Haruno Sakura

Era ascendente: vinte e dois de outubro de 1523, Quinta-feira.

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Não vi Sasuke desde o dia em que voltamos para o palácio. É algo um tanto estranho, pensando no fato de que nos víamos quase todos os dias, ainda mais agora que sei sobre os problemas de governo do país. É claro, jamais me intrometeria nos assuntos dele com o seu pai, no entanto, gostaria muito de conversar sobre as opções para o Konoha, o País do Fogo, e, bem, sobre outras coisas também.

A falta do príncipe no meu dia a dia está fazendo mais falta do que eu jamais imaginaria e talvez pudesse admitir, e isso me frustra.

— Sakura-san? — a voz de Hinata me chama incerta enquanto provavelmente reviro os olhos pela terceira vez no dia.

Droga, não fazia nem uma semana, então por que toda essa preocupação dentro de mim? Tsunade é uma ótima curandeira, isso eu tenho certeza.

— Está fazendo aquilo de novo. — ela suspira, parecendo até mesmo divertida com a situação. — Eu não acredito que seja algo muito incômodo, contudo, temos que demonstrar uma polidez inacreditável dentro desse palácio.

Ah, a polidez. A educação que eu nunca havia tido nem na infância, nem na adolescência, e agora o local praticamente gritava a sua presença. Rio do seu comentário, uma vez que sei da verdade. Hinata não está tentando me xingar, apenas alertar para possíveis futuros inconvenientes.

— Certo. — digo, depois de ponderar mais tempo do que o necessário para o assunto.

— E o que vamos fazer agora? — a pergunta da garota me pega de surpresa.

Normalmente, apenas andávamos por aí, logo após das aulas de leitura e escrita, conversando sobre assuntos – sejam banais ou não – sem nenhum tipo de planejamento.

— Bem... — penso um pouco sobre o assunto. — Que tal ficarmos no jardim?

— É uma boa ideia.

Andamos apenas nós duas em direção ao jardim, caladas, apenas sentindo a suave brisa roçar em nossos rostos. O dia encontra-se com um clima muito agradável devido a isso, entrando em um estranho contraste com o meu desânimo. Ficamos alguns minutos andando, calmamente, até encontrar um local onde há a maioria das garotas convidadas ao castelo pela família Uchiha. Elas cochicham animadamente e vejo Hanabi dar uma piscadela significativa para a irmã, que estranha.

— A-acho melhor vermos o que elas estão conversando. — Hinata diz, e sei que o motivo fora o sinal que sua estranha irmã mais nova havia feito.

Sinceramente, não consigo entender muito bem o que Hyuuga Hanabi deseja daqui, de sua irmã e até mesmo de mim, depois da "dívida" que estou com ela.

— O-olá garotas. — A Hyuuga cumprimenta, gaguejando mais uma vez, e as meninas olham em nossa direção.

— Ótimo dia, não é mesmo Sakura e Hinata? — indaga Tenten animada. — Sentem-se conosco.

Sem muito o que fazer, eu e Hinata sentamos na roda a qual as garotas haviam feito, logo após Ino e Shion abrirem espaço para nós duas.

— Estávamos conversando sobre o príncipe. — Ino nos confidencia com um sorriso estranho. — E acho que ele finalmente começou a agir.

— Agir? — indago confusa.

— Sim! — exclama uma Kin muito animada. — Ele chamou algumas de nós para sair.

Pelo seu ânimo, ficara claro que Sasuke havia chamado a morena para algum tipo de encontro. Então era por isso que Sasuke não havia me visto durante esses dias... Estaria ele planejando algum tipo de passeio com algumas meninas? Isso não me faz me sentir bem e o meu estômago embrulha.

— Já estava passando da hora. Ele não pode ter nenhum tipo de favoritismo enquanto não escolher a sua futura esposa. — algo me diz que a fala de Karin se dirige a mim, mesmo que ela não tenha olhado diretamente para mim ou para qualquer outra pessoa.

— Na verdade ele pode sim. — retruco afetada pelas suas frases. — Ele é o príncipe, nós não ditamos a regra.

— Isso é verdade... — comenta a voz forte de Temari. — No entanto, não seria nada justo Vossa Alteza fazer algo assim.

E assim o assunto se volta para qual lugar Sasuke levaria as garotas – individualmente, é claro – para um passeio. Não dou devida atenção às ideias fantasiosas das meninas. – não por serem tolas, mas porque eu não tinha interesse em saber o que elas fariam com o príncipe – no entanto, fico atenta aos nomes e descubro que as garotas as quais iriam ter algum tipo de encontro com Sasuke seria Karin, Kin, Shion, Tayuya e Hanabi. A última citada não parecia animada como as outras, apenas pensativa. Como se estivesse bolando algum plano sagaz, o que me deixa em alerta.

— Bom, a conversa está deveras agradável, porém irei descansar um pouco em meu quarto. Até mais tarde, meninas! — despeço-me colocando um sorriso não muito verdadeiro em meu rosto devido a minha falta de humor, mas elas não parecem notar muito isso.

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Como Hinata não havia me acompanhado até o meu quarto – coisa que eu realmente apreciei, já que não estou com ânimo para conversas de qualquer tipo – decido realmente descansar um pouco, deitando-me na cama a qual supostamente era minha. Mais uma vez os meus pensamentos desviam-se para Sasuke e o que ele poderia estar fazendo no momento. Seu pai, o imponente Rei Uchiha Fugaku, teria dado algum sermão em relação a sua ida aos rebeldes? Teria ele aprovado o combinado? Ou talvez tenha se aborrecido por eu, uma reles plebeia, tenha conhecimento de um dos piores problemas atuais do nosso país? O fato de eu não ter resposta para nenhuma das minhas perguntas deixa-me extremamente aflita.

Talvez se eu procurasse o Sasuke-kun...

Mas não. Ele é o príncipe. Seria um incômodo.

Suspiro, e acabo ficando ainda mais agitada devido aos pensamentos contínuos sobre o mesmo assunto, e acabo levantando em direção a janela de meu quarto. Coincidentemente, a primeira coisa a qual vejo quando observo sem muito interesse a vista de um dos jardins do castelo é justamente o príncipe. Mesmo de longe, observo como o seu humor parece tão alterado quanto o meu – ainda que não saiba se o motivo é o mesmo – além de bastante cansado. Ele segura alguns pergaminhos em suas mãos, e parece não gostar do que Naruto, que está ao seu lado, diz para ele. A cena me faz sorrir verdadeiramente pela primeira vez no dia. Não pela sua falta de ânimo, mas porque ele já está andando normalmente, ainda que um tanto lento, depois do episódio dos rebeldes.

Espero eles chegarem um pouco mais perto do castelo para que eu os cumprimente, no entanto, nenhum dos dois parece perceber a minha presença na janela. Mas tudo bem, afinal. O mais importante é que ele, apesar de tudo, está bem.