A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 37
Viagem; Código de Amizade; O Urso


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem-me pela ausência! Mas não pensem que eu vou abandonar a fic nunca! Espero que gostem!



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Sr. Crepsley olhou para mim como quem dizia para me preparar. Eles resolveram partir na noite seguinte, bem no início. O irmão de Vancha e seu assistente ficariam conosco na casa de Evanna. Eu ainda não estava à vontade com a presença deles, mas teria que me habituar!

Saí da tenda e por algum tipo de coincidência Gannen mandou que seu assistente saísse também! Nos encaramos por uns segundos, depois eu fui para a tenda de Sr. Crepsley, por acidente obviamente, errei o caminho.

Aproveitei para ver se ele tinha alguma roupa de frio de reserva para nossa viagem. Não encontrei nada. Pensei em guardar seu uísque, mas pensei que talvez ele pudesse querer mais antes da noite terminar. Enfim parei de achar desculpas para ficar longe de Lucian. Saí da tenda e ele estava no mesmo lugar, agora sentado de maneira despojada no chão, como quem está com tédio. Precisava passar por trás dele para chegar à minha tenda. Resolvi fazer discretamente.

Comecei a andar de maneira calma e silenciosa para não chamar atenção, mas também me preocupando para não parecer que eu não queria chamar a atenção, embora fosse isso mesmo!

—Eu não vou te morder ! –disse ele de repente, com uma voz calma e bem entonada.

—Ah... –fiquei surpresa.

—Não precisa se esconder de mim! –disse virando a cabeça, de forma que desse para eu ver seu perfil e vestígios de um sorriso cínico.

—Acha que estou me escondendo de você? –perguntei num tom desdenhoso.

—Não! –respondeu ele. Levantou-se e virando para mim veio em minha direção. –Tenho certeza!

 Meu primeiro instinto foi recuar, mas me recusei! Finquei o pé no chão e coloquei no rosto a minha expressão mais segura.

—Você acha que me assustaria com você!? –levantei uma sobrancelha.

—Não... –respondeu com a mesma expressão cínica no rosto. –Acho que por alguma razão quer me evitar... É porque sou um vampixiita?

—Não! –respondi sem pensar muito.

—Então por que evita de olhar para mim?

—Ora, porque nem lhe conheço e talvez porque você não é tão interessante quanto pensa! –respondi bem grossa. –Se me dá licença, vou fazer algo mais interessante!

—Desculpe se deixei você nervosa! –disse ele num tom totalmente irritante.

—Não me deixou nervosa e... O que quer? –perguntei.

—Companhia que não seja a de vampiros e vampixiitas velhos e tradicionais! –respondeu soando verdadeiro. –Mas acho que não está interessada...

Ele se virou e caminhou de volta ao lugar que se encontrava antes. Fiquei me sentindo meio malvada e então fui até ele.

—Desculpe... –falei entre dentes. –É que minha experiência com vampixiitas não foi das melhores e acho que ainda não esqueci!

Ele me olhou nos olhos e aceitou o que eu disse em um aceno positivo com a cabeça.

—Mas como vamos de qualquer maneira manter contato... Talvez seja interessante... –eu já estava me embananando.

Lucian jogou o rasta fari para trás e o prendeu. Era longo até abaixo da cintura. Olhou para mim e disse:

—Por  que não me conta como foi parar com a lenda do Larten Crepsley? Aí eu conto sobre Gannen!

Sorrimos.

                Sentamos e conversamos primeiramente sobre coisas aleatórias das quais gostávamos. Ele me contou que era um semivampixiita há sete anos e que seu maestro morreu no final da guerra. Gannen o pegou como aprendiz. Disse-lhe que tudo o que lhe foi ensinado não era o tradicional e sim à moda de Juan! Ele estava aprendendo muito com o Vampixiita. Parecia gostar dele.

Logo depois resolvemos caminhar um pouco. Eu contei como me tornei uma assistente de vampiro e a saudade que eu tinha da minha família e dos meus amigos. Agora a saudade do Cirque du Freak também era imensa.

Ele me perguntou sobre a Montanha. Eu disse que sr. Crepsley sabia o que estava fazendo,  mas que sendo sincera, eu não estava tranquila.

—Eu não quero te alarmar ou piorar a situação,  mas desde que os líderes morreram, os vampiros têm estado mais tradicionais do que nunca! – disse Lucian.

Eu o olhei me recusando a demonstrar que aquilo me assustava. -Eu imagino que sim! -disse num tom sereno.

—Não queria ir até lá agora , mas não exatamente por causa de mim e sim...

—Por causa de Larten Crepsley! –concluiu ele.

—Sim. Como...

—É que dá pra ver que vocês são bem ligados e como te transformar foi criminoso, pode ser que o queiram eliminar!

—Sim... Dá pra ver que somos muito ligados? –perguntei franzindo a testa.

—Aham! Eu pensei que ele fosse tacar a adaga no meu olho se eu me aproximasse de você! –ele disse num tom sincero de preocupação.

Não pude evitar o riso.

—É sério! – protestou.

—Eu acredito,  mas não esperava...

Continuei rindo e rindo.

Acabamos notando que já estávamos no meio da floresta! Era melhor voltar.

Voltamos e pelo visto a conversação já tinha terminado. Vancha e Gannen estavam sentados juntos em um tronco de madeira, Gavner e Sr. Crepsley estavam de pé cochichando alguma coisa séria entre eles do lado oposto aos irmãos.  Os pequeninos estavam juntos perto da figueira crepitante no centro.

Quando chegamos as atenções foram dirigidas a nós!  Constrangedor.

Ninguém disse nada, mas eu realmente preferia quando Sr. Crepsley passava um sermão do que quando lançava aquele seu olhar severo que mais parecia uma lâmina na carne.

Não dissemos nada. Nós dois fomos na direção em que nossos maestros se encontravam.  Lucian sentou-se ao lado de Gannen que o olhava com o sobrolho erguido de maneira quase cômica. Larten mantinha a mesma expressão enquanto eu me aproximava. Gavner disse algo e ele concordou sem dar atenção e sem tirar os olhos de mim. Eu andei fingindo estar descontraída, mas eu queria correr!

Parei à sua frente e ele continuou me encarando sem dizer nada. Depois de alguns minutos eu perguntei, no tom de quem não está entendendo nada:

—Que foi? –pela primeira vez ele desviou os olhos de mim para olhar de soslaio para Gannen e Lucian.

—Precisamos conversar sobre a viagem – disse tornando a olhar para mim -Venha!

O segui, junto com Gavner e Tawer até a tenda. Eu sabia que ele queria me dar uma bronca daquelas por ter saído sem avisar. Tive certeza quando Gavner me lançou aquele olhar de “toma cuidado que ele vai te matar!”.

Entramos e ele foi em direção ao seu uísque. Fiquei perto da porta enquanto ele,  de costas para mim, servia dois copos. Gavner pegou o dele e encostando-se na mesa olhou para o chão,  esperando Larten começar.

Um período de silêncio antes e depois  do primeiro gole no copo e então ele disse.

—Você –disse e se virou devagar –voltou a sair sem a minha permissão? – perguntou furioso.

—Desculpe.  –disse para ver se quebrava o gelo. Eu nunca pedia desculpa assim, vai que cola, –Não tivemos a intenção de sair daqui!

—Mas saíram! –falou.

—Han... Larten –tentou interferir Gavner.

—Não! –Larten o fez calar. –Entra no meio da floresta com um assistente de vampixiita que mal conhece e não me avisa nada! -disse no tom de voz assustador e linear enquanto chegava perto de mim e ficava com o rosto quase no meu.

—Já pedi desculpas! –protestei -O que mais quer que eu faça?

—Quero não precisar desconfiar de você novamente,  Beatrice.

 -E não tem motivo para isso! Não sei o porquê de tanta irritação!

Ele me fuzilou um pouco mais com os olhos e logo, para a minha salvação, Tawer quebrou os segundos de terror!

—E quanto... tempo de... viagem... até... a... Montanha?

—Saindo de onde estamos sem parar em nenhuma cidade, uns quinze dias! –respondeu Gavner.

Larten ainda me encarava com severidade. Eu tinha a ligeira impressão de que ele não estava bravo só porque eu saí do acampamento.

—Talvez um pouco mais, já que nem você e nem Beatrice estão acostumados com a jornada!

—Como assim? –perguntei, desconfiando do tom que ele usou sobre a “jornada”.

—Bem, é uma viagem difícil...

—Como assim difícil?

—Não podemos flitar até a Montanha e temos que cruzar todo o caminho descalços!

—É o quê!? –perguntei incrédula. –Vamos passar pelo mato descalços?

—E pelo gelo também! –disse Larten, satisfeito com minha repulsa pela ideia.

—Mas por que tem que ser assim? –perguntei.

—São os costumes! Para testar nossa resistência e respeito!

—Respeito!? Resistência!? Podia ter me avisado um pouquinho antes! –disse me direcionando à Larten.

—Estamos avisando agora! –ele disse num tom cínico. Ai que ódio!

—Com um dia de antecedência!

—Sim... Pensei em avisar na hora em que partíssemos, mas Gavner adiantou o assunto!

—Ora... –engoli a indignação.  –Pois bem! A que horas sairemos?

—Ao cair da noite!

—Precisará de mim para mais alguma coisa hoje?

—Não!

—Então, com sua licença, mestre, estou indo descansar!

—E não quer saber detalhes da viagem? –perguntou.

—Não. Já foi tudo decidido! –sorri forçadamente e saí sem me importar em demonstrar a revolta e sem ligar se ele tinha ou não algo a dizer.

Fiquei andando de um lado à outro na tenda até que Evanna entrou de repente.

—Oh! Oi, Evanna. Que susto!

—Interrompo?

—Não! Eu só estava...

—Tendo uma crise de nervos por conta da viagem!

—Sim...

—Bem, digamos que a viagem não é a coisa mais complicada que vai enfrentar!

—Como assim?

—Beatrice, eu nos liguei telepaticamente. Vai poder me passar mensagens curtas mentalmente sobre aquele nosso segredo, mas não vou poder salvá-la de enrascadas! A viagem será perigoso por muitas razões e digamos que Larten sabe disso!

—Por isso ele está tão chateado?

—Sim! Agora preste atenção! Vou lhe dar uma coisa e quero que cuide muito bem dela! Não deixe cair nas mãos erradas! Em hipótese alguma deixe Gavner ver!

Eu pensei em questionar o fato dela ter especificado Gavner, mas deixei pra lá!

—Tudo bem! –disse simplesmente.

Então ela me entregou um saco de pano com dois livros dentro.

—Eu consegui adiantar um pouco as coisas...

Eram os dois novos volumes da Saga do escritor Darren Shan.

Um arrepio percorreu meu corpo.

—Leia e anote tudo!

—Pode deixar comigo! –falei.

—Agora eu vou indo! –disse ela caminhando lentamente até a saída.

—Evanna! –chamei-a. –Tem alguma dica de sobrevivência para mim? –perguntei sem graça.

—Seja você mesma! É o bastante! –ela saiu depois disso.

Um clichê... Mas enfim, não o ignoraria!

Acordei de manhã cedo e me forcei a dormir mais, enrolando até o início da tarde. Meu sono não era regular desde que troquei sangue com Sr. Crepsley. Quando finalmente fui vencida pela minha inquietude, levantei!

Ainda tinha mais ou menos três horas até Sr. Crepsley levantar. Eu não estava com sede de sangue, tinha tomado um dia antes. Mas eu estava com fome!

Evanna era vegetariana, o que significava que nada do que havia para comer me atraía! Eu sentia falta de carne semicrua! Fiquei andando em círculos e então senti um cheiro muito atrativo vindo de algum lugar por perto.

Pensei em não ligar, mas não consegui! Fui atrás. Embrenhei-me na mata atrás daquilo e notei que estava fora do território demarcado por Evanna.

Foi aí que avistei, um rapaz alto e forte, de pele negra e cabelos até a cintura.

—Lucian?

—Oi! –disse ele simpaticamente

—O que está fazendo aí?

Ele tinha acendido um fogo baixo e estava assando dois peixes.

—Bem, Evanna não deixa caçar nada no território dela, mas eu estava com fome! Saí do território para comer! –sorriu. –Imaginei que estaria também, por isso, para garantir, peguei dois!

—Tá de brincadeira! –eu disse realmente feliz. –Eu já estava triste de fome!

—Não fique! –ele me estendeu um dos peixes.

—E partirão direto para a Montanha? –perguntou.

—Sim, assim que o Sol cair!

—Nós iremos para o Uruguai!

—Sério?

—Sim. Parece que Juan começou por lá com as alianças...

—Juan deve ter dado muito trabalho! –observei.

—Continua dando!

—E quando o... time... se reúne outra vez? –ele disse com um risinho de lado.

—Acho que isso só os adultos sabem! –sorri de volta.

Uma coisa que tínhamos em comum era nossa juventude em relação à longevidade vampírica! Querendo ou não, naquele momento, era tudo difícil de entender em relação aos costumes milenares que os nossos mestres nos enfiavam goela abaixo. Era bom ter alguém por perto que sentia o mesmo. Gostávamos de fazer piadas com eles (internamente, claro! Queríamos continuar semivivos)

Voltamos rapidamente para o território de Evanna e esperamos os outros acordarem. Riscamos o chão com alguns jogos para nos distrairmos. Acho que já estávamos lamentando inconscientemente que iríamos nos separar!

—Sabe, nunca pensei que um dia cogitaria uma amizade com um vampiro! –ele disse em um momento.

—Posso dizer o mesmo dos vampixiitas! –respondi.

—Será que as coisas vão mudar agora com essa separação do grupo?

—Não sei! Será que vai durar muito tempo?  Eu acho que vou sentir falta de ter alguém assim para conversar! –confessei.

—Eu também! Vamos fazer o seguinte –disse ele –Vamos criar um código interno! Só nós dois conheceremos! Vamos deixá-lo desenhado nos lugares que passarmos e se por acaso um de nós encontrar o símbolo que foi desenhado pelo outro, deixa a sua inicial no centro!

—Que legal! Para que quem fez o desenho saiba que o outro passou por perto!

—Sim! –disse radiante. –Agora, que símbolo?

Ficamos um tempão escolhendo entre desenhos feitos na areia, até que entramos num consenso! Uma fogueira com dois peixes pequenos em direções opostas!

—Perfeito! –disse eu.

Ficamos mais um tempinho de bobeira até que Vancha chegou, logo em seguida os outros.

—Bem, então é aqui que nos separamos! –disse Vancha à nós.

—Que até na morte triunfemos! –disse Gavner.

Laten me fez vestir uma roupa grossa e cinzenta, igual a que ele usava, calça e blusa, para a viagem.

—Vai nos proteger melhor que nossas roupas! –disse.

E então Larten, Gavner, Tawer e eu seguimos nosso caminho.

Os dois primeiros dias foram terríveis! Machuquei meu pé inúmeras vezes e por algum motivo detestava o humor linear de Larten!

Viajávamos durante a noite, os dois vampiros tinham que evitar a luz do Sol, Tawer e eu fomos nos tornando inseparáveis!

Ele me dizia coisas que me deixavam um pouco mais calma com a situação! O pior de tudo era não poder tomar banho todo dia!

Sete dias e agora o clima já estava bem frio.  Um dia peguei uma das tigelas de ferro que Sr. Crepsley ganhara de Evanna há tempos e coloquei água para esquentar. O rio estava gelado demais para arriscar como nos dias anteriores e eu não ia ficar sem tomar banho!

—Eu acho... que...você...é...a... semivam...pira...mais...lim...pa...que já...existiu! –dizia Tawer enquanto eu me secava.

—Se chama isso de limpeza não quero saber o que é sujeira! Como alguém pode não tomar banho?

Onze dias, eu já estava pensando que perderia todos os meus dedos dos pés! Quando uma parte ótima da viagem chegou!

—Não dá para atravessar?

—Não, levaríamos quase quatro noites!

—Mas não dá para passar por aí!

Tínhamos nos deparado com uma espécie de muro natural no meio do nosso caminho. Um muro de espinheiros!

—...não dá para passar né? –perguntei suplicando para que os sobrolhos em pé de Gavner e Larten fossem favoráveis a minha vontade.

Não era...

Eles começaram a se despir o que me deixou com certeza morta de constragimento.

—O que estão fazendo? –perguntei.

—Tirando a roupa! –respondeu Larten.

—Eu notei, quero saber o motivo!

—Para podermos passar pelo meio!

—Sem as roupas!? –indaguei.  –Vamos sair em picadinho!

—Nossa pele é mais resistente e não podemos correr o risco de estragarmos os trajes! –disse Gavner.

—Nem deles nos atrapalharem de passar agarrando nos espinhos!

—Mas... –quando dei por mim, eu estava olhando para a cueca de Gavner... Eram elefantinhos cor de rosa!

Obviamente todas as nossas atenções foram para ele e caímos na risada!

—Que gracinha, Gavner! –zombou Sr. Crepsley.

Gavner vermelho, falou:

—Eu conheci uma moça há um tempo! Belíssima... Mas com um mau gosto terrível para roupas intimas...

—Se fosse só para isso, estava bom! –disse Sr. Crepsley, fazendo-o emburrar!

Rimos muito. Eu não via Larten sorrir daquela forma! Pensei que ele devia sentir saudade da vida de General!

 Logo depois, ambos, tiraram toda a roupa! E ficaram esperando que eu fizesse o mesmo!

—Mas Beatrice...

—Não vou tirar minha roupa! –disse pela vigésima vez.

—Temos que passar! –disse Larten.

Quando vi que não teria jogo, tive que me despir também. Mas avisei que me veriam como um monstro caso olhassem para trás. Queria ficar com minhas roupas intimas, mas as malditas rendas iriam me atrapalhar. Lá estávamos atravessando os espinhos, nus!

Eu estava indo bem, poucos arranhões até a metade do caminho, até que comecei a me machucar mais. Os espinhos eram maiores naquele ponto e mesmo abrindo caminho com as adagas, eles nos molestavam bastante. Finalmente chegamos do outro lado. Larten jogou um pano na minha direção e vi que era para secar o sangue que cobria meu corpo. Eles faziam o mesmo. Tawer parecia o menos machucado de nós. Vesti-me rapidamente e após andar mais um pouco paramos numa clareira para descansar.

—Algumas horas de descanso e logo tomaremos nosso caminho! –disse Larten enquanto passava saliva no meu rosto cortado. Gavner estava acendendo o fogo , Tawer carregando lenha.

Eu me sentia um bebê enquanto Larten fazia aquilo, mas não protestei. O medo que estava chegando junto com o final da jornada era bem maior que tudo.

—Está chateada? –perguntou de repente.

—Não!

—Está preocupada então?

Fiz um gesto afirmativo com a cabeça. Ele suspirou e acariciou a cicatriz.

—Descanse, já chegaremos ao nosso destino! –disse parecendo preocupado também e se retirou.

Ele e Gavner dormiam e eu estava sentada perto do que sobrava das chamas, perdida em mim.

—Posso? –era Tawer e perguntou se podia se sentar.

—Claro! –disse saindo do meu devaneio.

—Está... com... medo?

—Sim... –admiti. –Você parece bem com a viagem!

Ele deu de ombros.

—Normalmente... não...faz...mui...ta...diferen..ça pa...ra mim!

—Hum...

—Mas...algo...me...pa...re...ceu...fa...miliar... na...si...tua...ção!

—Sério? Isso parece bom! –eu disse um pouco mais animada. –Será que você foi um vampiro?

—Não...sei!

—Eu estava pensando em... –parei de falar quando ouvi um barulho.

Tawer também ouviu. Eu me levantei e quis seguir o som.

—Beatrice... –hesitou Tawer.

—Está tudo bem. Deve ser um coelho ou algo assim!

Passei silenciosa por algumas árvores e então vi, perto do rio gélido que corria furioso naquela parte do rio. Uma manada de lobos! Lindíssimos lobos! Tinha dois filhotes e o alfa era inconfundível. Altivo e atento olhando os outros. Pelo cinzento com manchas brancas! Eu me encantei pela cena. Ouvi um barulhinho atrás de mim.

—Tawer, silêncio! –sussurrei.

O lobo alfa começou a farejar algo.

—Ele deve estar notando... –outro barulho. –Tawer!

—Eu... estou... em... silêncio! –disse ele, por incrível que pareça bem ao meu lado!

Se ele estava ao meu lado, quem estava atrás de mim?

Quando eu olhei para trás vagarosamente, dei de cara com um urso pardo enorme. Que logo se equilibrou sob as duas patas traseiras e abrindo a bocarra com uma expressão ferocíssima, rugiu!

Então nos atacou!


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Notas finais do capítulo

Parece que agora as coisas estão feias! Como Beatrice e Tawer vão se livrar dessa?



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