A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 38
Ataque mortal




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Empurrei Tawer para o lado. Joguei-me paras trás  e caí de costas contra a terra fria da margem do rio, revelando-me à manada.  O grande urso pulou em minha direção e, num reflexo, rolei o corpo para a esquerda,o que me deu tempo de levantar.

O urso agora grunhia de ódio e vinha na minha direção ameaçador e deixando bem claro que não estava afim de brincar. Seus olhos pareciam duas pérolas negras de tão dilatadas que estavam suas pupilas e da sua boca escorria sangue, ele mostrava suas enormes presas enquanto exibia aquela expressão demoníaca. Era legitimamente um desses animais de filmes de aventura, sem a parte divertida.

Ele então investiu novamente contra mim, eu desviei do terrível golpe de sua pata enorme que com certeza acabaria comigo, por causa das garras afiadíssimas.

—Ok, amigão. Não vai dar pra fugir simplesmente né? –sussurrei.

Eu não tinha nenhuma arma comigo, mas vi um galho forte e grande, parcialmente arrancado de uma árvore, coma extremidade quebrada formando uma quase ponta. Eu poderia machucá-lo com aquilo, mas tinha que terminar de arrancá-lo da árvore. Corri em diração ao galho e o urso veio atrás de mim. Quando cheguei abracei minha arma improvisada e com um pé no tronco da árvore comecei a puxá-la. Ele vinha rapidamente, espumando pela boca, mas o galho apenas cedera um pouco na parte em que ainda estava preso. Ele estava muito perto e quando se aproximou e apenas fechei os olhos, sabia que era o fim.

E então algo surgiu entre nós e o fez recuar, não de medo, mas de surpresa. Era o lobo alfa.

Ele ladrava ameaçando o urso e eu aproveitei para continuar puxando o tronco. O urso monstro atacou o lobo que não se acovardou com o tamanho da fera e logo abocanhou seu antebraço direito, o urso rolou sobre o lobo, tentando se livrar e tentou morder-lhe o focinho.

—Beatrice! –disse Tawer ao meu lado. De sua cabeça escorria um liquido viscoso e verde num filete, era seu sangue.

—Tawer! –eu disse ofegante. –Machuquei você!

Ele fez um gesto para que eu não me preocupasse e então começou a me ajudar a tirar. Tawer chutava a parte que ainda prendia o tronco à velha árvore demonstrando uma força que não parecia ter! ouvi um gemido baixo e quando olhei vi que o urso finalmente tinha se livrado do lobo alfa, jogando-o contra as pedras que faziam quase uma pequena parede, de onde eu estava olhando os lobos antes da confusão. O animal ficou tonto e vulnerável  à fúria da grande besta que agora ia em sua direção com sangue nos olhos.

Olhei para Tawer e ele entendeu o que eu queria, embora tivesse demonstrado que preferia deixar o lobo de lado.

Pegando umas pedras no chão, Tawer começou a chamar a atenção do lobo para si, jogando-lhe tudo o que via pela chão. Depois da quarta pedrada o animal se voltou contra o pequenino; eu precisava ser rápida!

—Vamos lá, sorte, não me abandone agora! Se fosse o Crepsley, você, sua maldita árvore, já estaria no chão!  -eu estava ficando com muito ódio, como acontecia quando eu estava com medo...

O urso já estava sobre Tawer, cercando-o . Então, para minha surpresa, num movimento rápido, Tawer subiu nas costas do urso no momento em que ele abaixou-se para abocanhar a pessoinha e começou a socar-lhe a cabeça. O tronco finalmente cedeu e eu caí, machucando as costas e a nuca com o impacto do rompimento.

—Ai! –gemi de dor, mas não era hora pra isso. Se eu continuasse daquele jeito iríamos morrer.

O urso rugiu novamente, mas agora de dor. Tawer enfiou-lhe um graveto no olho esquerdo e ele, balançando a cabeça,lançou Tawer longe. A pessoinha caiu sobre as pedras que estavam cobertas por água corrente na margem do riacho e prendeu a perna.

Foi, o urso, desesperado atrás da pessoinha e então eu me levantei e dei um grito para lhe chamar a atenção.

Ele parou na hora. Respirava pesadamente e virou-se na minha direção, me olhando com apenas um dos olhos como se estivesse por um instante esquecido de mim, e então deu um pulo em minha direção.

Girei o tronco, acertando-lhe a costela e o empurrei para o lado enquanto ainda estava no ar. Ele caiu e voltou a me atacar como se nada tivesse acontecido.  Tentei acertar o tronco em sua cabeça, mas ele desviou do golpe. Senti algo escorrendo pelo meu pescoço e pelo cheiro notei que eu estava sangrando.  Eu empreendi outro golpe contra o monstro, mas dessa vez ele agarrou o tronco e o puxou, eu o deixei cair, para que meu braço não fosse junto com a fúria da fera e, como Tawer fez, agarrei-lhe o pescoço, girei e montei em suas costas, dando-lhe uma gravata com toda a força que ainda me restava. Ele se ergueu e começou a tentar se livrar de mim, rugindo loucamente e arranhando meus braços.  

Era um lugar frio, embora escuro durante o dia, dava para notar que a tarde estava no final, logo Sr. Crepsley acordaria e eu não queria que ele encontrasse com meus restos mortais! Eu o apertei mais e então ele começou a se bater contra as árvores, prensando meu corpo contra os troncos duros e ásperos.

Soltei um grito de dor e enfiei minhas unhas em sua garganta. Ele rolou no chão e me derrubou. Eu estava encegueirada de dor e raiva. Ele novamente veio para cima de mim. Colocou as patas dianteiras cada uma de um lado da minha cabeça. Virou fronte para o alto e rugiu em vitória. Eu vi o tronco perto de mim e tentei alcançá-lo com a mão esquerda, mas ele não estava tão perto. Encarei meu oponente sangrento nos olhos, ou melhor, no olho que lhe sobrava. A pérola assassina brilhando na sua cabeça, me olhando com fúria e fome. Ele abriu a boca, era o meu fim! Eu vi a morte através de seus olhos, mas quando notei o sangue que escorria de sua garganta e vi sua pele em minhas unhas eu a rejeitei!

Mesmo que ele fosse me matar, não viveria por muito tempo com aquela glória. Sorri de escárnio e murmurei “vamos lá, mate-me!” .

Ele abaixou a cabeça, rumo ao meu pescoço e então, com uma força que eu não conhecia enfiei as duas mãos em sua garganta, fincando minhas unhas duríssimas de semivampira e, num grito selvagem, puxei sua carne, rasgando-lhe a pele e fazendo com que uma cascata de sangue jorrasse do animal para mim!

Enfiei a mão dentro do grande ferimento e puxei suas entranhas para fora. O urso, em espasmos, girou a cabeça, engasgando-se com sangue, tremeu e caiu sobre mim, inerte!

Eu estava tonta, mas precisava levantar. Ouvia a voz de Tawer me chamando, mas parecia distante. Senti um ar quente na minha orelha, era o lobo alfa que empurrava a carcaça do urso, tentando me encontrar. Tomei fôlego e tentei empurrar a fera morta, nas duas primeiras vezes não deu certo, mas então, respirei fundo, reuni toda a força que  ainda tinha e o empurrei para o lado, livrando-me! Deitei de costas com os braços abertos, respirando devagar. Olhei para o céu que já apontava o inicio da noite e então senti a língua úmida e quente do lobo no meu rosto. Sorri e passei a mão no seu peito e depois subi ao pescoço. Ele então me ajudou a ficar sentada, chegando o focinho perto do meu rosto.  Olhei para Tawer que acabara de se soltar e vinha correndo em minha direção, com a perna machucada.

Parou de correr quando acenei para ele e ajoelhou, apoiando as mãos no chão, demonstrando o alivio de me ver viva.

Com muita dificuldade levantei para ir até ele e então ouvi passos se aproximando rapidamente. Eu conhecia aqueles passos.

—Eles estão aqui! –disse Larten. –Beatrice! –chamou.

Eu não consegui responder ao chamado.

Foi então que surgiram, ele e Gavner, por entre as árvores atrás de Tawer.

A pessoinha os encarou e levantou-se. Eles estavam surpresos com a cena. Quando me viram totalmente rubra, coberta de sangue vieram em minha direção desesperados.

—O que aconteceu? –perguntou Larten chegando perto de mim –Está ferida!

Eu queria contar-lhe o que houve, mas estava em choque. Meu corpo tremia por dentro.

—Fomos... ataca...dos...pe...lo...urso! –disse Tawer.

Gavner passou por nós e chegou perto do animal estripado.

—Larten! –Gavner chamou sua atenção para o urso. –Um urso vampirizado!

—Tem certeza?

—Seu sangue está contaminado!

—Bea...Trice...o ma...tou! –concluiu.

—Como fez isso? –perguntou-me olhando o estado em que o animal estava.

Eu olhei para minhas mãos e unhas ensanguentadas em resposta.

—Matou a fera com as próprias mãos?!  -seus olhos verdes cristalinos brilhavam de surpresa.  –Haha! –sorriu de satisfação e orgulho indisfarçáveis!

—Pelo sangue negro de Harnon Oan! –exclamou Gavner. –Rasgou-lhe ao meio!

—Ele bem mereceu! –eu disse finalmente. –Como assim “vampirizado”?

—Bebeu o sangue de um vampiro ou vampixiita... Gavner?

—Vampixiita com certeza!

—Isso é ruim! –disse Larten gravemente trocando um olhar desconfiado com Gavner.

—Por quê? –perguntei.

—Vampixiitas por perto... Mau sinal!

—Eu... eu! Céus! –exclamei olhando o meu estado. –Eu estou coberta de sangue e terra! Que nojo!

Todos me olharam com surpresa.

—Preciso me limpar! Não irei a lugar nenhum dessa maneira! Esse maldito urso!

Soltei-me de Sr. Crepsley e fui em direção ao riacho, tão fissurada em livrar-me das impurezas que não notei a situação estranha que eu tinha criado! Enfiei-me no rio congelante, esfregando a pele e o blusão antes cinza-claro.

—Tenho outro conjunto comigo... –sussurrou Crepsley para Gavner enquanto olhavam a cena esquisita para alguém que acabara de quase morrer e que matou um urso.

—Vou buscar! Tente tirá-la da água!

Gavner se apressou em buscar outras roupas.

—Beatrice... O sangue não vai sair assim e não deveria estar aí! –disse Larten da margem do rio.

Eu tinha lavado meu rosto e o cabelo, graças a Truska, curto pouco abaixo da nuca.

Olhei-o de longe e voltei em sua direção. cheguei à margem tremendo de frio.

—Quer se matar! –resmungou. –Tire logo essas roupas! Vai adoecer.

Fiz o que ele disse sem por objeção. Estava frio demais para reclamar e meus machucados ardiam.

—É preciso que tire todas! –ele espetou. Falava sobre o sutiã.

—Mas...

—Está molhado e gelado, pode fazer mal!

—E o que vou vestir!? –perguntei zangada.

—Gavner está voltando com outro conjunto. Quando secar você pode vesti-lo novamente, mas agora livre-se dele!

—Mas aí vou ficar nua!

—Nua e viva!

Como ele era irritante!

—Não vou olhar, está bem!? –virou-se de costas para mim.

Tirei o resto das roupas e lhe entreguei.

—Fique desse jeito até que Gavner volte, por favor!

Ele suspirou.

—Ok! Mas é bom se acostumar com esse tipo de situação...

—Por que diz isso?

—Bem... –ele hesitou –Digamos que na Montanha verá que nós vampiros não ligamos tanto para nudez quanto os humanos...

—Como assim?

—Verá na Montanha... Gavner, até que enfim!

—Fique na minha frente! –falei na hora em que ele fez menção de sair.

Ele bufou.

—Pode jogar as roupas para mim? –perguntou num tom de cansaço.

—Ah... Claro!

Ele primeiro me passou a calça e depois o blusão cinza. Virou-se e colocou sobre a minha cabeça a touca.

—Agora o bebê está limpinho e quentinho!? –zombou.

—Sem graça! –tirei minhas peças intimas de sua mão enquanto ele sorria irritantemente e voltei com Tawer ao meu lado para onde estávamos.

Eles vinham logo atrás de mim, resolveram queimar o urso para não correr o risco de que outros animais enlouquecessem ao se alimentar da carcaça.

—Pensei... que...Tinha per...dido você! –disse-me Tawer.

—Eu quase fui dessa vez, amiguinho!

Sorri e olhei para as árvores aos meu redor. Lembrei-me do trato que tinha com Lucian.

—Ah claro! Já ia esquecendo... –disse comigo mesma.  Procurei nas coisas de Sr. Crepsley uma adaga. Ele sempre tinha mais de uma.

Voltei para onde tudo tinha acontecido  eles estavam queimando o urso, carregando as coisas e a adaga nas mãos. Parei perto da pedreira de onde eu caí e marquei como combinamos, esperando realmente passar e ver a marca dele sobre a minha! Teríamos muito o que conversar...


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