A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 7
Teimosia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659932/chapter/7

Acordei de manhã, como de costume, um pouco mais cansada que o habitual, mas não me recordava de ter levantado à noite. Além das coisas que Sr. Crepsley tinha deixado escritas pra que eu fizesse, eu e Ofídio não tínhamos muito com que nos preocupar, e logo no início da tarde já estávamos livres para fazer o que quiséssemos.

– O que fazemos agora?

–Ah não sei... O que você fazia quando tinha um tempo livre na sua cidade?

–Eu encontrava com o Jhon... Costumávamos ir à praia! –fiz uma pausa, mas logo afastei aquela lembrança da minha mente.

–Aqui não tem praia ... Mas tem cachoeira! –olhou-me Ofídio com olhar malicioso e eu retribuí! Era como se nossas mentes estivessem em sincronia!

Pouco tempo depois de entrarmos no bosque encontramos a cachoeira! Era um lugar lindo, de águas cristalinas e pedras que pareciam bronze! Ficamos por lá a tarde toda.

Quando voltamos já devia ser umas sete da noite e, para meu azar, Larten já estava de pé!

–Onde estava? –perguntou sério. Ofídio seguiu para a tenda.

– Estávamos nos divertindo na cachoeira aqui perto. Algum problema? –perguntei, demonstrando um pouco de petulância.

– Sim! –disse irritado e seu olhar começou a ficar meio furioso. Eu não gostava disso! – Primeiro: você não me pediu permissão! Segundo: Está com sérios problemas com o Tino atrás de você e terceiro : não está sequer alimentando-se corretamente, acha que poderia se defender caso alguma coisa acontecesse?

–Não vou tomar sangue humano. Já disse isso! –respondi com o mesmo tom irritado. –E você não me diz nada, como o fato de o que esse tal de Tino quer comigo!

– Alto lá, mocinha! –disse ainda mais alto. –É senhor Crepsley ,e a partir de agora não vai mais sair do acampamento!

–Por quê?

–Porque eu estou mandando! –respondeu, aproximando seu rosto do meu. Seus olhos claros faiscavam!

–Você não é meu pai e não pode me dizer... –Engoli em seco o que estava dizendo depois que levantou a mão e veio na minha direção. Dei três passos para trás encarando-o e logo vi que seria melhor ficar bem quieta!

– Não teste minha paciência, Beatrice! –avisou-me. Como eu o odiava! –Venha comigo!

Eu o segui quieta, mas com uma vontade enorme de arrancar-lhe a cabeça! Paramos numa clareira no bosque.

–Quando foi a ultima vez que brigou? –perguntou-me.

–Nunca briguei com ninguém! –respondi, com um estranho pressentimento de que eu não ia gostar do que estava por vir.

–Nunca?- perguntou olhando para mim descrente.

–Nunca! Aliás, o Jhon brigou com Ted J. na escola quando ele pegou minha mochila e disse que ia jogar no lixo, ele entrou na briga.

–Isso precisa mudar! –disse ele, e antes que eu pudesse questionar ele continuou : -Não terá sempre alguém por perto para te proteger! Seu amigo não está aqui para brigar com você, e se eu não estivesse também?

Aquilo me deixou aflita, onde ele queria chegar?

–E se estivesse sozinha, e alguém quisesse te matar? Arrancar seu coração e secar suas veias? Heim ?

Nesse momento eu não o vi mais, ele estava na minha frente e de repente desapareceu!

– Sr. Crepsley? Qual é? Aparece aí vai!

Nesse momento, alguém com uma força terrível jogou-me contra uma árvore segurando-me pelo pescoço. Era meu mestre! E algo me dizia que ele estava adorando fazer aquilo...

–Então, como vai se defender? –perguntou, segurando-me como quem segura uma pena!

Jogou-me no chão e quando achei que poderia respirar ele pousou um de seus pés no meu tórax.

–É uma molenga! Garota fracote! –que raiva que me deu naquele momento! –Não está mais na escola, estão atrás de você! Vai ter que aprender a lutar ou a correr. Qual dos dois vai ser?

Disse isso e sumiu outra vez. Levantei-me e comecei a caminhar com calma, tentando ouvir mais do que ver. Senti-o atrás de mim e virei para dar-lhe um soco. Ele segurou minha mão.

–Bom! –disse, com um leve sorriso de lado. –Mas não use os punhos, você tem coisa melhor! Use suas unhas como uma adaga! Olhe... –foi até uma das árvores que estavam a nossa volta e lascou sua casca com as unhas! – Agora faça! Alongue as unhas!

Eu o fiz, ou melhor, quase...

–Ai! –dei um grito. –Quebrei a unha!

–Quebrou a unha? –disse pausadamente, como se tentasse explicar a si próprio. –Precisa de sangue urgente! Ainda temos muito trabalho.

– Sangue? Mas eu tenho tomado sangue.

–Sangue humano! –disse ele indo a minha frente e sinalizando para que eu o seguisse.

– Mas eu já disse que não vou tomar! –disse irritada.

–E eu já disse que vai morrer.

Andamos bastante até chegarmos perto de um hotel de beira de estrada onde muitos viajantes e caminhoneiros ficavam para pernoitar. Um homem estacionou seu caminhão numa vaga afastada de onde os caminhoneiros estavam conversando e bebendo e começou a andar em direção ao grupo. Antes que pudesse dar o terceiro passo Sr. Crepsley chegou por trás do homem e o desacordou exalando seu hálito que , nos vampiros, funciona como uma espécie de gás entorpecente.

O homem caiu imediatamente ao chão e Sr. Crepsley fez nele um pequeno corte no ombro.

–Viu só? Agora você toma uns goles...Não tem nada demais nisso! –disse olhando para mim. –Ele não se lembrará de nada e não vai matá-lo nem transformá-lo em vampiro fazendo isso! –ele esperava minha reação e estava se empenhando em tentar me convencer. – Vamos! Eu tomei um dia desses, é revigorante!

–Não! Eu não quero tomar sangue humano! –respondi, confesso que com certo medo do que viria depois.

–Você precisa tomar sangue, Beatrice, ou morrerá! –disse em tom mais sério. –É simples assim.

Disse isso, deu-me as costas e saiu. Eu fiquei ali por alguns instantes, pensando se talvez não fosse melhor escutar meu maestro, mas eu simplesmente não conseguia fazer àquilo! Eu não queria morrer, eu queria que tudo fosse como antes, eu odiava a única pessoa que devia ser meu referencial e estava sendo seguida por um maluco. Eu fiquei nervosa e sai correndo, mas não para o circo, corri por entre as árvores do bosque, querendo deixar de existir e acabei parando na cachoeira na qual me diverti com Ofídio. Parecia um lugar mágico quando iluminado pela lua, eu me sentei em uma das pedras e fiquei um tempo olhando meu reflexo. Então eu ouvi:

–Precisa se livrar dele... –disse uma voz clara.

–Quem está ai? -perguntei assustada, algo me era familiar.

–Se sente confusa, com medo, com ódio...

–Quem é? –levantei-me.

–Livre-se dele! Livre-se de Crepsley!

–Mas...

–Eu posso te ajudar se quiser!

–Pode?

–Claro que posso. E vou!

–Mas eu nem sei quem você é!

–Vire-se e verá. –disse a voz, parecia mais presente do que antes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.