A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 39
Chegada à Montanha




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—Beatrice, eu deveria te dar uma bronca por se enfiar em mais essa confusão. Porém estou alegre que tenha saído dela sem minha ajuda! –disse-me Sr. Crepsley quando voltamos a caminhar.

Minha nuca doía muito e agora eu tinha um corte feio na parte inferior do braço esquerdo.

—Bem, eu acredito que foi um elogio... Nesse caso, obrigada Sr. Crepsley!

Eu consegui abrir um corte curto e profundo na minha nuca. Já tinha sangrado bastante e talvez demorasse a sarar. Larten disse que os outros cortes sumiriam logo, mas o do braço viraria uma cicatriz.

Gavner e Larten comemoraram essa “lembrança”, eu quis enforcar os dois, mas no fundo não achei tão ruim assim!

Os lobos estavam por perto e o lobo alfa não saiu de perto de mim desde o ocorrido. Eu gostava deles e estava, intimamente, arranjando nomes para eles.

—Venha Rajado! –chamei-o quando tornamos a caminhar.

—Lobos não precisam de nomes! –informou-me Larten.

—Deixa de ser desmancha prazeres! –reprovou-lhe Gavner. –Se a menina quiser lhes dar nomes não há mal algum!

—Tem razão! –concordou Larten acariciando o pelo de uma das lobas o que atraiu as outras.

—Tem muita habilidade com eles! –observei.

—Levo jeito com lobos...

—Por que eles são tão amistosos? Sempre achei que não gostassem muito de pessoas!

—Não gostam de seres humanos! Conosco é diferente... Temos o mesmo cheiro, ou melhor, o sangue é parecido! Reza a lenda que os vampiros descendem desses animais e que alguns começaram a andar sobre duas pernas e se tornaram vampiros, os que não aprederam continuaram como lobos!

—Isso é sério?

—Como saber? É uma lenda...O fato é que temos uma ligação!

—Você viu mais algum deles? –perguntou Gavner, balancei a cabeça. –Bem, devem estar viajando à Montanha!

—Por que iriam para a Montanha do Vampiro? –perguntei.

—Os lobos vêm sempre que há um conselho! –explicou-me –Sabem que haverá muitas sobras de comida e os Guardiões da Montanha passam muito tempo armazenando comida para o evento. Sempre sobra comida que eles deixam fora para os animais selvagens.

—Viajam isso tudo só para achar comida?

—Há outras razões! –disse Larten –Eles se reúnem para rever velhos amigos, encontrar novos companheiros e compartilhar lembranças!

—Eles se comunicam?

—Eles não falam, mas podem transmitir imagens de maneira telepática entre si!

Aquilo tudo era maravilhoso e estranho!

—Você escolheu um caminho longo Larten, se não nos apressarmos chegaremos atrasados para o Conselho!

—Existem outros caminhos? –perguntei.

—É claro! Dezenas! –disse Gavner. –Por isso não encontramos mais vampiros pelo caminho. Cada um usa o que mais lhe convém!

Viajamos e caçamos com os lobos por mais dois dias e no terceiro final de tarde chegamos à Montanha do Vampiro.

Não era a montanha mais alta da região, mas era bem íngreme e rochosa, parecia quase impossível de ser escalada. Eu esperava ver um castelo ou algum tipo de construção assim, já que príncipes viviam lá! Mas por quanto tempo manteríamos o segredo da nossa existência construindo um palácio?

—Mas então ficamos dentro dessa coisa? –perguntei achando a possibilidade bizarra.

—Sim! –disse Gavner –A Montanha é uma colmeia gigantesca de cavernas e cãmaras. Tudo o que um vampiro pode precisar está lá dentro. Caixões, tonéis de sangue humano, vinho e comida. Você só vê um vampiro fora da montanha quando ele está chegando, indo embora ou indo caçar.

—E como se entra?

Senhor Crepsley me olhou de relance encostando o dedo no nariz.

—Espere e verá.

Demos a volta na base rochosa da Montanha. Os dois velhos vampiros estavam excitados, mas só Gavner demonstrava. Uns minutos depois Rajado chegou perto de mim e lambeu minha mão abanando o rabo e logo se virou uivando para os outros cinco lobos.

—Ele está se despedindo! –disse Larten, mas eu já tinha notado.

Acariciei a orelha de Rajado e lhe disse que fora um prazer conhecê-los. Não queria que fossem, mas não poderia pedir que ficassem.

—Bem, se te consola, os lobos nunca esquecem um rosto! Lembrarão de você até quando estiver bem velha! –disse Larten notando que eu não gostei de vê-los partir.

—Tudo bem! –disse tentando disfarçar o descontentamento.

Chegamos a um regato de uns seis ou sete metros de largura. A água corria furiosa para as planícies mais além. Atravessamos em cima da abertura de onde o regato brotava da Montanha. O barulho era ensurdecedor, principalmente para a sensível audição de um vampiro, por isso fomos rápidos. As rochas escorregavam e por vezes tínhamos que nos dar as mãos como em uma corrente. Num trecho que tinha muita neve eu, claramente eu, escorreguei junto com Gavner! Mas Tawer segurou Gavner e nos puxou de volta.

Chegamos à entrada de um túnel uns quinze ou vinte minutos depois. Não tínhamos subido muito, mas quando olhei para baixo e vi aquela rocha íngreme, agradeci por não termos que subir mais.

Larten entrou primeiro e fui atrás dele. Estava muito escuro e pensei em perguntar se não devíamos acender archotes, mas notei que na medida em que estávamos entrando o túnel ia ficando mais claro.

—De onde vem a luz?

—Liquens luminosos! –respondeu Larten.

—Isso foi a resposta ou é para adivinhar?

—É como um fungo luminoso! –explicou Gavner. –Cresce nas cavernas e no fundo do oceano.

—E ele cresce em toda a Montanha?

—Não! Usamos archotes onde ele não está presente!

Com o tempo notei que estávamos descendo e não subindo, mas Gavner disse que era normal e que logo o túnel nos levaria para cima. Assim ele o fez!

Meia hora depois o túnel virou para cima quase verticalmente! Foi um subida difícil, o túnel era muito estreito  e tenho certeza de que eu não era a única que estava com a boca seca e nervosa.

Chegamos a uma pequena caverna e paramos para descansar. Era possível ouvir o regato correndo abaixo de nós. Logo notei que havia quatro túneis saindo daquela caverna.

—Gavner, como Larten sabe qual dos túneis é o certo?

—O túnel certo está marcado! –disse-me ele, levantando-se. Mostrou-me uma pequena seta gravada na parede no fundo de um dos túneis.

—Para onde vão os outros?

—Becos sem saída, outros túneis, mais para cima ou para os salões!

—Salões?

—São partes da Montanha onde moram os vampiros! Há muitos túneis que ainda não foram explorados e não estão nos mapas, nesse caso, nunca ande sozinha por eles! –avisou-me. –Pode se perder!

Enquanto eles ainda descansavam eu fui dar uma olhada em madame Octa. Ela tinha dormido quase a viagem inteira, não gostava o frio! Fui ver se estava com fome e quando cheguei perto de sua gaiola avistei outra aranha perto dela. Não era tão grande quando Octa, mas era grande!

—Gavner, venha ver isso! –me afastei da gaiola.

—O que aconteceu?

—Uma aranha!

—Ah! –ele riu. –Está tudo bem. A Montanha está cheia delas...

—São venenosas?

—Não. A picada delas é como uma picada de abelha!

Madame Octa a ignorou enquanto ela andava por cima da gaiola! Eu tinha lido muitas coisas sobre aranhas e aquela me chamou atenção, pois tinha um tom de amarelo estranho e era muito peluda!

Esperei o monstrinho ir embora e alimentei madame Octa com alguns insetos. Cobri a gaiola. Então deitei pra descansar. Acho que não dormi muito e então tive a impressão de ouvir risos de criança ecoando pelos túneis!

Logo me desfiz dessa hipótese, pois não deveria haver nenhuma criança lá! Fala sério, eles me consideravam uma criança e isso parecia ser um problema. Imagine se crianças estariam lá!

Voltei a dormir.

Quando acordamos voltamos a caminhar pelos túneis, subindo mais e mais na montanha. Depois de bastante tempo, para mim foi o que pareceu pelo menos, chegamos a uma grande porta de madeira que estava bloqueando a passagem.

Sr. Crepsley ajeitou a roupa e bateu com força na porta. Na terceira vez enfim ouvimos resposta do outro lado. A porta foi aberta e a luz dos archotes que vinha de dentro nos cegou por estarmos a muito tempo pelos túneis.

—Digam a guarda quem são! –rosnou o guarda, um vampiro alto e magro, de roupa verde-escura que segurava uma lança. Tinha outros atrás dele vestidos da mesma forma e armados. Era dessa forma que os vampiros recém-chegados eram recebidos.

—Eu sou Larten Crepsley , vim para o Conselho. –disse Sr. Crepsley. Essa era a resposta padrão.

—Eu sou Gavner Purl, vim para o Conselho.

—Eu sou Beatrice Angeline, vim para o Conselho.

—Eu sou... Tawer Clesfek... vim para...o Conselho.

—Larten Crepsley e Gavner Purl são reconhecidos pela guarda, mas os outros dois... –apontou a lança para nós e balançou a cabeça.

—São nossos companheiros de viagem. –disse Larten. –A garota é minha assistente,  meio-vampira.

—Você se responsabiliza por ela? –perguntou o guarda.

—Sim.

—Então Beatrice Angeline é reconhecida pela Guarda! –então apontou a flecha com firmeza para Tawer. –Mas esse não é vampiro e também não é Harkat Mulds.

—Ele é um dos pequeninos de Des Tino e conhecido por Harkat e Vancha! –disse Gavner. –Foi enviado por eles e nos responsabilizamos por ele!

—Nesse caso, Tawer Clesfek é reconhecido pela guarda! –o guarda pareceu inseguro, mas acho que pelo momento em que o clã estava, ouvir qualquer coisa relacionada a DesTino mudava a situação!

Afastou-se da porta para nos dar passagem e naquele momento, nossa jornada em busca dos salões tinha chegado ao fim!


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