de sua família. Até aquele dia, quando seu pai matara seu amor, indiretamente, na sua frente. Jurou a si mesmo a vingança, nos seus próprios pensamentos, para que ninguém soubesse. Seguiria os passos do pai e recriaria sua confiança. E esperaria o momento perfeito para acabar com a podridão que era e ainda é a família Hyuga. Ou quase toda ela. Afinal de contas, até no mais malicioso e podre mal, há um resquício de bondade. E essa era Hyuga Hinata. O lapso de bondade do Clã e da própria Hanabi. Mas não poderia fazer da mesma forma que seu pai. Talvez isso transformasse Hinata assim como a transformou nesse dia. A primogênita ficaria viva e bem emocionalmente. E um dia, quem sabe, a garota não recriasse a tradicional família com dignidade.


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Notas finais do capítulo

Algumas explicações básicas: muitos capítulos atrás, havia dito que os Hyuga eram governantes do país do arroz. No capítulo passado retomei isso, caso alguém houvesse esquecido. Os Hyuga são governantes poderosos de um grande país que não tem muito a ver com Konoha, mas que possui termos amigáveis com ela. Mas, por que então Hanabi e Hinata estão em Konoha? Justamente por causa desse acontecimento. Hiashi não é o governante, o seu pai sim. Então para esconder o escândalo (que ele considerou) de sua filha, mudou-se com suas filhas para Konoha. Hinata não sabe exatamente o que aconteceu, mas presumiu que com o comportamento maldoso de Hanabi que algo aconteceu entre a irmã e o pai. E o pai a mudou. Hanabi jamais contaria a verdade a irmã, temerosa de macular sua inocência perante a família e a vida. Hanabi teve uma história horrível em seu passado e isso a mudou. Ela não enxerga quase bem nenhum no mundo, com exceção de sua irmã. Espero que tenham gostado e até o próximo!



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