A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 4
Um quase desastre




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É claro que ele queria me fazer medo, eu poderia viver com um pouco de sangue no organismo. Quem sabe se eu corresse bastante eu conseguiria desintoxicar meu organismo... eu me apegava à essas coisas para não entrar em desespero.

Jhonatan teve alta três dias depois que fui até seu quarto com o vampiro, mas eu, em compensação, não me sentia nada bem. Apesar de fisicamente me sentir mais resistente e disposta, eu não parava de sentir fome e comecei a gostar bastante de carne semi- crua. Minha pele estava mais pálida e eu parecia uma versão contemporânea da branca de neve, fui visitar Jhon em sua casa e levar alguns deveres da escola que ele tinha perdido. Ele disse que foi um milagre ter sobrevivido e que eu fiz bem em não contar nada sobre a aranha. Mas notou algo diferente, pois perguntou umas trezentas vezes se eu estava bem.

Quando sai da casa de Jhon já deviam ser umas sete horas da noite e a casa dele ficava a dois quarteirões da minha. Fui a pé, mas tive uma desagradável surpresa no caminho! Enquanto andava dois homens vinham na minha direção e olhavam muito para os lados, como se observassem o movimento da rua, que para meu azar estava deserta, e resolvi entrar em um dos becos dentre os prédios que davam na outra avenida. Porém ao entrar num desses becos outros dois caras, um deles parecia ter pouco mais que minha idade e o outro devia ter por volta dos vinte anos, apareceram na minha frente. Olhei para trás e os dois primeiros estavam ali, eu fiquei desesperada!

Apenas um parecia bem mais velho, mas os outros três eram bem jovens e o mais velho chegou perto de mim e disse:

–Olá querida, está perdida? –disse pegando no meu cabelo.

–Não! –bati em sua mão – estou indo para minha casa e meu pai vem me encontrar no caminho! Agora se me dão licença... –tentei sair do meio deles, mas o mais jovem puxou-me pelo braço e um deles falou:

–Sabemos que não vem ninguém! –todos riram – Mas não fique nervosa! Vamos nos divertir muito...

Eles começaram a mexer nas calças e eu comecei a gritar e pedir que me deixassem em paz.

–Depois que a gente tiver satisfeito vamos deixar você em paz princesinha – disse o homem mais velho passando as mãos na minha cintura por debaixo da blusa e logo rasgou-a –Agora seja boazinha ou matamos você! –disse mostrando-me uma faca. Depois sorriu e chegou seu rosto bem próximo do meu, passando a faca no meu colo disse: -Você vai fazer o que eu mandar, entendeu?

No momento o desespero não me deixou lembrar que havia algo de diferente com meu corpo e que minha força não era mais a mesma, mas por impulso empurrei o garoto que me segurava com tanta força que ele desmaiou ao bater a cabeça contra a parede. Eu estava transtornada e com muita raiva.

–Como você fez... –gritou o homem, mas eu não sabia mais o que estava fazendo e peguei a faca de sua mão e feri os dois garotos que vieram me segurar. Um eu acertei na barriga, esse caiu imediatamente e o outro no olho, esse gritou e cambaleou até cair no chão inerte. Fui andando devagar na direção do homem mais velho e ele estava sem reação e me olhava horrorizado. Caiu de joelhos implorando que eu o perdoasse , eu sorri e com uma das mãos ergui seu rosto segurando-lhe o queixo e fazendo-o olhar em meus olhos disse:

–Eu perdoarei assim que estiver satisfeita! – fiz um corte seu colo e, como num estado animal, provei seu sangue. E foi como se eu precisasse muito daquilo, eu queria muito tomar seu sangue e antes que o fizesse um vulto vermelho surgiu e me afastou bruscamente de meu ‘’agressor-vítima’’, era Sr. Crepsley! Após sua chegada voltei a mim e olhando para minha volta e vendo o que eu tinha feito entrei em desespero.

–Eu... eu matei... –comecei a soluçar.

–Não! Estão todos vivos! –disse Sr. Crepsley e chegando perto de mim, cobriu-me com seu manto e falou que não dava mais para adiar. Era hora de partir!

–Mas como? –perguntei ainda tremendo e chorando.

–Vou dar um jeito! –olhou para o homem mais velho, que estava encolhido perto da parede e disse : - você e seus amigos abordaram uma jovem aqui e a levaram para longe, onde a estupraram e mataram, mas chegando aqui você quis se entregar e seus amigos não aceitaram, então você os feriu numa briga e amanhã vai se entregar a polícia e dizer que queimaram o corpo da criança! –eu não podia acreditar no que estava ouvindo e cada som me arrepiava. Como minha família iria superar uma coisa dessas? Era uma história perversa demais, e obviamente teria acontecido se eu não fosse uma semi-vampira, eu estava totalmente perdida naquele momento. Sr. Crepsley olhou para mim e disse que ele não o mataria, mas que também não o deixaria livre para fazer outra vez!-ele parecia furioso - Foi aí que entendi o motivo dele ter dito para o homem se entregar, ele estava hipnotizado e faria exatamente tudo o que o vampiro o disse para fazer.

–Você está bem? –perguntou com as mãos em meus braços e examinando meu rosto.

–Não sei... acho que sim! –eu não estava bem e ele sabia disso. Não parava de pensar na minha família –Eu apenas... –não conclui o que ia dizer e tudo ficou escuro.

Isso aconteceu três meses atrás, e eu não soube mais da minha família ou de meus amigos desde então, a não ser pelos noticiários que passaram dois meses falando sobre o meu desaparecimento e possível assassinato. Os homens que me atacaram foram presos e as coisas demoraram bastante por não encontrarem meu corpo, mas depois que desmaiei aquela noite, Sr. Crepsley tirou minha blusa rasgada e colocou nas mãos do homem que ele hipnotizara, com base nisso a polícia deu-me como morta e os responsabilizou. Eu me sentia um monstro quando via minha família na TV chorando e pedindo justiça, sentia-me perversa e culpada. Todo o sofrimento deles era minha culpa. Ou melhor, minha e de Sr. Crepsley!

Os primeiros dias não foram fáceis entre nós. Eu o culpei pelo que houve, eu o odiei por ter me tornado um monstro como ele, eu acho que vou odiá-lo por muito tempo ainda. Agora não brigamos mais como antes, mas estamos tendo um sério problema : sangue!

Ele disse que preciso tomar sangue humano e às vezes tenta me forçar a tomar, mas eu não quero. Não consigo conceber a ideia de tomar sangue de um ser humano, tentei não tomar sangue no primeiro mês e não deu muito certo. Comecei a ingerir sangue de pequenos animais como coelhos, esquilos, etc.

–Vamos para o acampamento de verão do circo. –disse Sr. Crepsley entrando no quarto onde estávamos hospedados, tinha ido se alimentar e antes de sair discutimos – Arrume suas coisas! –ele ainda parecia bem zangado e eu obedeci para não brigar outra vez.

Descemos e ele deu baixa na recepção do hotel.

–Obrigada Sr. Horsten! –disse a atendente – Esperamos que o senhor e sua filha retornem!

–Claro. –nos hospedamos em vários lugares durante esses três meses, Larten usava o nome de um primo dele e éramos sempre pai e filha - Obrigada senhorita! –disse ele e saímos.

O circo estava na cidade vizinha, no campo, e chegamos pouco depois das onze da noite.

–Que lugar é esse? –perguntei quando chegamos perto da entrada.

–É o acampamento de verão do circo. –disse Crepsley – Estará segura aqui se deixarem você ficar, tenta se enturmar...

Entramos e eu estava fascinada pela quantidade de luzes e coisas, tendas coloridas, de vários tamanhos e formas.

–Não encare! –disse Crepsley.


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