Impasse escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 20
Capítulo 19




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659984/chapter/20

 A nova cidade, a nova casa e o novo trabalho já não me pareciam novos mais, era apenas parte da rotina de agora e à qual eu havia me habituado com perfeição. Minha mãe parou de chorar quando eu ligava e passou a ouvir com empolgação as novidades depois que veio me visitar pela primeira vez,uma semana depois da mudança.

Nesses quase quatro meses longe eu fui à casa dos meus pais apenas duas vezes, e usei esse tempo para realmente ficar com eles e deixá-los matar a saudade de ter o filho em casa. Em uma delas saí para jantar com Ron e Mione, em um encontro repleto de risadas e sem nenhuma notícia de alguém além de nós, presentes na mesa. A respeito de Ginny era assim com eles: ninguém me dizia nada, eu também não perguntava.

O primeiro mês foi o mais difícil porque era o período de novidades, e ela era uma das pessoas com quem eu compartilhava as novidades. Foi o período do primeiro projeto que assumi, das primeiras reuniões, de quando comecei a conhecer as pessoas que trabalhariam comigo, da primeira vez que me perdi pela cidade e tudo mais em que acarreta uma mudança, e eu passei por tudo isso sem contar à minha melhor amiga.

Teria sido mais fácil se antes de me apaixonar eu só a visse de longe, assim eu teria apenas um aspecto de Ginny Weasley para sentir falta, e não todos.

A mudança do código de área me fez precisar de um novo número de telefone, o qual eu não havia passado a ela. Embora eu soubesse que ela tinha uma tonelada de orgulho a cavar antes de pedir meu contato a alguém, precisei de mais de um mês para parar de esperar que ela me ligasse e de olhar ansioso para o celular toda vez que ele tocava.

Apesar disso, eu mantinha dentro de mim a esperança de que nos acertaríamos mais cedo ou mais tarde. Não porque havia indícios disso nesse momento, mas apenas porque era o mais lógico a se esperar de duas pessoas que se amam. Era isso o que eu sentia e acreditava que da parte dela também era verdade.

Eu me abri para Ginny e fiz tudo o que eu acreditei que seria suficiente, então não passava pela minha cabeça ir atrás dela novamente, ainda que diversas vezes eu tenha me perdido olhando para o seu número já digitado na tela do meu telefone móvel. Mesmo assim eu sempre me pegava imaginando milhares de situações diferentes nas quais teríamos chance de nos encontrarmos e como eu poderia agir em cada uma delas.

Eu esperava  encontrá-la casualmente na rua, esperava que Ron inventasse algo para nos colocar no mesmo ambiente, esperava me deparar com ela em alguma festa de família e até mesmo me chocar com ela ao virar uma esquina ou entrar em algum barzinho. Minhas fantasias tinham me preparado para quase tudo, sendo a possibilidade ridícula ou realmente possível, menos para encontrá-la dormindo na escada do meu prédio, provavelmente me esperando.

—Harry. - Amy me deu uma cotovelada e eu a olhei, me dando conta de que ainda estava parado no mesmo lugar. - Você precisa acordá-la.

Seu tom estava contido, um tanto incrédulo, mas não deixava dúvidas de que ela estava achando a situação e minha reação engraçadas.

—Sim, eu sei. - Respondi disfarçando um pouco a confusão e dei um passo a frente.

Subi alguns degraus até ficar mais perto e Amy parou ao meu lado sem dizer nada quando me inclinei e coloquei minha mão na perna de Ginny, balançando-a levemente para que acordasse.

—Gin, acorde. - Chamei baixo o suficiente para que ela escutasse e o som não reverberasse pelos andares.

Ela se assustou e deu um pulo antes de abrir os olhos confusa e piscar algumas vezes como que para entender o que estava acontecendo. Demorou apenas um momento para que ela assimilasse que era eu em sua frente e abrisse a boca para dizer algo, mas antes que algum som fosse emitido seus olhos foram atraídos para a pessoa ao me lado e ela viu Amy, elegante em sua roupa de trabalho e claramente me acompanhando.

Ginny desistiu de falar e mordeu o lábio visivelmente envergonhada antes de olhar de volta para mim. Eu vi a dúvida e a sensação de perda em seus olhos, mas não disse nada e apenas a encarei de volta.

—Vou subir, Harry. Boa noite. - Amy se manifestou, colocando a mão no meu braço ao dizer, eu notei o olhar que a ruiva sentada à nossa frente lançou para esse gesto e apenas assenti sem dizer nada. - Olá, Ginny, foi um prazer. - Despediu-se ao passar por ela quando subiu o restante dos degraus.

Eu não desgrudei meus olhos dela enquanto esperava o barulho dos passos sumirem e nos deixar a sós, Ginny por sua vez estava visivelmente constrangida, contorcendo os dedos e mordendo os lábios enquanto evitava meu olhar.

Quando ouvimos o som abafado da porta se fechando três andares acima ela abriu e fechou a boca duas vezes, mas não disse nada. Ao invés disso afundou o rosto nas mãos e resmungou algo que não entendi. Quando me olhou de novo, com as bochechas ainda vermelhas, eu vi claramente que ela não sabia o que dizer.

—Vem, vamos entrar. - Convidei e ela assentiu calada.

Esperei que se levantasse e apanhasse a bolsa ao seu lado antes de começar a subir a escada à minha frente. Acompanhei em silêncio, olhando admirado enquanto ela caminhava, o corpo lindo e os cabelos balançando a cada degrau e eu respirando fundo para colocar as ideias no lugar e acalmar a palpitação no meu peito.

—É aqui. - Anunciei em frente à minha porta no segundo andar e ela parou para esperar enquanto eu a abria. - Entre, fique a vontade.

Tranquei-a e me virei a tempo de vê-la caminhar até o centro da sala com a bolsa ainda no ombro e a expressão um pouco tensa. Eu não saberia dizer qual de nós dois estava mais sem graça, nem mais nervoso.

Deixei minha mochila sobre a estante e esperei enquanto ela abria a bolsa e puxava de dentro dela o celular, que não acendeu indicando estar sem bateria. Ela tentou ser totalmente discreta ao olhar em volta procurando algum indício de que era aqui que Amy havia entrado, mas isso não me passou despercebido. Da mesma forma notei seus ombros mais relaxados quando ela percebeu que éramos só nós dois.

—Que horas são? - Foi a primeira pergunta que me fez.

—Quase onze. - Informei depois de olhar no meu próprio.

—Já? - Exclamou espantada.

—Fazia tempo que você estava esperando?

—Umas três ou quatro horas. Sua vizinha, Sra. Figg, me disse para esperá-lo aqui dentro porque você nunca demorava a chegar na sexta, eu estava cansada e acabei dormindo. - Respondeu envergonhada. - Desculpe aparecer assim do nada.

—Não tem problema, desculpe te fazer ficar esperando.

Ela balançou a cabeça levemente como para dizer que não tinha problema e eu concordei também com um aceno, sem saber mais o que falar.

—Eu tinha algumas coisas para resolver aqui e passei para fazer uma visita, conversar com você. - Ela falou por fim e eu me vi com uma expectativa fora do comum diante de suas palavras. - Mas está tarde, você também deve estar cansado e eu ainda tenho uma viagem pela frente, melhor ir embora.

Ginny estava aqui, contrariando todas as minhas expectativas, sozinha, por vontade própria e disposta a conversar. Então era minha vez de demonstrar que eu também estava disposto e fazer todo o possível para não adiar isso.

—Você tem algo para fazer amanhã? - Perguntei tentando soar casual e ela negou com a cabeça. - Então fica, eu sei que está um pouco tarde e você deve estar querendo muito dormir em um lugar mais confortável, mas podemos conversar amanhã.

Ela riu da minha referência ao local onde ela estava cochilando minutos atrás.

—Não trouxe roupa nem nada para isso, Harry.

—Eu te empresto. - Argumentei rápido demais, e tentei me corrigir para não soar desesperado. - Se você quiser, claro. Assim não precisa dirigir essa hora, e também não é como se você nunca tivesse usado uma camiseta minha, não é?

No final da frase em já sentia minhas bochechas quentes e a expressão dela já não era mais tão apreensiva.

—Você pode me emprestar o celular para eu avisar minha mãe, então?

O esforço para não sorrir com sua resposta foi grande, mas eu consegui.

—Claro. - Entreguei meu telefone a ela e coloquei as mãos nos bolsos da calça para esperar.

Ginny olhou em dúvida para o aparelho ainda bloqueado.

—A senha ainda é a mesma. - Me manifestei com um sorriso contido e ela sorriu de volta para mim pela primeira vez antes de digitar a sequência de números.

Observei por um momento enquanto ela digitava o contato de sua casa e interrompi quando encostou o aparelho no ouvido.

—Me da licença um minuto? - Ela assentiu sem dizer nada. - Sente-se, fique à vontade.

Apanhei minha mochila e fui até o quarto. Fechei a porta ao passar, coloquei a bolsa sobre a cadeira ao lado da minha escrivaninha, tirei a blusa e andei de um lado para o outro a passos largos, ansioso. Me sentei na cama, respirei fundo e passei a mão nos cabelos, bagunçando-os como eu sempre fazia quando estava nervoso.

Eu sentia como se minha cabeça desse voltas ao redor do mesmo pensamento: "Puta que pariu, ela está aqui!", e isso não me ajudava a colocar as ideias em ordem e acalmar minha taquicardia.

Fiquei um momento ali sentado, abri os primeiros botões da camisa social, tirei o cinto para ficar mais confortável, respirei fundo e me concentrei em tirar o sorriso idiota da cara, só então abri a porta e voltei para a sala. Ginny estava sentada no sofá, sem o casaco e meu celular comportadamente apagado ao seu lado no assento.

—Conseguiu? - Perguntei, torcendo para que minha voz estivesse normal.

—Sim, obrigada. Ela te mandou um beijo. - Informou ainda sem muita naturalidade.

—Outro para ela. - Respondi me sentando na poltrona de frente para ela.

O silêncio se instaurou depois disso, sem que soubéssemos o que dizer a seguir.

—Você está com fome? - Perguntei de súbito, por falta de um assunto melhor para preencher o silêncio.

—Não, eu comi antes de chegar aqui, obrigada. Mas eu gostaria de tomar banho, se não se importa. - Pediu um pouco sem graça.

—Não, claro que não. Vou pegar uma toalha e algo para você vestir, venha aqui. - Convidei levantando do sofá e me virando para ir novamente até o quarto, feliz por ter um pretexto para não ficar parado.

Ela parou encostada ao batente da porta, olhando discretamente tudo em volta, inclusive minha cama com as cobertas reviradas. Eu senti também seus olhos me acompanhando em silêncio, e gostei disso.

— Não tenho nenhum short ou calça que te sirva, eu acho, mas posso te dar uma cueca minha, e você usa como short, se não tiver problema.

—Também não é a primeira vez, não é? - Brincou e eu sorri de volta, feliz com o clima ficando mais leve. - Está ótimo, obrigada. - Agradeceu quando eu entreguei a ela a pilha com uma tolha, uma camiseta e uma cueca boxer, todos cuidadosamente dobrados.

Indiquei o banheiro e voltei à sala quando ela fechou a porta ao entrar. Tentei a todo custo me concentrar na TV ligada à minha frente, mas não consegui nem por um minuto desviar minha atenção do barulho do chuveiro a apenas alguns passos de mim e de quem estava ali dentro. Disfarcei o melhor que pude quando a porta se abriu e controlei meu olhar para não ser indiscreto quando ela passou por mim usando minha roupa e os cabelos presos em um coque bagunçado e se sentou no sofá ao meu lado.

—Vou tomar banho também. - Informei assim que ela se acomodou. - Você já está com sono?

—Um pouco, cheguei aqui antes das oito da manhã. - Informou justificando-se.

Eu estava morrendo de vontade de perguntar o que de tão importante ela tinha a resolver para sair de casa tão cedo, mas achei que o assunto poderia esperar e ela me contaria espontaneamente quando quisesse.

—Eu não demoro, aí podemos dormir porque eu também estou cansado. - Informei fazendo o mesmo caminho pelo qual ela havia vindo.

Assim que terminei de dizer isso e fechei a porta atrás de mim pensei numa coisa que me fez parar: como vamos dormir? Essa resposta era meio óbvia, mas duvidava que ela tinha pensado nisso até então, ou não estaria ali tão calma. "Meu Deus, que teste de paciência e controle!", pensei ligando o chuveiro e deixando a água cair no meu rosto. Uma alterativa era ela dormir no sofá, mas seria um tanto rude e eu não queria isso, a outra seria eu mesmo dormir no sofá e deixar minha cama para ela, mas meu sofá era desconfortável e eu também não queria isso.

Eu sabia o que eu queria, mas mesmo sabendo que ela provavelmente queria o mesmo achava melhor darmos um passo de cada vez. Estamos acostumados a ser amigos, nada mais do que isso, e se as novas perspectivas me eram assustadoras, não queria nem imaginar o que a mente excessivamente psicológica no cômodo ao lado estaria pensando. Eu conhecia o jeito que Ginny me olhou, mesmo jurando que nunca fazia isso sem que pedissem ela estava me avaliando. Tal pensamento me fez rir, porque ela tinha que escolher justo meu momento mais patético para sua análise.

Terminei meu banho, vesti uma calça de malha que normalmente usava para dormir e uma camiseta velha, saí do banheiro com os cabelos molhados e bagunçados e encontrei minha hóspede sentada no mesmo lugar de quando saí.

—Gin. - Chamei encostado à parede de frente para ela, escolhendo as palavras, e ela me olhou incentivando a continuar. - Como você já percebeu, eu não tenho um quarto de hóspedes. Meu sofá não é muito confortável, então tudo bem dormir lá comigo? - Passei a mão pelos cabelos enquanto questionava, sem graça por ter que perguntar e torcendo para ela dizer que sim.

—Normalmente é você que não gosta de dormir comigo. - Respondeu em tom de brincadeira, descontraindo a situação.

—Estou tentando ser um bom anfitrião. - Brinquei também e nós dois rimos.

—Não me importo. - Respondeu por fim.

—Que bom. - Disse sincero e me antecipei antes que o silêncio ficasse constrangedor. - Vou arrumar aqui, só um minuto.

—Precisa de ajuda? - Ela perguntou parada atrás de mim logo que me debrucei para esticar o lençol o melhor que conseguia.

—Não se preocupe, já estou terminando. - Neguei olhando para ela por cima do ombro enquanto colocava os travesseiros no lugar. - Pode dormir do lado direito, eu sei que você prefere.

—Obrigada. - Ela me agradeceu e se sentou perto da cabeceira do lado destinado a ela.

—Você apaga a luz? O interruptor fica desse lado. - Pedi me deitando também e um minuto depois o quarto estava completamente escuro.

A situação não poderia ser mais estranha. Aquela história de que a falta da visão aguça outros sentidos tinha que ser verdade, porque mal o quarto ficou escuro e eu já conseguia sentir com mais precisão o cheiro do shampoo de Ginny ao meu lado, e também cada pequeno movimento que ela fazia deitada de costas e fitando o teto acima. Eu me mantive nessa mesma posição, batucando os dedos no colchão para o tempo passar mais rápido e o silêncio se tornando algo palpável, e não acolhedor como normalmente era durante a noite.

—Você já está trabalhando? - Perguntei minutos depois, com a certeza de que ela ainda não tinha conseguido dormir.

—Não ainda. - Me respondeu com um suspiro, aliviada por não ter que ficar quieta.

A gente não conseguia se ver, mas a tensão era tão presente que poderia ser desenhada.

—Já se acostumou a morar aqui? - Perguntou também, e eu percebi seu movimento ao virar o rosto para mim.

—Estou me acostumando, é diferente no começo, mas tem muitos pontos positivos. - Respondi me virando também para ela.

A luz da rua que entrava pelas frestas da janela era suficiente apenas para eu perceber que ela estava deitada de costas, com as mãos sobre a barriga e as pernas dobradas. O movimento constante me mostrava que ela estava batendo o pé, seu sinal de ansiedade.

—Sente falta de lá? - Quis saber, a pergunta cheia de significados implícitos.

—Mais das pessoas do que do lugar. - Fui tão vago quanto.

O assunto morreu de novo e eu voltei a olhar para cima sem saber mais o que falar. Eu queria puxá-la para mim, beijá-la e matar a saudade de tudo nela que não estava necessariamente relacionado a uma amizade ou à sua voz, o resto poderia ficar para depois. Mas eu sabia que precisávamos conversar e nos entender primeiro, acabar com toda essa apreensão e tato ao falar um com o outro. Ficar deitado aqui, sentindo sua presença tão perto não estava ajudando e tudo o que eu podia fazer era arrumar argumentos convincentes para não esticar a mão dez centímetros para o lado e realizar todos os nossos desejos, porque eu poderia apostar que ela queria tanto quanto eu que a gente se perdesse um no outro.

Fechei os olhos para me concentrar, mas ainda sentia ela batendo o pé ao meu lado e saber que eu não era o único impaciente aqui também não era de grande valia. "Vou contar até dez", me decidi por fim, "e se até terminar ela não der nenhum sinal vou dormir, nem que para isso tenha que bater a cabeça na parede". Comecei minha contagem mental lentamente e ainda de olhos fechados, pensando claramente em cada um dos números e me mantendo concentrado no que acontecia em volta. Não me apressei, e quando passei da metade eu já fiquei pensando em que parte do quarto eu poderia dar uma cabeçada forte o suficiente para me apagar.

Pensei no número dez com pesar, mas disposto a me esforçar para cumprir o acordo comigo mesmo, então me virei de costas para ela e tentei pensar em qualquer outra coisa. Antes que eu decidisse em que deveria me concentrar Ginny riu, o mesmo som de quando eu disse que sabia onde era seu ponto fraco, minutos antes de tirar seu short no chão da sala da casa de seus pais. Eu não sabia o que ela estava pensando, mas me lembrava muito bem do que aquela risada significava.

A reação de parar meus movimentos até passou pela minha cabeça, mas eu a espantei com facilidade enquanto me virava ansioso e rendido para prensá-la entre mim e meu colchão. Aquele beijo era novo, com uma urgência desconhecida e gostosa, com tanta vontade da parte dela quanto da minha, e isso só me fez ter certeza de que ela também esperava esse momento. Meu peso sobre seu corpo não era suficiente para impôr a proximidade que precisávamos agora e minhas mãos em suas costas a puxando mais para mim também não davam conta, Ginny parecia ter a mesma opinião visto a força desnecessária e satisfatória dos seus dedos entrelaçados em meus cabelos e grudando mais nossos rostos.

—Precisamos conversar. - Ela sussurrou com um gemido quando desci minha boca por seu pescoço e subi minhas mãos por suas costas sob a camiseta.

—Eu sei, amanhã fazemos isso. - Respondi no mesmo tom, sem desgrudar os lábios dela. - Estou com saudade. - Confidenciei apertando seu quadril de encontro ao meu.

—Eu também. - Falou em meio a outro gemido quando mordi de leve sua pele, próximo ao ombro.

—Agora seu pescoço é sensível? - Perguntei sorrindo contra sua clavícula e não parando o movimento das minhas mãos por suas coxas.

—É o contexto geral que está fazendo isso. - Justificou enquanto colocava as pernas ao redor da minha cintura, me acomodando entre elas e aumentando nossa proximidade.

Nos beijamos de novo e senti um arrepio gostoso subir pelo meu corpo quando ela passou a mão nas minhas costas. Me ajoelhei em sua frente, tirei minha camiseta com pressa e joguei no chão ao lado antes de fazer o mesmo com a que Ginny vestia. Assim que ficou só de sutiã colocou a mão na minha nuca para me puxar de novo para cima dela, continuei como estava e pedi antes de voltar a agarrá-la:

—Acende a luz, quero te ver.

Ginny virou de costas para mim e se inclinou para alcançar o interruptor acima do meu criado mudo, eu aproveitei sua posição para distribuir alguns beijos por suas costas nuas e apalpar toda a extensão de suas pernas e a bunda tentadoramente virada para o meu lado. Levantei seus cabelos e grudei nela para alcançar sua nuca e continuar meus beijos por ali enquanto aspirava seu cheiro. O gemido que ela soltou compensou todo o esforço de me manter daquele jeito pouco confortável.

Quando a luz invadiu o quarto de novo eu pisquei algumas vezes para acostumar meus olhos à claridade e ela se virou de frente para mim outra vez. Estávamos ajoelhados, de frente um para o outro e sem camiseta e trocamos um olhar demorado e cúmplice. Senti seus olhos me percorrerem enquanto eu fazia o mesmo, mas ela foi mais rápida em finalizar sua inspeção e me pegou de surpresa quando se jogou sobre mim, me fazendo desequilibrar e cair sentado na cama.

Entendi quando ela me empurrou e deitei com olhos fechados aproveitando a sensação única da sua mão descendo devagar pelo meu peito e os beijos que a acompanhavam logo em seguida. Ergui o quadril para ajudar quando Ginny enroscou os dedos no elástico da minha calça e o puxou para baixo, dando à peça o mesmo destino das nossas camisetas. Sua expressão olhando para o meu corpo com desejo enquanto alisava minhas coxas a tornava quase irreconhecível comparada à que eu estava acostumado a ver, mas milhares de vezes mais sexy.

Aproveitei sua posição ajoelhada entre minhas pernas e me sentei, ficando mais baixo do que ela e aproveitando a altura ideal para distribuir alguns beijos por seu decote e deixá-la só de calcinha e sutiã. Segurei firme suas coxas e a ajudei a passar suas pernas sobre as minhas, se acomodando no meu colo. Grudei nossas bocas ao mesmo tempo em que aproveitei a proximidade da posição para me esfregar nela e ganhei uma mordida forte no lábio, que apesar de dolorida me fez saber que estava tão excitada quanto eu.

—Você fica por cima. - Determinei enquanto apertava sua cintura e ela deslizava os lábios pelo meu pescoço.

—Então vou querer massagem. - Exigiu sua condição e eu ri.

—Hoje não. - Neguei desabotoando o fecho do sutiã.

—Então nada feito. -  Finalizou nossa negociação se jogando para trás e me puxando para cima dela.

Eu ri ao fim da nossa conversa e esperei que se desvencilhasse por completo da peça antes de me deitar sobre ela novamente, distribuindo meus beijos agora por seus seios e aproveitando cada som que emitia. Enquanto eu ainda aproveitava a sensação de liberdade para percorrer todo seu corpo ela me empurrou um pouco e tirou a calcinha, me fazendo entender que não era mais hora de brincar. Concordando com sua decisão também tirei minha última peça de roupa e ela olhou concentrada enquanto eu me despia por completo, segundos antes de fechar os olhos e fazer a cara mais excitante que já vi na vida.

Eu estava com saudade do toque, do cheiro, do gosto de Ginny e me fez bem saber que não era o único. Também foi muito bom constatar que o sexo com ela realmente incrível, e não apenas uma distorção do meu cérebro apaixonado.

Quando terminamos, não sei ao certo quanto depois, eu é que estava do lado direito da cama. Trocamos um beijo calmo e demorado e eu me inclinei para apagar a luz antes de me acomodar atrás dela e puxá-la para um abraço apertado. Ajeitei o edredom sobre nós dois e fechei os olhos, relaxado e ainda aproveitando a sensação do êxtase e de ter sua companhia.

—Você me bloqueou? - Sua voz soou um tempo depois, indignada e sonolenta.

Eu gargalhei baixo, também com sono, antes de responder:

—O dia de conversar é amanhã.

Ela riu descontraída com a minha reposta, mas não insistiu mais no assunto.

—Boa noite, Harry.

—Boa noite. - Desejei também e beijei seu ombro antes de apagar.

Nada estava resolvido, mas isso não me impediu de ter a melhor noite de sono dos últimos quatro meses.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, pessoal, como estão?
Estava meio óbvio que os dois não iriam se aguentar, não é? Quem conseguiria?! hehe
No próximo capítulo teremos explicações, muita conversa, acerto de contas.Mal posso esperar *--*
Não preciso dizer que estamos chegando ao fim, não é? Então não deixem de me dizer o que estão achando de tudo.
Obrigada a todos que acompanham.
Beijos e até a próxima semana!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Impasse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.