A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 26
Contraproposta




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Sr. Crepsley avisou ao Sr. Tall o que havia acontecido e que partiríamos naquela noite. Pediu para que caso Gavner aparecesse que o esperasse no circo, isso é, se voltássemos. Eu estava tentando não ficar confiante. Não sabia exatamente se minha teoria estava certa e já devia ser quase três da manhã. Logo amanheceria e eu não fazia ideia do que se passava pela mente daquele vampixiita louco.

Passei na minha tenda para pegar o meu casaco. Embora eu não sentisse mais frio como um humano comum eu gostava de andar com ele. Fui até o meu baú, peguei o casaco e levei um susto, o que era habitual, com Bipo rastejando logo atrás de mim.

—Ofídio não colocou você na sua cesta não? –sussurrei e olhei na direção de Ofídio, ou melhor, da cama onde Ofídio estaria dormindo se estivesse na tenda! –Ofídio?

Cheguei mais perto para ter certeza de que ele não estava mesmo ali e então fiquei muito preocupada. Ofídio não era de ficar andando pelo circo de madrugada e se estivesse acordado me esperando já teríamos nos encontrado desde que voltei ao circo. Onde ele estava?

Tirei o celular descartável do bolso e fiquei olhando para ele. Eu não sabia no que pensar e de repente eu já estava desesperada, será que... Não, não era possível! Mas na verdade era sim. Se Ofídio resolveu me seguir e Victor o pegou? Não, ele estava com Daniel em algum cativeiro, ele não pegou Ofídio! Mas que certeza eu poderia ter?

Voltei às pressas para a tenda de Sr. Crepsley. Ele estava do lado de fora. Já tinha pego suas adagas e estava me esperando.

—Ofídio não está na tenda! –disse ofegante.

Ele ficou me encarando com uma expressão séria e logo preocupada.

—Vamos até a tenda de espetáculo! –disse autoritário.  –Preste atenção em tudo e tente se recordar onde foi que encontrou o bilhete e o telefone!

Estávamos com uma lanterna e eu mostrei onde foi que eu os encontrei.

—Estranho! –murmurou –Não é nenhum ponto estratégico. Se ele quisesse que você o encontrasse não deixaria aqui no maio do nada!

—Mas deixou!

—Sim, mas não de propósito! –ele apontou para a terra e iluminou o solo com a lanterna. –Há marcas aqui e ali... –levantou-se e foi examinando o solo. –Mais de uma pessoa esteve aqui e houve um pequeno combate!

—Ofídio!

—Sim, ele deve ter seguido você, mas Victor o viu primeiro. Deixou as coisas em qualquer lugar e o levou consigo. Ele pode ter flirtado até algum lugar ou o levou para o mesmo lugar que levou Daniel!

—Mas ele me ligou e passou para o Daniel...

—Você ficou aqui durante um tempo antes de ouvir o telefone tocando! Tempo suficiente para que ele saísse daqui.

Olhei para meu professor temerosa. Antes ele tinha um amigo meu, agora tinha dois!

Pensei se deveria ligar para aquele numero que estava gravado no histórico de chamadas do celular, mas chegamos à conclusão de que não seria de grande ajuda. Mudamos alguns detalhes no plano e então seguimos para onde a tal capela ficava.

Já estava perto do amanhecer  nós já havíamos passado por toda aquela área umas trezentas vezes.

Entramos na capela, era antiga e escura. Dava até medo.

—Vamos parar aqui, vai amanhecer! Pouco antes que anoiteça voltamos a buscar e...

—Não! –disse bruscamente. –Ele vai matar o Daniel assim que anoitecer, não podemos parar aqui.

—Não podemos continuar à luz do sol, Beatrice! –replicou.

—Você não pode. Não vou deixar que ele machuque alguém inocente por minha culpa!

—Primeiro refira-se a mim como ‘’senhor’’ e segundo não pode impedir nada se não o encontrarmos. –disse zangado.

—Não iremos encontrá-lo parados aqui!

—A culpa não é sua, Beatrice! Sei que está com medo, mas deve se preparar caso...

—Me preparar caso falhemos e ele mate Daniel? Não, senhor Crepsley, a culpa não é minha. É sua!

Ele me olhou incrédulo.

—Eu fui sequestrada porque eles odiavam você! Daniel foi sequestrado porque Victor quer você! Se não tivesse entrado na minha vida nada disso teria acontecido! –gritei.

—Nesse caso por que não fez o acordo com ele, Beatrice? –seu tom era o mesmo de quando ele está com muita raiva. Baixo, autoritário e frio.

—Por que sou uma idiota! –respondi.  –E quer saber? Pode ficar aí, eu vou sair e continuar procurando!

Não esperei que respondesse. Saí furiosa e passei pelos túmulos super antigos atrás da capela. Entrei no bosque, que estava quase impenetrável naquele ponto, e continuei andando e resmungando o quanto eu odiava Larten Crepsley. Foi quando tropecei em alguma coisa e levei um tombo.

—Droga! –bradei. Eu ainda estava dolorida da sessão de tortura e o tombo não ajudou muito. Procurei para ver no que eu tinha tropeçado e afastando umas folhas secas vi que era um puxador antigo. Afastei mais as folhas e lá estava, era como uma pequena porta quadrada. Um alçapão! –Ora, ora! O que é isso?

Eu o abri, joguei a luz da lanterna sobre a abertura e vi que era uma passagem. Devia ter  sido uma rota de fuga ou coisa do tipo há muito tempo. Examinei mais um pouco e resolvi entrar. Estava distante da capela e não dava para voltar e avisar da minha descoberta!

Olhei para os dois lados. Uma espécie de corredor gigantesco, antigo certamente, mas muito bem elaborado! Resolvi seguir na direção contrária a que eu tinha vindo.  Observei bem o lugar, embora muito escuro. Em algumas partes ficava mais largo, outras mais estreitos. Ouvi barulhos de rato e logo de água. O cheiro era péssimo! Eu devia estar perto de algum túnel mais atual, um esgoto!

Parei e respirei fundo. Sentia-me exausta e estava com fome e então uma dor forte na cabeça, náusea, tontura e escuridão!

Quando acordei eu estava vendo tudo girar e girar, e minha cabeça doía muito. Eu ouvia a voz de alguém ecoando distante, mas era algo vibrante, como quando se está em uma festa e as pessoas não param de falar. Demorei um pouco até notar que eu estava pendurada de ponta a cabeça!

Me debati, tentando me livrar, o que é óbvio que não rolou!

—Ha ha! Acordou! –gritou alguém. Logo vi que aquelas ‘’vozes’’ eram na realidade uma só. Victor!

—Ai...

—Então... Beatrice... Gostou do lugar? –ele pronunciou meu nome de maneira cantada, com uma pitada de cinismo, queria me encher com certeza.

Olhei em volta para ver se conseguia distinguir que lugar era aquele. Tinha uns candelabros antigos e simples nos extremos do lugar que parecia retangular, e em três deles tinha velas acesas. A luz não era boa e não deu pra notar muita coisa. Somente que esra um lugar muito antigo e de pedra. Provavelmente subterrâneo.

—Não sei não... Achei meio caído , sabe!? –eu também sabia ser cínica –Meio escuro demais, baixo astral... Tem churrasqueira?

Ele gargalhou e chegou bem perto de mim. O rosto dele estava na altura do meu com ele em pé.

—Você é extraordinariamente detestável e interessante!

—Eu não sei se devo agradecer! –ouvi uma tosse e desviei o olhar.

—Oh, já ia esquecendo... Sabe, quando nos falamos ontem ao telefone?

—O que tem? –eu não disse nada sobre Ofídio, pois não tinha certeza de que ele já soubesse que eu dera pela falta do meu amigo.

—Antes de você chegar eu encontrei um rapaz bem legal... Então eu o convidei para a nossa festinha! –disse e se afastou de mim indo para o lado oposto de onde eu estava. –Acredito que você já o conheça! –tirou do bolso um isqueiro e acendeu uma vela no quinto candelabro que eu não pude ver antes e logo outra que estava no sexto. Agora eu via com clareza Ofídio, amarrado como eu e seu ombro estava machucado.

—O que fez com ele? –gritei com ódio.

—Então vocês se conhecem? –ele sorriu. –Foi só um jogo de perguntas e resposta, não é cobrinha?

—Deixa ele em paz!

—Mas eu não fiz nada... Não ainda!

—O que fez com Daniel?

—Ah sim, eu já quase havia me esquecido da bolsa de sangue!

Ofídio estava recobrando a consciência e disse meu nome.

—Beatrice?

—Oi, vai ficar tudo bem! –eu disse tentando acalmá-lo, mas sem acreditar muito.

Victor gargalhou.

—Talvez sim, talvez não... A verdade é que esse seu amiguinho é muito leal a você! Não me disse uma fraqueza sequer! E o namoradinho não sabia de nada...

—O que você fez com Daniel? –perguntei novamente, sem tirar os olhos de Ofídio.

—Eu o coloquei para dormir... Ele fala muito!

—Como assim...

—Calma! Vamos ao que interessa. Eu disse para você que queria o Crepsley e você negou, então eu achei que seu namoradinho...

—Ele não é meu namorado!

—Ora, desculpe! Então, seu namoradinho não era o incentivo certo e resolvi trazer cobrinha para o jogo. Acho que agora acertei não é?

—Seu monstro! O que você quer?

—Você sabe o que eu quero, e não quis me entregar! O que me faz pensar... Como foi que veio parar aqui e por que razão estava sozinha?

—Não é da sua conta!

—Ui, que medo! Você é corajosa para alguém que foi sequestrada pela segunda vez!

—É que já estou acostumando, sabe? Você quase ganha e aí perde... Acontece muito!

—Sei... –ele me olhou com ódio e então notei que estava com uma adaga na mão. Acho que estava pensado em tacá-la no meu peito naquele instante. –Mas vamos ao que interessa... Não posso beber o seu sangue e nem o do cobrinha, são venenosos para mim, mas o de Daniel...

—Onde ele está, Victor?

—Bem aqui, cherrie! –ele se moveu tão rápido que nem eu pude notar. Acendeu outra vela e logo ao lado estava Daniel numa espécie de jaula de ferro, desacordado.

—Daniel! –ele não estava machucado, pelo o que pude ver, mas estava inconsciente. Provavelmente por conta do gás sonífero que vampiros e vampixiitas exalam.  –Não os machuque! Eles não têm nada a ver com você e a sua vingança insana! –gritei.

—Então acho que está disposta a negociar!

Respirei fundo.

—O que você quer, Victor?

—Quero que você me entregue o Crepsley! Caso contrário vou matar o cobrinha e o Daniel que não é seu namorado!

Olhei para ele séria por um longo momento e então comecei a rir histericamente. Ele ficou me olhando, Ofídio também, nenhum dos dois entendeu nada.

—É essa a sua grande vingança? –gargalhei mais um pouco. –Então você sequestra meus amigos, sendo um deles um humano e me pede que lhe dê em troca somente o Crepsley?

Ele ficou me olhando descaradamente confuso.

—Você não é muito inteligente ou está sendo piedoso!

—O quê? –foi a única coisa que ele conseguiu dizer.

—Não posso entregar Crepsley para você, não sei onde ele está!

—Nesse caso matarei os dois!

—Mas quero fazer uma contraproposta!

Ele me olhou com curiosidade.

—Estou ouvindo!

—Eu te entrego a família de Daniel pela vida e liberdade de Ofídio!


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Notas finais do capítulo

O que deu em Beatrice?



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