A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 25
Eu tenho um plano!




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Cheguei logo ao acampamento sentindo uma dor bem chata no abdome por conta dos ferimentos, já tinha melhorado bastante, mas ainda me molestavam. Comecei a andar rapidamente em direção à tenda de Larten e quando entrei não tinha ninguém.  Ofídio devia estar em nossa tenda, provavelmente cuidando de Bipo ou caiu no sono o que era de se esperar depois de um dia daqueles. Já era muito tarde. Fiquei imaginando como que o pai de Daniel não tinha dado por falta dele ainda. Meu bilhete continuava no mesmo lugar que deixei e quando olhei para ele lembrei-me do bilhete que estava junto com o celular, o bilhete de Daniel.

Por que ele teria deixado o bilhete lá sem nenhum outro recado? Era para me torturar? Talvez... Olhei melhor o bilhete, estava com um cheiro muito fraco de eucalipto, o que eu achei estanho, e quando olhei melhor vi que tinha, na verdade, uma mensagem.

Estava escrito socorro na parte de dentro do envelope a lápis e bem no cantinho tinha o desenho pequenino de um skate quebrado.  Com certeza Victor, com todo seu espírito teatral, mandou que ele escrevesse ‘’socorro’’ ali, mas não creio que mandou desenhar um skate.

—Beatrice! –uma voz atrás de mim. Uma voz familiar. A voz que eu tanto queria ouvir naquele momento.

—Sr. Crepsley! –suspirei, voltando-me a ele que acabara de entrar na tenda –Até que enfim!

—O que aconteceu?

Então contei de Victor e de como tinha me encontrado com ele.

—No que estava pensando quando saiu do acampamento?

—Ora, me desculpe, mas o senhor também não me disse nada sobre Victor ainda estar à solta!

—Tem razão... –passou a mão pela cicatriz nervoso. –Devia ter contado a você! Mas o que fez com que você saísse?

Foi nesse momento que contei-lhe tudo sobre Daniel, e nossas saídas e como o encontrei na noite anterior. O detalhe de Tawer estar tão envolvido no assunto deixou-o preocupado, mas ouviu tudo em silêncio.

—Um namorado? –perguntou incrédulo –Por que achou que eu desaprovaria que se envolvesse com um humano? É claro que não são relações seguras e que em geral duram pouco, mas nós vampiros muitas vezes nos apaixonamos por humanos, mesmo não sendo aconselhável!

—Não somos namorados... –disse encabulada. –Então não está zangado comigo?

—E por que eu estaria? Sei que pensa que sou rígido com a intenção de te atormentar, mas faço o que faço por segurança e nunca tive a intenção de fazer com que se sentisse miserável!

Fiquei por uns segundos olhando para ele atônita. Ele realmente me surpreendeu, e então voltei a mim e continuei falando do problema em questão.

—Então ele ainda está vivo?

—Até amanhã à noite.

Ele andava de um lado para o outro pensativo. Parou olhando para uma parede e então perguntou tentando disfarçar a incredulidade.

—Verdade que você recusou me entregar em troca dele?

—Sim!

Virou-se e olhou outra vez para mim, parecia envergonhado.

—Eu a julguei mal, Beatrice Angeline. É uma criatura de honra e será uma vampira excelente!

Abaixei o olhar timidamente. Nunca tinha recebido algum tipo de elogio dele, não um daqueles.

—E eu errei, devia ter te contado sobre Victor!

—Eu também não deveria ter escondido minha amizade com Daniel... Não confiei no senhor, desculpe!

—Quando se quer confiança, deve-se passá-la. Eu pequei nisso com certeza.

— Mas não mais! Faremos um acordo: -Sugeri – de agora em diante não esconderemos coisas um do outro!

—Certo, não mais!

—Acordo fechado? Confiaremos um no outro?

—Confiaremos um no outro!  -disse.  –Agora –Suspirou –Vamos pensar em uma forma de salvar seu namorado!

—Ele não é meu namorado! –espetei.

—Ok ok... –riu com sarcasmo –Vamos lá, você então o encontrou primeiro na estrada, depois ele deixou essa coisinha estranha perto de onde o espetáculo acontece!?

—Sim, deixou o celular lá!

—Ele disse que conheceu Daniel numa lanchonete...

—Sim, no cafénet da cidade!

—E você o conheceu antes de tudo acontecer... –dessa vez não parecia estar falando comigo, mas sim consigo mesmo.

—Sim, por quê? –ele estava pensativo e distante.

—Acha que Victor poderia ter mentido quando disse que o conheceu nesse café infernal ou sei lá o que?

—Ah, não sei... Talvez! Mas ele falou com muita convicção do encontro, não acho que tinha motivos para mentir sobre isso!

—Confia nesse Daniel? –perguntou-me sério.

—Acha que ele tem ligações com vampixiitas? –entendi a suspeita –Não acredito nisso, confio nele!

Ele me observou por um longo momento e depois disse:

—Deixe-me ver esse bilhete que ele deixou!

—Aqui está –entreguei-lhe –Só tem a palavra ‘’socorro ‘’ e um desenho de um skate quebrado...

—Hum... –Ele examinou o papel como se procurasse algo, mas pouco atento às palavras.

—Eu não sei o porquê do desenho do skate, ele gosta de skate, mas não desenharia um após pedir socorro... Não entendo...

Sr. Crepsley olhou para mim seriamente e então sua expressão era pura malícia.

—Ora, acho que temos uma mensagem codificada aqui!

—Como?

—Ele espera que você entenda a mensagem, vamos lá, Beatrice, por que ele desenhou o skate quebrado?

Eu fiquei pensando por um momento e então tive uma luz.

—O skate quebrado... Quando nos conhecemos o skate dele quebrou!

—Sim, e o que mais?

—Bem, ele não conseguiu consertá-lo e comprou outro... Mas não pode ser o lugar onde nos conhecemos e onde o skate se quebrou, pois foi exatamente onde encontrei Victor...

Ele concordou e ficou pensativo.

—Mas, espere! –lembrei-me de outro detalhe –Ele disse, quando fomos ao cafénet, algo sobre o enterro do skate ter sido muito triste!

—O que? –perguntou confuso.

—Rimos bastante disso, é engraçado. Ele disse que enterrou o skate num cemitério!

—O que? –ele não acreditava no que ouvia.

—Sim, mas tenho certeza de que não era o cemitério da cidade. Esqueci do lugar que ele mencionou... era... ai!

—Ele enterrou um skate num cemitério? Espere! Não seria no cemitério de uma capela?

—Sim, era isso aí! Um lugar calmo para o descanso... Como ele disse!

—E ótimo para se manter alguém em cativeiro! Há uma antiga capela em ruínas para lá das fazendas na cidade, atrás dela tem um pequeno e antigo cemitério! Não é tão perto, ele foi mesmo até esse lugar para deixar um skate? –ele ainda não estava acostumado com a maluquice.

—Não sei, mas é nossa melhor hipótese e a única! Então espero que ele tenha ido até esse lugar sim...

—Disse que não me entregaria, nesse caso ele pode estar esperando que mude de ideia...

—Não mudarei!

—Sim, eu sei... –ele disse quase orgulhoso –Mas pode ser que também não seja tão fácil encontrar seu esconderijo.

—Eu sei, mas eu tenho um plano!

LONGE DALÍ, NUMA CIDADE LITORÂNEA.

—Então você está procurando pelos filhos da noite? –perguntou o homem alto, vestindo uma capa cinza e surrada, botas e um chapéu que escondia seu rosto.

—Sim, eu sei que existem! –disse o garoto, disfarçando o medo.

—E o que o faz pensar que eu ou qualquer outro não o mataríamos?

—Não penso que não existe perigo! Eu só não me importo! –disse o garoto firmemente.

—Ah, mas e a sua família e seus amigos?

—Meus pais vivem em prol deles mesmos, apenas brigam o tempo inteiro. E não tenho amigos, minha melhor amiga... –o garoto hesitou, era doloroso para ele. –Eles a mataram!

O homem alto e robusto, escondido pelas vestes surradas e pelo escuro da noite ficou observando o garoto. Fez-se um longo silêncio onde só as ondas do mar e o vento eram uma exceção.

—Não tenho mais amigos e eu quero isso! –concluiu o garoto.

—Como soube de nossa existência e como me encontrou? –o homem continuava imóvel.

—Eu conheci um vampiro há uns meses e ele não quis me transformar, disse que eu não servia! –havia raiva em sua voz.

—Hum... Conheceu um vampiro! E pelo visto você o detesta!

—Sim, eu o odeio com todas as minhas forças!

O homem soltou uma risadinha leve.

—Não é permitido converter crianças.E como me encontrou?

—Encontrei uma carta, num edifício abandonado aqui por perto, durante o dia. Dizia algo sobre encontrá-lo aqui nessa noite. –o garoto mostrou o pedaço de papel ao homem.

—Sim, é uma mensagem minha, deixei para que um amigo encontrasse, mas pelo visto um pirralho a encontrou antes. Mas como sabia que era de alguém como eu?

—Não sabia, na realidade eu não sabia. Foi minha intuição, assim como entrar naquele prédio!

—Intuição?

—Sim, ou destino... Mas eu acertei não é mesmo? Você é um vampiro!

—Não exatamente, garoto! –o homem se moveu pela primeira vez e chegou bem perto do garoto. E então ele pode ver seus olhos vermelhos e os cílios também da mesma coloração, o cabelo era loiro e batia na nuca. –Eu sou um vampixiita! –sorriu malignamente.

O garoto tentou dizer algo, mas não conseguiu. Estava chocado demais.

—Talvez eu o deixe viver, talvez não... Diga-me, qual o nome desse vampiro que você conheceu?

O garoto respirou fundo e juntou forças para não tremer a voz.

— Vur Horsten, mas ele se apresenta como Larten Crepsley!


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